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Plantão da saudade

Logo cedo a saudade me pegou
como quem pretendesse me matar,
pela porta da alma eu vi entrar
as lembranças de um tempo que passou.
Um aperto insensato sufocou,
sem piedade, o meu pobre coração,
até mesmo lembrei de uma canção
entoada por ela na cozinha.
Como vou te esquecer minha mãezinha,
com a tristeza na porta, de plantão?

Martim Assueros
Dia das mães de 2024

Imagem: Kátia Cristina Silva, Colégio Formosa, sd

Gaza: o terror da gestação, do parto e da maternidade em uma terra devastada

Por Alejandra Mateo Fano, El Salto, 21 de abril de 2024

Abortos espontâneos, ausência de medicamentos e internações, bebês traumatizados: ser mãe na Faixa de Gaza sob ataque israelense é um terror

A violência reprodutiva que tem atormentado as mulheres de Gaza desde outubro do ano passado não se limita à falta de meios e de apoio institucional para dar à luz aos seus bebês com segurança. Os efeitos fatais sobre a maternidade causados pelo genocídio palestino, que já ceifou mais de 33,8 mil vidas na Faixa – 70% delas mulheres ou crianças – começam logo no início da gravidez, pois é impossível manter o acompanhamento médico durante a gestação e até o período pós-parto, que é realizado em condições extremamente insalubres e superlotadas, sem espaços seguros onde as mães possam se recuperar física e emocionalmente após o parto.

Como é possível dar luz sem acesso à água potável, medicamentos e alimentos? Quais são efeitos do estresse provocado pelo assédio à saúde materna e, portanto, ao feto? O que ocorrerá, no futuro próximo, a todas essas gerações de bebês nascidos em meio ao caos mais absoluto? Antes de abordar todas essas questões, é necessário considerar que, em uma estrutura de colonização e opressão, ter filhos se torna, para muitos palestinos, uma forma de insubordinação e resistência anti-ocupação frente um Estado israelense que quer exterminar seu povo para satisfazer os objetivos imperialistas do sionismo. A nação palestina busca se tornar mais numerosa a cada dia, de modo que, nesse contexto, uma gravidez é praticamente um ato político de protesto.

Fernanda Vega, coordenadora da Médicos do Mundo e organizadora da resposta médica em Gaza, viu em primeira mão o horror com o qual as mulheres palestinas têm de lidar hoje. Ela fala ao El Salto sobre a jornada pela qual passam as mulheres que parem seus filhos no território semidestruído que Gaza é hoje – a maioria delas engravidou antes de 7 de outubro –, jornada que começa a partir do momento em que o acesso aos exames pré-natais é cortado devido aos ataques ao enclave. Isso significa que as crianças que estão sendo gestadas com graves deficiências nutricionais e sem nenhum tipo de suplemento não estão sendo monitoradas, o que impossibilita a detecção de qualquer patologia que os fetos possam estar desenvolvendo.

“As ONGs até enviaram scanners de ultrassom, mas há um dilema ético no sentido de que as pessoas que lidam com os scanners podem dizer ‘seu bebê tem uma doença’ ou ‘ele não está se movendo’, mas, nesse caso, o que fazer? Atualmente, não há nenhuma maneira de atenuar o que pode acontecer com esses fetos”, diz Vega. Ela também explica que há, de fato, um número muito alto, mas até agora indeterminado, de abortos espontâneos, devido ao aumento descontrolado do estresse ao qual as mães grávidas são submetidas diariamente. Mas também estão sendo relatados problemas sérios de desnutrição no nascimento, atraso na maturação, formação do sistema nervoso ou malformações em geral.

De acordo com esta médica, as mulheres em Gaza tiveram que se adaptar a um cenário de sobrevivência quase animalesco, no qual, praticamente da noite para o dia, elas passaram de uma maternidade desfrutada e compartilhada em comunidade para uma gestação forçada em condições extremas e subumanas. A ausência de controles e monitoramento é algo realmente novo para elas.

“Antes, as mulheres estavam acostumadas a fazer seus check-ups e dar à luz em instituições de saúde onde a primeira opção era sempre o parto vaginal, mas sempre havia disponível a opção de realizar uma cesárea, havia hospitais com instalações de pediatria, e agora, de repente, muitas delas se encontram em uma situação de deslocamento forçado, vivendo em tendas e sem encontrar um hospital onde possam dar à luz”, nos declarou Sofía Piñeiro, coordenadora médica dos Médicos Sem Fronteiras em Rafah.

“Posso imaginar como deve ser diferente para uma mulher que estava ansiosa pela gravidez, feliz e indo aos exames pré-natais, e que de repente se vê no terceiro trimestre sem ter para onde ir para dar à luz, e ciente de que não poderá alimentar ou proteger seus filhos quando eles nascerem”, acrescenta Piñeiro. Ela admite que, diante da gravidez, o elemento mais desfavorável é o estresse e a ansiedade pelos quais as mulheres passam, tanto pelo terror do bombardeio diário da cidade quanto pela incerteza do futuro sem esperança que aguarda seus filhos.

Dar à luz em uma cidade em ruínas

De acordo com a UNRWA, após a destruição do hospital Al-Shifa, o maior e principal centro de referência da Faixa, com 750 leitos, 26 salas de cirurgia e 32 unidades de terapia intensiva (UTI), apenas 10 dos 36 hospitais de Gaza ainda estão funcionando, e vários deles apenas parcialmente. O hospital Al Emirati é o único centro médico de maternidade em funcionamento em toda a Faixa de Gaza, de modo que as mulheres que precisam parir vão diretamente para lá, onde ocorrem cerca de 15 a 80 partos por dia. Durante os partos, as mulheres precisam dar à luz, na melhor das hipóteses, nessas enfermarias totalmente superlotadas, em locais onde duas ou três mães são colocadas por leito por falta de mais espaço, embora muitas deem à luz na rua ou em tendas. “Elas estão dando à luz sem anestesia, as que fazem cesarianas acabam com infecções causadas por feridas causadas pelo parto em locais totalmente insalubres, e essas mesmas cesarianas, como todas as outras operações, são realizadas sem analgesia. A nível mental, tudo isso é transmitido ao bebê durante o parto, afetando o vínculo com a criança”, diz Fernanda, com preocupação.

