Arquivo da tag: Agricultura familiar

Reforma agrária pode ser uma estratégia no enfrentamento contra fome no Brasil

Por Anelize Moreira
De um lado, 33,1 milhões de pessoas no Brasil estão com a geladeira e o armário vazios sem ter o que comer.  De outro, famílias lutam por um pedaço de terra para conseguir viver e produzir alimentos saudáveis. 

Ao incentivar a produção de commodities para exportação pelo agronegócio, o governo brasileiro faz uma escolha, de não enfrentar a fome por meio de uma política que poderia contribuir na insegurança alimentar, a reforma agrária.

Segundo Ana Terra Reis, do setor de produção do MST e da coordenação do Finapop, Financiamento Popular da Agricultura Familiar, a reforma agrária é uma estratégia possível para driblar a situação de extrema miséria atual e superar a concentração de terra no país.

:: Educação agroecológica: o legado da escola do MST que alfabetizou 800 famílias no Sul da Bahia :: 

“A reforma agrária massiva e ampla que o Brasil precisa é a principal política pública de combate à fome. Ao distribuir a terra e priorizar a produção de alimentos em detrimento da produção de commodities agrícolas para exportação se faz uma opção de promoção de trabalho e renda no campo e na produção de alimentos saudáveis para os trabalhadores da cidade”, afirma.


O MST já distribuiu mais de 6 mil toneladas de alimentos / Giorgia Prates

Ana Terra ressalta que ficou cada vez mais difícil o acesso ao alimento saudável, pois houve o recuo das políticas voltadas aos agricultores familiares responsáveis pela produção de mais de 70% dos alimentos, de acordo com o Censo Agropecuário de 2017.

Ao mesmo tempo que houve a expansão da produção de grãos como milho e soja por grandes produtores, colabora apenas para exportação de recursos naturais, matéria-prima para ração animal e ultraprocessados. Ou seja, sobra menos incentivo para quem planta arroz e feijão, hortaliças.

“Ao fazer isso, o Brasil reafirma a sua condição de país periférico e colonizado, uma vez que vive a serviço das transnacionais do agronegócio, mantendo o poder na classe dominante do campo, os grandes empresários rurais, que pouco estão se importando se o que está sendo produzido é para atender o mercado interno ou externo”, avalia.

::IPCA-15: prévia da inflação de julho chega a 0,13% com nova alta no preços dos alimentos::

Mesmo com a paralisação da reforma agrária nos últimos anos, desde a pandemia até agora, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem feito ações de solidariedade. Por meio de uma palavras norteadoras, a cooperação, o movimento tem convocado os agricultores, assentamentos e acampamentos para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social. Mais de seis mil toneladas de alimentos foram doados pelo movimento, além da distribuição de mais de um milhão de marmitas em 24 estados.

“Ao promover a doação de alimentos o movimento resiste de forma ativa contra os abusos desses governo fascista lutando contra a fome e fortalecendo os laços entre organizações do campo e cidade, como está previsto no nosso programa de reforma agrária popular”.


Nesta nova etapa do projeto o objetivo é distribuir 5.500 toneladas de alimentos para famílias de Juiz de Fora, Chácara, Goianá, locais ao redor do assentamento Denis Gonçalves / Divulgação MST Zona da Mata

Em dezembro de 2021, foi lançado em Minas Gerais o projeto plantio solidário, em que assentamentos e acampamentos da Zona da Mata Mineira cultivam alimentos já com um destino às famílias que enfrentam dificuldade de se alimentar.

Michelle Capuchinho, da coordenação regional do MST da Zona da Mata explica que será feito um plantio e doação de alimentos para famílias da periferia de Juiz de Fora, Chácara, Goianá, locais ao redor do assentamento Denis Gonçalves. O projeto tem como meta produzir 5 toneladas e meia de alimentos para cem famílias.

“O objetivo deste projeto é fortalecer essa ação que fizemos durante toda a pandemia de doação de alimentos, mas agora em uma perspectiva não só de doação, mas de trazer as pessoas que recebem esses alimentos para produzir com a gente alimento direto da terra e também para conviver com a gente, conhecer as formas de organização e sociabilidade de um assentamento”.

:: Marchas, doações de alimentos, romaria e acampamento marcam o dia da agricultura familiar ::

Além do MST, mais 15 organizações parceiras estão no projeto. Todos os sábados ocorrem mutirões de plantio de alimentos do projeto da Zona da Mata. Alguns deles já foram destinados, como é o caso de hortaliças. “Conseguimos em três meses colher agrião, rúcula, alface,  além de alimentos que as famílias doam, quando as famílias vem nos visitar fazemos uma cesta de alimentos, com mandioca, banana, limão, o nosso povo é sempre muito solidário”, conclui.

