A Comissão Nacional do G20 é coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores em conjunto com o Ministério da Fazenda e o Banco Central (BC). Cabe ao colegiado, entre outras atribuições, organizar e facilitar as atividades dos 15 grupos de trabalho que discutirão os mais variados temas de relevância internacional.
A reunião no Planalto contou com a participação de ministros do governo, do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Missão
Na presidência do G20, o Brasil será responsável, entre outras ações, por preparar a cúpula de líderes que vai acontecer no Rio de Janeiro em novembro do próximo ano. Segundo Lula, “possivelmente o mais importante evento internacional que o Brasil vai assumir a responsabilidade de coordenar”.
“Uma reunião que eu espero que ela possa tratar dos assuntos que são os assuntos que nós precisamos parar de fugir e tentar resolver os problemas”, disse Lula, ao citar as prioridades do mandato brasileiro no G20: inclusão social e combate à fome e à pobreza; transição energética e desenvolvimento sustentável; e reforma da governança global. “Não é mais humanamente explicável, em um mundo tão rico, com tanto dinheiro, a gente ter tanta gente ainda passando fome”, lamentou o presidente.
A respeito da transição energética, necessária para o enfrentamento da crise climática, Lula reafirmou que o Brasil está na vanguarda mundial, o que dá ao país grandes oportunidades de atrair investimentos.
“Essa transição energética se apresenta para o Brasil como a oportunidade que nós não tivemos no século XX e temos no século XXI, de mostrarmos ao mundo que quem quiser utilizar energia verde para produzir aquilo que é necessário à humanidade, o Brasil é o porto seguro para que as pessoas possam vir aqui fazer os seus investimentos e fazer com que esse país se transforme num país definitivamente desenvolvido”, ressaltou.
Sobre a necessidade de reforma da governança global, o presidente voltou a criticar instituições como o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Não é possível que as instituições de Bretton Woods, o Banco Mundial, FMI e tantas outras instituições financeiras continuem funcionando como se nada estivesse acontecendo no mundo, como se estivesse tudo resolvido. Muitas vezes, instituições emprestam dinheiro não com o objetivo de salvar o país que está tomando o dinheiro emprestado, mas para receber o pagamento da dívida, não para produzir um ativo produtivo, uma demonstração de que não há contribuição para salvar a vida dos países”, afirmou.
“Nós estamos vendo o que aconteceu na Argentina, nós estamos vendo o continente africano com 800 bilhões de dólares de dívida e que, se não houver uma rediscussão de como fazer financiamento para os países pobres, a gente não vai ter solução. Os ricos vão continuar ricos, os pobres vão continuar pobres, e quem está com fome vai continuar com fome. Então nós queremos aproveitar o [mandato do] Brasil e fazer essa grande discussão”, prosseguiu Lula.
Outras novidades anunciadas pelo presidente são o lançamento de uma iniciativa voltada à bioeconomia e a instalação de um grupo de trabalho sobre empoderamento das mulheres, para a implementação das decisões adotadas na cúpula de líderes de Nova Delhi.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ressaltou que a presidência brasileira do G20 será uma ocasião ímpar para projetar uma imagem renovada do Brasil e apresentar uma visão de liderança em termos de cooperação internacional e no debate das grandes questões econômicas e sociais.
Segundo ele, será uma das principais prioridades da política externa brasileira ao longo dos próximos 12 meses. “Se o ano de 2023 marcou o retorno do Brasil ao mundo, o ano de 2024 será o ano em que o mundo voltará ao Brasil”, afirmou o chanceler.
Os brasileiros que estavam
lá em Gaza sitiados,
estão de volta felizes,
porém pouco esperançados:
que a razão se torne sina
para a questão palestina
alcançar o seu destino:
territórios devolvidos,
direitos restituídos
e Estado Palestino.
Pois o barulho do mar
“é como se fosse o mundo
a recuperar o fôlego”
de um amor assaz profundo.
Às vezes eu venho aqui
aplacar o frenesi
que porventura me aflija.
Então eu ouço ao redor
o que ouviu Anthony Doerr
e que a alma regozija.
