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Papa no Angelus: mostrar a luz verdadeira, que é Jesus, com o testemunho de vida

João Batista nos ensina pelo menos duas coisas, disse Francisco: Primeiro, que não podemos salvar-nos sozinhos: somente em Deus encontramos a luz da vida. Segundo, que cada um de nós, com o serviço, a coerência, a humildade, com o testemunho de vida – sempre com a graça de Deus – pode ser uma lâmpada que brilha e ajudar os outros a encontrar o caminho para encontrar Jesus”.

Com o testemunho de vida, sabedores de que só em Deus encontramos a luz da vida, podemos ser uma lâmpada para os outros, ajudando-os a encontrar o caminho que leva a Jesus.

Em síntese foi o que disse o Papa na sua alocução antes de rezar o Angelus neste III Domingo do Advento, chamado de Domingo Gaudete, quando a Liturgia nos convida a um testemunho cristão feliz e alegre. E a inspiração de Francisco, foi precisamente a missão e o testemunho de João Batista, conforme narrado no Evangelho de João (Jo 1,6-8.19-28): “Reflitamos sobre isso: testemunhar a luz.”

Dirigindo-se aos milhares de fiés e turistas reunidos na Praça São Pedro para o tradicional encontro dominical, o Papa começa explicando que “o Batista é certamente um homem extraordinário. As pessoas acorrem para ouvi-lo, atraídas pelo seu modo de ser, coerente e sincero”:

O seu testemunho passa pela franqueza da sua linguagem, a honestidade do comportamento, a austeridade de vida. Tudo isso o diferencia de outros personagens famosos e poderosos da época, que contrariamente, investiam muito na aparência. Pessoas como ele, retas, livres e corajosas, são figuras luminosas e fascinantes: estimulam-nos a elevar-nos da mediocridade e a ser, por sua vez, bons modelos de vida para os outros.

O Senhor – observou o Santo Padre – “envia homens e mulheres deste tipo em todas as épocas”. E pergunta: “Sabemos reconhecê-los? Procuramos aprender de seu testemunho, também questionando-nos? Ou nos deixamos encantar por personagens da moda? João é luminoso enquanto testemunha a luz. Mas, qual é a sua luz?”:

Ele mesmo nos responde quando diz claramente às multidões que foram ouvi-lo de não ser ele a luz, de não ser ele o Messias. A luz é Jesus, o Cordeiro de Deus, “Deus que salva”. Somente Ele redime, liberta, cura e ilumina. Por isso João é uma “voz” que acompanha os irmãos à Palavra; serve, sem buscar honras e protagonismos: é uma lâmpada, enquanto a luz é Cristo vivo.

Francisco então, enfatiza que “o exemplo de João Batista nos ensina pelo menos duas coisas”:

Primeiro, que não podemos salvar-nos sozinhos: somente em Deus encontramos a luz da vida. Segundo, que cada um de nós, com o serviço, a coerência, a humildade, com o testemunho de vida – sempre com a graça de Deus – pode ser uma lâmpada que brilha e ajudar os outros a encontrar o caminho para encontrar Jesus.

Então, propõe que nos perguntemos:

Como posso, nos ambientes em que vivo, não num dia distante, mas já agora, neste Natal, ser testemunha de luz, testemunha de Cristo? 

Que Maria, espelho de santidade – disse ao concluir – nos ajude a ser homens e mulheres que refletem Jesus, luz que vem ao mundo.

Fonte: Vatican News

Grupo de estudos: Teologias da Libertação

Convidamos para este encontro formativo e informativo com a participação dos professores Alder Júlio Ferreira Calado e Romero Venâncio.

As pessoas interessadas podem nos contatar pelo whatsapp ou e-mail indicados nesta ilustração, para receber o link do Meet.

O encontro é sempre às sextas-feiras às 19 hs.

50 anos de Teologias da Libertação

O grupo Kairós-Nós Também Somos Igreja, promove encontros de leitura e discussão de obras de Teologia da Libertação.

A exposição estar á a acrgo de Alder Júlio Ferreira Calado, sociólogo e educador popular.

Dia 10 de novembro de 2003

Hora: 19 hs.

Acesse este link para entrar no grupo de discussão: https://chat.whatsapp.com/DBev5rPx9D5FmH47t5NkSV

Dimensão política na obra de José Comblin

O grupo Kairós-Nós Também Somos Igreja, promove debates como parte da sua atividade de formação permanente.

