Arquivo da tag: Humanidade

Nunca mais

Tenho a minha visão própria e pessoal sobre a ditadura de Videla, bem como sobre os motivos que a moveram.

Contrariamente a outras versões, tenho a impressão de que o golpe, a ditadura e o genocídio, tinham como único e principal objetivo, cancelar definitivamente a possibilidade de um país civilizado.

A exclusão social, que contraria o projeto de país que deveria nortear a ação de governantes e atores sociais, seria sacralizada pelo genocídio perpetrado pela ditadura de 1976-1983.

Argentina seria assim uma eterna terra de ninguém. Um país sem pátria. Um espaço para a exploração sem lei e contra toda lei.

Videla e a quadrilha que perpetrou a carnificina que enluta até hoje a Argentina, foram condenados pela justiça comum.

A ‘guerra’ dos genocidas foi contra a humanidade. Foram condenados por crimes contra a humanidade.

Um povo foi crucificado e tenta ainda se recuperar das sequelas impostas pelo terror da ultradireita.

“É um compromisso de honra e de vida acabar com a fome nesse país”, diz Lula

O presidente Lula afirmou, nesta terça-feira (5), que “acabar com a fome é prioridade zero no país” e assumiu o compromisso de terminar o mandato com nenhum brasileiro sem ter o que comer. Ele fez a declaração no Palácio do Planalto, durante a primeira reunião plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) de 2024, quando assinou dois decretos conectados a melhorias na promoção da segurança alimentar.

O evento contou com a participação do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família em Combate a Fome, Wellington Dias, da presidenta do Consea, Elisabetta Recine, de outros ministros do governo e demais conselheiros.

Um dos decretos assinados regulamenta o Programa Nacional de Cozinhas Solidárias. O outro trata da regulamentação da nova cesta básica, alinhada a recomendações e princípios dos Guias Alimentares Brasileiros.

Criadas em julho de 2023, por meio da Lei 14.628/2023, as Cozinhas Solidárias surgiram a partir de iniciativas da sociedade civil e de movimentos populares que, especialmente durante a pandemia de Covid-19, se articularam e criaram espaços para preparo e distribuição de refeições, em resposta à realidade da fome que se acentuou ainda mais naquele período. A regulamentação garante a implementação e operacionalização do programa.

O texto aponta iniciativas que passarão a ser atendidas em todo o território nacional e determina modalidades de apoio do governo federal, critérios para participação, princípios, diretrizes e finalidades, sempre com base em critérios de segurança alimentar e nutricional.

Cesta básica

O decreto dispõe sobre a nova composição da cesta básica, alinhada a padrões mais saudáveis de alimentação e nutrição, com a finalidade de garantir o direito humano à alimentação adequada, no âmbito da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e da Política Nacional de Abastecimento Alimentar (clique aqui para saber mais detalhes).

Durante o evento, também foi firmado acordo de cooperação técnica sobre cozinhas solidárias entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família em Combate à Fome (MDS), o Banco do Brasil e a Fundação Banco do Brasil.

Fome e pobreza

No discurso, Lula lamentou que, em um país agrícola como o Brasil, milhões de pessoas não tenham o que comer. Disse que a fome no país não se deve à escassez de alimentos, mas à falta de condições financeiras de grande parte da população para comprar comida, um problema que tem sido enfrentado pelo governo por meio de várias ações voltadas à geração de emprego e renda.

Nós temos todos os instrumentos para acabar com a fome dentro do país”, disse Lula, ao cobrar o empenho dos ministros e dos demais integrantes do Consea para que o país volte a sair do Mapa da Fome da ONU, como ocorreu em 2014, durante o governo da presidenta Dilma Rousseff. Ele também pediu que os ministros reduzam cada vez mais a burocracia para que os objetivos sejam alcançados.

“A gente não tem o direito de desrespeitar as pessoas que passam fome nesse país. Crianças desnutridas não podem esperar. Pessoas que não tomam café e não almoçam não podem esperar. É um compromisso de honra nosso, é um compromisso de fé, é um compromisso de vida a gente acabar com essa maldita doença chamada fome que não deveria existir num país agrícola como o Brasil”, ressaltou o presidente. “Depende de nós, nós temos obrigação”.

