Identificação. Acolhimento. Isto é sobretudo o que busco na leitura. Provavelmente mais acolhimento do que qualquer outra coisa. Ter um lugar aonde ir.
Um lugar onde você pode estar à vontade, sem ter que se defender ou atacar, sem necessidade de representar um papel. Aliás, o papel de leitor é talvez o mais prazeroso já que nos permite ser parte e fazer parte mediante um esforço mínimo, o de abrir um livro.
Escritor/escritora e leitor formam então uma parceria. Um dar as mãos e fazer juntos/juntas, algo em comum. Um crescimento. Um passo a mais. Um aprendizado nesta jornada imprevisível que é a vida.
Lendo recupero partes minhas que me eram desconhecidas e que apenas reconheço no reflexo, no espelhamento. Encontro respostas para indagações que nem sabia que tinha! Saio de encruzilhadas, resolvo de uma penada, penas pesadas arrastadas por anos.
Ocorreu-me dias atrás ao ler uma crônica da Martha Medeiros, uma das minhas escritoras favoritas. A crônica era sobre Mario Benedetti, o poeta uruguaio. A frase final do escrito diz que, para o poeta, não importa o que não foi, mas sim a direção, o rumo que decidimos manter. Foi como por arte de mágica. Senti um alívio imediato. Por isso leio, continuo a ler.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/
Dois breves textos, um de Julio Cortázar (“Gardel,” in: Valise de cronópio) e um poema de Lya Luft (“Desatino”, in A casa inventada) me trouxeram um efeito salutar que quero compartilhar com as nossas leitoras e leitores.
Recuperei alegria, energia e ânimo. Palavras certeiras. A vida em primeiro plano. A vida vivida. O cotidiano. Morte, família, sonhos. Cultura. Tudo numas poucas páginas.
Quanta riqueza! Me admira como a vida toca no imediato, se nos deixarmos tocar. Uma respiração, uma conversa atenta, um diálogo sincero. Tudo pode ser uma porta aberta para a surpresa que renova.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/
Dois livros, dois autores, ou três, me chamam a atenção nesta manhã.
Machado de Assis, in “Memórias póstumas de Brás Cubas,” e Rubem Alves, in “Ostra feliz não faz pérola”.
O terceiro, Edgar Allan Poe, no “O princípio poético” me ajudou a compreender o que eu via.
Escrever não deve ser diferente de viver. Viver, sendo um ato complexo e integrado, há de ser também uma integração, uma junção de partes que recompõem o real.
Em um dos capítulos do belo livro “O Infinito num Junco”, de Irene Vallejo, a autora cita o filme “Asas do Desejo”, de Wim Wenders, que tem como personagens principais anjos que possuem o dom de ouvir os pensamentos das pessoas.
Em certo momento, eles entram em uma biblioteca e começam a ouvir as frases lidas pelos frequentadores dentro de suas cabeças.
Irene utiliza a cena para lembrar que, desde os primeiros séculos da escrita até a Idade Média, a norma sempre foi ler em voz alta, para nós mesmos ou para outros.
Um texto escrito era como uma partitura muito básica. Por isso, as palavras apareciam, uma atrás de outra, numa cadeia contínua sem separações nem sinais de pontuação, diz a autora. Era preciso pronunciá-las para entendê-las.
Eram frequentes as leituras em público e os relatos que agradavam, andavam de boca em boca. Desse modo, diz Irene:
…os leitores antigos não tinham a liberdade da qual você desfruta para ler à sua vontade as ideias ou as fantasias escritas nos textos, para parar, para pensar ou para sonhar acordado quando lhe apetece, para escolher e ocultar o que escolhe, para interromper ou abandonar, para criar os seus próprios universos. Esta liberdade individual, a sua, é uma conquista do pensamento independente face ao pensamento tutelado, e foi conseguida passo a passo ao longo do tempo.
