Arquivo da tag: Desenho

Sol na noite

Arrisco uns rabiscos

Desenho as linhas da minha vida

Idas e vindas

Subidas, descidas

Mar em busca de praia

Sol na noite

Dias que passam

Uns voltam

Devolvo-os pro seu tempo

Fico quieto

Esperando não sei bem o que.

Arte

Manter uma revista no ar é uma arte

Em parte exercida espontânea e livremente

Parte também deliberadamente e com propósito

Abrir espaço para a vida é uma das intenções primordiais

Quem sabe seja a única e principal

O que mais vale a não ser o viver?

Que seja justo e prazeroso

Belo e amoroso

Dizer muito com poucas palavras

Habilitar o exercício cotidiano da confiança e o convívio

Aprender sempre!

 

Seguir em frente

Manter uma revista no ar

Um esforço coletivo

Dia a dia a vida vai e vem

O que é que importa partilhar?

Esperança, esforço coletivo, construção comunitária

Fe em si mesmo, em si mesma

Arte, literatura, poesia, pintura, desenho

Meditação, oração, amizade, família

Potenciar a força resiliente

Seguir em frente

Um horizonte se abriu novamente

Vamos juntos e juntas!

Valores de consciência

Ter um espaço de comunicação disponível é um privilégio

Poder dizer não apenas o que se pensa mas o que se sente

Sentir que a vida volta a ser prioridade neste país

Saber que a educação, a arte e a cultura

Arte e consciência

Leitura e pesquisa

Estudo e trabalho

São pilares da sociedade

Pilares da comunidade

Pilares da família

Pilares da pessoa

Valores inegociáveis

Valores superiores são a vida

A saúde

A humanidade.

Honrar este espaço, quase já 23 anos depois

É celebrar a vida duplamente.

Centramento e foco no amor

Temos tentado manter desde o início desta revista, um espírito construtivo.

Apoiando e promovendo a defesa tanto dos Direitos Humanos, quanto distintas formas de realização da vida humana em plenitude.

Isto significa estimular nas pessoas o desenvolvimento do seu potencial resiliente, o espírito comunitário, que nos leva a privilegiar o que une ao invés do que nos separa e opõe.

Acreditamos que desta maneira estamos colaborando com a preservação e saúde do tecido social, tão seriamente danificado por vários fatores.

Um deles, o discurso do ódio, tão amplamente difundido pelas chamadas “redes sociais”.

Um outro, não menos importante e estreitamente conectado com o anterior, a difusão de atitudes negativas com relação a outros seres humanos, não importa quem sejam.

Um terceiro, a difusão de atitudes negativas com relação à história, à memória, os valores superiores.

Este quadro perverso e adverso está sendo um desafio para pessoas que, como nós, valorizamos os pequenos esforços cotidianos, o dar as mãos, a construção coletiva.

A vida é uma prova contínua. Não somos um movimento de massas nem acreditamos em transformações que dispensem a tomada de decisões e responsabilidades claras e firmes no interior de cada ser humano.

A pandemia, o confinamento, o golpe de estado de 2016 e a instalação do regime autoritário em 2018, têm potenciado a capacidade resiliente de muitas pessoas e comunidades.

A construção de vínculos solidários positivos, a promoção do senso de pertencimento, o acolhimento, a escuta com o coração, a fala desde o coração, são outros tantos recursos positivos que tivemos que desenterrar e reavivar.

Temos plena consciência da brevidade do tempo. Daí a nossa teimosa insistência numa esperança ativa que volte o nosso olhar, nosso sentimento e a nossa ação, para aquilo que não morre. O amor. A fé em nós mesmos e nós mesmas.

A certeza de que não estamos sós, mas que fazemos parte, com tudo que nos rodeia, de uma amorosidade infinita que nos aguarda no fim do caminho, que não é fim, mas recomeço.

A vida bela é uma obra de arte. É a obra de arte por excelência. É um esforço cotidiano centrado e focado no amor, que nos vai dando a pauta do que fazer, por onde ir, o que dizer ou não dizer.

Os anos passam, os dias passam, passam as horas. Uma hora passaremos nós também. Que tenhamos deixado um rastro de amor e consequência.