Lula disse ainda que o evento no Planalto era muito mais do que a primeira reunião do Consea em 2024. “É a primeira reunião em que a gente está assumindo publicamente o compromisso de que, ao terminar o meu mandato, no dia 31 de dezembro [de 2026], a gente não vai ter mais ninguém passando fome por falta de comida nesse país. Esse é um compromisso que nós temos que cumprir. É importante ter em conta isso. Daqui para frente é muito trabalho e pouca conversa”, enfatizou. “Esta reunião daqui é um chamamento à nossa responsabilidade”.

Avanços

O ministro Wellington Dias destacou os avanços registrados no combate à fome desde a posse de Lula. “A nossa meta é tirar o Brasil do mapa da fome. Avançamos em 23, vamos avançar aceleradamente em 24, e isso é feito com transferência de renda, é feito com complemento alimentar desde o mais potente, que é a rede de alimentação escolar, onde a gente chega já, em 23, com 144 mil escolas, 40 milhões de estudantes que ali são atendidos, mas também a complementação alimentar através de várias áreas”, detalhou.

Dias afirmou ainda que o decreto relacionado às Cozinhas Solidárias é de “grande relevância” e disse que os atos assinados garantirão mais R$ 30 milhões para essa iniciativa. “São 2.400 pontos já cadastrados no governo, garantindo a condição de atendimento daquilo que Lula defende para o Brasil: a segurança alimentar e nutricional”, disse Dias. Ele destacou que, com esse reforço, as Cozinhas solidárias poderão servir mais 1,1 milhão de refeições por mês, numa perspectiva de alcançar 13 milhões.

G20

O titular do MDS também destacou que o governo Lula não se esforça pelo combate à fome apenas no Brasil e citou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa inédita lançada pela presidência brasileira no G20, grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo mais a União Africana e a União Europeia.

Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, ressaltou que o combate à fome é uma das principais marcas dos governos do PT e lamentou que o problema tenha voltado a se agravar após o golpe de 2016. Ele lembrou, inclusive, das cenas de pessoas na fila para comprar osso, durante o governo fascista de Jair Bolsonaro, que chocaram o país.

“Passamos seis anos de retrocesso, e o Brasil voltou a ter pessoas na fila para comprar osso, e seres humanos passando fome. Os dados dizem que 33 milhões de pessoas voltaram a passar fome novamente no Brasil. E precisou o presidente Lula voltar para restabelecer a prioridade desse tema, enfrentar e vamos enfrentar juntos e tirar novamente o Brasil do mapa da fome, essa chaga que assola a nossa história, o nosso povo e a nossa gente”, afirmou.

Ainda durante o evento, a presidenta do Consea, Elisabetta Recine, entregou a Lula o relatório final da 6ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em dezembro, em Brasília. O documento servirá de base para a elaboração do novo Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.

“Presidente, entregar esse relatório diretamente em suas mãos é a confirmação do que nós já sabemos, mas que, em um mundo tão repleto de versões, sempre vale a pena repetir e demonstrar: sim, o Brasil tem o compromisso, não só interno, mas global, de acabar com a fome e com todas as formas de injustiça”, disse a presidenta do Consea.

Ela acrescentou: “Sabemos o quanto esse anúncio pode parecer ingênuo para mentes e corações brutalizados. Mas entre tantos caminhos, esse é o nosso caminho. O Consea continuará exercendo sua razão de existir, que é assessorá-lo, contribuindo, cobrando, monitorando, para que as nossas políticas públicas sejam aprimoradas”.

Fonte: PT

Na África, Lula defende construção da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

11.01.2023 – Presidente Lula durante audiência com Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula e o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, chegam nesta sexta-feira (16) para a África, depois de eventos no Egito. Juntos com uma comitiva brasileira, o governo Lula tem a missão de firmar uma Aliança Global de combate à fome e à miséria, principal proposta do Brasil na presidência do G20.

Reconhecido mundialmente como protagonista na implementação do maior programa social de distribuição de renda, o Bolsa Família, o  governo Lula será recebido na capital da Etiópia, Adis Abeba, sede da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA). A comitiva do país permanece na África para debater a medida até domingo (18).

De acordo com o MDS, a entrada da União Africana (UA) como membro efetivo do G20, na cúpula de Delhi, na Índia, abriu novas possibilidades para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. O bloco reúne as nações da África, com um PIB combinado de cerca de US$ 3 trilhões.

“Os países do G20 aceitaram debater essa Aliança Global e aceitaram que, uma vez lançada essa Aliança, tivesse uma plataforma que permitisse a participação de outros países, não apenas os do G20”, afirmou Wellington Dias.