Assista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=CM5iHW2sZxc

O sacerdote e missionário José Comblin deixou uma herança viva que anima e promove a construção do reino de Deus.

Foto: Padre José Comblin

Francisco aos jovens: cuidar da economia da terra para ter um mundo de irmãos

Por Mariangela Jaguraba

Na mensagem aos jovens que participam do IV Encontro anual da Economia de Francisco, em Assis, o Papa pede-lhes para que se comprometam com um sistema econômico que cuide da Casa comum e que ofereça espaço a todos, especialmente os pobres: a exploração dos povos privados de seus recursos é “uma perversão da economia”.

Teve início, nesta sexta-feira (06/10), o IV Encontro anual da Economia de Francisco (EoF), comunidade que reúne jovens economistas e empresários de todo o mundo. O encontro, que prossegue até dia 8, se realiza on-line e também presencialmente do Santuário da Espoliação, em Assis.

Para a ocasião, o Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes, manifestando satisfação pelo trabalho de “reanimar a economia” que segue adiante dando frutos, com entusiasmo e dedicação.

Economia, local de inclusão e cooperação

“Queridos jovens, toda teoria é parcial, limitada, não pode pretender fechar ou resolver completamente os opostos”, escreve o Papa, ressaltando que “grande e pequeno, pobreza e riqueza e muitos outros opostos também existem na economia”. De acordo com Francisco, “a economia são as barracas do mercado, bem como os centros das finanças internacionais. Existe a economia concreta feita de rostos, olhares, pessoas, de pequenas barracas e empresas, e existe a economia tão grande que parece abstrata das multinacionais, dos Estados, dos bancos, dos fundos de investimento. Existe a economia do dinheiro, dos bônus e dos salários altíssimos ao lado de uma economia do cuidado, das relações humanas, dos salários muito baixos para viver bem”.

“Onde está a coincidência entre esses opostos?”, pergunta o Papa. “Ela se encontra na natureza autêntica da economia: ser um local de inclusão e cooperação, geração contínua de valor a ser criado e colocado em círculo com os outros. O pequeno precisa do grande, o concreto do abstrato, o contrato do dom, a pobreza da riqueza partilhada”, ressalta.

A economia que mata não é economia

Segundo o Pontífice, “há oposições que não geram harmonia alguma. A economia que mata não coincide com uma economia que faz viver; a economia de enormes riquezas para poucos não se harmoniza internamente com os muitos pobres que não têm como viver; o comércio gigantesco de armas nunca terá nada em comum com a economia da paz; a economia que polui e destrói o planeta não encontra síntese com aquela que o respeita e preserva”.

Na mensagem o Papa diz que “a economia que mata, que exclui, que polui, que produz a guerra, não é economia: outros a chamam de economia, mas é apenas um vazio, uma ausência, é uma doença, uma perversão da própria economia e de sua vocação“. Segundo ele, “as armas produzidas e vendidas para as guerras, os lucros obtidos às custas dos vulneráveis​​e indefesos, como quem abandona a sua terra em busca de um futuro melhor, a exploração dos recursos e dos povos: tudo isto não é economia, não é um bom polo da realidade a ser mantido. É apenas arrogância, violência, é apenas uma estrutura predatória da qual libertar a humanidade”.

Fazer economia significa cuidar da Casa comum

A seguir, o Papa reflete sobre a economia da terra e a economia do caminho. “A economia da terra vem do primeiro significado da palavra economia, o de cuidar da casa. A casa não é apenas o lugar físico onde vivemos, mas é a nossa comunidade, as nossas relações, são as cidades onde vivemos, as nossas raízes. Por extensão, a casa é o mundo inteiro, o único que temos, confiado a todos nós. Pelo simples fato de termos nascido, somos chamados a tornar-nos guardiões desta Casa comum e, portanto, irmãos e irmãs de cada habitante da terra. Fazer economia significa cuidar da Casa comum, e isso não será possível se não tivermos olhos treinados para ver o mundo a partir das periferias: o olhar dos excluídos, dos últimos“, escreve Francisco.