Catar versículos bíblicos para justificar preconceitos? Por frei Gilvander Moreira[1]
Invocado sob muitos nomes, mistério de amor que nos envolve e perpassa, Deus, segundo a Bíblia, se revela na história[2], nas entranhas dos fatos e acontecimentos que fazem a história. Assim, para quem acredita em Deus, a caminhada e lutas de libertação de todo e qualquer tipo de escravidão se dá na companhia amorosa de Deus. A revelação de Deus se faz presente na transitoriedade humana, ou seja, no tempo e no espaço com a progressividade de um caminho com início, realização e o cumprimento em Cristo Jesus. Isso não significa dizer que seja um caminho sem tensões, retrocessos e avanços. O caminho da revelação divina se faz na história das lutas libertárias dos povos explorados e injustiçados e por meio da palavra que a interpreta e orienta. Nas relações humanas e sociais dos acontecimentos históricos a iluminação interior confere ao profeta/profetisa ou à comunidade de fé a inteligência de ler, à luz de Deus, os acontecimentos, seja pela palavra oral ou escrita, fazendo a leitura e a interpretação dos fatos e da realidade que nos envolve.
A revelação bíblica não é mágica. Ela passa pela mediação humana não só porque a palavra chega até nós por meio dos profetas/profetisas e dos/as apóstolos/as e, por ser histórica, ela necessita da mediação para ser transmitida e atualizada para o ser humano e a comunidade que a acolhem. A revelação é o entrelaçar-se de movimentos históricos e sagrados da iniciativa livre e gratuita de Deus e das reflexões do ser humano para compreendê-la e abraçá-la.
A revelação é dialógica e pessoal por meio do encontro de Deus com o ser humano, que se coloca em uma atitude de escuta e de abertura ao mistério de amor que nos envolve. É um diálogo profundo, vital; não só troca de conhecimentos. Deus fala com o ser humano para libertá-lo e torná-lo humano-divino. Podemos dizer que a revelação é, ao mesmo tempo, teológica e antropológica, porque revela o mistério de Deus e a vocação/missão humana. Deus revela o seu desígnio sobre o ser humano, a história, dá normas de conduta, explica os acontecimentos que são dados ao ser humano para viver, conviver e lutar para que um projeto de vida para todos/as se torne realidade: o reino de Deus a partir do aqui e do agora. Deus se revela em uma comunhão de pessoas, em um diálogo de conhecimento e de amor, no qual o ser humano é inserido pela fé, que é disposição existencial para acolher e lidar com o mais profundo do nosso ser.
A revelação divina manifesta-se trinitária em que as três pessoas da Trindade Santa estão na origem com modalidades próprias da revelação: o Pai tem a iniciativa de buscar comunhão com o ser humano; Jesus Cristo é a revelação plena do amor do Pai e do Espírito Santo, que interpreta e atualiza as palavras, gestos e sinais que Jesus realizou. Jesus Cristo é revelador do Pai e do Espírito Santo e de si mesmo, ao realizar o projeto do Pai/Mãe, repito, mistério de infinito amor. Jesus é o revelado pelo Pai: “Tu és meu Filho amado, em ti me comprazo” (Mc 1,11) como também na transfiguração: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo, ouvi-o” (Mt 17,1-8). Em Jesus Cristo a revelação encontra o seu cumprimento pleno. Enquanto no Primeiro Testamento a espera de Cristo é incompleta e ainda não realizada, no Segundo Testamento bíblico, mesmo que o Cristo seja a revelação máxima, é “ainda não”, será plena só na escatologia, no fim dos tempos; enquanto estamos no tempo presente, resta sempre uma revelação na fé.
A Revelação é sempre iniciativa de Deus em busca do ser humano, a quem se revela de mil formas desde a criação do universo nas ondas da evolução, do próprio ser humano e ao longo da sua história. Ao registrar estas experiências de encontro com os/as hagiógrafos/as, são estes/estas mesmos/as que reconhecem, novamente, que é Deus quem os inspirou e conduziu para que escrevessem tudo aquilo que é da sua vontade, e para a nossa libertação e salvação.