 

A incorporação da UA também está alinhada à meta de reestruturação da governança global proposta pelo Brasil na presidência do G20.

“Este momento dá ao Brasil a oportunidade de colocar no centro da agenda a erradicação da fome, a diminuição da pobreza e da desigualdade, aliadas à preservação do meio ambiente e à uma nova governança global”, afirmou o ministro.

 

Combate à fome

Prioridade do governo Lula, a ideia de formar uma Aliança Global de combate à fome e à miséria começou a ser trabalhada quando o Brasil assumiu a chefia do G20, grupo que reúne as maiores economias do planeta.

O MDS ressalta que a proposta é oferecer uma cesta de experiências exitosas de diversos países a outras nações que queiram adaptar e implementar estas políticas públicas em seus territórios.

Os mecanismos de financiamento e governança serão discutidos ao longo do ano e apresentados aos Chefes de Estado e Governo na Cúpula do G20, marcada para novembro, no Rio de Janeiro, quando deve ser pactuada a Aliança Global.

Ouça o boletim da Rádio PT:

Fonte: PT, com informações do MDS

Obra publicada pela EDUEPB sobre a vida de Paulo Freire vence Concurso Internacional de Literatura

Por Severino Lopes

A Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB) obteve mais uma importante conquista. O livro “Paulo Freire: uma biografia em quadrinhos”, da escritora e historiadora paraibana Thuca Kércia Morais e do ilustrador Américo Filho, venceu o Concurso Internacional de Literatura 2023, promovido pela União Brasileira de Escritores, no Rio de Janeiro. A obra venceu o Prêmio Ziraldo, na categoria HQ.

Com foco na trajetória de vida da maior figura do pensamento sociopolítico e educacional brasileiro, a obra foi publicada em 2022 e fez parte do “Projeto Editorial 100 anos de Paulo Freire”, uma parceria da Editora da Universidade Estadual da Paraíba com a Editora A União. Esta foi a segunda conquista do projeto de comemoração do centenário de Paulo Freire lançado pela EDUEPB.

A editora já havia vencido o 8º Prêmio ABEU 2022, um dos maiores prêmios da literatura nacional e o maior prêmio do livro universitário do país. A conquista veio com a trilogia “Cartas a Paulo Freire: escritas por quem ousa esperançar”, enaltecendo a trajetória e o legado do educador e filósofo que revolucionou a educação. A EDUEPB venceu na categoria Ciências Humanas.

O diretor da EDUEPB, professor Cidoval Morais, comemorou mais esse objetivo. Ele classificou o prêmio como uma grande conquista editorial, fruto de uma aposta da editora no talento da professora Thuca Kércia e do ilustrador Américo Filho. “Para a EDUEPB, o prêmio Ziraldo, na categoria HQ, representa uma grande conquista editorial. Foi uma aposta, de um lado, no talento, na criatividade de uma professora ousada e de um ilustrador competente e paciente que foi Américo Filho. E de outro, num projeto, que continua em curso, de reafirmar Paulo Freire e sua obra”, comemorou

Cidoval lembrou que o livro foi produzido e publicado no contexto de um período crítico para a vida política, social e cultural do país, e fez parte do projeto da editora que comemorou o centenário do educador. “Ela integra os produtos do projeto de comemoração do centenário de Paulo Freire, que foi em 2021 e que também já teve uma premiação importante da literatura acadêmica, que foi o Prêmio Paulo Freire com a trilogia Cartas a Paulo Freire”, lembrou.

A historiadora paraibana Thuca Kércia Morais também comemorou a conquista. Ela ressaltou que a União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro é uma das mais tradicionais instituições da Literatura do Brasil. “Este concurso já está com várias edições, a cada ano ampliando as categorias e homenageando escritores reconhecidos. Eu me inscrevi na categoria HQ, que leva o nome de Ziraldo. A seleção é referente a 2023, e eles aceitavam livros do Último triênio, meu livro é de 2022”, contou.

“Paulo Freire: uma Biografia em Quadrinhos” é fruto de diversas leituras sobre a vida e a obra de Freire, e também de um desejo da autora de não deixar apagar a chama do prazer pelo conhecimento que esse grande educador fez e faz surgir entre aqueles que ele tocou.