A propósito da economia do caminho, o Papa convida “a olhar para a experiência de Jesus e dos primeiros discípulos”. “Uma das formas mais antigas de descrever os cristãos era: “Aqueles do caminho”. Quando Francisco de Assis, tão querido para nós, iniciou a sua revolução econômica apenas em nome do Evangelho, regressou como um mendigo, um andarilho. O caminho dos peregrinos sempre foi arriscado, entrelaçado de confiança e vulnerabilidade.“ “Quem o empreende deve logo reconhecer a sua dependência dos outros, ao longo do caminho: assim, vocês entendem“, escreve  o Papa aos jovens de Economia de Francisco,  “que a economia também é mendicante das outras disciplinas e saberes. Assim como o peregrino sabe que o seu caminho será poeirento, também vocês sabem que o bem comum exige um compromisso que suja as mãos. Só as mãos sujas sabem mudar a terra: a justiça se vive, a caridade se encarna e unidos nos desafios, neles se persevera com coragem. Ser economistas e empresários de “Francisco” hoje significa necessariamente ser mulheres e homens de paz: não se dar paz pela paz.”

Por fim, o Papa diz aos jovens para “não terem medo das tensões e dos conflitos”, mas “a procurar humanizá-los, todos os dias”. “Confio a vocês a tarefa de proteger a casa comum e ter a coragem de caminhar”.

Fonte: Vatican News

Inteligência artificial: tema escolhido pelo Papa para o Dia das Comunicações Sociais 2024

Francisco definiu o tema do 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais que será celebrado em 2024: “é importante orientar os algoritmos, de modo que haja em todos nós uma consciência responsável no uso e no desenvolvimento dessas diferentes formas de comunicação, que acompanham as das redes sociais e da internet”.

“Inteligência artificial e sabedoria do coração: por uma comunicação plenamente humana.” Esse é o tema que o Papa Francisco escolheu para o 58° Dia Mundial das Comunicações Sociais que será celebrado em 2024. O anúncio foi feito pela Sala de Imprensa da Santa nesta sexta-feira (29), destacando que “a evolução dos sistemas de inteligência artificial torna cada vez mais natural a comunicação através e com as máquinas, de tal modo que se tornou cada vez mais difícil distinguir o cálculo do pensamento, a linguagem produzida por uma máquina daquela gerada pelos seres humanos”.

O comunicado ainda salienta que, “como todas as revoluções, também esta baseada na inteligência artificial coloca novos desafios para que as máquinas não contribuam para espalhar um sistema de desinformação em larga escala e não aumentem a solidão daqueles que já estão sós, privando-nos do calor que só a comunicação entre pessoas pode dar”. Enfim, a nota da Sala de Imprensa da Santa Sé é finalizada enaltecendo a importância de se “orientar a inteligência artificial e os algoritmos, de modo que haja em todos nós uma consciência responsável no uso e no desenvolvimento dessas diferentes formas de comunicação, que acompanham as das redes sociais e da internet. A comunicação deve ser orientada para uma vida mais plena da pessoa humana”.

Fonte: Vatican News

O Papa: “Marselha acolhe, é uma mensagem para a Europa”

Por Matteo Bruni

Francisco em diálogo com jornalistas no voo de regresso da França: “As migrações bem conduzidas são um tesouro”. As palavras sobre a eutanásia: “Cuidado com as colonizações ideológicas que arruínam a vida humana”. Ucrânia: “Não devemos brincar com o martírio desse povo”

Boa noite Santidade, boa noite a todos. Obrigado por reservar esse tempo no voo de volta. Foi uma viagem particular, em que pode sentir também, como dizia sua Eminência, todo o afeto dos franceses que foram rezar com o senhor. Mas creio que ainda existem algumas perguntas ou questões que os jornalistas queriam fazer-lhe. Ou o senhor queria nos dizer algumas palavras.

Papa Francisco

Boa noite e muito obrigado pelo seu trabalho. Antes que me esqueça, quero dizer duas coisas. Hoje acredito que seja o último voo do Roberto Bellino porque ele está se aposentando (aplausos). Obrigado obrigado obrigado. A segunda coisa é que hoje é aniversário do Rino, o inefável Rino (aplausos). Existe a claque. Agora, por favor, façam as perguntas.

Raphaelle Schapira (France Televisions)

Santo Padre, boa noite. O senhor começou seu pontificado em Lampedusa, denunciando a indiferença. Dez anos depois, continua pedindo à Europa que demonstre solidariedade. E vem repetindo a mesma mensagem há dez anos. Isso significa que o senhor falhou?