Em uma tradição cultural islâmica, em que o pudor e a privacidade assumem especial relevância, a superexposição a que as mulheres são constantemente submetidas tem repercussões diretas em seu autoconceito e em suas relações sociais, ou, como diz Sofia, “em todo o seu modo de ser, porque a cultura não é algo de que se abra mão ou que se adie por causa de uma guerra”. Para atenuar a persistente sensação de vulnerabilidade que elas experimentam, e apesar do desespero generalizado, não faltam apoio coletivo e redes de solidariedade entre as mulheres, que reconhecem que são companheiras diante da mesma adversidade. “Eu me lembro de uma imagem muito latente na enfermaria de pós-parto, éramos quase todas mulheres porque é um lugar onde se amamenta, então a presença de homens naquela enfermaria é restrita a quase zero para que as mulheres possam ficar com os cabelos descobertos e à vontade. Havia uma mulher com um pé até o tornozelo descoberto do lençol e foi a própria enfermeira que foi cobrir o pé dela, como se dissesse: eu sei que se você estivesse acordada não gostaria de sair por aí mostrando. É aí que você vê a sororidade”, conta Sofía.

A médica compara a superexposição sentida pelas mulheres muçulmanas durante este genocídio à vergonha que qualquer mulher ocidental sentiria se tivesse que sair nua para comprar pão, independentemente de haver ou não um conflito em andamento. Da mesma forma, a solidariedade histórica entre as mulheres na Palestina também se estende àquelas em situação de pobreza menstrual. No início do conflito, um grande número de mulheres começou a compartilhar suas pílulas anticoncepcionais para evitar ter de menstruar em condições que, como se descobriu mais tarde, colocariam suas vidas seriamente em risco.

Com o passar do tempo, elas deixaram de compartilhar anticoncepcionais e passaram a compartilhar absorventes higiênicos que elas mesmas fabricam à mão com tecido de tendas e barracas, pois os kit menstrual padrão fornecido por organizações de direitos humanos, como o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que inclui suprimentos essenciais de higiene menstrual, como sabonete e absorventes higiênicos, é claramente insuficiente. Conforme desenvolvido por Ammal Awadallah em seu artigo The forgotten women and girls in Gaza: a sexual and reproductive health catastrophe (As mulheres e meninas esquecidas em Gaza: uma catástrofe de saúde sexual e reprodutiva), as mulheres têm tomado comprimidos de noretisterona que são frequentemente recomendados para condições como sangramento menstrual excessivo, endometriose e períodos dolorosos. Algumas mulheres até perderam a menstruação devido ao estresse.

O próprio UNFPA informou que, somente na Margem Ocidental de Gaza, há mais de 73 mil gestações no momento, o que significa que mais de 8.120 mulheres darão à luz em maio, em meio aos combates. Esses números são um pouco mais altos do que os de novembro, apenas um mês após o início dos bombardeios, quando o número de gestações em andamento era de mais de 50 mil (aproximadamente 166 nascimentos por dia), conforme informou o El Salto em outubro passado. Sendo a precariedade absoluta e a ausência de todos os tipos de recursos técnicos e humanos uma realidade agora normal em Gaza, os membros do UNFPA consideram o acesso a um atendimento de saúde adequado para todas essas mulheres prestes a dar à luz “um desafio inimaginável” para médicos e parteiras. A organização observa em seu artigo Impossible Choices in Gaza (Escolhas impossíveis em Gaza) como as mulheres estão dando à luz prematuramente devido ao terror de que, como resultado do aumento das emergências obstétricas, poucas sobrevivam à gravidez e ao parto; e as que sobreviverem precisam voltar para abrigos superlotados e assentamentos informais que não dispõem de água potável e instalações de higiene, onde as doenças infecciosas são abundantes.

Uma geração condenada pela barbárie israelense

Uma grande incógnita é o que acontecerá com os bebês nascidos em meio ao conflito. Piñeiro ressalta que, após o período pós-parto, “as mães deveriam ficar pelo menos 24 horas no hospital para todos os tipos de check-ups, mas esse tempo foi reduzido para seis horas ou até mesmo quatro. Isso provavelmente significa que não estamos conseguindo identificar a tempo muitos dos problemas que precisam ser verificados no período pós-parto, mesmo que a mulher não tenha tido uma hemorragia ou febre, porque há patologias em bebês que geralmente aparecem pelo menos 24 a 48 horas depois.” Jaldia Abubakra, do Movimento de Mulheres Palestinas na diáspora Alkarama, denuncia ao El Salto a falta de meios para cuidar de bebês nascidos prematuramente: “Não há incubadoras para eles porque não há eletricidade e quase não há hospitais; de fato, no segundo mês da agressão a Gaza, vimos como eles desconectaram as incubadoras no hospital central”.