A obra faz uma incursão pessoal pela trajetória de Freire, desde a sua infância no Recife, até desembocar no brilhantismo de seu legado que o consolidou como patrono da educação brasileira, iniciada desde a graduação da autora em História. “Uma Biografia em Quadrinhos” é fruto de diversas leituras sobre a vida e a obra do nordestino que marcou o seu nome na história por defender uma educação inclusiva e libertadora. O livro demonstra um Paulo Freire menino, nordestino, de origem simples, e que teve sonhos, brincou, sofreu e estudou.

Fonte: Universidade Estadual da Paraíba

(26 de janeiro de 2024)

Balanço

A título de balanço

Redemocratização do Brasil

Restabelecimento da normalidade institucional

Nada tão valioso quanto isto

Anos luz do apagamento das fronteiras do humano

A desumanidade decompõe a existência

Sejam estas breves palavras um reconhecimento do valor do mais alto dos valores

A vida.

Assentamento de Capim de Cheiro: 50 anos de lutas, resistências e conquistas

Assim como sói acontecer em relação a outros anos, também 2023 tem concentrado uma gama de efemérides relevantes. Por exemplo, no plano eclesial, não devemos esquecer a celebração, em 1º de maio, de 50 anos do manifesto  intitulado “Eu ouvi os clamores do meu povo”, firmado por 11 Bispos do Nordeste (Dom Hélder Câmara, Dom Antônio Batista Fragoso, Dom José Maria Pires, Dom Francisco Austregésilo Mesquita, Dom Severino Mariano de Aguiar, entre outros) e 8 superiores religiosos da mesma região. Sobre ele, já tivemos oportunidade de rememorar seus traços mais fortes. (Cf. https://textosdealdercalado.blogspot.com/2016/07/eu-ouvi-os-clamores-do-meu-povo-um.html).

 

Nas linhas que seguem, nos limitamos a ressoar aspectos que me pareceram mais relevantes da comemoração de 50 anos das lutas, resistência e conquista da comunidade do Assentamento Capim de Cheiro, no município de Caaporã-PB, realizada no dia 18 próximo passado.Uma das animadoras de referência, Tânia Souza, da Coordenação da CPT, da Arquidiocese da Paraíba, acompanhada da Ir. Verônica (das Irmãs Doroteias), logo cedo pela manhã me ofereceu carona para a comemoração, ao lado de Luiz Sena e Pe. Jean.

 

Ao chegarmos ao Assentamento de Capim de Cheiro, já encontramos montada a estrutura de organização deste dia memorável: uma tenda coberta, cadeiras em linha, brinquedos para crianças, música tocando e diversas pessoas a nos acolherem, alegremente. Enquanto nos sentamos, a conversar com animação, pessoas da equipe local nos convidaram para tomar um café.

 

Por volta das 10 horas, o pessoal da Coordenação do Assentamento – nas pessoas de  Iolanda e  Luis Augusto – deu início à comemoração. Luis Augusto deu as boas-vindas, como membro da Coordenação, anunciando a programação do dia , bem como seus objetivos. Iolanda, por sua vez, convidou Pe. Jean o Presbítero Teofanes e mais duas outras pessoas a tomarem assento à mesa, em frente ao público.

 

Em seguida, retornando a palavra ao Pe. Jean, este deu início ao primeiro momento daquela comemoração: O momento orante, fazendo questão de lembrar que não se tratava nem de uma Missa nem de um Culto, mas de um breve exercício de espiritualidade. Tratou, então, de convidar o Presbítero Teofanes para conduzir uma reflexão sobre aquele momento. Ele, em sua reflexão, inspirou-se inicialmente no Salmo 24. Em seguida, convidando a Equipe de animação a entoar, junto com a comunidade, um canto de louvor antes da leitura do Evangelho, leitura extraída de Lucas 6, 20-26, acerca das bem-aventuranças e das maldições. Convidou o Diácono Alder Júlio a uma breve reflexão sobre a leitura recém-proclamada.

 

A seguir, Iolanda convida João Muniz a cantar o hino da Comunidade, tendo-se acompanhado pela Banda da CPT bem como um cordel preparado por ele, narrando a história dos 50 anos de lutas e resistência daquela comunidade. Foi, então, convidado Gabriel, filho da primeira geração de protagonistas – homens e mulheres – de Capim de Cheiro, a dar seu testemunho desta memória histórica.