Papa Francisco

Eu diria que não. Eu diria que o progresso tem sido lento. Hoje, há consciência do problema da migração. Há consciência. E também existe a consciência de que o problema chegou a um ponto… como uma batata quente que você não sabe como segurá-la. Angela Merkel disse uma vez que o problema é resolvido indo à África e resolvendo-o na África, elevando o nível dos povos africanos. Mas há casos que são difíceis. Casos muito difíceis. Em que migrantes são enviados como “pingue-pongue”. E sabe-se que muitas vezes eles acabam em “campos de concentração”, acabam em situações piores do que estavam antes. Eu acompanhei a vida de um rapaz, Mahmoud, que estava tentando sair porque precisava, e no final ele se enforcou; ele não suportou essa tortura. Eu já lhes disse para lerem esse livro: Irmãzinho, ou “Hermanito“. As pessoas que retornam são primeiro vendidas. Depois, tiram-lhes dinheiro. Em seguida, obrigam-nas a ligar para a família para enviar mais dinheiro. Mas são pessoas pobres. É uma vida terrível. Ouvi uma pessoa que testemunhou, quando à noite, ao embarcar, viu um navio tão simples, sem segurança, e não quis embarcar. E… “pum pum” (barulho como de tiros). Fim da história. É o reino do terror! Eles sofrem não apenas porque precisam sair, mas porque lá é o reino do terror. Eles são escravos. E não podemos, sem ver a realidade, enviá-los de volta como uma bola de “pingue-pongue”. Não. É por isso que continuo dizendo que, em princípio, os migrantes devem ser bem-vindos, acompanhados, promovidos e integrados. Se você não puder integrá-los em seu país, então acompanhe-os e integre-os em seu próprio país, mas não os deixe nas mãos dessas pessoas cruéis do tráfico de pessoas. O problema com os migrantes é o seguinte: nós os enviamos de volta e eles caem nas mãos desses infelizes que fazem tanta maldade. Eles os vendem, eles os exploram. As pessoas tentam sair. Há alguns grupos que se dedicam a resgatar pessoas com barcos no mar. Convidei um deles para participar od Sínodo, que é o líder da “Mediterranea Saving Humans”. Eles nos contam histórias terríveis. Em minha primeira viagem, como a senhora disse, foi a Lampedusa. As coisas melhoraram. Realmente melhoraram. Há mais conscientização. Naquela época, nós não sabíamos. E também não nos diziam a verdade. Lembro que havia uma recepcionista na Casa Santa Marta, que era etíope, filha de etíopes. E ela estava acompanhando minha viagem pela TV. E durante a minha viagem havia um etíope, um pobre etíope, me explicando a tortura e outras realidades. E o tradutor – ela me disse – dizia mentiras, ele amenizava a situação. É difícil ter confiança. São inúmeros dramas. Naquele dia em que eu estava em Lampedusa me disseram: olhe para aquela mulher, era uma médica. Ela foi para o meio dos cadáveres, olhando os rostos das pessoas, porque estava procurando a filha, que ainda não tinha encontrado. Esses dramas… é bom que os tomemos em nossas mãos. Isso nos tornará mais humanos e, portanto, também mais divinos. É um chamado. Eu gostaria que fosse como um grito. Vamos estar mais atentos. Devemos fazer alguma coisa. A consciência mudou. Realmente mudou. Hoje há mais consciência. Não porque eu tenha me manifestado, mas porque as pessoas perceberam o problema, e muitos estão falando sobre isso. E essa foi minha primeira viagem. Quero dizer mais uma coisa pessoal, eu nem sabia onde ficava Lampedusa, nem isso. Mas ouvi as histórias. Li algo e, em oração, senti que precisava ir até lá. Como se o Senhor estivesse me enviando para lá, em minha primeira viagem.

Clemónt-Melki (AFP)

Boa tarde, Santo Padre. Esta manhã, o senhor encontrou Emmanuel Macron depois de ter expresso o seu desacordo em relação à eutanásia. O governo francês está se preparando para aprovar uma controversa lei sobre o fim da vida. Poderia gentilmente nos dizer o que disse ao presidente francês em relação a isso? E se pensa fazê-lo mudar de ideiaObrigado!

