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Respeitem os vários tipos de fé dos povos do Rio Grande do Sul: “Não os julguem!”

Respeitem os vários tipos de fé dos povos do Rio Grande do Sul: “Não os julguem!” Por frei Gilvander Moreira[1]

Evento climático extremo no estado do Rio Grande do Sul causando alagamentos brutais. Foto: Reprodução Redes Virtuais

Sigo comovido com o sofrimento dos povos do Rio Grande do Sul, nossos irmãos e irmãs, e indignado com o capitalismo, com o agronegócio, os desmatadores, os empresários das monoculturas desertificadoras e com quem fomenta o uso de combustíveis fósseis, pois é este projeto de morte – a idolatria do mercado – que nos levou às mudanças climáticas e está nos encurralando com a Emergência Climática com eventos extremos cada vez mais frequentes e letais. As sirenes da Emergência Climática estão gritando de forma estridente.

Além da nossa solidariedade, que deve ser a mais efetiva possível, aos povos gaúchos, aos animais e a toda biodiversidade, temos que denunciar as causas que levaram aos eventos extremos que estão golpeando os povos no Rio Grande do Sul. Se não alterarmos as causas complexas que estão causando as mudanças climáticas, teremos tragédias cada vez mais brutais e com mais frequência. Lamentável ver pessoas divulgando fake news, mentiras e insistindo em posturas negacionistas em um contexto que exige união para reconstruir vidas e condições de vida.

Tenho recebido vídeos de padres jovens, leigos em teologia e ciências sociais, divulgados por leigos infantilizados, praticando uma espécie de negacionismo religioso, atribuindo injustamente e de forma absurda a causa do brutal evento extremo que se abate sobre o Rio Grande do Sul à existência de pessoas ateias ou integrantes do candomblé, da Umbanda ou ainda porque muitos gaúchos deixaram a Igreja Católica e agora estariam sofrendo por isto. Absurdo brutal afirmar isto julgando as pessoas do querido estado do Rio Grande do sul. Não vou repetir aqui as calúnias, os preconceitos, as expressões discriminatórias e criminosas para não ecoar as posturas lamentáveis, injustas e contrárias ao Evangelho de Jesus Cristo. Entretanto, peço: não julguem as pessoas. Ser solidário/a, amar, sim; julgar, não! Respeitem os vários tipos de fé dos povos do Rio Grande do Sul.

Este tipo de acusação trata-se de negacionismo religioso, que violenta de duas formas: por um lado, julga pessoas caluniando-as com intolerância religiosa, o que é crime e acaba por incentivar ataques aos Povos de Terreiro e a seus líderes espirituais, e, por outro lado, desvia e oculta a atenção das causas reais e históricas do evento extremo: as mudanças climáticas causadas pela ganância de capitalistas que cegados trituram todo o meio ambiente em busca de lucro e de acumulação de capital. Estes acusadores não falam nem uma vírgula sobre estas causas que precisam ser denunciadas e superadas. Ao atribuir as causas da tragédia a forças “demoníacas” inocentam e encobrem as verdadeiras causas socioeconômicas e políticas capitalistas.

No Brasil há grande diversidade religiosa, inclusive entre os Povos de Terreiros. A categoria de Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Ancestral Africana, os Povos de Terreiro, é composta pelos segmentos do Candomblé das nações e Ketu, Angola e Jeje, Angola-Muxikongo, de Umbanda e Omolocô de diferentes linhas e por Reinados nas mais diversas linhagens, dentre outros.

Como assessor do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, o CEBI, e agente de pastoral da Comissão Pastoral da Terra, CPT, tenho convivido muito com pessoas de Religião de Matriz Africana – Candomblé, Umbanda… -, com indígenas com mística e espiritualidade de Povos Originários, pessoas espíritas, ateias, de religiões orientais etc. Com estas pessoas tenho aprendido muito e lutamos juntos por direitos à terra, à moradia, à preservação ambiental e tantas outras lutas. Dia 20 de novembro de 2023, “por acaso”, assisti a uma sessão de Umbanda em uma praça. Fui bem acolhido e me senti abençoado por outra religião, a Umbanda, religião que prega o amor, a paz, a fraternidade e o respeito.

Por que pessoas que se dizem cristãs, sejam católicas ou (neo)pentecostais, perseguem os Povos de Terreiro, pessoas do Candomblé e da Umbanda? Há muitas semelhanças entre a celebração na Umbanda e as celebrações que se fazem nas igrejas cristãs: cantos, orações, bênçãos, partilha etc. Mesmo que fossem totalmente distintas as formas de celebração e de rituais, não há motivo para discriminação e muito menos perseguição, pois os Povos de Terreiro pregam o amor, a paz, a fraternidade e o respeito. Além do mais, o Brasil é um país laico, ou seja, está garantida na Constituição Federal de 1988 a liberdade de credo de todas as religiões e igrejas, bem como a alteridade cultural. O Brasil não é um país confessional, de uma única religião, o que seria ditadura religiosa. Intolerância religiosa é crime. Sei que o preconceito é fruto de desconhecimento e falta de informação correta e histórica. Não há como amar o que se desconhece.