 

Gabriel cuidou de recordar o contexto histórico das primeiras lutas travadas pela comunidade. Tratava-se de famílias de agricultores exploradas pelos proprietários de um extenso canavial, cujo território alcançava o Estado vizinho de Pernambuco. Gabriel rememora momentos de conflitos agudos enfrentados por aquelas famílias, fazendo questão de destacar o protagonismo de pessoas como Manoel, “Munguba” , Dona Lourdes entre tantos outros, fazendo questão de destacar a convivência fraterna de pessoas de diferentes religiões (Católicos, protestantes, espíritas, pessoas sem confissão religiosa). Lembra que ainda era criança, quando seu pai, já cansado pela idade, não desistia da luta, mesmo quando Gabriel teve que ir ganhar a vida  em São Paulo. Por insistência do pai, retorna a Capim de Cheiro, com a sua esposa Maria do Carmo, e desde então, se juntaram de novo naquela resistência que culminaria com a conquista da Terra há 30 anos atrás.

 

Ao mesmo tempo, fez questão de sublinhar a contribuição profética que várias pessoas da Arquidiocese da Paraíba, há começar por Dom José Maria Pires, bem como de figuras corajosas como a Irmã Tonny, Irmã Marlene, Frei Hermano José, Frei Anastácio, Tânia, Genaro, Wanderley Caixe, entre tantas outras pessoas.

 

Passou, então, a convidar as pessoas presentes a rezarem a oração universal do Pai Nosso. Dando prosseguimento, Pe.Jean, sempre lembrando a presença e a contribuição decisivas das mulheres daquela Comunidade, desde as origens e de suas resistências convidou os participantes a fazerem seu ofertório, solicitando às mulheres para abençoarem o pão produzido pela Comunidade, que foi por todos partilhado.

Chegou o momento em que Pe. Jean solicita que a sra Maria do Carmo trouxesse seu filhinho bebe, para, sob a canção “Feliz Natal”, dar a bênção final.

 

Encerradas as atividades da manhã, todos foram convidados a saborear uma deliciosa feijoada comunitariamente preparada e partilhada.

 

Após o almoço, a Coordenação convidou todos a tomarem assento na sede  da Associação, para assistirem a um curto documentário registrando  relatos sobre a trajetória de lutas, conquistas e resistências do assentamento Capim de Cheiro. De volta à tenda todos puderam acompanhar as apresentações previstas para a parte da tarde.

 

O sentimento principal de aí vivenciamos foi o da importância de fazer memória dos relevantes acontecimentos protagonizados por mulheres e homens daquela Comunidade apoiados pela CPT e outros parceiros e aliados.

 

João Pessoa, 23 de Dezembro de 2023.

Fonte: https://textosdealdercalado.blogspot.com/2023/12/assentamento-de-capim-de-cheiro-50-anos.html

Capital só produz miséria e morte

Capital só produz miséria e morte

 

Dividiram entre si médio Oriente

Séculos antes, ilharam nossos povos

Das Américas colheram recursos novos

Massacraram, roubaram, impunemente

E assim vêm sofrendo nossas gentes

Seu racismo se faz também no esporte

‘Té na fé, tenta impor, impõe lei – a do mais forte

Importante é manter seus interesses

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

Invenções e saberes milenares

Produzidos por povos tão diversos

Perscrutando os fenômenos do Universo

Europeus os transferem a seus lares

Da autoria se apossam, cavalares

Foi assim que pilharam, os do Norte

Africanos, indígenas, povos fortes

Apostando em que tudo certo desse

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

Grandes guerras modernas, quem alimenta?

Armamentos letais, quem os produz?

Quem venenos espalha, à plena luz?

Essa gente é hipócrita, não é isenta

Pra ganhar lucro fácil, tudo arrebenta

A Amazônia destrói, com boi de corte

Garimpeiros destroçam lugares fortes

São infindos os casos, eis sua messe

Por seus frutos a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

De onde vem o fasci-nazi-sionismo?

E a miséria dos pobres mundo afora?

A Mãe-Terra, os humanos, quem devora?

Um punhado de ricos, já não cismo

Ocidente sempre amplia trágico abismo

Quem desastres produz, de grande porte?

Brumadinho, Mariana, há quem suporte?

É preciso lutar, não basta a prece

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

Quem a crise climática precipita?

Quem massacra africanos, palestinos?

