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O Datafolha e a necessidade de auditoria

Por Brizola Neto.

Bem, depois de me desintoxicar um pouco deste mundo de manipulação e propaganda, acho que é possível, de maneira bem calma e racional, mostrar a vocês como o Datafolha perdeu qualquer compromisso com a ciência estatística e passou a funcionar com uma arrogância que não se sustenta ao menor dos exames que se faça sobre os resultados que apresenta.

A primeira coisa que salta aos olhos é o problema gerado pela definição da área de abrangência e, por consequencia, da amostra. Ao contrário do que vinha fazendo nas últimas pesquisas, o Datafolha conjugou pesquisas estaduais e uma pesquisa nacional.

O resultado é um monstrengo, uma verdadeira barbaridade estatística. E as provas estão todas no site do TSE ao alcance de qualquer pessoa. E do próprio Tribunal e do Ministério Público Eleitoral.

Vejamos a mecânica da monstrengo produzido pelo Datafolha.

Dia 16 de julho, o Datafolha (já usando esta razão social e não  mais Banco de Dados São Paulo, como usava antes) registrou, sob o número 19.890/ 2010, uma pesquisa nacional de intenção para presidente. Nela, ao relatar a metodologia, o instituto abandonou os critérios tradicionais de distribuição da pouplação brasileira e “expandiu” as amostras dois oito estados.

No próprio registro há a explicação: “Nessa amostra, os tamanhos dos estratos foram desproporcionalizados para permitir detalhamento de algumas unidades da federação (UFs) e suas capitais. Nos resultados finais, as corretas proporções serão restabelecidas através de ponderação. A amostra nos estados em que não houve expansão foi desenhada para um total de 2500 questionários.

E quantos somavam os “estratos desproporcionalizados”?  Está lá: As UF´s onde houve expansão da amostra foram: SP-2040 entrevistas (1080 na capital), RJ-1240 entrevistas (650 na capital), MG-1250 entrevistas (400 na capital) , RS-1190 entrevistas (400 na capital), PR-1200 entrevistas (400 na capital), DF-690 entrevistas, BA-1060 entrevistas (400 na capital), PE-1080 entrevistas(400 na capital). A soma, portanto dá 9750 entrevistas, de um total de 10.730.

Logo, sobraram para todos os 19 demais estados brasileiros 980 entrevistas.

Qualquer estudante de estatística sabe que você não pode misturar critérios de amostragem para partes do mesmo universo e, no final, “ponderar” pelo peso de cada uma destes segmentos no total. Da mesma forma que não se pode pegar uma parte de uma amostra nacional e dizer que, no Estado X, o resultado é Y.

O resultado será viciado pela base amostral distorcida.

Mas o Datafolha não parou aí. Esta pesquisa “nacional” (protocolo 19.890/2010) foi registrada tendo como contratantes a Folha e a Globo, com o valor de R$ 194 mil. Cada uma dos  ” estratos desproporcionalizados” foi registrado, no dia 19 último, como uma pesquisa “separada”. Veja:

Protocolo 20158/2010 – Paraná, 1.200 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Sociedade Rádio Emissora Paranaense S/A. por R$ 76 mil;

Protocolo 20125/2010 – Distrito Federal,  690 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 70.900;

Protocolo 20141/2010 – Rio Grande do Sul , 1.190 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e RBS – Zero Hora Editora Jornalística S/A por R$ 68 mil;

Protocolo 20124/2010 – Bahia , 1.060 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. por R$ 80.258;

Protocolo 20164/2010 – São Paulo  , 2.040 entrevistas, contratada pela Empresa Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 74.100 (mais que o dobro por entrevista que na Bahia).

Protocolo 20140/2010 – Pernambuco , 1.080 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 65 mil;

Protocolo 20132/2010 – Minas Gerais , 1.250 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 80 mil;

Protocolo 20161/2010 – Minas Gerais , 1.240 entrevistas, contratada pela Folha da Manhã S/A. e Globo Comunicação e Participações S/A. por R$ 68 mil.

Somando todos os valores declarados de contratação chega-se à bagatela de R$ 776.258 reais. Interessante, não?

Mais interessante ainda é o fato de que, nos protocolos listados acima, que você pode consultar napágina do TSE , preenchendo o número correspondente, o Datafolha nem sequer se preocupou em depositar, como manda a lei, o questionário específico. Fez como o Serra, que mandou entregar no Tribunal ,como programa, o discurso que fez na convenção. Colocou uma cópia do questionário “nacional”, onde não há perguntas sobre candidatos a governador ou senador.

O Datafolha trata as exigências legais como um “detalhezinho” sem importância, “vende” a mesma pesquisa em nove contratos diferentes – seria bom ver os recibos destes pagamentos, não? – e deposita questionários imcompletos, aos lotes.

Portanto, a análise da pesquisa Datafolha não deve ser estatística. Deve ser jurídica. O douto Ministério Público Eleitoral, que não aceita intimidações de quem quer que seja, bem que poderia abrir um procedimento para apurar todos os fatos que, com detalhes, estão narrados acima.

(Original clicando aqui.)

Bush no Guinness

Por Isaac Bigio

O atual presidente dos EUA bem que poderia entrar para o livro “Guinness”, por ostentar três recordes.