Nestes primeiros meses  desta nova etapa do projeto, mais de 300 voluntários participaram das ações baseada nos conceitos da agroecologia.

Edição: Douglas Matos

Fonte: Brasil de Fato

Nordeste ganha I Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária

Evento, que acontece entre os dias 15 e 19 de junho, tem iniciativa da Câmara Temática da Agricultura Familiar do Consórcio Nordeste, coordenada pela governadora Fátima Bezerra (PT/RN), com presença de Lula

O Rio Grande do Norte, governado por Fátima Bezerra (PT/RN), sediará a I Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Fenafes). O evento, que acontece entre os dias 15 e 19 de junho no Centro de Convenções em Natal, terá como mote central “A grande festa da colheita”.  O ex-presidente Lula se reunirá com os governadores e visitará stands dos agricultores na feira nesta quinta-feira, 16 (confira a programação abaixo).

Com o objetivo de fortalecer iniciativas de integração de políticas públicas em torno do Programa de Alimentos Saudáveis do Nordeste (PAS/NE), principal bandeira dos estados que fazem o Consórcio Nordeste, o governo do RN investiu R$ 640 mil para a promoção da feira.

A iniciativa da Câmara Temática da Agricultura Familiar do Consórcio Nordeste é coordenada por Fátima Bezerra, por meio das secretarias de Estado do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (Sedraf), Emater-RN e Fundação José Augusto (FJA).

“É um orgulho para o Rio Grande do Norte sediar a Feira e prestigiar as centenas de cooperativas, associações e expositores de todo o Nordeste que estarão mostrando seus resultados e potencialidades. A agricultura familiar e a economia solidária são pilares fundamentais da melhoria da vida no campo, além de garantia de alimento saudável e do fortalecimento de alternativas agroecológicas”, destaca Fátima.

O presidente do Consórcio Nordeste e governador de Pernambuco (PE), Paulo Câmara, ressalta a importância do fortalecimento da cooperação e da união dos nove estados nordestinos, que visam impulsionar potenciais econômicos em comum como as boas práticas de gestão e planejamento.

Durante os cinco dias de evento, há expectativa de que mais de dez mil pessoas compareçam à convenção.  A delegação alagoana será composta por sessenta pessoas divididas entre gestores e representantes de cooperativas e associações.

Entre algumas Instituições alagoanas que marcarão presenças estão a Coopcam, Coobapi, Coopeapis, Coopaq, Pindorama, Coopaíba, Cheiro de Terra e CPLA. Também confirmadas da CONTAG, MST, CONTRAF – CUT, ASA entre outros. A FIOCRUZ participa do evento apresentando à Feira de “Soluções para Saúde”.

Estima-se que, no total, mais de cem cooperativas e associações, representando os nove estados do Nordeste, apresentem em torno de quinhentos expositores representantes durante os dias do evento.

Produção familiar

A 1ª Edição da Feira Nordestina de Agricultura Familiar e Economia Solidária pretende fortalecer iniciativas que busquem promover, divulgar e comercializar os produtos advindos da produção familiar.

Conforme os organizadores, a feira também será um espaço estratégico para reafirmação da nossa identidade cultural, de valorização dos saberes e sabores que marcam e caracterizam o povo nordestino.

A estrutura do evento será realizada por meio da locação do Centro de Convenções de Natal-RN, que vai disponibilizar estandes, quiosques, palco, pavilhão dos estados e apresentações culturais.

Confira a programação:

QUARTA-FEIRA (15/06)
9h às 17h – Encontro de Mulheres Rurais do Nordeste;
14h30 às 17h – Fórum dos Gestores e Gestoras da Agricultura Familiar do Nordeste;
18h – Abertura oficial da I Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária do NE – FENAFES;

Convidados:
– Governadores do NE – Gestores(as) da Agricultura Familiar do NE;
– Agências de Cooperação Internacional
– Movimentos Sociais
– Parlamentares Federais e Estaduais
– Entidades apoiadoras da Feira

Atrações Culturais:
Auditório: 17h às 18h
Palco: 19h às 22h

QUINTA-FEIRA (16/06)

9h às 12h – Eixo: Acesso à terra
Painel – Reforma Agrária: uma agenda necessária para o resgate de um projeto de soberania nacional
14h às 19h – Atividades Paralelas
16h às 22h – Feira da Agricultura Familiar do NE

Convidados:
– Moderação: Secretário Alexandre Lima – RN
– Debatedores: Jaime Amorim – MST; Aristides Veras – CONTAG; Josana Lima – CONTRAF; e Profa. Mônica Duarte – UECE.
Programação Específica
– Estados do NE

