Tuitadas da semana

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Cabo de guerra

Há coisa de dois meses, a Anatel resolveu que para uma empresa ter operação de TV a cabo não precisará mais vencer um processo de licitação. Terá apenas que pedir a outorga e demonstrar capacidade finaceira e técnica para manter a operação no ar que ganhará a concessão e poderá ir em frente. Basicamente, isso ajuda às teles, que há muito tempo procuram uma forma de ter oeprações de TV paga a cabo (algumas já têm por DTH), algo que é o pesadelo dos radiodifusores tradicionais. A esperança das teles era (é ainda) o PL-29, mas como esse anda a passos de tartaruga manca, a Anatel adiantou-se e definiu pela abertura ampla, geral e irrestrita das outorgas.

Durante esses dois meses, os radiodifusores ficaram no mocó, só observando. Agora, porém, eles viram que a coisa tende a ficar mesmo preta – foram pedidas mais de 80 outorgas em três semanas (até 12 de julho), em especial em pequenas cidades do interior ou em locais nos quais há forte presença de “gatonets”, como a Baixada Fluminense. Assim, por enquanto, só pequenos operadores entraram no jogo, mas é óbvio que, quando a situação aclarar, as teles vão botar o time em campo.

Para tentar evitar esse ataque, os radiodifusores apelaram para duas armas tão tradicionais quanto poderosas: matérias em TV e pressão no Congresso. O petardo inicial com a primeira foi da Band (leia aqui), seguindo-se um foguete no Congresso disparado pelo senador Antônio Carlos Junior (DEM-BA), ele mesmo dono de TV em seu estado (leia aqui). Já a Anatel defende sua ação afirmando que o fim dos limites para outorgas beneficiará os consumidor pelo aumento da concorrência (leia aqui).

(Outros textos de Ivson Alves em www.coleguinhas.wordpress.com)

Alerta laranja

Está ficando realmente muito feia a coisa. A perda de credibilidade do jornalismo brasileiro – muito por causa dos próprios jornalistas – está começando a passar para o desrespeito puro e simples.

Ontem, não vi o jogo em que o Fluzão assumiu a liderança do Brasileiro. Chegando em casa tarde, liguei a TV para ver como tinha sido a partida. Não deu, mas assisti, em três minutos, duas cenas constrangedoras para a “catchigoria”:

1. Entrevista coletiva do Felipão: “vocês ficam tentando induzir o jogador a falar bobagem de cabeça quente. Não vou mais permitir isso. A partir de amanhã, vou determinar que quem falar com jornalista sem ordem, vai pagar 5 mil, 10 mil para caixinha. Aí acabou”.

2. Entrevista coletiva de Wagner Mancini, treinador do Guarani. Ele é perguntado, de maneira educada, porque Fabinho, bom ponta e ídolo da torcida, não tem ficado nem no banco nos últimos dois jogos: “Já vi que vocês gostam muito do Fabinho…” começou ele, exsudando sarcasmo.

Péssimo, né? Mas tem pior. “Isso aconteceu mesmo ou é invenção de jornalista?”, perguntou o apresentador de um programa de rádio, que a cara-metade ouviu no táxi, hoje de manhã.

Esse desrespeito tem raízes lá atrás. No fim dos anos 90, escrevi aqui, na Coleguinhas (na época um site até bem taludo e não um simples blog), que o constante insulto à inteligência do público perpetrado pelos jornalistas ainda ia proporcionar sérios problemas não apenas aos veículos – com queda de audiência -, mas também aos próprios profissionais.

De lá para cá, os insultos multiplicaram praticamente ao infinito, como se pode observar, literalmente todos os dias, apenas folheando jornais (sem contar rádios, TVs e internet). A ação de pessoas truculentas como Felipão e Mancini (e Leão, mas esse é caso patológico mesmo) é resultado do escárnio diário dos profissionais de jornalismo em relação à capacidade de julgar do distinto público. Em reação, este passa a ficar indiferente à violência (pelo menos a verbal) contra os jornalistas (você lembra que houve significativo apoio ao Dunga quando ele destratou o Alex Escobar de público durante a Copa?). Aí felipões e mancinis se sentem autorizados a atacar quem faz perguntas das quais não gostam e “comunicadores” ficam à vontade para chamar jornalistas de mentirosos em seus programas.

Vai melhorar? Dificilmente. Afinal, para haver reversão desse quadro, em primeiro lugar, é necessário que aqueles que trabalham se dêem ao respeito. Uma atitude em direção da qual não se vê nenhum sinal.

(Outros textos em www.coleguinhas.wordpress.com)

Seqüestraram o carbono?

Por Rogério Almeida

O GDF Suez é top mundial quando o assunto é a irresponsabilidade social e ambiental. O grupo é sócio de empresas em empreendimentos hidrelétricos na Amazônia.