Como se dá a inspiração dos textos bíblicos? No documento do Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina, Dei Verbum, os Padres conciliares afirmam, com convicção, que todos os escritos da Sagrada Escritura foram inspirados pelo Espírito Santo. Dizem eles: “consideram como sagrados e canônicos os livros inteiros tanto do Antigo como do Novo Testamento com todas as suas partes. Todavia, para escrever os Livros-Sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens – e mulheres – na posse das suas faculdades e capacidades para que agindo neles e por meio deles, pusessem por escrito como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que ele quisesse[3].”
Como esses livros foram escritos por homens e mulheres, à maneira humana, quem interpreta as Sagradas Escrituras deve investigar com atenção o que os/as hagiógrafos/as quiseram dizer e aprouve a Deus revelar por meio deles e delas. Para isso, devem ser levados em conta os gêneros literários para descobrir o sentido que os/as hagiógrafos/as, segundo as condições de tempo e cultura, quiseram expressar. Havia entre pessoas de Deus, profetas e profetisas, sacerdotes e sábios dos Povos da Bíblia (Jr 18,18) que foram considerados mediadores da mensagem divina, cuja autoridade é inquestionável. Óbvio que, como na busca do ouro é preciso peneirar o que está junto com o ouro, mas não é ouro, ao ler um texto bíblico precisamos interpretar, ou seja, peneirar o sentido que possivelmente é mensagem divina e o que o/a autor/a colocou ali pelos seus condicionamentos culturais, sociais e religiosos.
Quando os/as autores/as do Segundo Testamento citam o Primeiro Testamento bíblico, referem-se aos seus autores e autoras, aos quais conferem um valor divino. A Igreja reconhece também nas palavras desses profetas[4] a presença de um carisma semelhante ao dos antigos profetas (Lc 1,70; At 2,24). As cartas do Apóstolo Paulo circulavam entre as comunidades, eram lidas e refletidas por elas, conforme nos informam as próprias cartas (Cl 4,16; 1Ts 5,27).
Depois de considerarmos a Revelação divina para a humanidade por livre iniciativa e por amor, lembrando que Deus inspirou homens e mulheres ao longo da história, para registrarem a experiência humana, social e religiosa que o povo fez com o mistério de amor que nos envolve, não podemos esquecer que a Bíblia é uma biblioteca, 73 livros, ou seja, a Bíblia é obra literária…
e como tal deve ser interpretada. É ingenuidade e erro grave dizer: “a Bíblia basta ser lida e colocada em prática”. Toda leitura suscita e requer interpretação, que precisa ser sensata e libertadora. Não podemos sair catando versículos e citando-os para justificar nossos preconceitos e posturas muitas vezes moralistas e fundamentalistas, o que recai em idolatria.
07/11/2023
Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.
1 – Agir ético na Carta aos Efésios: Mês da Bíblia de 2023. Por frei Gilvander (Cinco vídeos reunidos)
2 – Andar no amor na Casa Comum: Carta aos Efésios segundo a biblista Elsa Tamez e CEBI-MG – Set/2022
3 – Toda a Criação respira Deus: Carta aos Efésios segundo o biblista NÉSTOR MIGUEZ e CEBI-MG, set 2022
4 – Chaves de leitura da Carta aos Efésios, segundo o biblista PEDRO LIMA VASCONCELOS e CEBI/MG –Set./22
5 – Estudo: Carta aos Efésios. Professor Francisco Orofino
6 – Carta aos Efésios: Agir ético faz a diferença! – Por frei Gilvander – Mês da Bíblia/2023 -02/07/2023
7 – Bíblia, Ética e Cidadania, com Frei Gilvander para CEBI Sudeste
8 – Contexto para o estudo do Livro de Josué – Mês da Bíblia 2022 – Por frei Gilvander – 30/8/2022
9 – CEBI: 43 anos de história! Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos lendo Bíblia com Opção pelos Pobres
[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br – www.twitter.com/gilvanderluis – Facebook: Gilvander Moreira III
[2] Cf. MORALDI L. Rivelazione In: Nuovo Dizionario di Teologia Biblica, Edizione Paoline: Torino, 1988, p. 1375.
[3] CONCILIO VATICANO II. Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina. Dei Verbum, São Paulo: Paulinas, 2005, p. 15.
Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, CEBs, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com. Página: http://www.gilvander.org.br
A Frente Parlamentar em Defesa das Políticas Públicas da Juventude (FPJovem) foi lançada hoje, 26, em solenidade no Senado Federal. Numa iniciativa conjunta da Secretaria Nacional da Juventude (SNJ) da Presidência da República e do Conselho Nacional da Juventude (Conjufe), a Frente é suprapartidária e visa garantir a plena efetivação do Estatuto da Juventude.
“Temos a grande responsabilidade de fazer com que todos os jovens se sintam acolhidos pelo Estado e tenham suas demandas atendidas, os jovens das periferias, das comunidades quilombolas, os aldeados. Essa juventude precisa ser ver nos espaços de poder, precisa sentir que o Estado está presente na vida delas oferecendo oportunidade de desenvolvimento”, salientou a deputada federal Camila Jara (PT-MS), vice-presidente da Frente.
Ao citar pesquisa feita em 2022 que mostrou que mais da metade dos jovens sonhava em morar no exterior, Camila disse que é preciso que ela seja refeita daqui quatro anos para mostrar que os jovens querem se manter no Brasil pelas oportunidades de emprego, renda, educação e também por ser um país em que todas as existências são respeitadas. “Temos a responsabilidade de pautar o governo federal e pensar projetos para executar as políticas para a juventude”, afirmou ao concluir sua fala na solenidade de lançamento da Frente.
A deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) destacou a vitória com a recente aprovação da continuidade e aperfeiçoamento da Lei de Cotas, lei que, segundo ela, possibilitou que as universidades se pintassem de povo. Dandara chamou a atenção para a geração nem-nem que é, na verdade, geração sem-sem.
“Sem trabalho, sem estudo, sem direitos trabalhistas, sem oportunidades e sem condições básicas de sobrevivência”, apontou a deputada federal mineira ao destacar que no pós-pandemia muitos jovens não voltaram para as salas de aula porque viraram arrimo de família ou estão no sub-emprego, trabalhando nos aplicativos que nem consideram os acidentes de trabalho ou mães jovens que não tem creches para seus filhos.
“A importância dessa frente é por uma agenda de direitos da juventude que aponte para o século 21, contectando as lutas do passado com demandas do presente. Ao construir a agenda de direitos, vamos precisar combater todas as formas de opressão como machismo, racismo, misoginia, lgbtfobia, que precarizam a vida da juventude”, afirmou ainda durante o evento.
Após quatro anos de desmonte, governo federal rearticula ações
A reinstalação da Frente Parlamentar da Juventude foi comemorada pelo secretário nacional da juventude do governo federal, Ronald Sorriso, pois representa a retomada do debate acerca dos direitos dos jovens.
“Passamos quatro anos de desmandos, de desmonte da Secretaria Nacional da Juventude, com negligência com o Conselho Nacional de Juventude. Não havia nenhuma referência para os órgãos gestores estaduais e municipais e, por conta disso, buscamos rearticular esses movimentos e repor o debate no parlamento brasileiro”, assinalou Ronald ao informar que a SNJ, órgão vinculado à Secretaria Geral da Presidência, buscou diálogo com o senador Irajá (PSD-TO) que já era presidente da Frente desde 2019.
“Reiniciamos esse importante espaço e tenho certeza que vamos colocar no Congresso matérias importantes em defesa da juventude como ponto central para promover a felicidade através do bem viver, da emancipação e das oportunidades para nossa população jovem”, afirmou.
Representando as juventudes partidárias no lançamento da Frente, a secretária nacional da juventude do PT, Nádia Garcia, informou que a meta é conseguir transformar a Política Nacional de Juventude em lei.
“A ideia é que a gente consiga aprovar o Fundo Nacional de Juventude o Plano Nacional de Juventude no Sistema Nacional de Juventude porque um país que não investe em seus jovens é um país que não vai garantir um futuro de progresso”, alertou.
O Brasil tem hoje o maior número de jovens da sua história. São 47 milhões de jovens, de 16 a 29 anos. “É um boom demográfico de juventude. Temos que investir agora com oportunidades porque sem estudo, com dificuldade de encontrar trabalho, sem perspectivas e sem dignidade compromete-se todo o futuro da nação”, apontou.