O biblista e teólogo padre Marcelo Barros nos recorda que “o termo Umbanda vem do idioma quimbunda de Angola e significa “arte de curar”, ou hoje podemos traduzir por “arte de cuidar”, o que liga a fé e a espiritualidade ao cuidado uns dos outros/umas das outras, assim como cuidado da mãe-Terra e da natureza. Assim como em sua sociedade Jesus valorizou os samaritanos, cultural e espiritualmente, reconhecemos nas comunidades de Umbanda essas comunidades samaritanas que têm ajudado as pessoas negras e pobres a salvaguardar a consciência de sua dignidade humana e a necessária e salutar cultura comunitária da qual a nossa sociedade precisa tanto.”

Infelizmente, em pleno século XXI há grupos cristãos fundamentalistas que combatem e perseguem as religiões afrodescendentes. É mais triste ainda constatar que fazem isso em nome de Jesus e de Deus. Conforme o Evangelho, Jesus afirmou que pelos frutos se conhece a árvore. No Brasil e em todo o continente, os frutos das religiões negras têm sido preservar as culturas originárias, manter a unidade das comunidades e, em nossos dias, testemunhar a toda a humanidade uma espiritualidade que liga o amor social ao cuidado afetuoso com a mãe-Terra e toda a natureza.

No passado e até hoje, a Umbanda e as outras religiões indígenas e negras foram discriminadas, condenadas e mesmo perseguidas pela nossa Igreja e, hoje ainda, por grupos católicos fundamentalistas e (neo)pentecostais. Por isso, temos uma dívida moral com os Povos de Terreiro e as espiritualidades de matriz afro e podemos, em nome de Jesus, afirmar em bom e alto som: Viva a Umbanda! Viva o Candomblé! Viva os Povos de terreiro!

Sejamos construtores de paz com respeito entre as religiões, igrejas e pessoas religiosas. Só tolerância é pouco, exige-se respeito pelo diferente. E não atribuamos às práticas religiosas ou ausência delas as tragédias anunciadas causadas pelo sistema de morte que é o capitalismo, como a que hoje abate sobre milhares de irmãos e irmãs no Rio Grande do Sul.  Que a luz e a força divina nos guiem sempre, inclusive no processo de libertação de preconceitos e discriminações.

16/05/2024

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 – 15/11, Dia Nacional da Umbanda, que é Amor, Paz, Fraternidade e Respeito. Intolerância Rel. é crime!

2 – Curta-documental O CHAMADO DA UMBANDA

3 – O Que é Umbanda – Documentário

 

 

[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

Aniversário

Hoje comemoramos os 24 anos de existência da revista Consciência.

Rever a caminhada

Uma olhada para o que deu origem a esta publicação

Nos faz rever e reviver o próprio sentido deste empreendimento

Uma opção pelo jornalismo de promoção da pessoa humana e da comunidade

Uma voz que persiste na prática de uma vida significativa

Uma ação consciente.

Uma evidencia de que a vida resiste em pequenos espaços

Ou nem tão pequenos.

Gente que se reúne recuperando a memória

Parindo um presente contínuo em que nos redescobrimos artífices do nosso próprio destino.

Publicación

El año de 2023 publiqué Mirada poética, libro que me contiene talvez más que cualquier otro.

Vuelvo a leerlo y así me acuerdo de quien soy

Recupero mi noción de identidad

Pertenecimiento

Habitación

Sentido.

Este libro se prolonga en otros que desarrollan su contenido aún con más precisión.

Esta acción me devuelve al mundo de las editoras y lectoras, lectores. Gente que publica.

Lee y se muestra.

Comparte

Acción editorial. Actividad literaria.

Consciencia es mucho ésto.

Ser y aparecer.

Ser y hacerse.

Hacernos continuamente.

Como se formou e qual a intenção dos textos bíblicos?

Como se formou e qual a intenção dos textos bíblicos?  Por frei Gilvander Moreira [1]

Ciente dos malefícios que péssimas interpretações de textos bíblicos têm causado aos povos ao longo da história da humanidade nos últimos 2 mil anos – cruzadas, guerras consideradas santas e justas, escravidão “justificada”, inquisição, padroado… – e atualmente a extrema direita , os fascistas, se escorando em interpretações bíblicas para explicação homofobia, machismo, patriarcalismo, capitalismo neocolonial, devastação socioambiental, militarismo, discriminações, preconceitos…, importante se faz adquirirmos chaves de leitura sensata e libertadora da Bíblia, assim como de textos sagrados de outras religiões.

Uma questão fundamental para uma boa compreensão de um texto bíblico em si mesmo é identificar a INTENÇÃO do texto. Qual o propósito do/a autor/a? Qual é a mensagem que o texto quer transmitir? A intenção do texto é farol para uma boa interpretação. Sem captar a intenção do texto, andamos no escuro com farol apagado, o que pode levar a interpretações falsas.

