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JMJ de Lisboa segundo o Papa: feita pela dedicação de muitas pessoas simples

Por Andressa Collet

Mas “lembro também dos pastéis, que são muito bons. Tantas pessoas simples, que ofereceram o seu trabalho, a sua esperança”, acrescentou Francisco ao falar espontaneamente a cerca de 800 pessoas que atuaram diretamente na edição portuguesa da Jornada Mundial da Juventude realizada em agosto. Uma missão compartilhada por “todos, todos, todos”, repetiu o Papa, ao recordar a mensagem dada a milhões de jovens em Lisboa, de que a Igreja é lugar para todos.

A Jornada Mundial da Juventude de Lisboa voltou a ser revivida nesta quinta-feira (30) no Vaticano, quando o Papa Francisco recebeu cerca de 800 pessoas – inclusive de brasileiros – que atuaram diretamente para que a edição portuguesa fosse realizada no início de agosto deste ano. Na Sala Paulo VI, para ouvir o Pontífice, estavam representantes do Comitê e da Fundação JMJ Lisboa 2023, a começar pelo seu presidente, dom Américo Aguiar, “o cardeal Américo que gosta de ser chamado de Padre Américo”, comentou o Papa, ao agradecê-lo “por tudo o que fez: é um cardeal especial, um cardeal um pouco enfant terrible, mas muito bom”, brincou Francisco ao citar o termo em francês para uma pessoa vivaz e cheia de iniciativas.

Ao saudar o grande grupo, o Pontífice logo disse que falaria “em espanhol porque é mais seguro, mais próximo ao português. O italiano é mais distante”. E, assim, primeiramente agradeceu por todo o trabalho desenvolvido em Lisboa para que a JMJ se tornasse “um núcleo de forte evangelização, de alegria, de expressão jovem”. E, em seguida, começou a buscar na memória os momentos saudosos vividos por lá:

“Guardo do encontro de Lisboa uma emoção muito grande, e também uma lembrança: pessoas simples, que fizeram tudo o que podiam. Ainda guardo o terço da senhora de 96 anos. Ela ainda está viva? (Sim, eles lhe respondem). Lembro também daquela garota de 19 anos com uma doença grave, que ofereceu a vida para a Jornada, pensando que morreria. Mas ainda estava viva. Está viva? (Sim, eles respondem). 19 anos. Lembro dos filhos daquela voluntária da Jornada que morreu no trabalho, como tinham ido com alegria e saíram com a tristeza de ter perdido a mãe. E lembro de tantas pessoas simples, tantas. E lembro também dos pastéis, que são muito bons. Tantas pessoas simples, que ofereceram o seu trabalho, a sua esperança.”

O Papa, então, disse que não poderia falar por muito tempo, devido à indisposição que o acometeu nos últimos dias, e mons. Antonio Ferreira da Costa, chefe da seção de Assuntos Gerais da Secretaria de Estado, leu o discurso aos presentes na Sala Paulo VI.

Sonhar juntos, com “todos, todos, todos”

No texto, o agradecimento foi reforçado à delegação de várias partes do mundo que veio ao Vaticano, inclusive do Brasil, e que Francisco a descreveu como formada por “dinamizadores, coordenadores e apoiadores” da JMJ de Portugal. Foi um “um luminoso exemplo de como é possível compartilhar uma missão, sem deixar ninguém de fora”, comentou o Papa, ao recordar e reafirmar a mensagem enfática dada a milhões de jovens em Lisboa, de que a Igreja é lugar para todos, “fazendo-os confluir para um grande sonho comum”:

“Continuem a sonhar juntos, continuem a envolver em ondas sucessivas novos companheiros sonhadores de uma sociedade feita por todos e no respeito de cada um. Vou repetindo e fico contente ao ver que muitos já me fazem eco: «todos, todos, todos!»”

Nada deve ser perdido

Que “nada se perca” do que foi feito em Lisboa, exortou ainda o Papa, ao se referir a Jesus que, como os respigadores “voltam atrás para recolher as espigas de trigo” perdidas nos campos, cumpre a vontade do Pai, que é a da salvação universal. E monsenhor Antonio continuou a leitura do discurso do Papa:

“Meus amigos, não deixem que nada se perca daquela JMJ que nasceu, cresceu, floriu e frutificou nas mãos de vocês, extasiadas com a abundante multiplicação de pedaços de Céu feitos gente, que brotavam de todo o lado e até mesmo de onde não se esperava.”