Você é um tipo de leitor muito especial e descende de uma genealogia de inovadores, afirma a autora. Este diálogo silencioso, livre e secreto, é uma invenção surpreendente, conclui ela, em grande estilo.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/
Em quase dez anos de pontificado, Francisco falou várias vezes sobre a alegria e agora será lançado o livro “La gioia” (A Alegria) que reúne vários pensamentos seus sobre o assunto. A introdução é de Mons. Dario Edoardo Viganò, que explica o significado desta atitude para os cristãos: “Não simples otimismo, mas sim a capacidade de olhar a história através do olhar de Deus”
“A alegria dos fiéis não é ingenuidade ou incapacidade de ver os problemas da história”. Mons. Dario Edoardo Viganò, vice-chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e das Ciências Sociais, ilustra assim o livro intitulado “A Alegria”, no qual escreveu a introdução. Um texto desejado pelo Papa, que reúne textos nos quais falou sobre este tema – extraído de encíclicas, homilias, discursos e mensagens – com o objetivo de dar ao leitor a oportunidade de embarcar no seu próprio caminho pessoal. “Não é um livro que se lê da primeira à última página, mas pode ser lido de forma desordenada”, explica Viganò. Na verdade, continua, “são textos que, especialmente neste momento de palavras gritadas, notícias terríveis e mortes, permitem alargar o coração, erguer o olhar e reapropriar-se da experiência de ser cristão”.
A alegria do vinho
“A Igreja é uma experiência de povo que vive a alegria”, esclarece o religioso, convidando-nos a refletir sobre a experiência das Bodas de Caná. A história do primeiro milagre de Jesus tem como ponto central o casamento, no qual, entretanto, falta um elemento importante, o vinho, que é um sinal de alegria. “Os jarros de purificação estão vazios”, sublinha o Viganò. E este é o símbolo de uma relação de amor agora consumada entre Deus e seu povo. Nem mesmo a lei e a purificação podem restaurar a paixão dessa relação. “É por isso que Jesus não está presente, mas é convidado”, continua. “De fato, é Cristo quem traz o vinho novo, sancionando assim uma aliança nova, eterna, última e definitiva”. Uma aliança que nasce neste primeiro grande milagre do vinho, ou seja, da alegria. É por isso que para Viganò “a Igreja é um povo de homens e mulheres que não vivem sob a Lei, mas que vivem na alegria de serem filhos e filhas de Deus”.
A alegria de viver do jeito de Deus
O dom do batismo nos permite receber a vida de Deus, tornando-nos assim filhos no seu filho Jesus. E isto nos torna capazes de viver as relações, em relação ao mundo ou a criação, no modo do Senhor. “Portanto a prioridade”, afirma, “não é o eu, mas sobretudo o outro, assim como é para Deus, cuja prioridade sempre foi o filho”. Ao contrário do que acontece com o ladrão crucificado no Calvário, que naquela ocasião diz a Jesus: ‘Se és realmente o Filho de Deus, salva-te a ti mesmo, e depois me salve também’. “Se não se vive a filiação em Deus”, continua Viganò, “os relacionamentos só serão instrumentais e funcionais, enquanto viver a alegria significa sentir a urgência de viver no modo de Deus”.
A estrutura narrativa
Para facilitar a leitura, o livro foi dividido em três áreas temáticas, ou melhor, em ‘três percursos de aproximação à alegria’, que são delineados a partir de três verbos: ‘ser’, ou seja, a identificação da alegria entendida como uma atitude pessoal e espiritual; ‘compartilhar’, que é a alegria no compromisso e na amizade social; ‘testemunhar’, que é a alegria de viver no modo de Deus. “Ler este livro”, assinala ainda, “é como caminhar nas páginas, da mesma forma que os discípulos de Emaús”. Nesta passagem do Evangelho, os discípulos só reconhecem Jesus ao partir o pão, mas se perguntam: ‘Será que ele não chega ao nosso coração enquanto conversa conosco?’ “O Espírito Santo”, conclui, “prepara o homem e a mulher para reconhecer o Senhor no ato de compartilhar o pão, mas ele trabalha antes disso, também quando estamos caminhando com uma pessoa que é desconhecida”.