Sobre a questão do futuro a médio e longo prazo das crianças que têm a sorte de sobreviver aos primeiros meses de vida, Piñeiro teme, por enquanto, um aumento sem precedentes de casos de deficiência ligados a doenças que não foram tratadas a tempo ou adequadamente por não terem recebido o melhor atendimento médico, como cirurgias reconstrutivas ou internações prolongadas para manter o controle de infecções. A longo prazo, Jaldia prevê que, depois de tudo o que aconteceu, e dado o número incontável de traumas que essas novas gerações de crianças palestinas acumularão desde o nascimento, “elas precisarão de muito tratamento psicológico, muita terapia para poder lidar com tudo isso” e lembra os efeitos que o ataque israelense de 2014 – a Operação Margem Protetora – teve sobre os pequenos, o que a faz prever a magnitude dos efeitos do genocídio sobre a saúde mental deles. “Havia muitos casos de crianças com medo, com pesadelos, crianças que molhavam a cama à noite por medo e terror, gagueira, medo de sair do quarto sozinhas para ir ao banheiro, e um longo etc.”. A ativista alega que “muitas crianças perderam toda a sua família, viram horrores porque viram corpos estirados ou desmembrados na frente delas, e isso é algo que levará tempo para ser reparado”.

(*) Tradução de Raul Chiliani

Revista Opera Mundi: https://revistaopera.operamundi.uol.com.br/2024/04/21/gaza-o-terror-da-gestacao-do-parto-e-da-maternidade-em-uma-terra-devastada/

Imagem: Um bebê é tratado no hospital de Al Shifa, na Faixa de Gaza, em abril de 2008. (Foto: Kashfi Halford / Flickr)

‘Democracia vive! Sem anistia para golpistas’, diz Gleisi no 8 de Março na Paulista

A presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, Gleisi Hoffmann (PT-PR), participou das comemorações do 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, na avenida Paulista. Sob forte chuva, a presidenta, que é deputada federal pelo PT do Paraná, discursou para milhares de mulheres de vários partidos do campo democrático.

No ato, organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) de São Paulo, com participaação de organizações, entidades e partidos, Gleisi falou sobre a importância da mobilização, organizada em várias cidades brasileiras e em várias capitais, para mostrar que as mulheres estão atentas e vigilantes e lutam para além de seus direitos, lutam por representação e para que a democracia viva.

“A nossa luta é a luta de cada uma de vocês. E esse 8 de março é para relembrar as nossas conquistas que foram muitas ao longo da história”, afirmou Gleisi. “Aliás, ele [8 de março] é uma data histórica, porque foi quando as mulheres entraram em massa no mercado de trabalho, como operárias, que foram reprimidas e tiveram os seus direitos ceifados.”

Para a presidenta do PT, ainda há muita luta pela frente. “A luta pela renda, a luta pelo emprego, a luta por condições de trabalho, a luta por salários iguais, por funções iguais, a luta por serviços públicos que ajudem as mulheres e sua família.”

Gleisi falou que, nesta semana, o presidente Lula lançou, no Programa de Aceleração do Crescimento, a construção escolas integrais e de creches para ajudar as crianças e a vida das mulheres.

Gleisi falou que está na luta pelas milhões de mulheres que enfrentam dificuldades para criar, muitas vezes, seus filhos sozinhas. “É por elas que nós estamos aqui, é por elas que nós marchamos. Essa marcha do 8 de março está sendo feita em várias cidades brasileiras e em muitas capitais para mostrar que nós estamos atentas e não vamos abandonar a luta”, disse.

A presidenta do PT defendeu também a inclusão de mais mulheres na representação política. “A democracia tem um déficit. Se mais da metade das mulheres, Juliana [Cardoso, deputada federal do PT por São Paulo], não participarem do processo político, não serão representadas dignamente nos espaços de decisão.”

Gleisi afirmou que a luta em defesa da democracia é muito importante para as mulheres, para o PT e para que ela viva. “Chega de golpe, chega de arremedos de ditadura. Nós querermos que aqueles que atentaram contra a democracia brasileira no 8 de janeiro respondam pelos seus crimes.”

A presidenta também manifestou todo o seu apoio ao povo Palestino. “As mulheres são da paz. Chega de guerras, chega de massacres na Faixa de Gaza. Nós precisamos de vida, e é com ela, com a vida, que nós trabalhamos.”, discursou.

“Conte conosco do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Estaremos juntas nessa caminhada, com todas a mulheres, por vida digna, por respeito e pelo espaço que nós merecemos e temos que ter na sociedade brasileira. Viva o 8 de Março, viva as mulheres”, encerrou Gleisi.

 

Fonte: PT, com Kauanny Monteiro e Geovanna Ataídes (fotos e vídeos) / Secretaria Nacional de Mulheres

Dia Internacional da Mulher

Dia de reafirmar
a luta junto a mulher,
de justiça e igualdade,
respeito, paz, liberdade
e tudo mais que quiser.
Só depois disso uma rosa,
poesia em vez de prosa
e um jantar à luz de vela.
Com direito a uma dança,
uns goles de esperança
e um beijo de novela.

Martim Assueros
8/3/2024

À minha companheira Graça, às mulheres da família e mulheres de todo o mundo.

Imagem: AFBNB, 06/03/2020

“Mulheres em defesa da democracia: sem golpe, sem anistia e sem misoginia” é tema em março

Sob o lema “Mulheres em defesa da democracia: sem golpe, sem anistia e sem misoginia”, a Secretaria Nacional de Mulheres do PT abre o mês, que é dedicado aos debates e às ações específicas para as mulheres, em virtude do 8 de março, data que marca o Dia Internacional da Mulher. 

Tradicionalmente, as mulheres petistas nos estados já estão mobilizadas para uma dezena de atos a fim de defender melhorias na vida das brasileiras e na defesa da democracia. Confira no fim da matéria a lista com os endereços dos atos nos estados. Além disso, a SNMPT está preparando uma série de atividades que serão anunciadas nos próximos dias.  Nas redes sociais, o perfil da Secretaria já deu início às mobilizações virtuais.

Para Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT, após seis anos de duros enfrentamentos com os governos machistas de Temer e Bolsonaro, as mulheres brasileiras emergem como protagonistas cruciais na defesa e preservação da democracia:

“Além de exaltarmos o governo do presidente Lula, que tem feito uma gestão excelente para as mulheres, com a criação do Ministério das Mulheres, é importante destacar as diversas entregas de políticas públicas como o programa de Dignidade Menstrual, a Lei de Igualdade Salarial entre homens e mulheres, e a retomada da entrega de Casas da Mulher Brasileira, a gente tem que seguir firme na defesa da democracia“, defende Anne.