No centro da JMJ de Lisboa estava a figura de Maria que, como diz o Evangelho, “se levantou e partiu apressadamente”, acreditando no poder do Senhor. E para os jovens, Maria foi apresentada como exemplo e referência. O Papa, assim, renovou a gratidão àqueles que fizeram com que isso acontecesse, e mons. Antonio concluiu as palavras do Pontífice:

“Obrigado a todos e a todas! Deus pague o bem que fizeram aos jovens e a mim, à cidade de Lisboa e a quantos, de todo o mundo, para lá dirigiram os seus passos e o seu coração. Por favor, continuem a apontar e a impelir-nos para as dimensões universais do coração de Deus!”

Fonte: Vatican News

(30-11-2023)

Como atender aos sofrimentos de Deus

XXXIV Domingo Comum

Festa de Cristo Rei e Servidor – Mt 25, 31 – 46. 

Como responder aos sofrimentos de Deus

Neste último domingo do ano litúrgico, que a Igreja Católica continua chamando de Festa de Cristo Rei, o evangelho deste ano é Mateus 25, 31 a 46, a parábola do julgamento final. De fato, a Reforma Litúrgica de 1969 transferiu essa festa do final de outubro para o último domingo do ano litúrgico. Assim, deu a essa celebração o sentido de apontar a esperança que temos no reino de Deus que virá.  É verdade que, até hoje, grupos católicos tradicionalistas cantam e propagam o antigo hino ao Cristo Rei que tem como refrão:

Jesus Rei Deus verdadeiro

O teu Reino venha a nós

Obedeça o mundo inteiro

Ao poder de tua voz

Todo o orbe homenagens Lhe renda

Aos seus pés traga o mundo cristão

De almas livres a livre oferenda

Corações para o seu coração!

Nesses versos, o reino do Cristo é identificado com o poder da hierarquia da Igreja-Cristandade, isso que o hino chama “o mundo cristão”, que convivia muito bem com o domínio do homem sobre a mulher, o racismo estrutural, o extermínio dos povos indígenas, a escravidão das populações negras e tantas outras injustiças sociais. Infelizmente, mesmo se o mundo de hoje é decididamente mais laical e independente de religião, ainda existe em muitos setores cristãos, das mais diferentes Igrejas, o desejo de restaurar essa religião civil que tem muito de costumes religiosos e pouco do evangelho de Jesus. É nesse espírito que compreendemos a preocupação de Dom Helder Camara, quando, há mais de 55 anos, escrevia: “Jesus me compreende quando digo que não gosto da festa de hoje, nem acho que ele queria ser chamado de rei”  (53ª circular – 22/ 10/ 1964)[1].

 

A respeito da parábola lida no evangelho de hoje, dois exegetas belgas sustentam que essa parábola, do modo como está escrita, foi construída pela comunidade de Mateus. Afirmam: “Jesus nunca chamaria a si mesmo de rei nem se atribuiria o papel de juiz, que ele sempre pensou ser reservado ao Pai[2]. No entanto, é possível que o núcleo da parábola venha de Jesus e esse núcleo é a identificação de Jesus com as pessoas empobrecidas e excluídas do mundo.

Toda a espiritualidade rabínica insistia na imitação de Deus. O livro do Talmud ensina que devemos imitar Deus. E ensina que nós imitamos a Deus, quando vestimos os nus, assim como Deus vestiu Adão e Eva, quando os nossos primeiros antepassados se viram nus no paraíso. O Talmud ensina que eevemos visitar as pessoas doentes, como Deus visitou Abraão, depois que ele foi circuncidado. Do mesmo modo, assim como Deus confortou e abençoou Isaac, depois que esse perdeu o pai, temos nós também de confortar os enlutados. E devemos enterrar as pessoas falecidas, assim como Deus enterrou Moisés no monte Nebo (b. Sotah, 14ª)[3].

Nessa parábola sobre o julgamento final, Jesus assume esse modo de falar de Deus e nos revela duas coisas novas: 1º – Se queremos encontrar e nos unir a esse Deus da Bíblia, a quem Jesus chama de Paizinho, o jeito é reproduzir o seu modo de ser, no caminho da misericórdia e da solidariedade.

2º – Os sofrimentos do povo explorado e empobrecido são os sofrimentos do próprio Deus. Para Jesus, não há outro caminho de espiritualidade a não ser descobrir nos sofrimentos das pessoas empobrecidas os sofrimentos do próprio Deus.

