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G20: “Não é humanamente explicável um mundo tão rico com tanta gente com fome”, diz Lula

O presidente Lula participou, nesta quinta-feira (23), no Palácio do Planalto, da reunião de instalação da Comissão Nacional do G20. Foi o último ato da preparação para o Brasil assumir a presidência do grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana. O mandato brasileiro será exercido do próximo dia 1º de dezembro a 30 de novembro de 2024.

A Comissão Nacional do G20 é coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores em conjunto com o Ministério da Fazenda e o Banco Central (BC). Cabe ao colegiado, entre outras atribuições, organizar e facilitar as atividades dos 15 grupos de trabalho que discutirão os mais variados temas de relevância internacional.

A reunião no Planalto contou com a participação de ministros do governo, do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Missão

Na presidência do G20, o Brasil será responsável, entre outras ações, por preparar a cúpula de líderes que vai acontecer no Rio de Janeiro em novembro do próximo ano. Segundo Lula, “possivelmente o mais importante evento internacional que o Brasil vai assumir a responsabilidade de coordenar”.

“Uma reunião que eu espero que ela possa tratar dos assuntos que são os assuntos que nós precisamos parar de fugir e tentar resolver os problemas”, disse Lula, ao citar as prioridades do mandato brasileiro no G20: inclusão social e combate à fome e à pobreza; transição energética e desenvolvimento sustentável; e reforma da governança global. “Não é mais humanamente explicável, em um mundo tão rico, com tanto dinheiro, a gente ter tanta gente ainda passando fome”, lamentou o presidente.

 

A respeito da transição energética, necessária para o enfrentamento da crise climática, Lula reafirmou que o Brasil está na vanguarda mundial, o que dá ao país grandes oportunidades de atrair investimentos.

“Essa transição energética se apresenta para o Brasil como a oportunidade que nós não tivemos no século XX e temos no século XXI, de mostrarmos ao mundo que quem quiser utilizar energia verde para produzir aquilo que é necessário à humanidade, o Brasil é o porto seguro para que as pessoas possam vir aqui fazer os seus investimentos e fazer com que esse país se transforme num país definitivamente desenvolvido”, ressaltou.

Sobre a necessidade de reforma da governança global, o presidente voltou a criticar instituições como o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Não é possível que as instituições de Bretton Woods, o Banco Mundial, FMI e tantas outras instituições financeiras continuem funcionando como se nada estivesse acontecendo no mundo, como se estivesse tudo resolvido. Muitas vezes, instituições emprestam dinheiro não com o objetivo de salvar o país que está tomando o dinheiro emprestado, mas para receber o pagamento da dívida, não para produzir um ativo produtivo, uma demonstração de que não há contribuição para salvar a vida dos países”, afirmou.

“Nós estamos vendo o que aconteceu na Argentina, nós estamos vendo o continente africano com 800 bilhões de dólares de dívida e que, se não houver uma rediscussão de como fazer financiamento para os países pobres, a gente não vai ter solução. Os ricos vão continuar ricos, os pobres vão continuar pobres, e quem está com fome vai continuar com fome. Então nós queremos aproveitar o [mandato do] Brasil e fazer essa grande discussão”, prosseguiu Lula.

O presidente voltou a destacar que a cúpula do G20 no Rio de Janeiro terá uma grande participação de vários segmentos da sociedade na construção das propostas que serão levadas aos líderes do grupo. Além disso, prosseguiu, serão criadas, durante a presidência brasileira, duas forças-tarefa, uma Contra a Fome e a Desigualdade, outra Contra a Mudança do Clima.

Outras novidades anunciadas pelo presidente são o lançamento de uma iniciativa voltada à bioeconomia e a instalação de um grupo de trabalho sobre empoderamento das mulheres, para a implementação das decisões adotadas na cúpula de líderes de Nova Delhi.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ressaltou que a presidência brasileira do G20 será uma ocasião ímpar para projetar uma imagem renovada do Brasil e apresentar uma visão de liderança em termos de cooperação internacional e no debate das grandes questões econômicas e sociais.

Segundo ele, será uma das principais prioridades da política externa brasileira ao longo dos próximos 12 meses. “Se o ano de 2023 marcou o retorno do Brasil ao mundo, o ano de 2024 será o ano em que o mundo voltará ao Brasil”, afirmou o chanceler.

Fonte: PT

(23-11-2023)

Placer de ser

¿Por qué ya no me siento más solo?

Fui encontrando mi lugar

Rehaciendo y reencontrando mi dimensión comunitaria

Recuperando la plenitud de mi ser

Cuento conmigo y con quienes me rodean

Todos los que fui siendo sigo siendo

Una multitud en movimiento

Placer de ser.

Hice amistad conmigo a lo largo de mi trayectoria

Esto me une y me alía a quienes me rodean.

Ilustración: “Puntos de luz”

Possibilidade de vida

Poesia é a possibilidade da vida

A unidade da vivência
A confluência dos caminhos
O vinho que alegra
A conexão que libera
Dispensando os julgamentos
Permitindo com que o ser seja.

Celebração

As pessoas que comemoraram comigo o meu aniversário

Moldaram juntas o meu lado de dentro e em volta

Sentimentos e palavras precisas

Chegaram a mim de uma maneira especial

Era e é como a aurora de um novo dia

Uma primavera anunciada e cultivada

Não pude agradecer a todas estas pessoas que celebraram comigo

Esta data querida

Da maneira convencional

Mas podem ter a certeza de que cada uma de vocês está no lugar que lhes fiz no meu próprio coração.