Primeiro: o de ser o presidente norte-americano que mais percentagem de apoio obteve. Segundo o Gallup, ele foi o único que chegou aos 90% de aprovação, índice alcançado dez dias depois do 11 de setembro de 2001.

Segundo: o de ocupante da Casa Branca que menos aprovação obteve na história. Segundo o Gallup, atualmente ele conta com 23% de aprovação.

Terceiro: é o presidente norte-americano mais paradoxal. Se sua aprovação alcançou índice superior ao que obteve Roosevelt, quando venceu a Segunda Guerra. Por outro lado, alcançou um índice de aprovação inferior ao recebido por Nixon, pouco antes de se renunciar.

A queda de Bush pode se acentuar ainda mais, à medida que ocorram novas falências financeiras. Segundo uma recente pesquisa da CBS e do The New York Times, a percentagem de apoio ao atual presidente já baixou aos 22%. Ele ainda tem quase três meses no poder e deve tentar o possível para não ficar por embaixo dos 20% de aprovação.

Tal é seu desgaste, que o candidato de seu Partido Republicano (McCain) dificilmente vencerá as atuais eleições, apesar de ter se distanciado o máximo que pôde dele durante a campanha. O crescente anti-bushismo pode ser catalisado pelo candidato que mais se diferir dele dentro do sistema.

Tradução: Pepe Chaves

O preço da credibilidade

Eduardo Guimarães – Foi divulgada hoje mais uma pesquisa de opinião mostrando outro aumento da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se da série histórica de pesquisas afins que a Confederação Nacional dos Transportes encomenda periodicamente ao instituto Sensus há anos.

À esta altura, quem se informa pela internet já conhece os números e tomou conhecimento das opiniões tanto de que a espantosa aprovação de Lula se deve ao bom governo que está fazendo quanto de que o povo é manipulado pelo presidente da República para pensar que seu governo é bom.

Sobre a segunda teoria, o diretor da CNT, Clésio Andrade, deu a seguinte declaração: “O bom desempenho do governo Lula pode ser atribuído ao crescimento da economia, geração de empregos e programas sociais implantados pela Presidência da República. [Mas] há também a boa movimentação do presidente, seu discurso popular com a divulgação do PAC. O presidente consegue capitalizar bem suas políticas. Dá a sensação de um governo eficiente (…) Também consegue realizar uma movimentação política positiva em termos da divulgação de suas ações. O seu marketing é bem trabalhado”.

A afirmação do diretor da CNT cai como uma luva para os donos de grandes meios de comunicação, pois eles pensam exatamente como Clésio Andrade. Mas a questão é: eles acreditam no que dizem? (…) Leia a análise completa de Eduardo Guimarães clicando no título.

VI Curso de informação sobre jornalismo em situações de conflito armado

Módulo promovido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Oboré e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) oferece 20 vagas para estudantes de jornalismo. As inscrições estão abertas até às 12h do dia 21 de setembro, sexta-feira, exclusivamente pelo site http://www.obore.com

No Brasil, a política de comunicação do CICV visa aumentar o acesso da opinião pública ao debate sobre as problemáticas humanitárias atuais e à resposta que a organização oferece em nível nacional, regional e internacional, usando para isso a intermediação dos grandes veículos de comunicação. O CICV acredita que esta informação contribui para uma melhor compreensão e, em conseqüência, maior aceitação da ação humanitária por parte dos atores que desempenham papéis importantes na garantia do acesso às vítimas e da segurança de seus colaboradores.

Uma das estratégias para esse objetivo são os cursos de informação dirigidos a estudantes de jornalismo, realizados anualmente em São Paulo, no âmbito do Projeto Repórter do Futuro – cursos modulados de complementação universitária. A iniciativa conta com o apoio efetivo da ABI – Associação Brasileira de Imprensa / Representação em São Paulo, Cátedra Unesco de Comunicação, Canal Universitário, TV USP, TV Mackenzie, TV Justiça, SINPRO/SP – Sindicato dos Professores de São Paulo, We Do Comunicação e Inteligente Vestibulares. Saiba mais em http://www.obore.com ou (11) 3214-3766

Percepção pública da Ciência e Tecnologia é tema de pesquisa

Conheça os resultados de pesquisa nacional sobre percepção pública da C&T. A pesquisa foi promovida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com a colaboração da Academia Brasileira de Ciências, do Museu da Vida/FIOCRUZ, da FAPESP e do LabJor (UNICAMP), e executada pela CDN Estudos & Pesquisa. A produção do questionário foi realizada por um grupo de trabalho, coordenado por Ildeu de Castro Moreira (MCT) e Luisa Massarani (Museu da Vida/Fiocruz), do qual participaram Marcelo Knobel (IFI/UNICAMP), Yurij Castelfranchi (LabJor/UNICAMP), Carlos Vogt (LabJor/UNICAMP e FAPESP), Martin Bauer (London School of Economics), Carmelo Polino (Ricyt e Centro REDES, Argentina) e Maria Eugenia Fazio (Centro REDES, Argentina). Acesse o resultado da pesquisa realizada no ano de 2007, o resultado da pesquisa de 1987, bem como a pesquisa equivalente realizada na União Européia em 2005 clicando aqui.