Diante disso, então, é preciso sempre rever a nossa vida e o nosso jeito de ser, para ver o quanto estamos sensíveis e atentos a isso: o encontro com Deus não está, em primeiro lugar, no templo e no culto e sim na solidariedade amorosa com as pessoas e comunidades empobrecidas.

Na história, muitas vezes, cristãos e cristãs compreenderam essa palavra de Jesus no varejo da vida, isso é, como se ele tivesse mandado dar esmolas na porta de casa, escolher um dia da semana e visitar alguém doente no hospital e assim por diante: um Cristianismo dos atos soltos de caridade individual. Mas, essa não foi a compreensão de Jesus e da Bíblia, já que, na antiga cultura judaica, como em toda cultura originária, a dimensão comunitária sempre é a primeira e as ações individuais se situam dentro da ação coletiva.

Na Bíblia, a promessa do reino de Deus surgiu no tempo do cativeiro e se desenvolveu como forma de restituir ao povo hebreu, como povo privado da sua liberdade e da sua cidadania a esperança de recuperar a sua liberdade coletiva e a justiça libertadora, como manifestação do amor divino. Os salmos de súplica dos pobres sempre juntam o pedido de socorro individual (tem piedade de mim) com a salvação comunitária. O eu acaba sempre sendo o eu coletivo do povo de Deus. Os salmos comumente chamados de “salmos do reino” mostram que a manifestação de que Deus reina não é nenhum ato religioso. Não há nenhuma coroação. Eles descrevem que o reinado divino se expressa em novo equilíbrio e comunhão com a natureza que é aliada da humanidade. O reinado divino traz justiça libertadora e inversão das situações sociais, de modo que “Deus faz justiça às pessoas oprimidas e liberta quem é cativo. Dá pão a quem tem fome e levanta o desvalido. Reconduz migrantes à sua terra e as pessoas honradas, orienta sempre” (Sl 145).

Jesus revelou Deus no rosto das pessoas mais pobres. O evangelho mostra que Jesus assumiu e viveu isso. O reino de Deus se manifesta quando todas as pessoas são consideradas como cidadãos e cidadãs de pleno direito. A carta de cidadania do reino de Deus garante o direito das categorias mais  vulneráveis da humanidade e também o cuidado com todas as criaturas vivas e com a mãe-Terra.

No Brasil, por causa do 20 de novembro, dia do martírio de Zumbi dos Palmares, cada vez mais, os movimentos sociais têm transformado novembro em um mês da consciência negra. É importante que a luta contra o racismo e a defesa de um Brasil multi-étnico e pluricultural seja expressão de fé e do nosso testemunho do reinado divino. O evangelho de hoje pede que nos identifiquemos com o Cristo, pobre, nu, doente e prisioneiro nas estruturas perversas da sociedade em que vivemos.

[1] –  CAMARA, Dom Helder. Circulares Conciliares, Volume I – Tomo II, Recife, Ed. CEPE, 2009, p. 205.

[2] – Cf. MAERTENS, Thierry e FRISQUE, Jean, Guia da Assembleia Cristã 3, Vozes, 1970, p.47.

[3] – Cf. VERMES, Geza, O autêntico evangelho de Jesus. Ed. Record, 2006, p. 181

A mentira como arma de dominação

A vergonhosa cobertura do massacre em Gaza pela mídia hegemônica

 

Todo ser  humano, dado o seu inacabamento, é suscetível à mentira, embora sempre vocacionado à verdade. Reconhecimento feito inclusive por textos sagrados, a exemplo da tradição judaica e cristã: ”Omnis Homo Mendax” (Sl 116, 11) – expressão de circunstância  perturbadora. Se tal constatação, de um lado,  nos parece uma postura salutar de autocrítica reconhecedora de nossos limites, por outro lado, grave equívoco cometemos em banalizar este traço limitativo, por não nos comprometermos com uma incessante busca de superação desta marca.

 

O êxito ou malogro desta busca depende de nossa resposta ao chamamento ao nosso compromisso com a verdade. Depende também de como organizamos as relações sociais – econômica, políticas, culturais e outras -, desde que orientadas para um processo de humanização do um ser humano como um todo e de todos os seres humanos, ou sucumbimos à tentação desumanizante, como ocorre nas sociedades de classes especialmente no modo de produção capitalista.