Quando alguém pergunta: “Tudo bem?” e o interlocutor responde: “tudo bem” não está querendo dizer necessariamente que com ele está tudo bem. A intenção deste diálogo normalmente é revelar que quem disse se o outro estava bem gostaria de iniciar um processo de comunicação com o outro. Logo a intenção é abrir as portas para um diálogo.

Quando alguém chega para nós e diz: “eu te amo”, estaria a pessoa fazendo apenas uma declaração ou estaria confessando um sentimento profundo e querendo ter uma resposta positiva à altura? Descobrir a intenção de um texto é fundamental para não introduzir uma exortação como se fosse uma lei, por exemplo. No 4º evangelho da Bíblia, em Jo 2,1-11, que narra que Jesus transformou água em vinho, a intenção do texto seria mostrar que Jesus tem um superpoder, para além do humano, de transformar água em vinho? Não, pois “toda graça supõe a natureza”, disse o teólogo Tomás de Aquino. A intenção do texto é mostrar que a festa em Caná da Galileia era uma festa de pobre? Está presente este elemento, mas a intenção principal é criticar a religião oficial judaica que não consegue mais fazer com que a vida seja uma festa com vida e liberdade em abundância para todos/as e todos. Com seu projeto libertador, Jesus de Nazaré, com todos seus discípulos e seus discípulos, é que você pode transformar sua vida em uma festa rigorosa, feliz e verdadeira. Logo, a intenção é dizer que Jesus é o vinho novo. O exame do gênero literário do texto – um dos sete sinais de Jo 2 a 11 e não um milagre – ajuda a compreender a intenção do/a autor/aea especificamente da mensagem do texto.

Importante considerar como se formou a Bíblia, que não caiu do céu e nem foi ditada por Deus diretamente aos escritores/as. A Bíblia foi escrita em mutirão durante cerca de 1.300 anos. Os primeiros textos bíblicos foram registrados, provavelmente, lá pelo ano 1.200 antes da era cristã e os últimos lá pelos anos 115 da era cristã. Muita gente contribuiu para que a Bíblia fosse escrita. Gastou muitos séculos. Foi uma longa gestação, durou mais de um milênio para todos os livros da Bíblia serem escritos. Há vários tipos de Bíblias. A dos católicos tem 73 livros; a dos evangélicos, 66 livros, pois não regularam os sete livros deuterocanônicos como inspirados; a dos católicos ortodoxos, 78 livros. Há coleções de traduções da Bíblia, umas muito boas e algumas ruínas e ultrapassadas.

Um dos textos mais antigos da Bíblia, provavelmente, seja o Cântico de Míriam – irmã de Moisés e Arão -, após a travessia do Mar Vermelho: ” Cantai a Iahweh, pois de glória se vestiu; ele jogou ao mar cavalo e cavaleiro! ” (Ex 15,21). Este canto brotou de um coração feliz que irradiava alegria ao ver que os povos escravizados estavam se libertando da escravidão do imperialismo dos faraós do Egito. O povo deve ter cantado muito este refrão pelo deserto fora, durante e depois da conquista da terra. Cantar este canto ecoava as maravilhas de Deus no meio do povo que marchava em busca da terra prometida. E logo depois, provavelmente, alguém registrou por escrito este canto que, após passar por muitas gerações, de boca em boca, foi escrito na Bíblia. Processo semelhante aconteceu com os outros textos bíblicos.

O capítulo 21 do quarto evangelho, o chamado Evangelho de João, é um dos últimos textos que entraram na Bíblia. Lá pelo ano 115, provavelmente, em Éfeso, Ásia menor, onde hoje é a Turquia, o redator final do quarto evangelho compôs o apêndice do evangelho do discípulo amado (Jo 21,1-23), no qual insiste no primado do amor ( Jo 21,15-17), e fez uma nova conclusão (Jo 21,24-25).

Os livros bíblicos (e também as páginas singulares) são o estágio final de um longo e complexo processo literário. Depois de uma longa tradição oral – de boca a boca, passando de pai para filhos/as… -, alimentando as comunidades na vida cotidiana e nas celebrações, os textos eram reformulados, ampliados, atualizados, adaptados segundo as necessidades de cada época e dos grupos que liam os textos.

Um estudo mais acurado dos textos bíblicos revela incoerências, falta de homogeneidade, contradições, esforços internos e saltos bruscos de um assunto para outro, lacunas, transições sintáticas e temáticas mal feitas, inúteis repetições etc.. Em síntese, na Bíblia temos, muitas vezes , um texto desorgânico e, às vezes, contraditório. Por isso também não se pode fazer leitura ao pé da letra escolhendo os versículos que se enquadraram nas nossas pré-compreensões. A cultura hebraica-semita é eminentemente plural, não é de pensamento único como na sociedade capitalista que sempre tenta importar a uniformização. Para os povos da Bíblia, quando apareciam diversas versões sobre um acontecimento inspirador, registravam-se as várias versões. O uniformismo é herdeiro da cultura grega racionalista e para dominar tenta sempre importar um pensamento único e desqualificar os diferentes. Para os povos bíblicos a unidade se desenvolve na diversidade e na pluralidade. Não é esplendor da diversidade que a teia da vida se reproduz.