Genocídio em Gaza é cristalino

Sul-global denuncia tal desdita

Expressão de pilhagens vis, malditas

Os demônios, enfim, descem do Norte

Do império provêm, são seus consortes

Desmentindo, sua marca de “finesse”

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

Um milhão de detentos no Brasil

Maioria de pretos, pobres, pardos

Com processos (ou sem), sempre em retardo

Mas, os ricos, espertos, de modos mil

Sempre arranjam quem preste serviço vil

Do real sempre impondo seu recorte

A verdade, sempre há quem a aborte

Pelos atos, nada valem suas preces

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

João Pessoa, 16 de Dezembro de 2023

Ilustração: Pressenza

Papa: a arte cria solidariedade num mundo dividido e devastado pelas guerras

Por Raimundo de Lima

A arte sempre fala à alma. Ela tem o poder de promover o reconhecimento de nossa humanidade comum, de construir pontes entre culturas e povos e de criar o senso de solidariedade de que tanto precisamos em nosso mundo tristemente dividido e devastado pela guerra. A arte regenera o espírito humano, assim como a água regenera o deserto seco e árido: disse o Papa ao receber esta quinta-feira (9) os membros da fundação Benfeitores das Artes dos Museus Vaticanos por ocasião dos seus 40 anos

O Santo Padre recebeu em audiência na manhã desta quinta-feira (9), na Sala Clementina, no Vaticano, os membros da fundação Benfeitores das Artes dos Museus Vaticanos, um grupo de cerca de 300 pessoas, por ocasião de seus 40 anos.

Ao dar-lhes as boas-vindas, Francisco agradeceu-lhes mais uma vez por sua colaboração no importante trabalho de conservação e restauração do patrimônio artístico e cultural dos Museus Vaticanos. O compromisso de vocês, disse o Papa, é um sinal concreto de seu apreço pelo potencial das artes, em suas muitas formas, de abrir mentes e corações para a beleza da criação e para a misteriosa riqueza de nossa vida e vocação humanas.

O trabalho de conservação para o qual vocês contribuem, ao mesmo tempo em que protegem esse precioso legado do passado, também convida as novas gerações a refletir sobre a conexão intrínseca entre arte, história, cultura e fé. Há uma conexão intrínseca entre elas: arte, história, cultura e fé.

A arte sempre fala à alma

O Pontífice lembrou que o objetivo deles como Benfeitores das Artes dos Museus Vaticanos é garantir que os tesouros artísticos das coleções Vaticanas, nos quais se reflete a imensa diversidade de culturas, tradições e expressões criativas que enriquecem o mundo, possam continuar a “inspirar, elevar e revelar” as esperanças e aspirações mais profundas do coração humano.

Francisco frisou, ainda, que a arte, e a arte religiosa em particular, pode levar uma mensagem de misericórdia, compaixão e encorajamento não apenas aos crentes, mas também àqueles que duvidam, que se sentem atordoados, incertos ou talvez sozinhos.

Porque a arte sempre fala à alma. Ela tem o poder de promover o reconhecimento de nossa humanidade comum, de construir pontes entre culturas e povos e de criar o senso de solidariedade de que tanto precisamos em nosso mundo tristemente dividido e devastado pelas guerras. A arte regenera o espírito humano, assim como a água regenera o deserto seco e árido.

Cuidar e preservar o patrimônio inestimável que nos foi confiado

Antes de concluir sua breve saudação, o Papa quis ressaltar que a história de 40 anos da fundação foi inspirada não apenas pelo amor às artes, mas também pela convicção de que cada geração tem a responsabilidade coletiva de cuidar e preservar o patrimônio inestimável que nos foi confiado. Essa consciência deu frutos no importante trabalho de restauração realizado nas últimas quatro décadas e, em particular, durante os anos de lockdown devido à pandemia.

Queridos amigos – disse por fim o Santo Padre –, com esses sentimentos, queridos amigos, renovo meu apreço por seu apoio à missão dos Museus Vaticanos e os encorajo a perseverar nesse louvável esforço.

Os Benfeitores das Artes dos Museus Vaticanos (Patrons of the Art in the Vatican Museums) nasceram em 1983 entre a Califórnia e Nova York. Um ano antes, a Santa Sé havia promovido nos Estados Unidos a exposição itinerante “The Vatican Collections. O papado e a arte”. Uma série de atividades nos Museus Vaticanos celebram estes dias os 40 anos desta benemérita fundação.

Fonte: Vatican News