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Terapia Comunitária Integrativa é certificada pelo Banco do Brasil como tecnologia social

A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) acaba de ser certificada como tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil!

Confira a lista completa das tecnologias certificadas neste link: https://transforma.fbb.org.br/tecnologia-social/terapia-comunitaria-integrativa

A TCI é uma prática que promove o bem-estar emocional e o fortalecimento de vínculos comunitários, trazendo benefícios significativos para quem dela participa.

Essa certificação reconhece o impacto positivo que a TCI tem na promoção da saúde mental e na construção de redes de apoio solidárias.

Vamos celebrar essa conquista e continuar promovendo o acesso a essa tecnologia social tão importante para o nosso bem-estar individual e coletivo!

Fonte: ABRATECOM-Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa

 

Terapia Comunitária Integrativa: um movimento humanizador

O encontro on line do dia 20 deste mês, em que os 20 anos da ABRATECOM (Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa) foram comemorados, reativou em mim uma sensação muito preciosa.

O sentido de pertencimento. Creio que isto era o que queria lhes dizer.

As falas ouvidas ressoam em mim, restabelecendo um contentamento interior ao ver a TCI mais uma vez se projetando como uma ferramenta de reconstrução humana.

E ainda mais, este nosso estar no mundo da maneira como o fazemos, atentas e atentos a um viver integrado pautado por valores superiores, fortalece o sentido da minha vida. Obrigado a todos e todas que participaram.

Dia Internacional da Mulher

Dia de reafirmar
a luta junto a mulher,
de justiça e igualdade,
respeito, paz, liberdade
e tudo mais que quiser.
Só depois disso uma rosa,
poesia em vez de prosa
e um jantar à luz de vela.
Com direito a uma dança,
uns goles de esperança
e um beijo de novela.

Martim Assueros
8/3/2024

À minha companheira Graça, às mulheres da família e mulheres de todo o mundo.

Imagem: AFBNB, 06/03/2020

Escrevendo com testemunho de sua vida de missionário itinerante: Notas sobre o livro de Glaudemir da Silva, intitulado “Contemplando e Anunciando os Sinais do Reino”

Em tempos distópicos, é-nos vivamente encorajador saborear os relatos compartilhados pelo missionário Glaudemir da Silva, de tantos achados propiciados por seu caminhar pelas estradas do Reinado de Deus e de Jesus de Nazaré, contemplando e anunciando pequenos e grandes sinais manifestos na convivência do povo dos pobres, nas “periferias geográficas e existenciais”, para evocar uma expressão do Papa Francisco. Seu livro é portador de enorme força mobilizadora, a falar com autoridade e de modo convincente, de forma a tomar a sério a recomendação petrina: “Estai pronto a dar razão da vossa esperança“ (1 Pe. 3,15).

Em 18 capítulos em que o livro está dividido, o autor vai descortinando, de maneira didática e estimulante, tantos achados resultantes de sua contemplação e de seu empenho missionário em anunciar o Reino de Deus. Sempre atento às fontes bíblicas e às referências de autores como José Comblin, Glaudemir logra entusiasmar o leitor/a leitora, desde suas primeiras páginas. Por sua vez, como autor do prefácio, o missionário João Batista Magalhães Salles se mostra bastante feliz, ao saborear e ao compartilhar diversas pérolas que recolhe desta tocante leitura, contagiando assim o leitor/a leitora, que também se apressa a experimentar os sabores destes relatos.

Antes de destacar algumas destas pérolas que também recolhi, cuido de fazer uma brevíssima notícia acerca do próprio autor. Sergipano, nascido em Ilha das Flores, em Glaudemir cedo desperta um chamamento especial ao serviço comunitário, quando ainda adolescente, fizera parte da caminhada do Povo de Deus, como membro de uma comunidade eclesial de base, que tem como padroeiro um santo franciscano: Santo Antônio. Daí nasce em Glaudemir a devoção a São Francisco e o desejo de se tornar missionário franciscano, Inicialmente atraído pela vida franciscana, não tardou, sob a influência de Frei Enoque Salvador, a compreender a radicalidade do espírito de Francisco de Assis, tendo optado pela vida missionária itinerante.

Foi no campo da Teologia da Enxada, na convivência com outros jovens nordestinos participantes do Centro de Formação Missionária, em Serra  Redonda – PB, em meados dos anos 80, que começou a experimentar a força da espiritualidade libertadora, característica deste processo, animado pela Equipe de formadores integrada por figuras tais como o Pe. José Comblin, João Batista Magalhães Sales, Raimundo Nonato Queiroz, Alder Júlio Calado, Irmã Zarita, Irmã Agostinha Vieira de Melo, Irmã Maria Emília Ferreira, Irmã Adélia Carvalho e outras.

Em seu processo formativo de missionário itinerante, tem cultivado especialmente uma frutuosa combinação da vida contemplativa (integra a Fraternidade do Discípulo amado, hoje presente em Abreu e Lima – PE, tendo a fraternidade passado algumas décadas recolhida no Sítio Catita, município de Colônia Leopoldina – AL) e da atuação como missionário do campo (integra, desde a fundação, em meados dos anos 90, a Associação dos Missionários e Missionárias do Campo), a percorrer e a animar diversas experiências de formação de jovens cristãos, em diferentes Estados do Nordeste e do Mato Grosso.