No decorrer do processo de gestação da Bíblia, os autores e as autoras bíblicas sofreram influência de outras culturas já desde os seus inícios em Canaã/Palestina sob o domínio egípcio e de povos circunvizinhos e mais tarde dos assírios, babilônios, persas, helenistas, romanos , gregos e de outras culturas. Mesmo assim os povos da Bíblia conservaram suas particularidades no campo cultural e religioso que se refletem nos escritos bíblicos pela diversidade de formas e gêneros literários conhecidos no seu tempo.

13/05/2024

Obs .: As videorreportagens no link, abaixo, verso sobre o assunto tratado, acima.

1 – Um Tom de resistência – Combatendo o fundamentalismo cristão na política

2 – Bíblia: privatizada ou lida de forma crítica libertadora? Por frei Gilvander, no Palavra Ética

3 – Deram-nos a Bíblia. “Fechem os olhos!” Roubaram nossa terra. Xukuru-Kariri, Brumadinho/MG. Vídeo 5

4 – Agir ético na Carta aos Efésios: Mês da Bíblia de 2023. Por frei Gilvander (Cinco vídeos reunidos)

5 – Andar no amor na Casa Comum: Carta aos Efésios segundo a biblista Elsa Tamez e CEBI-MG – Set/2022

6 – Toda a Criação respira Deus: Carta aos Efésios segundo o biblista NÉSTOR MIGUEZ e CEBI-MG, set 2022

7 – Chaves de leitura da Carta aos Efésios, segundo o biblista PEDRO LIMA VASCONCELOS e CEBI/MG –Set./22

8 – Estudo: Carta aos Efésios. Professor Francisco Orofino

9 – Carta aos Efésios: Agir ético faz a diferença! – Por frei Gilvander – Mês da Bíblia/2023 -02/07/2023

10 – Bíblia, Ética e Cidadania, com Frei Gilvander para CEBI Sudeste

11 – Contexto para o estudo do Livro de Josué – Mês da Bíblia 2022 – Por frei Gilvander – 30/8/2022

12 – CEBI: 43 anos de história! Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos lendo Bíblia com Opção pelos Pobres

[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. Autor de livros e artigos. E “cineasta amador” (videotuber) com mais de 6.000 vídeos de luta por direitos no youtube, canal “Frei Gilvander luta pela terra e por direitos”. E-mail:  gilvanderlm@gmail.com  –  www.gilvander.org.br  –  www.freigilvander.blogspot.com.br       –        www.twitter.com/gilvanderluis         – Facebook: Gilvander Moreira III

 

Perspectiva

La perspectiva del tiempo

Me muestra el largo camino recorrido

Veo con detalles cada lugar, cada paisaje

Los sueños, los colores, las flores

Todo lo vivido resplandece

Y hay algo naciendo

El niño volvió

¡Quien sabe nunca se haya ido!