Atrações Culturais:
Coreto Cultural: 16h às 19h
Palco: 19h às 22h

SEXTA-FEIRA (17/06)

9h às 12h – Eixo: Sistemas Agroalimentares e Alimentos Saudáveis
Painel – Agricultura familiar e Agroecologia: produzindo comida de verdade para o povo Nordestino.
14h às 16h – Atividades Paralelas
16h às 22h – Feira da Agricultura Familiar do NE

Convidados:
– Moderação: Secretário Bivar Duda – PB
– Debatedores: – João Pedro Stédile – MST; Paulo Petersen – ASPTA; e Neneide Lima – Rede Xique Xique

Atrações Culturais:
Coreto Cultural: 16h às 19h
Palco: 19h às 22h

SÁBADO (18/06)

9h às 12h – Eixo: Acesso aos Mercados e Cooperativismo Solidário;
Painel – Acesso aos mercados como instrumento de fortalecimento do cooperativismo solidário na Agricultura familiar do Nordeste;
Apresentação do SIRAF – NE como Plataforma de Informações da Agricultura Familiar do Nordeste;
14h às 19h – Atividades Paralelas Programação em Anexo;
16h às 22h – Feira da Agricultura Familiar do NE.

Convidados:
Moderação: Wilson Dias – CAR BA
Debatedores: Silvio Porto – UFRB; Fátima Torres – UNICAFES; Milton Fornazieri – Terra Livre; Geane Bezerra – SEDRAF/RN; e Marcelo Braga – AKSAAM/UFV 1

Atrações Culturais
Coreto Cultural: 16h às 19h
Palco: 19h às 22h

DOMINGO (19/06)

9h às 12h – Eixo: Protagonismo das Mulheres Rurais;
Painel – Soberania alimentar e nutricional, acesso a crédito e organização das mulheres rurais;
Apresentação da pesquisa do PAS/NE de acesso ao crédito rural: Fortalecimento do Protagonismo Feminino;
14h às 17h – Viva Costeira na FENAFES 12h às 17h – Feira da Agricultura Familiar do NE Estados do NE
17h – Encerramento da I FENAFES

Convidados:
Moderação: Secretária Patrícia Vasconcelos – PI;
Debatedores: – Islândia Bezerra – ABA; Conceição Dantas – MMM; e Celia Watanabe – Consultora FIDA-PAS/NE
Estados do NE
Coordenação: Secretário Alexandre Lima – RN
Governadora do Estado do RN
Gestores da Agricultura Familiar do NE
Agência de Cooperação Internacional
Movimentos Sociais
Parlamentares Federais e Estaduais
Entidades apoiadoras da Feira

Fonte: PT

(15/06/2022)

XVI Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária dos Territórios Crateús/Inhamuns

A Feira da Agricultura Familiar e Economia Popular Solidária deu início no território Inhamuns/Crateús no ano 2005. Surgiu da demanda dos agricultores e agricultoras familiares por um espaço para comercialização integração e divulgação de seus produtos. Constitui uma estratégia pensada por diversas entidades governamentais e da sociedade civil organizada no Território para ser um instrumento de enfrentamento e superação a fome, o subemprego, o pouco aproveitamento da capacidade produtiva dos/as agricultores/as familiares atendidas por programas sociais, como o bolsa família, e que vivem em situação de vulnerabilidade.

A Feira conta anualmente com a participação de mais de 360 agricultores/as familiares e/ou empreendedores/as familiares rurais e urbanos de 36 municípios da Região, de 18 estados do Brasil.

Além de espaços para capacitação, apresentações culturais, praça de alimentação, apresentações de artistas da terra, forró e outras atrações, que são vistas por cerca de 20 mil visitantes em 2 dias que compram, assistem as apresentações culturais dos artistas, dançam forró e se deliciam com os pratos típicos da gastronomia do Território.

Há 3 anos, sentimos necessidade de articular o eixo do bem viver e práticas integrativas e complementares de saúde como caminho de cuidado integral, dentro de Feira da Agricultura Familiar.

Neste ano, em virtude da pandemia, a feira acontecerá nos dias 25 a 27 de agosto de 2021. Todas as atividades acontecerão de forma virtual.

A comercialização se dará por meio de aplicativos que articulam os produtores e consumidores de cada município envolvido, de forma segura.

No eixo do bem viver, todas as atividades: palestras, oficinas, encontros, rodas de conversa e vivencias serão pelas plataformas virtuais – google meet, zoom e YouTube.