Papa Francisco

Hoje não falamos sobre esse tema, mas falamos sobre isso na outra visita, quando nos encontramos, eu falei claramente. Quando ele veio ao Vaticano. Eu dei o meu parecer claro: com a vida não se brinca, nem no início nem no fim, não se brinca! E não o meu parecer, é custodiar a vida, sabe, porque depois acabará com aquela política de “não dor”, de uma eutanásia humanística. Sobre isso quero repetir, um livro – leiam-no – é de 1903, é um romance. Se chama “O senhor do mundo”, The Lord of the World ou The Lord of the Earth (tem dois títulos), escrito por Robert Benson, o autor, é um escritor futurista [romance de ficção científica distópico escrito por Robert Hugh Benson em 1907 que se centra no reino do Anticristo e no Fim do Mundo – ndr ]. Ele mostra como as coisas serão no final. E são tiradas todas as diferenças, todas, e também são tiradas as dores, tudo, e a eutanásia é uma dessas coisas, a morte doce, a seleção antes do nascimento,  como esse homem havia visto os conflitos atuais. Hoje, estejamos atentos com as colonizações ideológicas, que arruínam a vida humana, porque vão contra a vida humana. Hoje se cancela a vida dos avós, por exemplo, quando a riqueza humana vai no diálogo dos netos com os avós, se cancela, são velhos, não servem. Com a vida não se brinca. Desta vez não falei com o presidente, mas da outra vez sim, quando veio, eu dei o meu parecer, com a vida não se brinca, seja a lei de não deixar que cresça a criança no ventre da mãe, a lei da eutanásia, nas doenças, na velhice. Não digo que é uma coisa de fé, é uma coisa humana, humana, há a má compaixão. A ciência chegou a fazer com que cada doença dolorosa seja menos dolorosa, e a acompanha com tantos remédios. Mas com a vida não se brinca!

MARTÍNEZ BROCAL OGÁYAR Javier – ABC

Santo Padre, obrigado por responde às perguntas, por este tempo que nos dedica nesta viagem muito intensa, densa de conteúdos. Até o último momento o senhor falou da Ucrânia e o cardeal Zuppi acaba de voltar de Pequim. Houve progressos nesta missão? Pelo menos na questão humanitária do regresso das crianças? Depois, uma pergunta um pouco dura: como vive o fato, inclusive pessoalmente, de que esta missão não consegue obter nenhum resultado concreto até agora? O senhor, em uma audiência, falou de frustração. Sente frustração? Obrigado

Papa Francisco

Isto é verdade, um pouco de frustração se sente, porque a Secretaria de Estado está fazendo de tudo para ajudar nisto, também a “missão Zuppi” foi lá, há algo com as crianças que está indo bem, mas me vem em mente que esta guerra vai além do problema russo -ucraniano, mas é para vender armas, o comércio de armas. Dizia um economista alguns meses atrás que hoje os investimentos que dão mais lucro são as fábricas de armas, certamente fábricas de morte! O povo ucraniano é um povo mártir, tem uma história muito martirizada, uma história que faz sofrer, e não é a primeira vez: no tempo de Stalin, sofreu muito, muito, muito, é um povo mártir. Mas nós não devemos brincar com o martírio deste povo, devemos ajudá-los a resolver as coisas no modo mais real possível. Nas guerras, o real é possível, não para fazer ilusões: que amanhã os dois líderes em guerra vão comer juntos, mas até o possível, onde chegaremos para fazer o possível. Agora vi que algum país se retrai, que não dá armas, e começa um processo onde o mártir será o povo ucraniano certamente. E isso é algo ruim!
Você mudou de tema, e por isso gostaria de voltar ao primeiro argumento, à viagem. Marselha é uma civilização de tantas culturas, muitas culturas, é um porto de migrantes. No passado eram migrantes rumo a Cayenne, de lá saiam os condenados à prisão. O arcebispo [de Marselha, ndr] me presentou Manon Lescaut para me lembrar daquela história. Mas Marselha é uma cultura do encontro! Ontem, no encontro com os representantes de várias confissões – convivem islâmicos, judeus, cristãos -, mas existe a convivência, é uma cultura da ajuda. Marselha é um mosaico criativo, é esta cultura da criatividade. Um porto que é uma mensagem à Europa: Marselha acolhe. Acolhe e faz uma síntese sem negar a identidade dos povos. Devemos repensar este problema para outros lugares: a capacidade de acolher. Voltando aos migrantes, são cinco as pequenas cidades que sofrem a presença de muitos migrantes, mas em alguns delas quase não há população, penso num caso concreto que conheço onde moram menos de 20 idosos e nada mais. Por favor, que esses povos façam o esforço para integrar. Precisamos de mão de obra, a Europa necessita. As migrações bem conduzidas são uma riqueza, são uma riqueza. Pensemos nesta política migratória para que seja mais fecunda e nos ajude muito.