A exemplo de Jirau no rio Madeira, em Rondônia e a hidrelétrica de Estreito, no rio Tocantins, na fronteira do Maranhão com o Tocantins. Em Jirau trabalhadores eram escravizados.

Na edição de jornalismo da CBN de ontem, Sardenberg entrevistou o diretor de uma empresa que comercializou ativos de carbono para a Suez.

A negociação é permitida em países que são signatários do Tratado de Quioto.

O âncora não informou sobre a péssima imagem da Suez. Pior, ao ser informado que os ativos não passam de um projeto de uma usina eólica na Bahia, não interpelou o diretor da dita empresa sobre a matemática em vender algo que não passa de projeto.

Resumo da ópera: os passivos permanecem. E a questão sócio-ambiental da mega corporação não passa de perfumaria.

Dia dos Trabalhadores Rurais: uma luta por melhores condições

Da página do MST,
Com informações do site do Ministério do Trabalho e CTB

O dia 25 de julho é um motivo não para celebrações e festejos, mas para reforçar o debate sobre os temas da Reforma Agrária e da Soberania Alimentar.

Neste dia, lembramos as desigualdades provocadas pela apropriação de terras pelos latifundiários e a exploração dos recursos naturais e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais pelas empresas do agronegócio. Nesta data devemos realizar uma importante reflexão sobre a luta dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, para a construção de uma sociedade sem explorados nem exploradores.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nasceu das lutas concretas que os trabalhadores e trabalhadoras foram desenvolvendo em nome da conquista da terra, desde o final da década de 1970. No campo, foram criados tanto movimentos sociais como organizações de assalariados ligadas ao sindicalismo rural. O modelo de desenvolvimento concentrador e a consequente falta de oportunidades no campo resultou na migração massiva para as cidades, onde atualmente reside 80% da população brasileira.

Trabalhadores assalariados no campo

Os dados oficiais apontam melhoras no nível de emprego no campo no último período, mas, ainda assim, as principais bandeiras e pendências para este setor da classe trabalhadora ainda são garantir a carteira de trabalho assinada, a segurança e saúde do trabalho, combater a superexploração do trabalho que se assemelha à escravidão, acesso ao crédito, acesso à Previdência Social.

A garantia do cumprimento das leis trabalhistas também é um desafio em regiões onde os assalariados rurais vendem sua mão de obra para grandes cultivos de agronegócio, como é o caso de regiões de indústrias sucroalcooleiras, onde geralmente se verificam péssimas condições nos locais de trabalho e moradia.

Sem Terra e agricultura familiar

A data nos lembra também que a questão da população sem-terra não foi resolvida no país. Ainda há uma clara demanda por Reforma Agrária, como se pode comprovar com a existência de 90 mil famílias do MST acampadas em beiras de estrada em luta por um pedaço de terra.

A esse quadro soma-se a questão dos agricultores familiares, os que produzem a alimentação que vai à mesa do brasileiro. São 4,3 milhões de propriedades agrícolas familiares do país, responsáveis pela produção de 70% dos alimentos consumidos diariamente pelos brasileiros.

Os agricultores lutam por melhores condições de crédito e produção, já que a maior parte dos recursos públicos é destinada ao agronegócio, que possui mais terras e produz menos alimentos.

(Saiba mais sobre a luta dos trabalhadores por justiça no campo em www.mst.org.br)

O Datafolha e a necessidade de auditoria

Por Brizola Neto.

Bem, depois de me desintoxicar um pouco deste mundo de manipulação e propaganda, acho que é possível, de maneira bem calma e racional, mostrar a vocês como o Datafolha perdeu qualquer compromisso com a ciência estatística e passou a funcionar com uma arrogância que não se sustenta ao menor dos exames que se faça sobre os resultados que apresenta.

A primeira coisa que salta aos olhos é o problema gerado pela definição da área de abrangência e, por consequencia, da amostra. Ao contrário do que vinha fazendo nas últimas pesquisas, o Datafolha conjugou pesquisas estaduais e uma pesquisa nacional.

O resultado é um monstrengo, uma verdadeira barbaridade estatística. E as provas estão todas no site do TSE ao alcance de qualquer pessoa. E do próprio Tribunal e do Ministério Público Eleitoral.

Vejamos a mecânica da monstrengo produzido pelo Datafolha.

Dia 16 de julho, o Datafolha (já usando esta razão social e não  mais Banco de Dados São Paulo, como usava antes) registrou, sob o número 19.890/ 2010, uma pesquisa nacional de intenção para presidente. Nela, ao relatar a metodologia, o instituto abandonou os critérios tradicionais de distribuição da pouplação brasileira e “expandiu” as amostras dois oito estados.