 

O atual cenário de  cobertura dos conflitos entre Israel e Palestina, tal como feita pela mídia hegemônica (CNN, Rede Globo e Mídia Digital de extrema-Direita), ilustra bem o profundo grau de parcialidade e comprometimento com o Estado Sionista de Israel, marcado pela sucessão de massacres, de limpeza étnica, de supremacia racial, de apartheid e de colonialismo cometidos contra o povo palestino (já se fala em mais de 15 mil mortos, dentre as quais em torno de 7000 crianças, e cerca de 33 mil feridos). Nas linhas que seguem, cuidamos de examinar a natureza e a extensão da estratégia hegemônica diuturnamente usada e abusada pelos meios de comunicação dominantes, de modo a tornar reféns enormes parcelas de nossa sociedade, fazendo-as introjetar e assimilar, como se verdades fossem, as notícias circuladas pela imprensa, pela televisão, pelo rádio, e pela mídia digital de extrema-direita.

 

Em toda sociedade de classes, o pensamento que prevalece é ditado pela classe dominante

 

O pensamento único constitui a grande meta de toda sociedade de classes, máxime nas sociedades capitalistas, hoje amplamente dominantes. Toda sua organização econômica, política e cultural se acha sob o rígido controle de uma ínfima minoria (correspondente a cerca 1% da população mundial), em mãos da qual se encontram concentradas as riquezas, as terras, a renda, as poderosas redes de comunicação de massa. É graças a este acúmulo de poderes nas mãos dos grandes conglomerados transnacionais, a operarem em todas as atividades econômicas, políticas, culturais, educacionais, religiosas, no próprio mundo das artes, etc., mundo afora, que acabam determinando a hegemonia das ideias, dos valores, das crenças, das modas, do próprio estilo de vida dominante. Poderio tão forte, que impacta até as relações do Sagrado, como temos observado, também no Brasil com o que se passa nas Igrejas cristãs, em sua grande maioria.

Os crescentes escândalos sexuais e financeiros não deixam de ser expressão e resultado dessa tenebrosa teia de relações.

 

Expressão igualmente da predominância, em larga escala, de um cristianismo sionista, em franca contradição com os valores do Reino de Deus anunciado, inaugurado e testemunhado por Jesus de Nazaré. A este propósito, recomendamos fortemente que acompanhem a recentíssima entrevista concedida pela teóloga Nancy Cardoso (cf. https://www.youtube.com/live/OoB_jMpgv6g?si=KubDDw09uE2GYLFp)

 

Experiente e com amplo reconhecimento, a teóloga biblista Nancy Cardoso que viveu longos anos na Palestina, cuida, nesta entrevista, de apontar os principais entraves a uma compreensão crítica acerca dos conflitos Israel x Palestina, que têm a ver com uma espécie de tapa-olho. Tal compreensão decorre, segundo a teóloga, de uma incapacidade ou de uma indisposição dos cristãos sionistas, de fazerem uma leitura crítica, com base em uma perspectiva histórica e geopolítica, sobre o que anda acontecendo entre Israel e Palestina desde as primeira décadas do século passado, principalmente após a primeira e a segunda grandes guerras, após cada uma delas, tendo como consequência a distribuição pela força entre a França e a Grã Bretanha, a Síria, o Líbano e a Palestina de modo a tudo reduzirem a uma mera questão religiosa, ocultando assim os fatores geopolíticos e econômicos aí presentes, o que se agrava por uma leitura fundamentalista da Bíblia. No que tange ao componente religioso, ela nos instiga a exercitar a leitura popular da Bíblia, como um procedimento de exercício da crítica com que devemos visitar e revisitar os textos sagrados, tendo, aliás, chamado a atenção para o alerta feito pelo Profeta Amós (Am 7,9). Ela acentua o significado de um Deus que opta sempre pelos mais vulneráveis: os pobres são sempre seus preferidos, a exemplo do contexto assinalado pelo Livro do Êxodo, em que Deus assume a causa libertadora dos oprimidos, garantindo-lhe uma terra, mas não na condição de novos opressores.

