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8/3/2023

 

 

 

 

 

 

Abaixo a desigualdade
De gênero contra a mulher
Abaixo a misoginia
E preconceitos quaisquer
O dia 8 de março
Precisa de estardalhaço
E muita luta requer

Martim Assueros
8/3/2023

 

 

Aborto na praia

 

Nossa praia está magrinha
Precisamos engordá-la
O progresso é um trem bala
Que de Jampa se avizinha
Ele vem de uma prainha
Lá de Santa Catarina
São os olhos da menina
De uma visão futurista
Disse o prefeito modista
Gestor de gente grã-fina

Martim Assueros
25/2/2023

Crepúsculo

Dois momentos de paz e de magia
que a trama da vida cria e tece:
um se dá quando a noite enfim fenece
e o segundo após o fim do dia.
É de lá que uma luz fina irradia
alma adentro até se dispersar,
cobre o céu, o horizonte, o rio, o mar,
só se esvai quando cumpre todo o rito.
O crepúsculo do campo é tão bonito
que Jesus se debruça para olhar.

Martim Assueros
06/02/2023

(Glosa feita por Martim Assueros a partir do mote cantado certa vez por Pedro Bandeira e Otacílio Batista: “O crepúsculo do campo é tão bonito / Que Jesus se debruça para olhar”)

A força do voto

O nosso voto salvou
crianças Yanomami
da maldade de um infame
que muitas delas matou:
desde que as relegou
à fome e à desnutrição,
movido pela intenção
cruel e deliberada
de tê-las exterminadas
como etnia, nação.

Martim Assueros
27/01/2023

Elegia minguante

Elegia minguante

Sob a lua côncava e minguante
Um juízo aluado em lua cheia
Que espera do alto seu calmante
Uma lua aplicada em sua veia

Um clarão o invade alma adentro
Irradia uma luz pura, vestal
Que mergulha no seio do epicentro
E fenece na glande pineal

Qual fagulha, uma chispa, uma centelha
Que se solta da brasa e logo esfria
E se esvai feito chuva pela telha

Tudo rui, se desfaz na ventania
Tão fugaz qual ruflar de uma abelha
Tão real quanto uma alegoria

Martim Assueros

Genocídio Yanomami

O holocausto é aqui
Nas terras Yanomami
E vem da devastação
Criminosa, vil, infame
Do nosso meio ambiente
Que tem da vida a semente
Sua luz e seu liame

A extração de madeira
E garimpos criminosos
Que contaminaram rios
E seu povo até os ossos
Disseminaram doenças
Zombaram de suas crenças
Depois rezaram pai-nossos

As populações indígenas
Restaram abandonadas
Pelo governo da morte
Em ações deliberadas
Feridas por suas lanças
Mais de quinhentas crianças
Tombaram exterminadas

Se pela fome e doença
Todo um povo é afetado
E por falta de assistência
Tanto assim é dizimado
Declaro neste relato
Que o genocídio é um fato
E está caracterizado

Martim Assueros
21/1/2023