O Espaço Bem Viver – Caritas de Diocesana de Crateús juntamente com a Pastoral da Saúde, o MISC – PB, a Ekobé, com apoio da Faculdade Princesa do Oeste e IFCE estão na organização desse Evento.

Convidamos você a conhecer a programação e se inscrever para participar desse grande mutirão de cuidados, que acontece de forma solidária.

Inscrições e programação completa: https://www.even3.com.br/xfdafeesdtc2021/

Papa: a fome no mundo é um escândalo e um crime contra os direitos humanos

Por Andressa Collet

“Produzimos comida suficiente para todas as pessoas, mas muitas ficam sem o pão de cada dia. Isso ‘constitui um verdadeiro escândalo’, um crime que viola direitos humanos básicos”, denuncia o Papa Francisco junto à Pré-Cúpula sobre os sistemas alimentares da ONU na tarde desta segunda-feira (26). O Pontífice recorda que é “dever de todos extirpar esta injustiça através de ações concretas e boas práticas, e através de políticas locais e internacionais ousadas”.

O Papa Francisco, através de uma mensagem, também participa da Pré-Cúpula sobre sistemas alimentares da ONU que começou nesta segunda-feira (26), em Roma, junto com representantes de mais de 110 governos do mundo, entre eles, o Brasil. Até quarta-feira (28), as sessões – em formato híbrido, presencial e virtual – preparam o maior evento global sobre o tema agendado para setembro, na Assembleia Geral das Nações Unidas.

O texto em espanhol do Pontífice foi lido pelo secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, dom Paul Richard Gallagher, e dirigido ao secretário geral das Nações Unidas, António Guterres. Na mensagem, Francisco começa destacando “como um dos nossos maiores desafios hoje é vencer a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição na era da Covid-19”, uma pandemia que projetou ainda mais as injustiças, “minando a nossa unidade como família humana”, sobretudo os pobres e a casa comum.

O escândalo das vítimas da fome

É necessária “uma mudança radical”, alerta o Pontífice, diante da exploração da natureza com o uso irresponsável e o abuso dos bens:

“Produzimos comida suficiente para todas as pessoas, mas muitas ficam sem o pão de cada dia. Isso ‘constitui um verdadeiro escândalo’, um crime que viola direitos humanos básicos. Portanto, é um dever de todos extirpar esta injustiça através de ações concretas e boas práticas, e através de políticas locais e internacionais ousadas.”

Nessa perspectiva, continua o Papa na mensagem, a “correta transformação dos sistemas alimentares desempenha um papel importante” para fortalecer economias locais e reduzir o desperdício alimentar, por exemplo. Para garantir “o direito fundamental a um padrão de vida adequado” para alcançar a Fome Zero até 2030, “não basta produzir alimentos”, comenta Francisco, mas é preciso “uma nova mentalidade e uma nova abordagem integral e projetar sistemas alimentares que protejam a Terra e mantenham a dignidade da pessoa humana no centro; que garantam alimentos suficientes globalmente e promovam o trabalho digno em nível local; e que alimentem o mundo de hoje, sem comprometer o futuro”.

O setor rural deve ser valorizado

O Papa, então, orienta para a recuperação do setor rural como ação fundamental na pós-pandemia e para corrigir “as raízes do nosso sistema alimentar injusto”. O Pontífice comenta sobre a importância dos “conhecimentos tradicionais” dos agricultores que não devem ser negligenciados ou ignorados. Um reconhecimento que “deve ser acompanhado de políticas e iniciativas que atendam plenamente às necessidades das mulheres rurais, promovam o emprego de jovens e melhorem o trabalho dos agricultores nas áreas mais pobres e mais remotas”. E o Papa finaliza a mensagem:

“Ao longo deste encontro, temos a responsabilidade de realizar o sonho de um mundo onde o pão, a água, os remédios e o trabalho fluam em abundância e cheguem primeiro aos mais necessitados. A Santa Sé e a Igreja Católica estarão a serviço desse nobre objetivo, oferecendo a sua contribuição, unindo forças e vontades, ações e sábias decisões.”

A fome de comida e de dignidade

E um vídeo especial intitulado “Comida para todos: um apelo moral”, com uma prévia lançada nesta segunda-feira (26), mas que será exibido na sessão da Pré-Cúpula que o Vaticano vai sediar nesta terça-feira (27), o Papa Francisco reforça a preocupação com as vítimas da fome e da desnutrição no mundo. O Pontífice chama a todos, novamente, para “mudar os estilos de vida, o uso dos recursos, os critérios de produção até o consumo” para garantir sistemas alimentares sustentáveis.

“Quantas mães e quantos pais, ainda hoje, vão dormir com o tormento de não ter no dia seguinte pão suficiente para os próprios filhos!”