Agora tem a janta e também a festa para Rino [Anastasio coordenador da Alitalia-ITA Airways das viagens papais, ndr] e a despedida de Roberto. Vamos parar por aqui. Muito obrigado pelo trabalho de vocês e por suas perguntas.

Confira a coletiva.
Fonte: Vatican News

Papa recebe o prêmio Zilda Arns

Por Thulio Fonseca

Francisco recebeu uma homenagem da Comissão do Idoso da Câmara dos Deputados (CIDOSO), o Prêmio Zilda Arns, em reconhecimento pelo seu notável trabalho em defesa dos anciãos. Os membros da comissão também entregaram ao Papa uma carta destacando a importância da ratificação da Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos.

O encontro do Papa Francisco com a Comissão do Idoso da Câmara dos Deputados (CIDOSO) ocorreu antes da audiência geral desta quarta-feira (20). Durante aproximadamente 30 minutos, o Santo Padre recebeu um grupo de Deputados Federais que fazem parte dessa comissão e vieram ao Vaticano para entregar ao Papa o Prêmio Zilda Arns.

Os membros do parlamento brasileiro, que representam a comissão voltada para os idosos, foram recebidos na antesala da Sala Paulo VI, e puderam apresentar ao Papa os trabalhos que realizam e discutir assuntos relacionados à necessidade de mais respeito pelas pessoas mais simples, o combate às desigualdades e o cuidado com os idosos. O presidente da comissão, o deputado federal Aliel Machado Bark, afirmou que o Pontífice mostrou muito entusiasmo com a visita e refletiu com eles sobre a vida e os desafios do mundo em que vivemos.

Além do presidente Aliel, foram recebidos pelo Santo Padre os demais membros: José Dias de Castro Neto, Reimont Luiz Otoni Santa Bárbara, José Haroldo Figueiredo Campo, Leandre dal Ponte, Flávia Carreiro Albuquerque Morais e Simone Aparecida Curraladas dos Santos.

Prêmio Zilda Arns

O Santo Padre foi homenageado pela CIDOSO com o Prêmio Zilda Arns. A indicação do Papa partiu do presidente da comissão, e a votação para validar a escolha ocorreu no dia 22 de agosto deste ano. A escolha de homenagear Francisco evidencia o trabalho de enorme relevância mundial em defesa dos idosos que o Pontífice realiza.

O prêmio Zilda Arns é uma forma de reconhecimento às pessoas e instituições que contribuíram ou têm contribuído ativamente na defesa dos direitos das pessoas idosas. O prêmio consiste em um diploma de menção honrosa, concedido anualmente a até cinco homenageados. Seu nome homenageia a Dra. Zilda Arns Neumann, médica pediatra que atuou em causas humanitárias e sanitárias, uma das fundadoras da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa. Conselheira no Conselho Nacional de Saúde, Zilda Arns também trabalhou no Ministério da Saúde.

No final do encontro, eles puderam entregar a homenagem ao Santo Padre e também oferecer-lhe presentes que trouxeram do Brasil. O Papa Francisco presenteou os membros da comissão com um rosário, uma medalha pontifícia e o livro sobre a Statio Orbis de 27 de março de 2020, editado pelo LEV.

Foto: O Papa em recebe em audiência os membros da Comissão do Idoso da Câmara dos Deputados

Fonte: Vatican News

Comblin: Teólogo e a nova teologia latino-americana

Neste próximo sábado, dia 23 de setembro, será realizada a jornada de encerramento da XIII Semana Teológica Padre José Comblin.

A jornada terá lugar no mosteiro de São Bento, no centro de João Pessoa, PB.

Convidamos para este momento de evocação da pessoa, ação e obra deste missionário que deixou uma forte marca, aproximando o evangelho das pessoas.

O grupo Kairós-Nós Também Somos Igreja, prossegue nesta obra missionária focada no aparecimento das pessoas esquecidas.