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Memória

Memória é a costura dos tempos

É a integração dos tempos

A integração no tempo

A inclusão no eterno

Em tudo que existe.

Não é pouca coisa, não é verdade?

Recordar é o caminho

Refazer o ninho na realidade.

Imagem: “Nascendo”

Confiança

Sempre dá tudo certo

No fim tudo sempre dá certo

Se ainda não deu certo é porque ainda não chegou ao fim

Saber disso é uma lição de vida

Um aprendizado

Uma recordação coletiva e pessoal

Posso seguir em frente

Um povo pode suportar dores e sofrimento se tiver esperança de felicidade à frente.

Ilustração: “A textura do universo”

Escritos da meia-noite

Acompanho-me nas noites de vigília, como também no meio das horas do dia, deste vasto mundo poético e literário que me contém, assim como contém tudo que existe.

A meia noite era associada, quando eu era criança e também depois, a medo. Assombração, fantasmas. Namoro, encantamento, criação. As memórias vão juntando os tempos, e atualmente são momentos de respiro. Reflexão, posicionamento num mundo que por aí cobra demasiada obediência a normas.

Tenho desfrutado de instantes de liberdade, bem como também de acolhimento e pertencimento, ao me descobrir parte do todo, no meio ao convívio social. Encontro nos livros pérolas que me restabelecem. Neles recupero uma força nova para o viver.

Agora me refiro especialmente a coisas que tenho lido em Rubem Alves, “Ostra feliz não faz pérola.” Mas também a escritos de Edgar Allan Poe, como “A queda da casa de Usher,” e poemas de Cecília Meireles, como “A canção excêntrica”. Eu me liberto da prisão e da pressão em papéis e comportamentos fixados, ao me sentir e saber parte da criação. Como sou um leitor voraz, na biblioteca por onde transito, há lugar para contos e ciência, sociologia e a arte, entre outros muitos assuntos. É isto.

Pontos de luz

Vir aqui é um momento de respiro. Uma costura de tempos. Acolhimento. Uma partilha que aproxima. Uma sensação de pertencimento.

Saber que a vida não acaba na morte. Há uma continuidade, que vejo de uma cor amarela. O vermelho é a cor da paixão, a força da vida que renasce cada dia, a toda hora, todas as horas do dia.

E ainda atravessa as noites escuras e reaparece do outro lado, no dia que vêm depois da escuridão. Aprender a atravessar os dias pisando nestes pontos de luz.

O sabor de cada instante. Um rosto, uma voz, uma canção. Uma memória de tempos que agora se juntam. Sonhos que renasceram. Esperanças que prosseguem.

Aprendendo a separar o que é meu do que não me pertence, o que não me diz respeito. Saber que não sou perfeito. A força da ação que mostra a importância da educação, a arte e a cultura.

Terapia Comunitária Integrativa com grupos específicos

Ontem tive a oportunidade de assistir a uma mesa redonda sobre Terapia Comunitária Integrativa com grupos específicos. Masculinidades não violentas. Migrantes. Juventudes de bairros populares. Pessoas com deficiências.

A escuta das falas me proporcionou uma alegria difícil de transmitir com palavras.

A desconstrução de traços da cultura dominante, que oprime identidades, gerando violência e exclusão, apresentada por terapeutas comunitários e comunitárias de diversos países.

A minha sensação mais clara, talvez, seja a de quanto vale a pena fazer parte destas redes da TCI. Um lugar onde somos acolhidos e acolhidas como seres humanos.

Me enche de alegria ver o conhecimento que liberta. A escuta das vozes plurais que nos fortalece. O pertencimento que reforça e realça a beleza das diferenças.

(03-08-2023)

Positivamente

Ter um lugar aonde estar. Um lugar aonde ir. Saber-se esse lugar que vai e vem e não sai do lugar. Volta a si uma e outra vez.

Puxam pra fora ou para baixo. Não vou pra lá, não. Fico em mim, não importa onde esteja ou o que esteja a fazer.

Trato de não me menosprezar. Deixar de lado expressões pejorativas a meu respeito. Não são minhas. É a ação perversa da qual venho me livrando. Afirmo a minha positividade. As minhas qualidades. O amor me anima.

Nenhuma das coisas terríveis que imaginei, aconteceu. Posso, então, seguir confiando. Confiar em mim e em quem me ama. Me apoio no que quero e me movimenta. Vou na direção da luz. Prazer, bem-estar, alegria, paz.

Novidades não sei se tenho a partilhar. Talvez mais reafirmações de propósitos que cada dia me vejo obrigado a renovar.

Mudança de olhar

Velho hábito me traz para este espaço ao começar o dia. O prazer de ver o sol raiar.

Uma oportunidade para, mais uma vez, ensaiar alguns passos na direção do bem a alcançar.

Não consigo falar no abstrato, no genérico. Para mim, se trata de chegar um pouco mais perto da felicidade. A plenitude. O ser autêntico.

Para isto, deverei prestar atenção ao que me faz bem. Aquilo que me traz satisfação. O que dá sentido à minha vida.

Isto dá uma orientação aos meus passos. Consistência. Integração com a minha história. O que eu elejo hoje, as minhas decisões de hoje, brotam do chão que percorri.

O que eu quero, o que me faz bem, me orienta e direciona. Não me obrigo a repetir constantemente as mesmas escolhas, sempre. Trato de manter um olhar conectado com o que está aqui.

Vejo que muitas vezes preciso mudar de olhar. Ver as coisas de outra perspectiva. Isto é o que chamo de olhar poético. Deixar que a realidade venha, se mostre, então posso fluir melhor.

Tinha fixado a minha leitura de mundo e de mim mesmo, da minha história, e isto me deixava preso. Posso agora manter a minha integridade, sem necessidade de ficar repetindo sempre as mesmas coisas.

Uma visão fixa esconde o que é. Quando eu deixo a realidade vir, venho com ela. Remoço, renasço, abre-se outra possibilidade.