Fonte: Vatican News

(27-07-2021)

 

 

Associação de missionários/as do campo expressa solidariedade ao MST

A Associação dos Missionários e Missionárias do Campo, entidade católica difundida em quase todos os Estados do Nordeste e de São Paulo, com perfil do profetismo cristão, em nome de Jesus, Filho do verdadeiro Deus, crucificado e ressuscitado pelos seus, vem de público manifestar o que segue:

  1. Frente à crescente tentativa de esvaziamento e de desmonte dos movimentos populares no Brasil, perpetrado pelos atuais dirigentes de extrema direita fascista e idólatra, sente-se no dever de declarar a mais estrita solidariedade aos assentados e assentadas na Normandia e ao Centro de Formação Paulo Freire, nas proximidades de Caruaru, na iminência de despejo de seu espaço legal que já passa dos vinte anos.
  2. O Centro de Formação Paulo Freire oferece cursos e congressos da mais alta qualidade a jovens e adultos de qualquer nível e classe que se disponham a uma busca intelectual e pragmática de um apoio e razão de sua resistência ao mesmismo que o atual sistema impõe aos mais incautos. Por essa razão e não por outra o dito Centro se vê às voltas com as forças reacionárias mais truculentas do Brasil atual. Como uma pedra no sapato ou um cisco no olho.
  3. O Assentamento Normandia tem sido referência de produtividade e de promoção de uma sociedade promissora, igualitária e solidária, vencendo os vícios arraigados do individualismo e do financismo que conduzem os atuais projetos oficiais, manipuladores do nome de Deus e da inconsciência das massas em proveito próprio e perverso.
  4. Constituída por membros da classe popular em sua maioria, nossa Associação de caráter eminentemente cristão e na adesão total às orientações da nossa Igreja não pode deixar passar o momento que vivemos sem exprimir seu mais veemente protesto e sua apreensão quanto ao que se tenciona obter com a neutralização e o desmonte do Assentamento e do Centro de Formação. Queremos estar juntos na resistência a um plano destrutivo projetado sem o menor respeito aos atores e atrizes históricos do Assentamento e o Centro de Formação. Tudo se decide no papel e no arbítrio de quem detém o poder.
  5. Fica aqui asseverada às irmãs e aos irmãos e companheiros do assentamento Normandia e do Centro de Formação Paulo Freire nossa disposição de reforçar a resistência pacífica, sem nos deixar envenenar pelo ódio cada vez mais difundido, aberta ao diálogo com quem dele se faz capaz nesse momento. Concluímos com as palavras evangélicas: Levantem a cabeça, pois está próxima a vossa libertação (Lc 21,28)

Sítio Catita, Sede da Associação dos Missionários e Missionárias do Campo,

20 de setembro de 2019.

 

MST receberá Salva de Prata, mais alta honraria concedida pela Câmara Municipal de SP

Por Bruna Caetano

Homenagem proposta pelo vereador Jair Tatto (PT) foi aprovada por 38 parlamentares e ocorrerá no dia 18 de outubro

No dia 18 de outubro, Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) receberá a mais alta honraria concedida pela Câmara Municipal de São Paulo, a Salva de Prata. A iniciativa foi proposta pelo vereador Jair Tatto (PT), e aprovada pela maioria dos parlamentares paulistanos.

Em entrevista, Gilmar Mauro, da direção nacional do movimento, agradeceu à iniciativa de Tatto e à toda a Câmara Municipal. A honraria, segundo ele, deve ser endereçada aos milhões de trabalhadores que fizeram parte da história do MST, na defesa da reforma agrária e de uma alimentação saudável.

“Essa honraria ao MST queremos estender aos quilombolas, aos indígenas, aos pequenos agricultores, sabendo que esses grupos de trabalhadores produzem o que vai na comida do povo brasileiro”, destaca Mauro.

O plenário que concedeu a honraria teve 38 votos a favor, oito contrários e duas abstenções. Entre os votos a favor, além dos partidos da esquerda, estiveram vereadores do PSDB, PL, DEM, PRB e MDB.

O vereador Jair Tatto conta que a votação foi uma oportunidade de dialogar com as legendas de direita sobre o funcionamento do MST.  “Vários vereadores reverteram seu voto. Foi um momento de explicar o que é uma produção orgânica, o que significa a Feira Nacional da Reforma Agrária, um dos grandes eventos da cidade de São Paulo”, relata.

A 4ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária estava sinalizada para acontecer em maio deste ano, mas não aconteceu por o uso do Parque da Água Branca – onde foram sediadas as edições anteriores – foi vetado pelo governo do estado. Tatto também foi o autor da lei 17.162, sancionada em setembro deste ano, que incluiu a feira no calendário de eventos de São Paulo, o que deve facilitar a organização das próximas edições.