Compreendi e compreendo o valor de pertencer

Ser parte e fazer parte.

Estar presente e ser presente

Ser feliz

Nunca são apenas manobras ou processos individuais

Sempre é uma ação coletiva a que nos faz e nos refaz.

Primavera 2023.

Sem essas pessoas que me compõem por dentro eu não seria quem sou nem estaria contente como estou

Obrigado. Muito obrigado!

Saúde

Boas sensações, bons sentimentos

Saúde é isto, em boa medida

Cultivar o que nos faz bem

O que nos alegra e estimula

Manter isto claro e praticá-lo

É preciso, para vivermos bem

Com prazer e alegria

Exige alguma disciplina pois que a tarefa é contínua

Mas é um trabalho imprescindível

E dele depende nada mais nem nada menos que a qualidade da nossa vida.

Imagem: O Pensador.

Memória

Memória é a costura dos tempos

É a integração dos tempos

A integração no tempo

A inclusão no eterno

Em tudo que existe.

Não é pouca coisa, não é verdade?

Recordar é o caminho

Refazer o ninho na realidade.

Imagem: “Nascendo”

Traços da Mãe África: Em busca de nossas raízes (XVIII)

Nigéria, vasto (923.768 Km²) e complexo país africano. Banhada ao Sul pelo Golfo de Guiné, a Nigéria situa-se nos confins entre o Níger, Benin, Camarões e Tchad. Tem uma população que se aproxima de 129 milhões de habitantes, o mais populoso do continente, ocupando o nono lugar, enquanto o Egito (com cerca de 78 milhões de habitantes) vem em 15º lugar no quadro geral dos países de maior população do mundo.

Sua diversificada população falam diferentes línguas (o ioruba, o fulani, o banto e línguas mendingas, sendo o inglês língua oficial imposta pelos colonizadores, após a segunda metade do século XIX. Como se pode perceber já pelos termos acima, temos muito a ver com a Nigéria. Parte de nossas raízes culturais recebemos de lá, em razão dos africanos e africanas para aqui arrastados e escravizados.

No começo dos anos 90, à semelhança do que também ocorreu no Brasil, em 1960 (em que nossa capital passou do Rio de Janeiro para Brasília), sua então capital (Lagos) foi transferida para Abuja. Depois de décadas de colonização inglesa, a Nigéria consegue finalmente separar-se da Inglaterra, em 1960, década durante a qual vários outros povos africanos conquistariam sua independência política, nos limites do processo da chamada descolonização. Que resta a completar-se. Lá e por aqui, também.

Como tantos outros, também a Nigéria possui riquezas naturais diversificadas. Tem uma base agropecuária, sustentada por produtos primários como o algodão, o cacau, a cana de açúcar, entre outros, aos quais se acrescentam atividades extrativistas, como no caso da madeira (inclusive o famoso ébano). Mas, a Nigéria é um país cobiçado por grandes conglomerados transnacionais e seus aliados, graças principalmente aos seus recursos naturais, destacando-se gás natural, petróleo, ferro, carvão, entre outros.

Prova dessa cobiça vem estampada nas consequências sofridas pela Mãe-Natureza, também na Nigéria: acelerado desflorestamento, degradação do solo, poluição das águas, desertificação. O rápido processo de urbanização faz-se à custa da expulsão de significativos segmentos da população rural, jogados no meio da rua, sem condições as dignas necessárias, tais como saneamento, água tratada, energia elétrica, moradia digna, trabalho decente, serviços públicos essenciais.

Estrangeiros em sua própria terra, como ocorre também entre nós. Tocados pela busca de sobrevivência, um certo número resolve migrar, em busca de aventurar sua vida, na Inglaterra e outros países europeus. E lá, não é difícil imaginar o que esses migrantes acabam encontrando: enquanto uns são admitidos, em condições precárias, para fazerem os serviços sujos que os nativos rejeitam, outros tantos vivem na mais cruel clandestinidade, sendo caçados pela polícia como animais de quinta categoria.

Se é verdade que, ainda hoje, migrante continua como sinônimo de “estrangeiro”, “forasteiro” ou algo do gênero, lutamos por um mundo alternativo, por uma outra globalização, em que todos e todas se sintam em casa em qualquer parte do Planeta, onde desejem viver e trabalhar.

Nesse sentido, é muito positivo o intercâmbio que se desenvolve entre universidades públicas de distintos países, em que são firmados convênios que permitem, por exemplo, a jovens africanos estudarem em nossas universidades, como ocorre em relação à UFPB, onde estudam jovens de Angola, da Guiné, Bissau, Cabo Verde e outros países. E que a jovens brasileiros sejam asseguradas bolsas de estudo para esses e outros países africanos, do mesmo modo que já há para outros países, sobretudo para a Europa e para a América do Norte. Essa troca de experiências é muito relevante para rompermos os muros dos preconceitos e, sobretudo, para ensaiarmos uma fecunda experiência multi/intercultural, numa perspectiva de autonomia e alteridade alimentada por figuras como Amílcar Cabral e Paulo Freire.

João Pessoa, maio de 2006.