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Mudança de olhar

Velho hábito me traz para este espaço ao começar o dia. O prazer de ver o sol raiar.

Uma oportunidade para, mais uma vez, ensaiar alguns passos na direção do bem a alcançar.

Não consigo falar no abstrato, no genérico. Para mim, se trata de chegar um pouco mais perto da felicidade. A plenitude. O ser autêntico.

Para isto, deverei prestar atenção ao que me faz bem. Aquilo que me traz satisfação. O que dá sentido à minha vida.

Isto dá uma orientação aos meus passos. Consistência. Integração com a minha história. O que eu elejo hoje, as minhas decisões de hoje, brotam do chão que percorri.

O que eu quero, o que me faz bem, me orienta e direciona. Não me obrigo a repetir constantemente as mesmas escolhas, sempre. Trato de manter um olhar conectado com o que está aqui.

Vejo que muitas vezes preciso mudar de olhar. Ver as coisas de outra perspectiva. Isto é o que chamo de olhar poético. Deixar que a realidade venha, se mostre, então posso fluir melhor.

Tinha fixado a minha leitura de mundo e de mim mesmo, da minha história, e isto me deixava preso. Posso agora manter a minha integridade, sem necessidade de ficar repetindo sempre as mesmas coisas.

Uma visão fixa esconde o que é. Quando eu deixo a realidade vir, venho com ela. Remoço, renasço, abre-se outra possibilidade.

Domingo

Domingo continua a ser um dia ainda utópico

Paradisíaco

Suspendem-se por algumas horas

As pressões todas ou quase todas

Família, amigos, amigas

Divertimento

Descanso

Distração

Fazemos nossas aquelas coisas que nos pertencem para sempre

A ilusão da criança que se sabe dona do mundo

Suspende-se a morte

O tempo se compacta até o eterno

Prazer, felicidade, paz, justiça

Tudo que nos faz bem é nosso

Bom dia!

Vocação de uma revista

Insista

Voluntariado

Preservar o que nos faz bem

Mais além de variações

Aproximação entre gerações

Ações restauradoras

Construção coletiva

Solidariedade

Unidade

Humanidade.

 

Confiança se constrói dia a dia

Vim me tornar um assíduo colaborador desta revista em tempos em que com toda a minha alma, fazia todo tipo de tentativas por vir à tona.

Hoje, quase 23 anos depois, escrever continua a ser uma atividade vital para mim.

Enquanto pode ter quem escreva como um  meio para se mostrar, exibir erudição, dominar, etc, para mim esta nobre arte continua a ter uma única finalidade.

Ser mais eu cada vez. Ser mais pleno e feliz.

Ditas estas coisas, passo ao que me traz aqui agora. Como reconstruir a confiança? Confiança em mim mesmo, nas pessoas em volta, no futuro?

Saindo para a rua e vendo que não há ameaças. Ou que em aparecendo alguma, pode ser enfrentada.

Vendo quem está por perto e saber sem sombra de dúvidas, que é alguém que me quer bem. Alguém confiável.

Com estes simples passos, e mais alguns que fui dando pela mão da comunidade, fui recuperando a confiança.

Colocando os medos e as tensões para mais longe.

O lazer, a distração, o trabalho manual, a leitura e a música, são outras ferramentas de que me valho para manter esta sensação de prazer que é prima irmã da confiança.

A beleza tem o poder de ativar uma internação no que é eterno. Beleza há por toda a parte. Dentro e fora de nós.

Digo e repito para mim mesmo as minhas qualidades e conquistas. As minhas vitórias. Então sobrevêm uma sensação de pertencimento que alicerça o meu estar aqui.

Sem culpas.

Sonhos

Lula realizou no Brasil e para o Brasil o sonho que tive para a Argentina. Um país sem fome. Aqui isto se realizou, e volta a se trabalhar nessa direção e com esse propósito.

Quando eu era jovem, muito mais jovem do que agora, sonhava com uma Argentina sem fome, sem violência e sem dominação.

Sonhava também com o amor de uma mulher. Uma mulher que me pudesse amar. Era isto que me mobilizava.

