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Escritos da meia-noite

Acompanho-me nas noites de vigília, como também no meio das horas do dia, deste vasto mundo poético e literário que me contém, assim como contém tudo que existe.

A meia noite era associada, quando eu era criança e também depois, a medo. Assombração, fantasmas. Namoro, encantamento, criação. As memórias vão juntando os tempos, e atualmente são momentos de respiro. Reflexão, posicionamento num mundo que por aí cobra demasiada obediência a normas.

Tenho desfrutado de instantes de liberdade, bem como também de acolhimento e pertencimento, ao me descobrir parte do todo, no meio ao convívio social. Encontro nos livros pérolas que me restabelecem. Neles recupero uma força nova para o viver.

Agora me refiro especialmente a coisas que tenho lido em Rubem Alves, “Ostra feliz não faz pérola.” Mas também a escritos de Edgar Allan Poe, como “A queda da casa de Usher,” e poemas de Cecília Meireles, como “A canção excêntrica”. Eu me liberto da prisão e da pressão em papéis e comportamentos fixados, ao me sentir e saber parte da criação. Como sou um leitor voraz, na biblioteca por onde transito, há lugar para contos e ciência, sociologia e a arte, entre outros muitos assuntos. É isto.

Pontos de luz

Vir aqui é um momento de respiro. Uma costura de tempos. Acolhimento. Uma partilha que aproxima. Uma sensação de pertencimento.

Saber que a vida não acaba na morte. Há uma continuidade, que vejo de uma cor amarela. O vermelho é a cor da paixão, a força da vida que renasce cada dia, a toda hora, todas as horas do dia.

E ainda atravessa as noites escuras e reaparece do outro lado, no dia que vêm depois da escuridão. Aprender a atravessar os dias pisando nestes pontos de luz.

O sabor de cada instante. Um rosto, uma voz, uma canção. Uma memória de tempos que agora se juntam. Sonhos que renasceram. Esperanças que prosseguem.

Aprendendo a separar o que é meu do que não me pertence, o que não me diz respeito. Saber que não sou perfeito. A força da ação que mostra a importância da educação, a arte e a cultura.

Terapia Comunitária Integrativa com grupos específicos

Ontem tive a oportunidade de assistir a uma mesa redonda sobre Terapia Comunitária Integrativa com grupos específicos. Masculinidades não violentas. Migrantes. Juventudes de bairros populares. Pessoas com deficiências.

A escuta das falas me proporcionou uma alegria difícil de transmitir com palavras.

A desconstrução de traços da cultura dominante, que oprime identidades, gerando violência e exclusão, apresentada por terapeutas comunitários e comunitárias de diversos países.

A minha sensação mais clara, talvez, seja a de quanto vale a pena fazer parte destas redes da TCI. Um lugar onde somos acolhidos e acolhidas como seres humanos.

Me enche de alegria ver o conhecimento que liberta. A escuta das vozes plurais que nos fortalece. O pertencimento que reforça e realça a beleza das diferenças.

(03-08-2023)

Positivamente

Ter um lugar aonde estar. Um lugar aonde ir. Saber-se esse lugar que vai e vem e não sai do lugar. Volta a si uma e outra vez.

Puxam pra fora ou para baixo. Não vou pra lá, não. Fico em mim, não importa onde esteja ou o que esteja a fazer.

Trato de não me menosprezar. Deixar de lado expressões pejorativas a meu respeito. Não são minhas. É a ação perversa da qual venho me livrando. Afirmo a minha positividade. As minhas qualidades. O amor me anima.

Nenhuma das coisas terríveis que imaginei, aconteceu. Posso, então, seguir confiando. Confiar em mim e em quem me ama. Me apoio no que quero e me movimenta. Vou na direção da luz. Prazer, bem-estar, alegria, paz.

Novidades não sei se tenho a partilhar. Talvez mais reafirmações de propósitos que cada dia me vejo obrigado a renovar.

Mudança de olhar

Velho hábito me traz para este espaço ao começar o dia. O prazer de ver o sol raiar.

Uma oportunidade para, mais uma vez, ensaiar alguns passos na direção do bem a alcançar.

Não consigo falar no abstrato, no genérico. Para mim, se trata de chegar um pouco mais perto da felicidade. A plenitude. O ser autêntico.

Para isto, deverei prestar atenção ao que me faz bem. Aquilo que me traz satisfação. O que dá sentido à minha vida.

Isto dá uma orientação aos meus passos. Consistência. Integração com a minha história. O que eu elejo hoje, as minhas decisões de hoje, brotam do chão que percorri.