“Nós estamos vivendo um momento de obscurantismo, e a sensatez é uma virtude. Sabemos que temos diferenças, e estamos dispostos a discuti-las, dentro do espírito democrático, e defendendo aquilo que defendemos historicamente.”, acrescenta Mauro, do MST.

O dirigente ressalta que a reforma agrária é uma causa que deve ser pautada por toda a sociedade brasileira. “Além de resolver uma série de problemas sociais, de fome, de miséria, é através da reforma agrária que nós vamos conseguir produzir alimentos saudáveis e preservar a natureza e o meio ambiente”, assinala.

A entrega da Salva de Prata acontecerá em uma Sessão Solene no Plenário 1º de Maio do Palácio Anchieta.

Edição: Rodrigo Chagas

Fonte: Brasil de Fato

(01-10-2019)

Papa Francisco a la FAO, en apoyo a la agricultura familiar

Mensaje del Santo Padre Francisco al director general de la FAO con ocasión del decenio de nas Naciones Unidas para la agricultura familiar

Al profesor José Graziano da Silva
Director General de la Organización de las Naciones Unidas
para la alimentación y la agricultura (FAO)

Ilustrísimo señor:

Me dirijo a usted en este día en el que comienza el decenio de las Naciones Unidas sobre la agricultura familiar (2019-2028); iniciativa con la que se desea cumplir el propósito Hambre Cero 2030 y alcanzar el segundo de los Objetivos de Desarrollo Sostenible de la Agenda 2030: «Erradicar el hambre, lograr la seguridad alimentaria y mejorar la nutrición y promover una agricultura sostenible».

La familia está formada por un entramado de relaciones, y es donde se aprende a convivir con los demás y a estar en sintonía con el mundo que nos rodea. Por eso representa ese humus fructífero y modelo de comportamiento para una agricultura sostenible, que tiene consecuencias beneficiosas, no solo para el sector agrícola, sino también para toda la humanidad y la salvaguardia del medio ambiente. En este sentido, la familia ayuda a entender el vínculo que existe entre humanidad, creación y agricultura.

Al mismo tiempo, en la realidad familiar se aplica el principio de subsidiariedad que es capaz de plasmar el orden social, en cuanto instrumento que regula las relaciones. A través de una subsidiariedad adecuada, las autoridades públicas, desde el nivel local hasta la dimensión internacional más amplia, pueden trabajar, junto con la familia, para el desarrollo de las áreas rurales sin descuidar el objetivo del bien común y dando prioridad a quienes se encuentran en una situación de mayor necesidad.

En esta “subsidiariedad ascendente” que nos permite escuchar y reconocer a nuestro prójimo, se puede ver cómo la empresa agrícola familiar no puede prescindir de la contribución específica del genio femenino, tan necesario en todas las expresiones de la vida social (cf. Compendio de la Doctrina Social de la Iglesia, 295). La contribución de la mujer en la actividad agrícola es significativa, en particular en los países en vías de desarrollo. Ellas participan en todas las etapas de la producción de alimentos, desde la siembra hasta la cosecha, la gestión y el cuidado del ganado, e incluso en trabajos más pesados.

Por último, la crisis alimentaria en los países menos desarrollados y la grave crisis económica y financiera en los países desarrollados, han impulsado en distintos lugares un renovado esfuerzo para hacer de la agricultura no solo una herramienta para el empleo sino también para el desarrollo del individuo y de la comunidad. El trabajo de los jóvenes en la agricultura, además de combatir el desempleo, puede dar un nuevo vigor a un sector que se está convirtiendo en estratégico para el interés nacional de muchos países. Los objetivos contemplados en la Agenda 2030 no pueden ignorar la aportación de los jóvenes y su capacidad para innovar.

Es importante revisar el sistema educativo para que responda mejor a las necesidades del sector agrícola y, por lo tanto, para integrar a los jóvenes en el mercado laboral. El interés y el talento de los jóvenes para la agricultura debe contar con el respaldo de un adecuado entorno educativo y de políticas económicas que les proporcionen las herramientas necesarias para expresar sus capacidades y convertirse así en agentes de cambio y de desarrollo para sus comunidades, desde una visión de ecología integral. El sistema educativo debe superar la mera transferencia de conocimiento e integrar la cultura ecológica que debe contemplar «una mirada distinta, un pensamiento, una política, un programa educativo, un estilo de vida y una espiritualidad que conformen una resistencia ante el avance del paradigma tecnocrático» (Carta enc. Laudato si’, 111). La transmisión de estos valores que encuentran su lecho natural en la familia puede forjar la realidad local hasta la vida internacional.