Só se vive uma vez. A vida não é descartável. É perene. Renova-se constantemente, com tanta mais força quanto maiores os desafios a enfrentar.

Partilhe conosco as suas experiências! Vamos reforçar esta corrente solidária!

 

¿Qué fué lo que cambió con el confinamiento?

¿Qué fué lo que cambió con el confinamiento?

No hago la pregunta genéricamente sino personalmente. ¿Qué es lo que cambió en mi vida a partir del momento en que empecé a quedarme más en casa, limitando los encuentros que anteriormente mantenía en el mundo material, incorporando las normas de seguridad sanitaria (distanciamiento, evitación de aglomeraciones, higiene de manos, uso de máscara)?

No puedo dar respuestas tajantes o definitivas, una vez que el proceso de registro de estos cambios está ocurriendo actualmente. Pero puedo sí compartir las cosas que ya voy viendo. He mejorado mi comunicación verbal. Tengo menos miedo de hablar con la gente.

Me siento más seguro. Acepto más mi propia naturaleza, mis modos de ser. Tengo noción más clara de que no necesito estar agradando permanentemente ni atendiendo expectativas ajenas. He vuelto a dibujar y esto es algo que tiene un valor inestimable para mí. Los dibujos van viniendo y son una compañía permanente, antigua y buena.

Me tranquiliza ir modificándolos sin ninguna expectativa, sólo por placer, viendo lo que va apareciendo. He retomado lecturas preciosas, tanto de literatura como de obras de religiosidad. El presente está más presente. Hay más presente, menos pasado. Y el pasado se resignifica en el diálogo y en la escucha.

La presencia de las personas es aún más valiosa y más impactante. Siento un poco de pena de no poder estar más a gusto en medio de la gente debido a las normas de seguridad. Pero recuerdo que esto ahora es a favor de la vida. Y que la vida frecuentemente impone cambos drásticos en la cotidianidad.

Esto ya me ocurrió muchas veces. Al cambiar de ciudad, de barrio, de empleo, de escuela, de amistades, de país. Algo permanece. Algo se fortalece. Algo se aclara más. Es la simplicidad y la continuidad. La sensación de que floreció una vida a lo largo de toda una secuencia de movimientos y acciones.

Y la sensación de pertenecer a una comunidad en movimiento en la cual soy aceptado como soy y crezco. Soy útil y me nutro de afinidades y diferencias complementarias. La fe se ha hecho algo más concreto. La identidad propia se configura como algo también más preciso y entrelazado.

La esperanza es cada vez más un piso firme bajo mis pies. La secuencia de los días es una sensación de inclusión en algo maravilloso que está más allá de lo que puedo expresar.

Companhia

Às vezes coloco os materiais de pintura e de desenho na mesa da sala, sem saber ao certo se irei pintar ou desenhar. Não preciso me obrigar a isto. Mas faço esta ação, levo as caixas com cores, aquarelas, lápis, pastéis, como uma espécie de presente para mim mesmo. Como um agrado para mim mesmo.

Desfruto deste ato de pegar a caixa de cores e os papéis, e levá-los para a mesa da sala. Ponho uns vidros com água. Pode ser que pinte ou não. Pode ser que desenhe ou não. Mas sei que eles estão aí. Cores e lápis, pincéis e borracha.

E neste saber que estes materiais estão ali, algo em mim se satisfaz. Alguma parte minha, muito sutil, que já se espalhou em papéis em outros momentos, volta a tona. A pessoa é algo muito tênue. Não se completa apenas no fazer, por muito importante que o fazer possa ser.

Há uma outra satisfação, tão ou mais importante, que é a desta espécie de expectativa, de espera, de contemplação, de possibilidade à espreita do que possa vir. Hoje, por exemplo, me dei este prazer. Os materiais estão lá na mesa, como aguardando.

Isto me lembra das pinturas que fiz ontem, ou que vieram ao papel em dias anteriores. O dia está chuvoso. Pode ser que pinte ou não, que desenhe ou não, mas estou em boa companhia.