Anne destaca também que a sociedade precisa estar atenta e mobilizada. “Vimos que os bolsonaristas e a extrema direita estão à espreita, buscando a anistia de seus malfeitos. Por isso, no tema do 8 de março deste ano, nós destacamos que não há anistia para golpistas. Não há anistia para quem fez milhões de mulheres sofrerem”.

Além disso, a secretária destacou o poder de mobilização das companheiras petistas para encher as ruas na próxima sexta-feira.

“Eu gosto muito de destacar o poder de união e força que as mulheres deste partido têm. Estamos em contato diário com as nossas secretárias estaduais para que possamos, em cada estado, realizar atos com adesão e representatividade e diversidade, que é a marca do PT. Trabalharemos coletivamente para que as alianças entre diferentes grupos sociais, promovam uma visão coletiva da nossa sociedade baseada na igualdade e na diversidade que nos une.”

A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, gravou um vídeo para as mulheres do PT. “Olá, companheiras! chegamos em mais um mês de março, o mês em que a gente reafirma a conquista que as mulheres tiveram ao longo dessa história toda de lutas. Mas também reafirmamos as lutas que precisamos ter e continuar tendo para melhorar as nossas condições de vida e de participação na sociedade, seja na esfera privada, seja na esfera pública, através da política”, diz um trecho do vídeo.

Para o mês de março,  a SNMPT enfatiza a importância da interseccionalidade como princípio democrático, reconhecendo que hoje as lutas não são e não devem ser homogêneas e que as diversas vozes das brasileiras precisam ser ouvidas. “Este ano, as mulheres do PT seguirão unidas para assegurar que o Brasil permaneça no caminho da democracia, promovendo a liberdade de expressão, o respeito às instituições e a justiça para todas e todos”, defende Moura.

Confira os locais e os horários dos atos no estados:

Acre – AC / em construção

Alagoas – AL / 9h – Praça Marechal Deodoro – Centro – Maceió

Amapá – AP / em construção

Amazonas – AM / 15h Praça da Matriz – Centro – Manaus

Bahia  – BA / 13h – Campo Grande – Salvador

Ceará – CE / 16h – Praça do Ferreira – Centro – Fortaleza

Distrito Federal  – DF / 16h Praça Zumbi dos Palmares, CONIC, Brasília

Espírito Santo – ES / 8h30 antiga Capitania dos Portos – Vitória

Goiás – GO / em construção

Maranhão – MA / 15h – Praça Deodoro, Centro – São Luís

Mato Grosso – MT / 17h30 – Praça da Farinha – Cuiabá

Mato Grosso do Sul – MS / em construção

Minas Gerais – MG / 17h , Praça Liberdade, Centro – Belo Horizonte

Pará – PA / 8h – Praça da República – Largo da Campina – Belém

Paraíba – PB / 9h – Ponto de Cem Réis – Centro – João Pessoa

Paraíba – PB / 15h na Praça da Bandeira – Centro – Campina Grande

Paraná – PR / 17h – Praça Santos Andrade, Curitiba

Pernambuco – PE / 15h – Parque 13 de Maio, Boa Vista – Recife – PE

Piauí – PI / atos espalhados pelos municípios – sem ato unificado

Rio de Janeiro – RJ / 16h – Candelária – Centro – Rio de Janeiro

Rio Grande do Norte – RN / 15h –  Em frente ao Banco do Brasil na Av. Rio Branco.- Natal

Rio Grande do Sul – RS / 18h – Esquina Democrática – Centro – Porto Alegre

Rondônia – RO / em construção

Roraima – RR / 17h – Parque Municipal Germano Augusto Sampaio – Boa Vista

Santa Catarina – SC / 18h – Largo da Alfândega, Centro – Florianópolis

Sergipe – SE / 07h – Praça da Bandeira – Centro- Aracaju

São Paulo – SP / 17h – Avenida Paulista – São Paulo

Tocantins – TO / 16h – Parque dos Povos Indígenas – Palmas

*Em atualização

Da Redação Elas por Elas

Fonte: PT

(01-03-2024)

Lula sanciona o Protocolo Não é Não

O presidente Lula sancionou, nesta sexta-feira (29), a Lei 14.786/2023, que cria o protocolo “Não é Não”, para prevenção ao constrangimento e à violência contra a mulher e para proteção à vítima, bem como institui o selo “Não é Não – Mulheres Seguras”.

De acordo com o Ministério das Mulheres, as casas noturnas, boates e casas de espetáculos terão seis meses para se adequar à lei, contados a partir da publicação no Diário Oficial da União (DOU). O objetivo principal é promover a proteção das mulheres nesses ambientes, enfrentando o constrangimento e a violência contra elas.

A matéria é de autoria da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Segundo a parlamentar, infelizmente, os ambientes de lazer, muitas vezes, são cenários propícios para situações de abuso e violação dos direitos das mulheres.

“O objetivo principal do projeto é garantir que as vítimas de violência sexual nessas circunstâncias sejam devidamente acolhidas, protegidas e tenham acesso aos seus direitos”, explicou a deputada. “Nosso PL 03/2023, ou Protocolo Não é Não, como ficou conhecido popularmente, é um marco significativo na luta pela segurança e dignidade das mulheres.”

“Ao estabelecer diretrizes claras para o atendimento às vítimas, incluindo o acolhimento adequado, o registro de ocorrência e a assistência jurídica e psicológica, o projeto visa proporcionar um suporte efetivo às mulheres que sofrem violência sexual em casas noturnas. Além disso, a iniciativa busca promover a conscientização sobre o consentimento, reforçando que ‘não é não’ e contribuindo para mudar a cultura de violência e desrespeito”, acrescentou a deputada.