Señor Director General: Esta oportunidad que se nos brinda para reflexionar y trabajar en favor de la agricultura familiar en vistas de erradicar el hambre es motivo para concienciar aún más a la sociedad acerca de las necesidades que padecen nuestros hermanos y hermanas carentes de lo más básico. Para ello, es necesario dar a los pueblos una estructura adecuada que les permita liberarse del hambre; será posible si se unen esfuerzos, se trabaja con determinación y prontitud, como también si se concretan acciones en un planteamiento que tenga en cuenta los derechos humanos fundamentales y la solidaridad intergeneracional como base de la sostenibilidad. Estas acciones serán esenciales para alcanzar, también a través de la agricultura familiar, la meta establecida por el segundo de los Objetivos de Desarrollo Sostenible.

El Señor bendiga los esfuerzos y trabajos de los representantes de las naciones acreditadas ante la FAO, de los que forman parte de esa organización y de los que han contribuido a hacer posible esta iniciativa al servicio de la gran familia humana.

Vaticano, 29 de mayo de 2019

Francisco

Fuente: Vatican News

http://w2.vatican.va/content/francesco/es/messages/pont-messages/2019/documents/papa-francesco_20190529_messaggio-fao.html

Quem alimenta o Brasil não vai engolir golpe

Por Luiz Carvalho

Agricultores familiares marcham em Brasília contra o fechamento de ministério

A gestão golpista de Michel Temer mostra que não terá como prioridade aqueles que alimentam o país. Na manhã desta quarta-feira (25), cerca de 1.500 trabalhadores rurais saíram em marcha na capital federal contra o fechamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), etapa que encerra uma série de diálogos que se estabeleceram nos últimos anos com os agricultores familiares e que permitiram o avanço de políticas para o campo.

O protesto começou na catedral de Brasília, seguiu até o Palácio do Planalto, passou em frente ao Superior Tribunal Federal (STF) e encerrou no Congresso Nacional. A marcha fez parte do encerramento do 4º Congresso da Fetraf (Federação da Agricultura Familiar), que teve início na segunda-feira (23) e elegeu a nova direção que estará à frente do que agora passou a ser Confederação da Agricultura Familiar.

Coordenador-geral da atual confederação, Marcos Rochinski, garante que as mobilizações continuarão nas ruas de todo país. “Não reconhecemos um governo golpista e eles podem esperar resistência do campo. Estamos prontos para continuar as nossas marchas e lutas nos estados. Também iremos pra cima contra a atual reforma da previdência”, alerta o dirigente.

Durante a marcha, que passou também pelo prédio do MDA, os trabalhadores encontraram mais de mil pessoas acampadas no local. Coordenador estadual por São Paulo da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, Claudemir Silva Novaes, afirma que outras mobilizações ocorrem também no Pará, Minas Gerais, Goiás e Amazonas. “Exigimos o retorno do ministério e a definição imediata do presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Esse governo cortou o diálogo com a classe trabalhadora”, diz.

Funcionário do MDA, João Augusto de Freitas, que atua com projetos de inclusão produtiva nos territórios rurais, afirma que o funcionalismo está indignado com o golpista Temer. “Parece que estamos vivendo um pesadelo que nos afeta não só em nosso trabalho como servidores, mas nas políticas públicas de inclusão, de reforma agrária, de assentamento, da agricultura familiar. É um reflexo violento para os trabalhadores que estão na ponta produzindo e plantando o seu autosustento, para comercializar e gerar renda”, relata.

Da Bahia, o pequeno produtor Geraldo Rocha, viajou até Brasília para participar do congresso e das mobilizações e relata as consequências das ações da atual gestão. “Essas primeiras medidas de Michel Temer são péssimas. Eu e muitos companheiros da minha cidade acessamos a diversos programas como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e foi assim que sustentei meus três filhos, a minha família. Precisamos de investimento e não de cortes. Avançamos com Lula e Dilma, mas agora vemos estes golpistas acabarem com tudo”, fala.

A trabalhadora rural, Glacimeire Garcia da Silva, vinda de Goiás, segurou um simbólico caixão na marcha, representando o governo interino. “Esses golpistas nem entraram e já estão tirando todos os nossos direitos. Eu e minha família produzimos milho, hortaliças, mandioca, de um tudo. Só não plantamos soja para não envenenar a terra, as águas. Pra nós não tem meio termo, é fora Temer.”