Após sua formação inicial (Teologia da Enxada), concluiu o curso de teologia, na UNICAP-PE, pós graduando-se em curso de especialização em Ciências da Religião, tendo inclusive seguido um curso de iniciação ao ebraico, ao mesmo tempo, voltou-se também ao processo formativo oferecido pela Escola Nacional Florestan Fernandes e a cursos de Educação Popular de orientação freireana, permitindo-lhe atuar como educador popular junto a diversos segmentos populares, dentro e fora da igreja. Desta experiência de Educação Popular se acham impregnadas várias páginas do seu livro. Na companhia de outros missionários e missionárias, Glaudemir segue acompanhando como professor, ora em Floresta – PE, ora em São Félix do Araguaia – MT, as escolas de formação missionária espalhadas pelo nordeste (Juazeiro – BA, Esperantina – PI, Floresta – PE, Barra – BA, São Félix do Araguaia – MT, Solânea – PB).

Glaudemir nos brinda com dois escritos mais recentes, um dos quais estamos a comentar. Nos primeiros capítulos ele dedica a contextualizar e explicar o sentido bíblico do Reino de Deus, sempre bem fundamentado. Empenha-se, de maneira didática, em apresentar a Boa Nova do Reino de Deus, de modo a tomarem conta de sua atualidade, sua incidência privilegiada na vida do povo dos pobres.

Como muito bem destaca João Batista Magalhães Sales, no prefácio do livro, Glaudemir, em sua itinerância missionária vai recolhendo pérolas preciosas de testemunhos dados por pessoas simples, anônimas, mulheres e homens dos quais uma perspectiva burguesa menos ou nada esperaria. São pessoas portadoras de gestos, de iniciativas de enorme solidariedade, de partilha, de generosidade, de alegria contagiante, mesmo em situações de grande pobreza. Em todos os 18 capítulos, Glaudemir se empenha, graças a sua ação missionária itinerante, em meio ao povo dos pobres, em compartilhar o que vê, o que escuta e o que sente. À semelhança do que A Divina Ruah inspirava em Moisés e Miriam, no antigo Egito, como lemos no capítulo três do Livro de Êxodo, hoje também os novos Moisés e as novas Miriam continuam a resistir e a lutar contra os novos faraós: as multinacionais, os grandes proprietários de terra, o agronegócio, os banqueiros, a mídia hegemônica, as igrejas fundamentalista…

Temos em mão um livro que não apresenta palavras jogadas ao vento, mas brota de experiências vivas e vivificantes, feitas por alguém que tem dedicado sua vida ao Seguimento de Jesus, em comunhão com os prediletos do Reino. Não é por acaso que, desde o título do livro o autor se mostra fiel ao que ali é proposto. Nesta leitura, não se encontram tantas alusões a Igrejas ou a templos, mas a relatos vividos e colhidos da trajetória existencial e comunitária dos pobres, como expressão da presença revolucionária do Reino de Deus.

Também, nos capítulos finais, o autor, após compartilhar tantas pérolas recolhidas de sua rica experiência de aprendizado no meio dos pobres, desafia  cada leitor, cada leitora a examinar como busca responder à vocação ao chamamento de dar razão a sua esperança, fazendo-nos questionamentos decisivos: “E nós, já descobrimos onde encontrar o Tesouro escondido do Reino? Já temos a coragem de abandonar tudo aquilo que nos impede de segui-lo? O que fazer com o Tesouro que acabamos de encontrar?” (pp. 167). Duas observações finais sobre o livro. O trabalho de Glaudemir é expressão viva de quem leva a sério, na alegria e na esperança, sua missão profética, o Discipulado e a Missão de anunciar e testemunhar, principalmente junto ao povo dos pobres, os prediletos de Jesus, o anúncio e a presença do Reino de Deus. Por outro lado, tal testemunho reforça nossa convicção de que essa trajetória supõe, além da força da Graça, um processo contínuo de formação, pessoal e comunitária.

Este é um livro para ser lido pessoal e comunitariamente, de modo a suscitar um crescente compromisso com as causas do Reino de Deus e sua justiça. Obrigado, Glaudemir!

P.S. Às pessoas interessadas em adquirir o livro de Glaudemir, informo que podem fazê-lo ao preço de 50 reais. Contato: (81) 9877-97790

João Pessoa, 23 de Fevereiro de 2024

Imagem: Capa original do livro

A vida ressignificada

Temos procurado manter uma linha editorial pautada pela boa notícia

Aquilo que anima e aumenta a esperança

O restabelecimento da democracia no Brasil criou um clima de luz crescente

Pequenos e nem tão pequenos sinais de reavivamento da vontade de viver

A poesia do dia a dia, a vida ressignificada

Desde estas páginas saudamos a todas e todos que fazem parte da grande movimentação pela inclusão social

O fortalecimento da autoestima e da confiança em nós mesmos (as) e no futuro.

Boa notícia é isso. A vida em primeiro lugar.