 

“Quem come do meu pirão prova do meu cinturão”  

 

A sabedoria popular segue sendo, para além de seus limites, uma fonte de bom senso, como se mostra o dito popular acima mencionado. É, com efeito, que sucede também ao controle dos meios de comunicação de massa pelo Capital, em suas diversas manifestações, em especial sob o controle maior do mundo financista. Afinal, por quem são financiados jornais, televisão, rádio, mídia digital de extrema-direita? Como ocultar que cada programa televisivo, em especial as grandes agências noticiosas são controladas, em escala mundial, nacional e local, por esses grandes conglomerados transnacionais? Como ignorar que a imprensa hegemônica, a exemplo de o Estadão, O Globo, A Folha de São Paulo, são mantidos por grupos familiares aristocráticos, representantes da Casa Grande? São estes veículos que, dia a dia, bombardeiam os leitores e leitoras com notícias, reportagens e coberturas feitas no interesse direto dos centros do Império.

 

É triste tomar conhecimento das relações senhoriais a que são submetidos, salvo raras exceções, seus jornalistas, frequentemente constrangidos a fazerem passar fatos e versões do agrado de seus empregadores. A este propósito, vale a pena conferir recente denúncia coletiva feita por jornalistas ao Ministério Público: (conferir https://www.brasil247.com/midia/jornalistas-do-estadao-pedem-socorro-contra-o-assedio-moral-que-sofrem-de-andreza-matais )

 

Algumas pistas alternativas

 

Diante destes fatos e versões que utilizam cotidianamente a mentira como arma de dominação, consola-nos saber que tal situação não é insuperável. Na verdade, diversos são os veículos noticiosos e de análises que temos à nossa disposição. Trata-se de uma lista de canais, de blogs e de sites que nos ajudam e nos permitem uma leitura crítica desta realidade, em busca de sua transformação.

 

Ainda a propósito do bombardeio diário sobre milhares de Palestinos (crianças, mulheres, pessoas idosas, etc.), sobre o qual a mídia hegemônica se limita a acusar o Hamas, fechando os olhos aos crimes de guerra também cometidos – e em dose exponencial – pelo Estado Sionista de Israel, o poderoso “Lobby” de judeus sionistas se atreve, sem cessar, a controlar não apenas a mídia coorperativa, mas também as diversas instâncias governamentais dos países, inclusive do Brasil, chegando a perseguir até judeus que ousem denunciar o massacre cometido pelo Estado Sionista de Israel. É o que sucede, por exemplo, ao jornalista judeu Breno Altman, que vem sendo penalizado judicialmente, como no caso da recente sentença liminar proferida por um juíz de primeira instância.

 

A exemplo da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), também nos associamos às manifestações de solidariedade a Breno Altman e a outros perseguidos por sua coragem de denunciarem os crimes contra a humanidade que vêm sendo cometidos pelo Estado Sionista de Israel. Recomendamos vivamente o acompanhamento de entrevistas, palestras e análises produzidas pelo jornalismo crítico alternativo aos porta-vozes do imperialismo. Entre estes espaços críticos, sugerimos acessar: Opera Mundi, Brasil 247, Brasil de Fato, ICL, José Arbex, Rogério Anitablian, José Reinaldo Carvalho, Ualid Rabah, Valter Pomar, Nathalia Urbano, Jones Manoel, Mainara Nafe, Nancy Cardoso, para citar apenas estes nomes. A este propósito, recomendamos conferir a mais recente exposição sobre os conflitos Israel X Palestina, feita por Valter Pomar, dentro da programação organizada pela Fundação Perseu Abramo: https://www.youtube.com/watch?v=RORQs547r8Q&t=1s

 

Finalmente, foram acordados alguns dias de trégua para a liberação de reféns em Gaza e de prisioneiros em Israel. Ainda que insuficiente, temos um alívio, mas o que importa mesmo é lutar por um cessar fogo.

 

João Pessoa, 25 de Novembro de 2023.

Foto: Revista Forum

Papa: não promovam mensagens de ódio na web, comunicar é envolver-se com amor

Através de uma mensagem por ocasião da abertura da 13ª edição do Festival de Doutrina Social na cidade de Verona, na Itália, o Papa convida a traduzir concretamente os ensinamentos do Evangelho na sociedade. “#soci@Imente livres” é o tema deste ano e o desejo de Francisco é que, na cultura digital, “ninguém seja promotor de uma comunicação que promova a cultura do descarte”.

A comunicação atinge sua plenitude na doação total de si mesmo à outra pessoa e é nessa relação de reciprocidade “que se desenvolve a rede da liberdade”. O Papa Francisco reiterou isso em uma mensagem dirigida aos organizadores e participantes da 13ª edição do Festival da Doutrina Social, que começou hoje, 24 de novembro, em Verona. Três dias de encontros entre profissionais, empresários, professores e leigos empenhados “em traduzir concretamente os ensinamentos do Evangelho na sociedade”, como também foi solicitado na síntese da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo.