O que eu quero, o que me faz bem, me orienta e direciona. Não me obrigo a repetir constantemente as mesmas escolhas, sempre. Trato de manter um olhar conectado com o que está aqui.

Vejo que muitas vezes preciso mudar de olhar. Ver as coisas de outra perspectiva. Isto é o que chamo de olhar poético. Deixar que a realidade venha, se mostre, então posso fluir melhor.

Tinha fixado a minha leitura de mundo e de mim mesmo, da minha história, e isto me deixava preso. Posso agora manter a minha integridade, sem necessidade de ficar repetindo sempre as mesmas coisas.

Uma visão fixa esconde o que é. Quando eu deixo a realidade vir, venho com ela. Remoço, renasço, abre-se outra possibilidade.

Pertenecimiento

Me alegró cuando fue elegido, una cita de una entrevista suya en que se comparaba a un arroyo de montaña, ahora remansando, con la edad. Sigue vigente, sigue entero. Justicia sigue siendo el centro. Historia, memoria. Identidad. Pertenecimiento.

Ayuda a comprender ciertas características del tiempo actual, aparentemente tan inmediato. La esperanza se fortalece al ver que la integridad sigue siendo una fuerza política y personal. Argentina es una memoria. Una historia viva.

Brasil se lee también en este panorama. La justicia usada indebidamente como mecanismo de persecución contra Lula. El periodismo deformando más que informando. Viejas historias.

A contramano, la atención y la intención de promover lo mejor en el ser humano. Aquí estamos.

En esta entrevista, Jorge Mario Bergoglio, el papa Francisco, responde sobre temas como abuso sexual en la iglesia, lawfare, y homosexualidad, entre muchos otros.

 

Fuente: Vatican News, 01-04-2023

Sentido de viver

Esperar o sol. Espreitar o sol. Saber que logo mais irá clarear o horizonte. E que embora possa ter nuvens, ou não, de todo jeito o sol irá aparecer. Esta é uma certeza que podemos ter.

O que é que me anima?  O que é que faz valer a pena ter amanhecido? Respondo para mim mesmo e escuto a resposta. É o prazer. A beleza a que me agarro como o musgo à pedra. Algo tão simples, tão ao alcance. Vê-la e saber disto. Ver a flor e saber disto, sem sombra de dúvida. Ter um projeto, ou mais de um, entrelaçados.

Saber sentindo, que há, na verdade, um único projeto. Ser feliz. Ser quem sou. Mais eu cada vez. Menos o implante que tanto me confundiu tantas vezes! Desta forma começa a jornada. Segunda-feira. Este é o meu trabalho. Juntar e me juntar. Partilhar o que vou vendo e aprendendo. Costurar tempos e me coser nesta juntada.

Sei que não estou só. Há mais mãos nesta empreitada. Somando. Somar. Para o bem. Para o desabrochar daquilo que embeleza a vida. Escuto o galo cantar. Será a revolução? O que é a revolução hoje? Qual é a minha revolução? Voltamos ao começo. O que me faz viver. O que me alegra e anima. O que dá sentido ao meu viver.

Isto aprendo garimpando dentro de mim, constantemente. Desfazendo equívocos. Isto não, isto não. Vai restando apenas uma faísca. Uma luz bem pequenininha ou nem tanto. Por vezes é um clarão, do tamanho e esplendor do sol. Vou por aí. Aí está tudo e isso é tudo. Hoje posso afirmar sem rodeios, que o meu sentido maior é o prazer.

O desfrute das pequenas coisas da vida, essenciais. A respiração. O saber-me parte do todo, tal como as árvores e as estrelas. Sentir que o medo não me paralisa, como não me paralisou no passado. Cresci, frutifiquei. Eis me aqui! Pronto para esta revolução diária em volta do sol. Deixo vir as palavras que vão apontando o caminho e vou por aí.

A Terapia Comunitária Integrativa, na 17a. Conferência Nacional de Saúde

Por Maria Lucia de Andrade Reis

Veja aqui uma síntese da participação da ABRATECOM-Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa, neste evento de enorme importância.

Relatório_17aCNSsíntese

A TCI é uma ação cidadã humanizadora, restabelecedora de vínculos, potenciadora da autoestima e do empoderamento de pessoas e comunidades.

Pátria

“Pátria não é lá ou cá, é onde você está, ou em lugar nenhum.” Hermann Hesse, in: Caminhada.

Lembro hoje, dia pátrio na Argentina, de toda a minha trajetória.

Fiz desta terra o meu país.

Nordestinizado, sem nunca deixar de mendocinar.

Uma terra só. É onde estou.