A lei considera constrangimento qualquer insistência, física ou verbal, sofrida pela mulher depois de manifestada a sua discordância com a interação; e diz que violência é o uso da força que tenha como resultado lesão, morte ou dano, entre outros, conforme legislação penal em vigor.

Além disso, o texto traz orientações para a aplicação do Protocolo e a observância de princípios como: respeito ao relato da vítima acerca do constrangimento ou da violência sofrida; preservação da dignidade, da honra, da intimidade e da integridade física e psicológica da vítima; celeridade no cumprimento do disposto na lei; e articulação de esforços públicos e privados para o enfrentamento do constrangimento e da violência contra a mulher.

Equipe qualificada

Os estabelecimentos devem assegurar que na sua equipe haja pelo menos uma pessoa qualificada para atender ao Protocolo Não é Não e manter, em locais visíveis, informação sobre a forma de acionar as medidas de proteção, assim como os números de telefone da Polícia Militar e da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.

Nos casos em que for constatada a violência contra a mulher, os responsáveis pelo espaço devem proteger a vítima e proceder às medidas de apoio previstas na lei, como afastar a vítima do agressor, inclusive do seu alcance visual; colaborar para a identificação das possíveis testemunhas do fato; solicitar o comparecimento da Polícia Militar ou do agente público competente; isolar o local específico onde existam vestígios da violência, até a chegada da Polícia Militar ou do agente público competente; dentre outros.

Da Redação do Elas por Elas, com informações do Ministério das Mulheres

Fonte: PT

Elas por Elas, terceiro dia: “A essência desse projeto é a coletividade”, afirma Anne Moura

Por Marina Marcondes

Encerrando a série de matérias especiais sobre o Curso de Formação para Multiplicadoras do Elas por Elas , atividade integra a quarta edição do projeto que revolucionou a forma de as mulheres petistas realizarem política em todo o território nacional, vamos saber como foi o último dia da atividade . Saiba como foi o primeiro e o segundo dia.

Na abertura da interação, a secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, reforçou para as multiplicadoras a necessidade das companheiras, quando retornam aos estados, olhar para as mulheres sem distinção.

“Não faz diferença nenhuma a tendência de cada uma. É preciso que vocês olhem para as mulheres sem distinção, a gente precisa ajudar as mulheres do PT como um tudo porque essa é a nossa essência, a da construção coletiva. Não vamos reproduzir a lógica da disputa patriarcal. Vocês que serão multiplicadoras, vocês não serão da tendência X ou Y, vocês serão multiplicadoras para todas as mulheres do partido”, disse Anne.

E completou: “por isso, o processo de acolhimento é tão importante. Temos a chance de mudar a forma de fazer política, e isso só vai depender da prática de cada uma. Por isso repito: o Elas por Elas só deu certo porque o princípio dele é a construção coletiva”.

Oficina Jurídica  

A advogada Gabriela Araújo apresentou às companheiras regras para as eleições de 2024, o que pode e não pode realizar durante a pré-campanha e a campanha. apresentação com pouca legislação eleitoral e do calendário eleitoral de 2024. Segundo advogada, entre 7 de março e 5 de abril está autorizada a mudança de partido, período chamado de janela partidária.

Seis de abril é o prazo final para que todos os candidatos tenham direito a voto na circunscrição, e 15 de maio será o início da arrecadação prévia de recursos por financiamento coletivo. A data da convenção partidária é até 15 de agosto, prazo para registro de candidaturas, e em 16 de agosto será autorizada a propaganda eleitoral por meio de quadrinhos, distribuição, material gráfico, caminhadas ou propaganda na internet.

Em 26 de agosto começa a propaganda eleitoral na rádio e tv. O primeiro turno será realizado no primeiro domingo de outubro, 6, e o segundo turno, no dia 27.

“É importante que as multiplicadoras reverberem em seus estados e em todos os municípios, onde for possível, os direitos das mulheres. Porque as mulheres demoraram no Brasil mais de 400 anos para a gente ter algum tipo de direito, e até hoje, mesmo podendo votar e serem votadas, somente a partir de 1932, elas ainda lutam para conquistar esse espaço para poder estar no poder, para poder serem eleitas e quando são eleitas ainda sofrem violência política.É importante que a gente esteja capacitando mais mulheres para que elas possam se defensor do patriarcado”, afirmou a advogada de Direito Público e Eleitoral.

Estruturando a campanha: Estratégias para 2024 

Para a estrategista de marketing político e digital Dani Braga, o que faz o PT grande é o processo de discussão e processo interno. Ela deu dicas para as multiplicadoras sobre como montar uma campanha, com exemplos de técnicas no marketing político para que as candidatas petistas possam se diferenciar das demais.

“O conteúdo é extremamente importante. A construção da confiança de vocês se dá através do conteúdo criado. As forças e as fraquezas estão relacionadas aos contextos de vocês, do cenário, da sua cidade ou território. E para isso, o SWOT, que é a base do seu planejamento, é essencial, pois ele consiste na identificação de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças”, revelou.

Segundo ela, a segmentação é fundamental na hora do planejamento, pois, quando se fala sobre determinado assunto de forma genérica, sem ter um foco, a mensagem acaba não atingindo público algum: “Quando falar de maneira genérica a candidatura acaba não falando diretamente para um público específico, e isso perde o impacto. Sempre que possível segmentar a comunicação”, orientou.

Encerramento

Fechando o curso, Thatiane Nicácio, coordenadora de Comunicação do projeto Elas por Elas, apresentou o cronograma de ação para os próximos meses da EpE.