 

“@”, símbolo de proximidade e conectividade

O tema deste ano, “#soci@lmente livres”, enfatiza a comunicação na cultura digital, “que influencia as relações entre as pessoas e, consequentemente, a sociedade”. Em particular, é um dos caracteres especiais usados para escrever o tópico deste ano, ou seja, o ‘@’ usado em e-mails, que chama a atenção do Papa. O caractere @, de fato, que na antiguidade indicava uma unidade de medida de peso e de capacidade (era a arroba espanhola e a ânfora toscana) e que depois assumiu valor contábil como “um valor comercial”, agora é usado no e-mail para indicar “uma conexão”. “Da história vem, portanto, uma indicação para viver a liberdade hoje nas mídias sociais”, escreve o Papa, “o caractere ‘@’ indica proximidade, contato, uma expressão íntima de liberdade, para ser guardada no coração”.

Não se deve promover a cultura do descarte por meio de mensagens de ódio

A rede que queremos, “não foi feita para prender, mas para libertar, para valorizar uma comunhão de pessoas livres”. A própria Igreja é uma rede tecida a partir da comunhão eucarística, “onde a união não se baseia em ‘likes’, mas na verdade, no ‘amém’, com o qual cada pessoa adere ao Corpo de Cristo, acolhendo ao próximo”. “Em comparação com a velocidade da informação, que provoca a voracidade relacional”, continua o Pontífice, “o ‘amém’ é de fato “uma espécie de provocação para ir além da superficialidade cultural para dar plenitude à linguagem, no respeito por cada pessoa”. “Que ninguém seja promotor de uma comunicação de descarte através da difusão de mensagens de ódio e da distorção da realidade na web!”, é, portanto, o desejo do Papa.

Jesus tem interesse pela pessoa em sua totalidade

Um exemplo de verdadeira comunicação inspirada pelo amor, escreve o Pontífice, é a passagem do Evangelho de Marcos que narra o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes. Cerca de cinco mil pessoas se juntaram a Jesus às margens do Lago Tiberíades, caminhando quilômetros para ouvi-lo. De acordo com o Papa, “o Cristo se propôs a ensinar-lhes muitas coisas” e sua autoridade “vem a partir de Seu envolvimento pessoal e de Sua presença como o rosto e a palavra do Pai nas reviravoltas da existência humana: Ele tem compaixão pelas pessoas, tem os mesmos sentimentos que as pessoas que estão diante Dele, não as despreza, faz dos problemas delas os Seus, cuida delas”. E então Jesus as alimenta, porque “o ensinamento é seguido pela oferta de pão e companhia: o Senhor está interessado na pessoa como um todo, ou seja, em sua integridade”.

Testemunhas da liberdade em um mundo livre

Ao fazer isso, Jesus não está sozinho, mas pede a colaboração dos discípulos, que, por sua vez, são convidados a participar de forma pessoal. “Esta é a liberdade à qual o discípulo é chamado: a de quem se envolve com inteligência e amor para fazer o outro crescer”. O desejo do Papa é, portanto, o de sermos “testemunhas da liberdade em um mundo de liberdade” e o pedido dos participantes, a começar pelo presidente da Fundação Segni Nuovi, Alberto Stizzoli, que, juntamente com um grande grupo de leigos, o Comitê Científico e os amigos que apoiam concretamente o festival, é o de traduzir a hashtag “soci@lmente” “em iniciativas para o bem comum” e comprometer “na educação à cultura do dom”.

Fonte: Vatican News

G20: “Não é humanamente explicável um mundo tão rico com tanta gente com fome”, diz Lula

O presidente Lula participou, nesta quinta-feira (23), no Palácio do Planalto, da reunião de instalação da Comissão Nacional do G20. Foi o último ato da preparação para o Brasil assumir a presidência do grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana. O mandato brasileiro será exercido do próximo dia 1º de dezembro a 30 de novembro de 2024.

A Comissão Nacional do G20 é coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores em conjunto com o Ministério da Fazenda e o Banco Central (BC). Cabe ao colegiado, entre outras atribuições, organizar e facilitar as atividades dos 15 grupos de trabalho que discutirão os mais variados temas de relevância internacional.

