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E agora? O que fazemos?

Temos mantido uma linha. Escolhido um lado, o lado da luta pela justiça, contra a exclusão social. A favor da integração social e da libertação da pessoa.

O fortalecimento das comunidades, diante do poder que se impõe desde as esferas da concentração de privilégios.

Isto têm nos feito agir em prol da defesa do estado de direito, nestes longos e árduos anos em que a delinquência política, econômica, midiática e social assumiram ares de monopólio exclusivo da cena pública e privada.

A impunidade diante das gravíssimas violações dos Direitos Humanos cometidas durante o desgoverno que acabou de se retirar da cena, embora o seu veneno e perversidade continuem a machucar um país seriamente golpeado.

A quebra do tecido social pela mentira, a calúnia e a difamação. Os ataques aos direitos sociais pelo golpe de estado de 2016 e pela gestão neonazista agora finda.

Tudo isto têm nos mantido numa trincheira alinhada com os movimentos sociais, as instituições que zelam pela vida, a imprensa éticamente correta.

E agora?

É outro tempo. Tempo de colher e de seguir semeando. Semeando confiança nas pessoas e na cidadania que sabe do valor do trabalho.

Refazer a arte de viver. Que seja mais do que mera sobrevivência. Paciência e perseverança. Estamos aí.

Junte-se a nós. Toda colaboração é bem-vinda. Faça ouvir a sua voz. Some com a humanização que renasce.

Consciência, libertação, prática

São palavras muito usadas. Do que se trata, no entanto?

Se trata menos de mudar o mundo

Do que de eu me ter de volta

Eu ser quem sou

Grupos ou multidões dizendo querer mudar o mundo

As estruturas, o que quer que seja

Não necessariamente estão animados por anseios libertadores

Libertação é ser eu quem sou

Isto não se obtém de outra maneira a não ser

Recuperando a própria identidade

Fazendo o próprio lugar

É uma prática o que nos liberta

São ações

Amor é uma ação, não apenas um sentimento ou palavras

É bom lembrar

Paulo Freire, Karl Marx, Agnes Heller, Padre José Comblin

E muitas outras pessoas perto ou longe

São incentivos, provocações

Para um processo que dura a vida toda

Libertar a mente

Desfazer equívocos a nosso respeito

Construir uma realidade em que possamos realizar todas as nossas potencialidades

É uma prática. São ações interligadas.

Nunca é obra de uma ou muitas elites ou vanguardas

É gente em movimento.

Identidade

Escrevo. Gosto de escrever. Escrevo como quem vêm para o que lhe é próprio. Meu lugar é numa folha em que escrevo e leio, e também no mundo lá fora e aqui dentro. Não me preocupa repetir. Não escrevo para dizer algo novo, necessariamente, mas apenas para estar no meu lugar. Quando estou aqui, passado e presente se juntam, todos os dias se tornam um só.
Tudo que li e vivi e escrevi ficam sendo uma única coisa, uma única substância que sou eu mesmo. Se desfaz a dissociação entre o que faço e o que sou. Sou o que faço. O que faço é isso, vir para a folha, estar na folha.
Fazer aqui meus sonhos reais. Nascer de novo. Ficar belo e radiante. Comunidade que dissolve a distância. A solidão torna-se plena pois aqui estão todos meus seres queridos. Não há frustrações, pois tudo que desejo se torna realidade.
Aqui sou o mago que detêm as guerras e bloqueia a injustiça. Aqui não há impunidade nem imunidade. Apenas humanidade. Humanidade em busca de si mesma, em incessante vai vem, e onde recolho de cada pessoa que encontro, alguma faísca que trago para mim. Perco a vã expectativa de perfeição que me afasta de mim mesmo tanto quanto das demais pessoas. Admiro o arco-íris que espreita no meio das nuvens cinza.