Sonhos nos movem. Sem sonhos somos menos que gente. É o sonho que nos faz trabalhar por uma vida feliz, como Lula fez, como o PT fez e faz.

Fazem. Não sou petista. Não sei o que possa ser ver o mundo desde a janela de um partido. Não deixo de admirar, com tudo, o que fizeram para tirar o Brasil do mapa da fome.

Nunca compreendi como é que podia haver fome num mundo em que, as estatísticas já demonstravam nos anos 1960, há alimentos de sobra para várias vezes a população da terra.

Isto me parecia inconcebível. Conhecendo o capitalismo e a oligarquia, e a ignorância e preconceitos em que se baseia a dominação e a exploração, compreendi.

Compreendo que sem estudo, sem pesquisa, sem reflexão, sem prática libertadora, não nos tornamos gente. Somos brinquedos manipuláveis.

Lula refez a esperança Brasil. Sonho essa esperança para Argentina. Para o mundo. Vamos sonhar juntos e juntas!

Lula me reconciliou com a sociologia que quis, quero e faço. Uma sociologia que se faz com as pessoas, para as pessoas (dentre as quais eu mesmo) e para a humanidade.

A integração social e a inclusão social se tornaram realidade num país inteiro. Um país de dimensões continentais. Tais dimensões foram vencidas pelo esforço e o trabalho.

Pela sabedoria de quem aprendeu com a dor, com a luta e com a esperança. Sem rancores nem ressentimentos, Lula continua a ensinar humanidade.

Consciência, libertação, prática

São palavras muito usadas. Do que se trata, no entanto?

Se trata menos de mudar o mundo

Do que de eu me ter de volta

Eu ser quem sou

Grupos ou multidões dizendo querer mudar o mundo

As estruturas, o que quer que seja

Não necessariamente estão animados por anseios libertadores

Libertação é ser eu quem sou

Isto não se obtém de outra maneira a não ser

Recuperando a própria identidade

Fazendo o próprio lugar

É uma prática o que nos liberta

São ações

Amor é uma ação, não apenas um sentimento ou palavras

É bom lembrar

Paulo Freire, Karl Marx, Agnes Heller, Padre José Comblin

E muitas outras pessoas perto ou longe

São incentivos, provocações

Para um processo que dura a vida toda

Libertar a mente

Desfazer equívocos a nosso respeito

Construir uma realidade em que possamos realizar todas as nossas potencialidades

É uma prática. São ações interligadas.

Nunca é obra de uma ou muitas elites ou vanguardas

É gente em movimento.

Como não me sentiria feliz, se sinto?

Sinto o meu corpo

Sinto o prazer de respirar e fazer parte de uma família

Sinto o alívio de ver se afastando o medo e o terror

Sinto o prazer de me sentir, e não apenas me usar para fazer isto ou aquilo

Muitas pessoas não sabem o que fazer com os seus sentimentos

Sinto a minha história

Passo a passo vou andando

Assim foi como cheguei até aqui

Não foi aos solavancos

Sentir é o meu forte

Me espero e espero

Sinto a vida nova nascendo a cada instante

Ano novo é agora

Natal é agora.

Não preciso reagir de imediato, nem falar sem saber o que estou a dizer, nem fazer mais do que posso

Posso me respeitar, e me respeito.

A vez do amor

Agora é a vez do amor

Agora é a nossa vez

A vez do amor é a nossa vez

É a vez da poesia e da canção

A vez da alegria e da celebração

A vez de desfrutar da vida até o último suspiro

Sim, é a nossa vez!

E quem ainda não tiver aprendido a amar e se amar

Vai ter que aprender que amar como viver

É uma vez

Apenas uma vez

Vida é amor

É só de ida

Justiça, educação

Deverão ser como a flor do dia

Embelezo da existência

Sem elas não há limites nem definição

Isto sim, isto não

Basta de burrice e bestialidade

Basta de mortes evitáveis

Livros sim, armas não!

Ilustração: “Garota de Ipanema.”