A proposta do Amor de predileção

6º Domingo da Páscoa: Jo 15, 9- 17.
Só o Amor liberta
Neste 6º Domingo da Páscoa, o texto evangélico escolhido, João 15, 9 – 17, vem na continuidade do mesmo discurso de Jesus, lido no domingo passado. Podemos pensar que este texto é o ponto central da palavra de Jesus aos discípulos e discípulas depois da última ceia. É como o testamento que Jesus quer deixar como herança para a sua comunidade.
A primeira coisa que chama a atenção é o caráter afetuoso e quase confidencial dessas palavras. Jesus abre o coração. Fala do que tem vivido e experimentado. Não fala nominalmente de Deus, menos ainda de religião e doutrina. Fala de amor. E fala com amor. É uma confissão de amor: Eu amo vocês. Em geral, confissões de amor se dão na intimidade de uma relação a dois. Neste evangelho, Jesus confessa amor privilegiado a uma comunidade de irmãos e irmãs e faz isso exatamente no momento no qual a comunidade está prestes a se romper. Ele sabe que dali a pouco irá ao horto de Getsemani onde será preso e todos os discípulos fugirão. Judas o trairá e Pedro negará que o conhece.
Assim mesmo, diz abertamente e como algo que explica toda a sua vida: “Assim como o meu Pai me amou, eu amei vocês”. Isso não significa apenas “Do mesmo modo que o Pai me ama, eu amo vocês” e sim “Eu amo vocês com o mesmo amor com o qual o Pai me ama”. Conforme os evangelhos sinóticos, no batismo e na transfiguração, o Pai revelou: Jesus é o filho amado, no qual o Pai pôs toda a sua predileção. Pois é este amor de predileção que Jesus dedica ao seu grupo. No grego, o termo escolhido para dizer amor (agapé) significa justamente este amor de predileção”. Ao revelar isso, Jesus manda que as pessoas ali reunidas se amem umas às outras com este tipo de amor.
“Eis minha ordem, minha orientação, minha proposta: amai-vos uns aos outros/umas às outras, como Eu vos amo”(v 12 e se repete no v17).
Comumente o amor é visto como energia emocional, feita de paixão e marcada pela atração natural de uma pessoa sobre outra. Isso vem de Deus e é divino. No entanto, há outro tipo de amor que é o amor de opção e como postura de vida. Existem pessoas que vivem a vida inteira com outra e a qual se entregam e se doam, mesmo fisicamente, e fazem isso sem sentirem nenhuma atração pela outra. Puro amor de doação gratuita.
Esta forma de amor pode ser vivida em qualquer situação e inclui relações interpessoais e sociais. Envolve sentimento, emoção e pensamento. No entanto, é principalmente opção de vida, doação e entrega de si mesmo/a. Permanecer em Jesus é deixar que esse Amor Divino faça raízes em nossas vidas e possamos viver a partir dessa orientação fundamental. Essa forma de amor é mais do que sentimento afetuoso e mais do que emoção. É modo de ser e de viver.
Henrique Vieira, querido amigo e pastor evangélico, explica bem isso no seu livro Amor como Revolução. O presidente Hugo Chávez afirmava que a Política só é verdadeira e fecunda quando procede do amor social. Precisamos reencontrar os caminhos para construir uma Política alicerçada naquilo que, na Fratelli Tutti, o papa Francisco chama de fraternidade universal e amizade social.
Jesus propõe um amor de entrega. “Ninguém tem maior amor do quem entrega a vida” (v. 13). Não se trata só de morrer pelo outro. É importante viver para e pelo outro. Há mais de 50 anos no Brasil, as comunidades cantam: “Prova de amor maior não há do que dar a vida pelo irmão”. No Recife, as pessoas mais velhas da caminhada não ouvem esta música, sem lembrar que, no 29 de maio de 1969, foi esta música que marcou o cortejo que acompanhou o corpo do nosso mártir Antônio Henrique ao cemitério. No VI Encontro Interclesial de CEBs em Trindade, GO, (julho de 1986), na carta conclusiva do encontro, as comunidades afirmavam: “Nós queremos nossos/as mártires vivos/as e não mortos/as”. É isso que nos é pedido: Temos de ser testemunhas de que é possível viver uma vida de entrega de si mesmo/a aos outros irmãos e irmãs. O mandamento do amor nos compromete na responsabilidade profunda e íntima de nos entregarmos mesmo na doação de nossas vidas aos outros/as.
Conforme o quarto evangelho, o contexto dessa proposta revolucionária do amor foi a última ceia, na qual Jesus lavou os pés dos discípulos e discípulas e propôs que se fizesse sempre a memória dele na ceia. Talvez uma das mais profundas perversões praticadas nas Igrejas tenha disso a de desligar a celebração da ceia de Jesus, a eucaristia, da realidade dessa entrega de vida e do amor contido nessa postura.
Na maioria das vezes, em nossas Igrejas, a celebração da Ceia do Senhor é um culto asséptico, frio e regido por um ritual rígido e sem coração. A linguagem do Missal Romano é absolutamente diferente e mesmo contrária a essa forma de falar de Jesus a seus discípulos e discípulas na ceia. É urgente restituir às nossas celebrações esse caráter de amor carinhoso e de predileção que Jesus viveu naquela noite de celebração da sua Páscoa. O quarto evangelho diz: tendo amado os seus, amou-os até o fim, isso é, até onde o amor pode ir. É assim que ele, Jesus, propõe que façamos sempre memória da sua ceia.
Ao mesmo tempo, parece urgente libertar o amor da prisão de sua concepção unicamente sentimental e despolitizada para transportá-lo à dimensão sócio-política das relações humanas. Nas Igrejas, é urgente libertar a ceia de Jesus da concepção teológico-jurídica de sacrifício para novamente fazer dela sacramento afetuoso da partilha e do comunitarismo. Que nossas celebrações sejam confissões de amor e carinho social, como Jesus fez e como mandou que fizéssemos. Isso supõe libertarmos a eucaristia não somente do peso de sua concepção sacrificial, mas do que está por trás dessa visão de sacrifício: o seu conteúdo clerical. Na comunidade do quarto evangelho e neste discurso, Jesus não chama ninguém de apóstolo ou apóstola. Somos todos e todas discípulos e discípulas.

A partir do próximo domingo, mais uma vez, viveremos a Semana de orações pela Unidade dos Cristãos e Cristãs. Há mais de cem anos, a forma de nos preparar para encerrar esse tempo pascal e celebrar Pentecostes é pedir ao Pai que nos dê em plenitude o Espírito Santo, a Divina Ruah que ressuscitou Jesus e que nos une a Jesus e uns aos outros. É a Ternura Divina que nos faz viver esse amor que Jesus tem com o Pai e que nos dá a possibilidade de viver nesse mundo como nova forma de organizar a sociedade e também as Igrejas. É Ele que realiza hoje a oração que, na véspera da sua paixão, Jesus orou ao Pai: “Faze que todos os meus discípulos e discípulas sejam unidos como Eu e Tu somos unidos, para que o mundo creia que Tu me enviaste” (Jo 17, 19- 21).