Quando vem as cores

O chamado da cor. Quando as cores chamam, eu atendo. Atender o chamado das cores, é ir para um mundo silencioso, quieto, mas muito vivo. Um mundo de sentimento e memória. Esses dias atrás, tenho me recolhido a esta sensação, que vem quando fico em volta das cores. Dos papéis e pincéis. Das aquarelas e dos vidros com água. Um desses dias, fiquei a olhar os lápis de cor. Via o amarelo, o vermelho, o azul, o verde, o laranja. Sentia as cores, mais do que apenas as via. Esta sensação me dava uma paz muito grande. Botei um pouco de água em uma das folhas de papel, e vi a água sendo absorvida.

Passei um verde e fui desenhando alguns traços, como se fosse uma pradaria, ou um mar. Acabou sendo um mar. Mas não me importava muito o que era, ou o que seria, e sim, o que estava sendo, e o que eu ia sentindo, ao ver o verde se espalhar, cobrir a folha, ocupar espaço. Depois pintei umas nuvens no céu, um azul celeste claro  que ia se misturando com a água. Foi como se estivesse vendo todas as nuvens que vi na minha vida. Todos os céus que já vi na minha vida. O mar ficou encrespado e depois coberto de preto. Risquei a superfície, e apareceram linhas claras, mostrando a cor de baixo. Ficou lindo, em movimento. Não era algo que eu tivesse planejado, projetado.

Não sabia o que iria desenhar ou pintar. Foi vindo, e eu curtindo esse vir das cores. Esse meu vir nas cores. Fiz um outro quadrinho, ou fui instrumento da sua feitura. Uma espécie de sol, laranja, vermelho e amarelo, muito tênue. Do mesmo modo. As cores do fundo, foram se misturando com as da base, criando como flores lilases ou roxas. Umas rosas não planejadas, que iam se formando ao sabor do movimento que misturava cores do céu e da terra ou da água. Não sabia o que era, apenas sentia a beleza das florezinhas que iam se formando. Quando vem as cores, um silêncio vem junto, um silêncio que te acolhe.

Escribiendo

Pensaba sobre el escribir y el pintar, el dibujar. El poetizar, en general. El mundo literario y poético. Ayer estuviste en el cementerio, en el entierro de Mayra. En un momento, mientras ibas hacia el lugar donde sería enterrado su cuerpo, miraste unas pozas de agua que se habían formado sobre los adoquines en el estacionamiento. Mirabas el agua translúcida, transparente, que estaba llenando los huecos de las piedras grises.

En ese momento, supiste que si esa imagen se quedara en ti del todo, o si vos fueras esa imagen, tan bella y tan pequeña, tan perdida en el dolor de esa tarde de lluvia en que se lloraba la partida de la joven Mayra, te eternizarías, no morirías. Lo sentiste como una certeza, y esto ya no es nuevo en tu vida. Sabes que mucha gente ha buscado la inmortalidad, y el escritor y el poeta, el artista, la encuentran fundiéndose en lo bello. La partida de esta chica te trajera otra vez los colores.

Te pusiste con el bloc de hojas de papel telado que compraste en Paris, en la mesita de vidrio del balcón del departamento, y dejaste que los colores fueran encontrando sus lugares en la hoja. Sentías los colores como cuando eras chico. El amarillo, el rojo, el anaranjado que después pondrías en unas nubes, que fueron el segundo cuadrito. El verde, del que hicieras hojas y tallos de las flores para Mayra. Mayra. Mayra se fue. Ayer la enterraron y hoy sus flores y su recuerdo embalsaman esta casa. Son tres pequeñas flores que adornan el espacio que se ve cuando se entra al deparamento, un cuadrito tan pequeño que talvez ni siquiera algunos lo perciban. Pero esas flores tan chiquitas, son como que un regalo, un regalo de Mayra para tí, que se fue y se quedó.

Esta aqui. Estarán aquí para vos, Mayra, las flores que trajiste. Hoy pensabas en el escribir. El escribir de Cortázar, de Borges, de Fernando Pessoa, de Saramago, Vargas Llosa, García Marquez, León Felipe, Machado de Assis, Lovecraft y Bradbury. Es un rosario infinito. Los constructores del alma del mundo.