A reunião no Planalto contou com a participação de ministros do governo, do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Missão

Na presidência do G20, o Brasil será responsável, entre outras ações, por preparar a cúpula de líderes que vai acontecer no Rio de Janeiro em novembro do próximo ano. Segundo Lula, “possivelmente o mais importante evento internacional que o Brasil vai assumir a responsabilidade de coordenar”.

“Uma reunião que eu espero que ela possa tratar dos assuntos que são os assuntos que nós precisamos parar de fugir e tentar resolver os problemas”, disse Lula, ao citar as prioridades do mandato brasileiro no G20: inclusão social e combate à fome e à pobreza; transição energética e desenvolvimento sustentável; e reforma da governança global. “Não é mais humanamente explicável, em um mundo tão rico, com tanto dinheiro, a gente ter tanta gente ainda passando fome”, lamentou o presidente.

 

A respeito da transição energética, necessária para o enfrentamento da crise climática, Lula reafirmou que o Brasil está na vanguarda mundial, o que dá ao país grandes oportunidades de atrair investimentos.

“Essa transição energética se apresenta para o Brasil como a oportunidade que nós não tivemos no século XX e temos no século XXI, de mostrarmos ao mundo que quem quiser utilizar energia verde para produzir aquilo que é necessário à humanidade, o Brasil é o porto seguro para que as pessoas possam vir aqui fazer os seus investimentos e fazer com que esse país se transforme num país definitivamente desenvolvido”, ressaltou.

Sobre a necessidade de reforma da governança global, o presidente voltou a criticar instituições como o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Não é possível que as instituições de Bretton Woods, o Banco Mundial, FMI e tantas outras instituições financeiras continuem funcionando como se nada estivesse acontecendo no mundo, como se estivesse tudo resolvido. Muitas vezes, instituições emprestam dinheiro não com o objetivo de salvar o país que está tomando o dinheiro emprestado, mas para receber o pagamento da dívida, não para produzir um ativo produtivo, uma demonstração de que não há contribuição para salvar a vida dos países”, afirmou.

“Nós estamos vendo o que aconteceu na Argentina, nós estamos vendo o continente africano com 800 bilhões de dólares de dívida e que, se não houver uma rediscussão de como fazer financiamento para os países pobres, a gente não vai ter solução. Os ricos vão continuar ricos, os pobres vão continuar pobres, e quem está com fome vai continuar com fome. Então nós queremos aproveitar o [mandato do] Brasil e fazer essa grande discussão”, prosseguiu Lula.

O presidente voltou a destacar que a cúpula do G20 no Rio de Janeiro terá uma grande participação de vários segmentos da sociedade na construção das propostas que serão levadas aos líderes do grupo. Além disso, prosseguiu, serão criadas, durante a presidência brasileira, duas forças-tarefa, uma Contra a Fome e a Desigualdade, outra Contra a Mudança do Clima.

Outras novidades anunciadas pelo presidente são o lançamento de uma iniciativa voltada à bioeconomia e a instalação de um grupo de trabalho sobre empoderamento das mulheres, para a implementação das decisões adotadas na cúpula de líderes de Nova Delhi.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ressaltou que a presidência brasileira do G20 será uma ocasião ímpar para projetar uma imagem renovada do Brasil e apresentar uma visão de liderança em termos de cooperação internacional e no debate das grandes questões econômicas e sociais.

Segundo ele, será uma das principais prioridades da política externa brasileira ao longo dos próximos 12 meses. “Se o ano de 2023 marcou o retorno do Brasil ao mundo, o ano de 2024 será o ano em que o mundo voltará ao Brasil”, afirmou o chanceler.

Fonte: PT

(23-11-2023)

Nazismo reverso

Nazismo reverso

Que nós jamais esqueçamos
os horrores do nazismo,
que trucidou os judeus
com ódio, nojo, racismo.
E hoje ele se alastrou,
depois que se amalgamou
ao seio do trucidado.
Que no pior desatino,
usa contra o palestino
o nazi nele chocado.

Martim Assueros
17/11/2023

Ius Talionis?

O ataque terrorista
do Hamas contra Israel
precisa ser rechaçado
sem maneirar no pincel.
Não que isso justifique
que em Gaza se pratique
um rosário de matanças.
Matança contra civis,
ainda mais se prediz
mulheres, grávidas, crianças.

Martim Assueros
16/11/2023