Deus pede: “cultive, pastoreie, seja jardineiro/a”

Deus pede: “cultive, pastoreie, seja jardineiro/a”

Por frei Gilvander Moreira[1]

Foto: Reprodução/Demaisnews

O 10º evento extremo no sul do Brasil, em um ano, está golpeando os povos do Rio Grande do Sul e toda a biodiversidade, com quase 1  milhão de pessoas atingidas e o número de mortos podendo ultrapassar 200. As imagens de destruição são apocalípticas e estarrecedoras. Primeiro, temos que expressar nossa imprescindível solidariedade ao povo gaúcho da forma mais efetiva possível e, segundo, temos que reconhecer que as sirenes da Emergência Climática estão rugindo como um leão, de forma estridente.

Feliz quem ouvir e se comprometer com as lutas populares e socioambientais necessárias para frear as retroescavadeiras e os tanques de guerra das mineradoras, as carretas, o agronegócio com monoculturas que desertificam os territórios, contaminam alimentos, terra, ar e águas com exagero de agrotóxicos e o desenvolvimento econômico que constrói oásis de luxo à custa de miséria, fome, morte e devastação socioambiental para a maioria. Basta deste sistema capitalista, brutal máquina de moer vidas e causador maior das implacáveis mudanças climáticas!

A humanidade está sendo encurralada no desfiladeiro de um apocalipse provocado pelo sistema capitalista, a elite, a classe dominante e grande parcela da classe trabalhadora que, alienada, movimenta a máquina de moer vidas, que é o atual modelo econômico com idolatria do mercado. Nossa única casa comum está sendo sacrificada no altar do ídolo mercado. Como um grande ser vivo, Gaia, a Terra está cotidianamente sendo apunhalada e submetida à tortura com queimaduras que a deixam sangrando. Devastar o ambiente é como arrancar a pele da mãe Terra e deixá-la sujeita às intempéries de poeira, calor, ácido…

Recentemente, em missão em Comunidades ribeirinhas da Prelazia de Itaituba, no Pará, e na Diocese de Humaitá, no sul do estado do Amazonas, vi e ouvi que as águas dos grandes rios Tapajós e Madeira estão contaminadas com mercúrio e vários outros metais pesados, segundo pesquisas da Universidade Federal do Amazonas. Mortandade de peixes e adoecimento de pessoas e animais é o que mais se ouve. Os ribeirinhos sofrendo as consequências de secas nunca vistas, calor escaldante e densas nuvens de fumaça exaladas pelo fogo que faz arder a floresta amazônica em muitos meses todo ano. Isso compromete a constituição dos rios aéreos imprescindíveis para fazer chover em outras regiões.

Neste contexto de eventos climáticos cada vez mais frequentes e letais, faz-se necessário resgatarmos a fina flor da mística bíblica que mostra a íntima relação do ser humano com a mãe terra, a irmã água, enfim, a natureza. Resgatemos esta relação antes que seja tarde.

Na Bíblia, no primeiro relato da criação (Gn 1,1-2,4a) se repete, inúmeras vezes, a palavra “terra” (12 vezes em Gn 1; 57 vezes em Gn 1-11). Isso é forte indício de que o texto foi escrito por um povo na época em que estava longe da terra, no exílio da Babilônia (587-538 antes da era cristã). Sentindo a falta de terra e de território, que era sinal da bênção de Deus, o povo resgata as origens revelando um grande encantamento e reverência pela terra. Sente-se filho da terra. Temos que recordar a ênfase dada na segunda versão sobre a criação (Gen 2,4b-25) sobre o “cultivar, pastorear, ser jardineiro”. Olhando a totalidade das duas versões da criação (Gen 1,1-2,4a e Gen 2,4b-25), temos que concluir que o espírito de Deus pede cuidado, pastoreio e manuseio responsável socioecológico e jamais incentiva a dominação e a devastação ambiental como, infelizmente, o modelo capitalista de desenvolvimento vem fazendo no Brasil e no mundo.

O primeiro relato da Criação (Gen 1,1-2,4a) mostra o ser humano profundamente ligado, interconectado, a todas as criaturas do universo. De uma forma poética, o relato bíblico insiste na fraternidade de fundo que existe entre todos os seres vivos que são uma beleza. Deus, ao criar, sempre se extasia diante de todas as criaturas e exclama: “Que beleza! Bom! Muito bom!” O poeta cantor e compositor das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), José Vicente, capta muito bem a mística que envolve, permeia e perpassa todo o relato da Criação: “Olha a glória de Deus brilhando …”, em todos/as e em tudo.