Para a atual coordenadora de Formação e Educação Profissional da Confederação da Agricultura Familiar, Elisângela Araújo Santos, a gestão Temer irá acabar com o Brasil e fará com que as políticas agrárias retrocedam. “Em menos de uma semana, eles extinguiram um ministério responsável pelas mais importantes políticas para a produção de alimentos no país. Esse governo é golpista, corrupto e traidor, representa as elites e não tem compromisso com a classe trabalhadora”, conclui a dirigente.

Fonte: CUT
http://www.cut.org.br/noticias/quem-alimenta-o-brasil-nao-vai-engolir-golpe-65bd/

Dilma: brasileiros irão derrotar golpe e fortalecer democracia

Presidenta disse que gravações publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo são prova do “caráter golpista desse processo de impeachment” e que brasileiros vão derrotar golpe e fortalecer a democracia do país

A presidenta Dilma Rousseff fez sua segunda aparição pública após ter sido afastada do cargo na noite de ontem (23), com muitos aplausos e homenagens por parte de agricultores familiares, militantes, parlamentares e ex-assessores. O ato aconteceu durante cerimônia de abertura do 4º Congresso Nacional da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Fetraf), em Brasília.

Embora organizado previamente, o evento terminou sendo marcado pela defesa do governo da presidenta, onde os participantes atribuíram conquistas da agricultura familiar nos últimos 13 anos aos governos de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Fetraf diz não reconhecer o governo do presidente interino Michel Temer. A organização é ligada a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ovacionada pelo público, a presidenta disse, em discurso, que as gravações publicadas ontem pelo jornal Folha de S.Paulo são uma prova do “caráter golpista desse processo de impeachment”.

O jornal revelou conversas do agora ex-ministro do Planejamento Romero Jucá em que ele sugere ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado um pacto para impedir o avanço da Operação Lava Jato. “Vamos ficar atentos para desfazer todas as iniciativas desse governo provisório e interino, em especial, a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Essa talvez seja uma das medidas mais graves tomadas pelo governo provisório”, disse Dilma.

A presidenta Dilma Rousseff destacou que a gravação que mostra Jucá defendendo o seu afastamento, defende nitidamente um pacto nacional com o objetivo de interromper as investigações da Lava Jato. “Um pacto com caráter golpista e conspiratório que é este impeachment”, afirmou.

Governo sem representação

De acordo com Dilma, “em pouco mais de uma semana o governo já fez muitas coisas de forma incorreta. Um governo sem representação dos pobres, sem escutar agricultores familiares, sem mulheres, sem negros, que delega ao pó as lutas pela igualdade racial, a luta das mulheres, a luta dos direitos humanos, a luta da reforma agrária”.

Segundo ela, “se alguém ainda não tinha certeza que há um golpe em curso, baseado no desvio de poder, na fraude, as falas incriminadoras do Jucá e quem está por traz dele eliminam qualquer dúvida”. Para a presidenta, a gravação escancara “o desvio de poder, a fraude e a conspiração do processo de impeachment promovido contra uma pessoa inocente, sem nenhum crime de responsabilidade operante”.

A presidenta também fez uma referência ao presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem já chamou de “pecado original do golpe”. “O Jucá acabou de revelar que o impeachment é a melhor estratégia para parar a Lava Jato. Agora, um dos principais articuladores confessa involuntariamente: ‘sou golpista, somos golpistas, o golpe está em curso’. Aliás, Jucá diz na gravação uma frase muito pesada: ‘Michel é Eduardo Cunha’. Fica assim muito evidente o caráter espúrio desse impeachment”, acrescentou.

Fortalecimento da democracia

Demonstrando ânimo e força de vontade, Dilma Rousseff disse ter a certeza de que juntos, os brasileiros vão “derrotar os golpistas” e ajudar a “fortalecer a democracia nesse país”. “Nós vamos voltar, de uma forma ou de outra”, acentuou. Após o discurso, a presidenta afastada desceu do palco e caminhou entre a plateia sob aplausos e palavras de ordem em defesa da agricultura familiar.

O evento contou com a presença de aproximadamente 1,2 mil representantes da agricultura familiar das cinco regiões do país do Brasil, que estão acampados no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade Sarah Kubitschek, em Brasília, para participar de oficinas temáticas para o fortalecimento da agricultura familiar – taos como reforma agrária, produção de alimentos saudáveis, fortalecimento das mulheres da agricultura e permanência dos jovens no campo.

Segundo a organização do evento, que é patrocinado pela Caixa Econômica Federal e também teve apoio da CUT e do governo do Distrito Federal, o objetivo do congresso é formalizar a luta social em defesa dos interesses da agricultura familiar.

Fonte: Rede Brasil Atual
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/05/com-presenca-de-dilma-congresso-de-agricultores-familiares-critica-governo-temer-1510.html