A iniciativa que chegou à quarta edição com algumas mudanças vem algumas novidades, como o marketing 5.0 e o uso de novas tecnologias. Segundo Nicácio, o aprofundamento desses conceitos sobre o uso de novas tecnologias para as eleições objetivas capacitar e ampliar a função das multiplicadoras para a construção da plataforma feminista do partido.

“O Elas por Elas é um projeto que une formação política, planejamento estratégico, comunicação e mobilização objetivando a defesa da democracia. A igualdade de gênero faz parte de um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da Agenda 2030 da ONU, sendo o 5ª ODS. Com o projeto Elas por Elas das mulheres do PT, nós demos um passo em direção à paridade política de gênero no Brasil, e a cada ano avançamos mais um passo. Continuaremos caminhando até alcançar o objetivo.”

A metodologia agrega as multiplicadoras – nacionais e estaduais – na organização, formação, comunicação, mobilização e defesa da democracia. A organização ocorrerá durante o período pré-campanha. Além disso, diante de tantos episódios de violência política, a organização no preparo dinâmico um módulo com o foco no fortalecimento emocional e psicológico das companheiras que beneficiam na campanha.

“O projeto tem essa finalidade de impulsionar a participação das mulheres na política com o foco em 2024 para que, de fato, as pessoas consigam concretizar as candidaturas das mulheres. Tudo isso passa pela consolidação de lideranças mulheres que são qualificadas para a disputa política”, explicou a coordenadora.

Por fim, a secretária nacional destacou que, no começo do próximo ano, em janeiro, haverá o encontro das comunicadoras populares, que será um processo também de formação, mas com o olhar direcionado para as futuras candidaturas e suas equipes, já que novembro sairá a primeira lista de pré-candidatos de todo o brasil. Assim como ocorreu com as multiplicadoras, cada estado contará com seu comunicadora popular.

“Vocês estão vendo que a comunicação é uma área muito importante para nós, por isso é fundamental conhecerem o Elas por Elas como um todo. Estamos nos atualizando para apresentar todas as novas formas e ferramentas. Vocês serão multiplicadoras para todas as mulheres do PT. Não vamos reproduzir a lógica da disputa patriarcal entre nós. O EP só deu certo porque o princípio dele é uma construção coletiva. Por isso, não percam a empatia, a sensibilidade e o olhar na outra companheira. Não somos uma máquina. É a partir da nossa prática que a gente pode mudar a política e o partido”, finalizou a secretária nacional de mulheres do PT.

A autora é da Redação do Elas por Elas

Fonte: PT

3-11-2023

 

Governo Lula e sociedade se unem contra a misoginia

25.10.2023 – Primeira Dama da República, Janja Lula da Silva, durante evento “Brasil sem Misoginia”, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Brasília – DF
Foto: Claúdio Kbene/PR

O lançamento da campanha nacional Brasil sem Misoginia representa um histórico passo dado pelo governo federal, por meio do Ministério das Mulheres, no enfrentamento a toda forma de violência contra as mulheres. 

“Esta é uma iniciativa que segue a orientação do presidente Lula e tem como meta e objetivo construir a igualdade e acabar com o feminicídio e com a violência contra a mulher em todo o território nacional. O Brasil sem Misoginia é um chamado para todas as autoridades e toda a sociedade sobre a urgência de enfrentarmos a misoginia em nosso país”, disse a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, no lançamento da campanha, na quarta-feira (25).

Com adesão de mais de 100 empresas, a iniciativa envolve ainda organizações sociais, esportistas, tecnológicas, religiosas, sindicais e culturais, além de todos os ministérios, o Sesi e o Senai e empresas públicas como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras.

Todos esses parceiros, lembrou Cida, se empenharão na construção de um país livre de todas as formas de violência e ódio contra as mulheres, sejam elas das áreas urbanas, do campo, da floresta ou das águas, sejam elas negras, indígenas, jovens, idosas, LBTs ou com deficiência.

“Queremos um Brasil seguro, com igualdades de oportunidades e respeito para todas as mulheres. É preciso prevenir feminicídios e as violências doméstica e sexual porque, segundo o Anuário de Segurança Pública, em 2022, 1.400 mulheres brasileiras foram mortas pelo fato de ser mulheres”, pontuou a ministra.

Janja: “Não podemos nos calar”

A primeira-dama, Janja Lula da Silva, destacou a importância do ato: “Nós, mulheres, não aguentamos mais o machismo e a misoginia.”

Ela chamou a atenção da importância de os homens também participarem da campanha e fez um apelo para que a sociedade converse sobre o Brasil sem Misoginia: “A gente precisa falar muito sobre isso, com o vizinho de porta, com o grupo de mães no colégio, em todos os espaços, com os superiores no trabalho. A gente precisa falar, não podemos e não vamos nos calar.”

Além disso, a primeira-dama também celebrou a participação e a adesão de representantes de empresas de tecnologia: “Estou muito feliz em ver Google e Facebook aqui, porque na rede social acontecem ataques às mulheres. Fico muito feliz também que são duas mulheres que estão como representantes, e vamos cobrar que esses ataques nas redes sejam criminalizados e essas contas excluídas.”

Benedita: basta à misoginia

Muito aclamada pela plateia, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) também participou da cerimônia. Ela destacou que o desafio para enfrentar a misoginia é grande no país, onde a violência contra a mulher é uma constante e atinge principalmente as mulheres negras.

“Por isso a campanha é da sociedade como um todo, não basta ser maioria, ainda não alcançamos os espaços de decisão e poder para mudar o rumo dessa história, mas podemos, sim, mudar o final dela”, afirmou a parlamentar.

“Essa não é uma tarefa fácil, mas estamos juntas para que possamos buscar uma prevenção constante para que as mulheres brasileiras estejam realmente seguras e possam ir aonde elas queiram, e ficar com quem elas quiserem. Vamos dar um basta na misoginia”, conclamou Benedita.