O segundo relato da Criação (Gen 2,4b-25) mostra o ser humano intimamente ligado com a terra e com as águas. “Não havia nenhuma vegetação, porque Javé Deus não tinha feito chover sobre a terra e não havia homem para cultivar o solo” (Gen 2,5). Dois seres imprescindíveis e interdependentes para que o mundo se transforme em um paraíso com sociobiodiversidade: água e ser humano. A água, junto com a terra, é a mãe da vida. Sem ela, tudo morre. Assassinar uma nascente, poluir um rio, deve ser considerado crime hediondo de lesa pátria. O ser humano é outro ser imprescindível, mas como cultivador, jamais como explorador e depredador.

Os povos da Bíblia construíram unidade no meio de muita pluralidade, a partir de suas experiências religiosas com o seu Deus, o Deus de Abrão, de Isaac e de Jacó, Deus também de Sara e Agar, de Rebeca e de Raquel. Mesmo integrando aos seus escritos textos de outros povos, os/as autores/ras da Bíblia sempre os adequava à sua experiência de fé e de convivência ética.

O gênero literário sapiencial, por exemplo, era internacionalmente conhecido na época bíblica e usado foi também pelos povos da Bíblia. É importante saber que o modo de pensar e agir oriental são diferentes do modo de pensar e agir ocidental capitalista. No pensamento oriental predomina a intuição e a preocupação ética – que fazer e como? -, por isso, nem toda a narrativa classificada como histórica o é de fato. Na compreensão dos/as autores/ras da Bíblia, o importante é a mensagem que eles e elas queriam passar aos leitores. Enquanto para o pensamento ocidental predomina a razão e o raciocínio argumentativo, para o/a historiador/a de nossos dias interessa a exatidão dos fatos, entre o escrito e o acontecido. Os/as autores/ras bíblicos se interessam mais pelo fato, como um todo, não pela exatidão dos seus detalhes, o importante é testemunhar sua experiência de vida que tem sido caminho de libertação e salvação.

A mobilização por solidariedade e pela reconstrução das condições de vida do povo gaúcho e de toda a biodiversidade não pode ser apenas quando as situações extremas de clima são evidentes como agora. Reconstruir como e onde? Reconstruir como era antes no mesmo lugar será insensato, pois outros eventos extremos acontecerão e poderão ser mais letais e destruidores. É preciso urgentemente combater o negacionismo climático e, sobretudo, o capitalismo, sistema perverso, que acelera a velocidade da devastação ambiental. Capitalismo mata mesmo! É importante lembrar também que as condições extremas de clima atingem de forma diferenciada as pessoas, os empobrecidos são os primeiros e os mais golpeados. Por isso, precisamos também de justiça climática!

Temos que denunciar que as bancadas do agronegócio, do boi, da bala e da Bíblia, no Congresso Nacional criaram bomba climática ao destruir a legislação ambiental, ao flexibilizar leis para criar capa de legalidade para desmatamentos criminosos. Estão com as mãos sujas de sangue todos que nos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, no poder midiático e no poder econômico tomaram decisões políticas/econômicas e aprovaram legislações que pisoteavam no meio ambiente para abrir espaço para que o grande capital lucrasse e acumulasse capital à custa da trituração do meio ambiente.

A todas as pessoas pedimos que parem de maltratar mais a Mãe Terra, que está sendo torturada. A Terra é nossa mãe e é sagrada. As águas, os rios, os animais e as florestas estão pedindo socorro. A Natureza tem direitos. Continuar torturando a Terra é acelerar a chegada do apocalipse da humanidade e de milhões de outras espécies de seres vivos. Como jardineiros/as, cuidemos da Mãe Terra.

07/05/2024

Obs.: A videorreportagem no link, abaixo, versa sobre o assunto tratado, acima.

1 – Barragens do Rio Madeira devastam vida dos Povos e Floresta. E os Madeireiros? Ouça os Ribeirinhos!

2 – Amazônia pede SOCORRO! Ribeirinha: amor à Amazônia, seca, calor exagerado, nuvem de fumaça e doenças

3 – Garimpeiros tradicionais, Dep. Célia Xakriabá, Dep. Padre João: 32ª Romaria Trabalhadores Mariana/MG

4 – Barragem produz centenas de famílias sem-teto: Ocupação Irmã Dorothy, Salto da Divisa, MG, em terreno, lixão, da União, SPU: 240 famílias na luta por terra e moradia há 3 anos. Vídeo 3 – 20/04/24

5 – MPF, DPE/MG, Rede de Apoio e Juíza Federal Retomada Kamakã Mongoió, Brumadinho/MG. “Demarcação, JÁ!”