Vidas perdidas

Por setenta e cinco anos,
pilhagens, beligerâncias;
hoje, ataques que mataram
mais de 4.000 infâncias.
O bombardeio em Gaza,
a infraestrutura arrasa,
incluindo hospitais.
Que assim explodem civis:
pai e mãe, avós, guris;
médico, enfermeiro e os demais.

Martim Assueros
13/11/2023

Inteligência artificial: tema escolhido pelo Papa para o Dia das Comunicações Sociais 2024

Francisco definiu o tema do 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais que será celebrado em 2024: “é importante orientar os algoritmos, de modo que haja em todos nós uma consciência responsável no uso e no desenvolvimento dessas diferentes formas de comunicação, que acompanham as das redes sociais e da internet”.

“Inteligência artificial e sabedoria do coração: por uma comunicação plenamente humana.” Esse é o tema que o Papa Francisco escolheu para o 58° Dia Mundial das Comunicações Sociais que será celebrado em 2024. O anúncio foi feito pela Sala de Imprensa da Santa nesta sexta-feira (29), destacando que “a evolução dos sistemas de inteligência artificial torna cada vez mais natural a comunicação através e com as máquinas, de tal modo que se tornou cada vez mais difícil distinguir o cálculo do pensamento, a linguagem produzida por uma máquina daquela gerada pelos seres humanos”.

O comunicado ainda salienta que, “como todas as revoluções, também esta baseada na inteligência artificial coloca novos desafios para que as máquinas não contribuam para espalhar um sistema de desinformação em larga escala e não aumentem a solidão daqueles que já estão sós, privando-nos do calor que só a comunicação entre pessoas pode dar”. Enfim, a nota da Sala de Imprensa da Santa Sé é finalizada enaltecendo a importância de se “orientar a inteligência artificial e os algoritmos, de modo que haja em todos nós uma consciência responsável no uso e no desenvolvimento dessas diferentes formas de comunicação, que acompanham as das redes sociais e da internet. A comunicação deve ser orientada para uma vida mais plena da pessoa humana”.

Fonte: Vatican News

Traços da Mãe África: Em busca de nossas raízes XIII

Quanto mais buscamos mergulhar no universo africano, tanto mais nos impactam as descobertas, que não cessam de nos surpreender. Não deveria ser assim, não fosse a longa distância que, desde o pacto colonial, se tem cultivado entre nós.

Alegra-nos, a propósito, saber que as novas gerações terão menos dificuldade, a julgar pela recente conquista de espaço curricular nas escolas brasileiras, acerca do universo africano. A publicação do roteiro temático, publicado no número anterior, há de ser um promissor atestado do que estamos afirmando.

De fato, sob os mais diferentes prismas, a Mãe-África se mostra um precioso tesouro escondido. Aqui, vamos destacar mais um ponto desse vasto e complexo universo: a contribuição dos intelectuais africanos – mulheres e homens -, na área das ciências sociais. Tomemos, desta vez, o caso de SAMIR AMIN, cuja densa obra é conhecida nos mais distintos continentes.

Nascido no Egito, em 1931, já nos anos 50, Samir Amin começava a revelar-se um intelectual respeitado. Tem passagem relevante pelo Mali, pelo Senegal, pela Europa e outras partes do mundo. Dentre sua vasta obras, destacam-se, entre outros textos: La acumulación a escala mundial (1970), El desarrollo desigual (1973), La nación árabe (1976) y La desconexión (1986).

Ainda recentemente, em 2000, por ocasião da realização do Seminário organizado em função das comemorações dos 80 anos do economista Celso Furtado, e dos 40 anos da fundação da SUDENE, esteve em Recife, Samir Amin, juntamente com outros expositores internacionais e nacionais (além do próprio Celso Furtado, Ignacy Sachs, Francisco de Oliveira, Cristovam Buarque…). Em sua exposição, Samir Amin fez um balanço da economia política característica so século XX. De forma bastante fundamentada, passou em revista os principais desafios dos países periféricos em relação à sua emancipação social das forças do Capitalismo.

Como outros bons intelectuais, fiéis aos interesses das classes populares, Samir Amin continua a apostar na união e na organização das forças populares, em âmbito internacional. Não é por acaso, que sempre tem trabalhado como uma equipe de pesquisadores africanos, asiáticos e latino-americanos. Voltaremos a dizer algo mais sobre Samir Amin.

 

João Pessoa, novembro de 2005

Reenraizamento

Passarei alguns dias longe deste espaço. Necessidade de visitar parentes, e comparecer ao Congresso da Terapia Comunitária Integrativa em Brasília.

Em algum sentido, não haverá afastamento. O que há é pertencimento. Integridade. Integração. Ação educativa libertadora. Acolhimento. Recuperação de um sentido de unidade da vida.

Enraizamento num presente que reúne tudo que é valioso. Tudo que sempre quis. Aquilo que propriamente é o sentido da vida.

Amor. Família, comunidade, arte, evangelho. Literatura e poesia, os lugares onde mais propriamente me refaço e reenraizo. Ressignificando a vida. Até mais!

Ilustração: “O tecido do universo”