No próprio registro há a explicação: “Nessa amostra, os tamanhos dos estratos foram desproporcionalizados para permitir detalhamento de algumas unidades da federação (UFs) e suas capitais. Nos resultados finais, as corretas proporções serão restabelecidas através de ponderação. A amostra nos estados em que não houve expansão foi desenhada para um total de 2500 questionários.

E quantos somavam os “estratos desproporcionalizados”?  Está lá: As UF´s onde houve expansão da amostra foram: SP-2040 entrevistas (1080 na capital), RJ-1240 entrevistas (650 na capital), MG-1250 entrevistas (400 na capital) , RS-1190 entrevistas (400 na capital), PR-1200 entrevistas (400 na capital), DF-690 entrevistas, BA-1060 entrevistas (400 na capital), PE-1080 entrevistas(400 na capital). A soma, portanto dá 9750 entrevistas, de um total de 10.730.

Logo, sobraram para todos os 19 demais estados brasileiros 980 entrevistas.

Qualquer estudante de estatística sabe que você não pode misturar critérios de amostragem para partes do mesmo universo e, no final, “ponderar” pelo peso de cada uma destes segmentos no total. Da mesma forma que não se pode pegar uma parte de uma amostra nacional e dizer que, no Estado X, o resultado é Y.

O resultado será viciado pela base amostral distorcida.

Mas o Datafolha não parou aí. Esta pesquisa “nacional” (protocolo 19.890/2010) foi registrada tendo como contratantes a Folha e a Globo, com o valor de R$ 194 mil. Cada uma dos  ” estratos desproporcionalizados” foi registrado, no dia 19 último, como uma pesquisa “separada”. Veja:

Protocolo 20158/2010 – Paraná, 1.200 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Sociedade Rádio Emissora Paranaense S/A. por R$ 76 mil;

Protocolo 20125/2010 – Distrito Federal,  690 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 70.900;

Protocolo 20141/2010 – Rio Grande do Sul , 1.190 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e RBS – Zero Hora Editora Jornalística S/A por R$ 68 mil;

Protocolo 20124/2010 – Bahia , 1.060 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. por R$ 80.258;

Protocolo 20164/2010 – São Paulo  , 2.040 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 74.100 (mais que o dobro por entrevista que na Bahia).

Protocolo 20140/2010 – Pernambuco , 1.080 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 65 mil;

Protocolo 20132/2010 – Minas Gerais , 1.250 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 80 mil;

Protocolo 20161/2010 – Minas Gerais , 1.240 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 68 mil.

Somando todos os valores declarados de contratação chega-se à bagatela de R$ 776.258 reais. Interessante, não?

Mais interessante ainda é o fato de que, nos protocolos listados acima, que você pode consultar napágina do TSE , preenchendo o número correspondente, o Datafolha nem sequer se preocupou em depositar, como manda a lei, o questionário específico. Fez como o Serra, que mandou entregar no Tribunal ,como programa, o discurso que fez na convenção. Colocou uma cópia do questionário “nacional”, onde não há perguntas sobre candidatos a governador ou senador.

O Datafolha trata as exigências legais como um “detalhezinho” sem importância, “vende” a mesma pesquisa em nove contratos diferentes – seria bom ver os recibos destes pagamentos, não? – e deposita questionários imcompletos, aos lotes.

Portanto, a análise da pesquisa Datafolha não deve ser estatística. Deve ser jurídica. O douto Ministério Público Eleitoral, que não aceita intimidações de quem quer que seja, bem que poderia abrir um procedimento para apurar todos os fatos que, com detalhes, estão narrados acima.

(Original clicando aqui.)

O medo invade a campanha

Alan Rodrigues e Sérgio Pardellas, Revista ISTOÉ

“O comando da campanha de José Serra (PSDB) colocou o medo no centro da disputa presidencial. Tudo começou com a surpreendente entrevista do vice de Serra, Indio da Costa (DEM), dizendo a um site do partido que o PT é ligado às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ao narcotráfico.

Num primeiro momento, lideranças partidárias passaram a ideia de que Indio era apenas uma voz isolada – além de descontrolada e inconsequente. Aos poucos, porém, foi ficando claro que ele cumpria um script previamente combinado. Muito bem orientado pelos caciques do PSDB e DEM, o vice de Serra servia de ponta de lança para uma estratégia de campanha: o uso da velha e surrada tática do medo. Ele procurava criar fantasmas na cabeça do eleitor para tirar votos da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff.

A tática do medo, por definição, desqualifica o debate político. Quem a utiliza está disposto a trabalhar não com a razão, mas com sentimentos mais primários e difusos. Recorre a argumentos distantes de qualquer racionalidade para tentar encantar um público mais desinformado ou que já coleciona arraigados preconceitos. É um jogo perigoso: “Campanhas negativas podem até aumentar a rejeição ao candidato que as patrocina”, diz o cientista político José Paulo Martins Jr., da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Mas os tucanos resolveram arriscar.”

Leia matéria na íntegra aqui.