A representante adjunta da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, celebrou a iniciativa e reforçou a urgência de se lutar contra as desigualdades de gênero. “O lançamento do Brasil sem Misoginia é uma iniciativa acertada. É fundamental acelerar o progresso das mulheres”, disse

Cooperação técnica 

No lançamento da ação, houve a assinatura de dois acordos de cooperação entre o Ministério das Mulheres e os Ministérios da Cultura e dos Transportes.

O acordo com o MinC busca promover a colaboração mútua no enfrentamento à misoginia por meio da construção de condições favoráveis e seguras para as práticas artísticas e culturais de meninas e mulheres.

A ministra da pasta, Margareth Menezes, destacou o alinhamento entre os órgãos na busca de um país sem violência contra as mulheres: “Precisamos ter o direito de nos posicionarmos. Precisamos criar uma estrutura de país onde a palavra seja a melhor maneira de debater. Arma de fogo não é processo democrático, não existe processo democrático onde arma de fogo é usada. O MinC tem essa sensibilidade no lugar da mulher”, disse, lembrando que a maioria dos trabalhadores da cultura é formada por mulheres.

Já com o Ministérios do Transportes, foi firmado um Protocolo de Intenções focado na mobilização de concessionárias e empresas públicas. “Procurei a ministra Cida para buscar inserir cada vez mais mulheres no mercado de trabalho na área do transporte e garantir respeito às mulheres que trabalham nele. Quero dizer que neste ministério nós também defendemos direitos iguais”, afirmou o responsável pela pasta, Renan Filho.

Termos de adesão 

As entidades e empresas que aderiram à iniciativa assinaram o termo elaborado pelo MMulheres comprometendo-se a promover ações de enfrentamento à misoginia no âmbito de seu público, linguagem e capacidade. O intuito é estimular debates e reflexões sobre papéis sociais atribuídos a mulheres e homens e mobilizar a sociedade para as necessárias mudanças de comportamento dos grupos.

Entre algumas das entidades que se somaram à campanha estão a Articulação Brasileira de Lésbicas, a Agência Nacional de Mineração, Bayer Brasil, Coca-Cola Brasil, Cielo, CUT, Fórum De Mulheres do Mercosul, Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop, Instituto Avon, Tim Celular, Shien, Natura, Youtube Brasil, Católicas Pelo Direitos De Decidir, Evangélicas Pela Igualdade de Gênero, Casas Pernambucanas, Uber Brasil.

“É uma alegria compartilhar este momento de esperança em que empresas, torcidas organizadas de futebol, movimentos sociais e sindicais, organizações religiosas, juntos se comprometem a promover ações de enfrentamento à misoginia cada qual em seu âmbito de atuação com seu público e sua linguagem e com a sua capacidade”, ressaltou Cida Gonçalves.

E acrescentou: “Vamos juntas e juntos estimular debates, reflexões sobre papéis sociais atribuídos a mulheres e homens, a mobilizar a sociedade para mudanças de comportamento dos grupos. O Ministério das Mulheres, enquanto inaugurador dessa iniciativa, estimula que cada parceiro protagonize campanhas de formação, de ações para construção da igualdade e no enfrentamento à violência”.

Participaram do lançamento as ministras Marina Silva (Meio Ambiente), Nísia Trindade (Saúde), Aniele Franco (Igualdade Racial) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), além da vice-governadora do DF, Celina Leão, e da empresária Luiza Brunet.

Fonte: PT

(26-10-2023)

Cida: “Se queremos acabar com a violência, precisamos enfrentar o ódio contra as mulheres”

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participou nesta quarta-feira (25) do programa Bom dia, Ministra, do CanalGov. Durante a entrevista, Gonçalves respondeu a uma série de questionamentos feitos por jornalistas de rádios de vários estados brasileiros sobre assuntos relacionados às mulheres. A maioria das perguntas giraram em torno de ações da pasta para prevenir a violência contra as mulheres. 

Ao iniciar sua participação, a ministra destacou o lançamento da campanha nacional “Brasil Sem Misoginia”, que ocorreu na tarde de hoje, em Brasília.

Segundo ela, a ação objetiva mobilizar a sociedade contra todo e qualquer tipo de violência e discriminação contra as mulheres. “É uma iniciativa que a gente começou a pensar e a estudar no começo do ano, quando tomamos posse enquanto governo. Existe uma demanda que mostra que aumentou o número de feminicídio e de todas as formas de violência contra a mulher. E fomos estudar qual a causa desse aumento tão grande efetivamente”, disse.

“Então – continuou – chegamos à conclusão que é a misoginia, o ódio às mulheres. É isso que leva a todas as formas de violência.  Se nós queremos acabar com a violência no Brasil, nós precisamos enfrentar o ódio, e é essa a proposta que nós temos da marcha, na verdade, da iniciativa que é o Brasil sem Misoginia. Para isso, não pode ser uma questão só do governo, ela precisa ser uma questão da sociedade brasileira”.

Ação precisa de toda a sociedade

Gonçalves também revelou que o Ministério das Mulheres conversou com mais de 100 empresas para que elas se envolvam na iniciativa, e que assinarão o termo de adesão ao Brasil sem Misoginia.

“Nós também estamos envolvendo a questão do esporte, então os times e as torcidas de futebol para que possam, de fato, ter uma postura frente a violência, a misoginia, e o ódio. Nós também vamos discutir com todas as religiões, as de matriz africana, as evangélicas. Onde nós pudermos chegar para que possamos ter uma sociedade que se mobilize, não aceite e tolere o ódio contra as mulheres.”

Questionada sobre o que é esperado das empresas e dos times que aderirem ao pacto, a ministra revelou esperar que esses grupos tomem atitude. “Temos mais de 80 canais, no YouTube, principalmente, que propagam todos os dias ódio contra as mulheres. Trinta e cinco desses canais são monetizados. Então, esperamos das empresas que não monetizem e não paguem esses canais para continuar propagando ódio contra as mulheres. O ódio não pode ser financiado”, conclamou.