6 – “Demarcação, JÁ! Daqui não saímos!” Juíza federal na Retomada Kamakã Mongoió, Brumadinho/MG. Vídeo 4

 

[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI, SAB e Ocupações Urbanas; prof. de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH, em Belo Horizonte, MG. Autor de livros e artigos. E “cineasta amador” (videotuber) com mais de 6.000 vídeos de luta por direitos no youtube, canal “Frei Gilvander luta pela terra e por direitos”. E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br      –       www.twitter.com/gilvanderluis        –     Facebook: Gilvander Moreira III

Só as lutas contínuas dos oprimidos asseguram um futuro digno e justo 

Só as lutas contínuas dos oprimidos 

Asseguram um futuro digno e justo 

 

De 90 pra cá houve um recuo

Desde então, nossas forças não avançam

 

Quem se fia em gestão de “frente ampla”

Se limita a viver só de migalhas

 

A Necrófila Direita ganha terreno

Vai minando os espaços democráticos

 

Temerário esperar que tão-somente

O Poder Judiciário estanque  a onda

 

Quando os nossos Movimentos Sociais

Vão, enfim, despertar da letargia?

 

Glória eterna aos valentes lutadores

Nos caminhos das Ligas e lutas camponesas

 

A extrema-Direita quer tirania

Empenhando-se em minar democracia

 

Verdadeiro antídoto da Direita

Retomar o processo formativo

 

Retomar o exercício da Memória

Das conquistas e lutas populares

 

Nossas Ligas e lutas camponesas

Firmes, fortes, celebram suas conquistas

 

Não bastasse a Bolívia, vem o Brasil

A ser alvo do golpista Elon Musk

 

Com Cedilha ou dois “S”, urge cassar

Plutocratas golpista, arrogantes

 

De 90 pra cá houve um descenso

Desde então, entram em cena as frentes amplas

 

Quem se fixa em gestão de Frente Ampla

Se limita ao “menu” da burguesia

 

Nossas ligas e lutas camponesas

Firmes e fortes em nosso memorial

 

Liberdade de expressão não autoriza

Atacar as pessoas, caluniá-las

 

Liberdade de expressão no Ocidente

Nunca foi, e nem é absoluta

 

O artigo de Brian é convincente,

Parcial é o juízo do Império

https://www.brasil247.com/blog/debater-a-liberdade-de-expressao-hoje-e-uma-cortina-de-fumaca-orquestrada-pela-extrema-direita#google_vignette

 

E no caso Elon Musk fica evidente

Ele quer ofender a soberania

 

Lei do Teto de Gastos só favorece

Os setores das classes dominantes

 

Penaliza a pobreza ao proibir que

Se invista em Políticas Essenciais

 

Favorece os setores financistas:

Obrigando pagar juros da dívida

 

Pretextando liberdade de expressão

A direita ataca o Judiciário

 

Grande farsa: no poder nos imporia

A censura, a prisão, a ditadura

 

Sem qualquer referência, desfaz-se a Ética

A mentira equipara-se à verdade

A Extrema Direita assim procede

Haja vista o que diz Michael Shellenberger

Os fascistas se queixam contra a censura

Mas, combatem a ciência, as evidências

Mais e mais, cai a máscara do Império

No apoio incansável ao Sionismo

Sionismo só reúne tanta força

Com o suporte militar do Ocidente.

São os jovens, outra vez, que se insurgem

A clamarem a favor dos Palestinos

Até mesmo, ao interno do Império

Estudantes, as centenas, levantam a voz

Outro exemplo a nutrir nossa esperança:

Mil pessoas, acodem os Palestinos

Veja bem a “Flotilha da Liberdade”

Transportando alimento à Palestina

https://freedomflotilla.org/

Movimento no campo e na cidade

Continuam semeando coisas novas.

João Pessoa, 01 de Maio de 2024

 

Força e coragem aos Trabalhadores e Trabalhadoras de todo o mundo!

Foto: Sindipetro Bahia

Leitura

Identificação. Acolhimento. Isto é sobretudo o que busco na leitura. Provavelmente mais acolhimento do que qualquer outra coisa. Ter um lugar aonde ir.

Um lugar onde você pode estar à vontade, sem ter que se defender ou atacar, sem necessidade de representar um papel. Aliás, o papel de leitor é talvez o mais prazeroso já que nos permite ser parte e fazer parte mediante um esforço mínimo, o de abrir um livro.

Escritor/escritora e leitor formam então uma parceria. Um dar as mãos e fazer juntos/juntas, algo em comum. Um crescimento. Um passo a mais. Um aprendizado nesta jornada imprevisível que é a vida.

Lendo recupero partes minhas que me eram desconhecidas e que apenas reconheço no reflexo, no espelhamento. Encontro respostas para indagações que nem sabia que tinha! Saio de encruzilhadas, resolvo de uma penada, penas pesadas arrastadas por anos.

Ocorreu-me dias atrás ao ler uma crônica da Martha Medeiros, uma das minhas escritoras favoritas. A crônica era sobre Mario Benedetti, o poeta uruguaio. A frase final do escrito diz que, para o poeta, não importa o que não foi, mas sim a direção, o rumo que decidimos manter. Foi como por arte de mágica. Senti um alívio imediato. Por isso leio, continuo a ler.