Ainda sobre a importância da adesão das empresas à campanha, a chefe da pasta das Mulheres afirmou ser extremamente importante que os grupos empresariais sinalizem que não aceitam misoginia e não trabalham com ódio.

“Isso fortalece o governo para fazer políticas públicas, fortalece o Congresso para pensar leis e avançar nesse processo e nos ajuda na verdade a fazer com que a população brasileira não tolere a violência contra a mulher. Porque a ideia da iniciativa é um pouco acordar o povo brasileiro, homens e mulheres. Nós não podemos mais conviver com um Brasil doente, com ódio, o Brasil que é intolerante, que é raivoso. Esse não é o Brasil que nós conhecemos. Nós temos outro Brasil e nós precisamos resgatá-lo”, completou.

Interação com rádios estaduais 

O jornalista Carlos Ferreira, do Grupo Feitosa de Comunicação, de Mato Grosso do Sul, indagou a ministra sobre como a pasta vem trabalhando com os estados  para combater a violência doméstica e consequentemente o feminicídio.

A ministra destacou que a Casa da Mulher Brasileira (CMB) de Dourados (MS)  será a primeira a começar a tratar a questão das mulheres indígenas.

“Nós temos várias casas da CMB no país – já são 13 -, mas a de Dourados será a que vai iniciar todo o trabalho com relação à questão das mulheres indígenas. Nós pactuamos que vai ter atendimento feito por profissionais indígenas”, informou.

Segundo a ministra, “há também o Pacto de Enfrentamento ao Feminicídio entre essas propostas. Estamos discutindo o fortalecimento das delegacias 24h, que é uma lei que foi aprovada agora, e onde não tem delegacia qual o tipo de atendimento que vamos prestar, como vamos atender essas mulheres e nós entendemos que pode ser um espaço nas delegacias comuns em municípios abaixo de 50 mil habitantes”.

“Nós precisamos aumentar o número de delegacias, de centro de atendimentos, de juizados  de violência contra a mulher que são 156 no Brasil e isso é muito pouco e estamos com um grande desafio junto ao Ministério da Justiça”. esclareceu.

Na sequência, o repórter Dylan Araújo, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, questionou a ministra sobre o auxílio pago para mulheres vítimas de violência doméstica, que virou lei federal.

Segundo ele, são os estados e municípios que fazem os pagamentos às vítimas, mas somente são feitos a partir de uma decisão judicial e nesse sentido algumas defensorias públicas têm apontado para a relevância de uma legislação local que facilite o processo para que não se tornem processos longos e morosos.

A ministra destacou que o tema tem sido discutido no âmbito do governo. “Na semana passada  tivemos uma reunião com o ministro Wellington Dias, a ministra Simone Tebet e eu para discutirmos a regulamentação da lei que garante o auxílio aluguel para as mulheres vítimas de violência”.

De acordo com a ministra Cida, “apesar da lei encaminhar para os municípios, ela também determina que é pelo SUAS, pelo LOAS, logo é a assistência social que vai liberar esse recurso. Portanto, para não deixar os municípios e os estados arcarem sozinhos nós vamos estar regulamentando esse processo de lei, para apurar de que forma nós podemos complementar esses recursos que, de fato, aconteçam na ponta. Isso é um primeiro fator de pactuação e negociação porque não se pode criar uma legislação e deixar os municípios (sic sozinhos).”

Articulação com as secretarias estaduais

Já Júnior César, da Rádio Difusora Acreana, pontuou sobre a importância da articulação entre as secretarias de mulheres estaduais para promover a articulação com foco nas políticas para as mulheres.

“Um dos desafios que está colocado para o Ministério das Mulheres é que nós precisamos ter secretarias de mulheres na maioria dos estados e municípios brasileiros porque isso é garantir a capilaridade. Precisamos de todo mundo e do pacto  federativo para termos políticas públicas fortes para dar conta do que é a necessidade das mulheres brasileiras”, assegurou a ministra.

A jornalista Lorena Lima, da Rádio Rondônia, indagou à ministra sobre as altas taxas de feminicídios no estado, que foram agravadas durante a pandemia. Ao afirmar que mesmo Rondônia tendo boas taxas de empregabilidade no Brasil, ainda há a diferenciação entre homens e mulheres, Lima perguntou o que o governo federal tem feito para trabalhar essa equiparação e valorização:

“Em relação ao feminicídio, nós lançamos o pacto nacional de prevenção ao feminicídio e ele tem várias ações que perpassam por vários ministérios como o da Justiça, Mulheres, Saúde e Desenvolvimento Social. O feminicídio é um crime previsível, se você consegue prevenir ele se torna inevitável, e isso é o que torna ele mais grave”, respondeu a ministra.

“Então nós precisamos fazer com que as mulheres acreditem nos serviços públicos e façam as denúncias. Aí em Rondônia estamos construindo uma CMB, estamos debatendo quais são as políticas, como se cruza as informações, como alocar recursos para que a secretaria de mulheres tenha condições de avançar”.

Em relação à empregabilidade, Gonçalves afirmou que o Ministério das Mulheres tem trabalhado com três prioridades. “A primeira é incluir digitalmente as mulheres, temos parceria com o Sesc para capacitação das mulheres especificamente, e nós temos aí parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia”.

“Também nesse setor da empregabilidade trabalhamos a questão das cotas, temos a lei que garante 8% para as mulheres vítimas de violência nos serviços terceirizados do governo federal, e no Ministério do Trabalho temos uma parceria de qualificação e estamos conversando para que onde as obras do PAC chegarem haja priorização para qualificar as mulheres para que elas sejam, de fato, utilizadas”, disse a ministra.

Fonte: PT

(25-10-2023)