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Governo Lula e sociedade se unem contra a misoginia

25.10.2023 – Primeira Dama da República, Janja Lula da Silva, durante evento “Brasil sem Misoginia”, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Brasília – DF
Foto: Claúdio Kbene/PR

O lançamento da campanha nacional Brasil sem Misoginia representa um histórico passo dado pelo governo federal, por meio do Ministério das Mulheres, no enfrentamento a toda forma de violência contra as mulheres. 

“Esta é uma iniciativa que segue a orientação do presidente Lula e tem como meta e objetivo construir a igualdade e acabar com o feminicídio e com a violência contra a mulher em todo o território nacional. O Brasil sem Misoginia é um chamado para todas as autoridades e toda a sociedade sobre a urgência de enfrentarmos a misoginia em nosso país”, disse a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, no lançamento da campanha, na quarta-feira (25).

Com adesão de mais de 100 empresas, a iniciativa envolve ainda organizações sociais, esportistas, tecnológicas, religiosas, sindicais e culturais, além de todos os ministérios, o Sesi e o Senai e empresas públicas como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras.

Todos esses parceiros, lembrou Cida, se empenharão na construção de um país livre de todas as formas de violência e ódio contra as mulheres, sejam elas das áreas urbanas, do campo, da floresta ou das águas, sejam elas negras, indígenas, jovens, idosas, LBTs ou com deficiência.

“Queremos um Brasil seguro, com igualdades de oportunidades e respeito para todas as mulheres. É preciso prevenir feminicídios e as violências doméstica e sexual porque, segundo o Anuário de Segurança Pública, em 2022, 1.400 mulheres brasileiras foram mortas pelo fato de ser mulheres”, pontuou a ministra.

Janja: “Não podemos nos calar”

A primeira-dama, Janja Lula da Silva, destacou a importância do ato: “Nós, mulheres, não aguentamos mais o machismo e a misoginia.”

Ela chamou a atenção da importância de os homens também participarem da campanha e fez um apelo para que a sociedade converse sobre o Brasil sem Misoginia: “A gente precisa falar muito sobre isso, com o vizinho de porta, com o grupo de mães no colégio, em todos os espaços, com os superiores no trabalho. A gente precisa falar, não podemos e não vamos nos calar.”

Além disso, a primeira-dama também celebrou a participação e a adesão de representantes de empresas de tecnologia: “Estou muito feliz em ver Google e Facebook aqui, porque na rede social acontecem ataques às mulheres. Fico muito feliz também que são duas mulheres que estão como representantes, e vamos cobrar que esses ataques nas redes sejam criminalizados e essas contas excluídas.”

Benedita: basta à misoginia

Muito aclamada pela plateia, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) também participou da cerimônia. Ela destacou que o desafio para enfrentar a misoginia é grande no país, onde a violência contra a mulher é uma constante e atinge principalmente as mulheres negras.

“Por isso a campanha é da sociedade como um todo, não basta ser maioria, ainda não alcançamos os espaços de decisão e poder para mudar o rumo dessa história, mas podemos, sim, mudar o final dela”, afirmou a parlamentar.

“Essa não é uma tarefa fácil, mas estamos juntas para que possamos buscar uma prevenção constante para que as mulheres brasileiras estejam realmente seguras e possam ir aonde elas queiram, e ficar com quem elas quiserem. Vamos dar um basta na misoginia”, conclamou Benedita.

A representante adjunta da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, celebrou a iniciativa e reforçou a urgência de se lutar contra as desigualdades de gênero. “O lançamento do Brasil sem Misoginia é uma iniciativa acertada. É fundamental acelerar o progresso das mulheres”, disse

Cooperação técnica 

No lançamento da ação, houve a assinatura de dois acordos de cooperação entre o Ministério das Mulheres e os Ministérios da Cultura e dos Transportes.

O acordo com o MinC busca promover a colaboração mútua no enfrentamento à misoginia por meio da construção de condições favoráveis e seguras para as práticas artísticas e culturais de meninas e mulheres.

A ministra da pasta, Margareth Menezes, destacou o alinhamento entre os órgãos na busca de um país sem violência contra as mulheres: “Precisamos ter o direito de nos posicionarmos. Precisamos criar uma estrutura de país onde a palavra seja a melhor maneira de debater. Arma de fogo não é processo democrático, não existe processo democrático onde arma de fogo é usada. O MinC tem essa sensibilidade no lugar da mulher”, disse, lembrando que a maioria dos trabalhadores da cultura é formada por mulheres.

Já com o Ministérios do Transportes, foi firmado um Protocolo de Intenções focado na mobilização de concessionárias e empresas públicas. “Procurei a ministra Cida para buscar inserir cada vez mais mulheres no mercado de trabalho na área do transporte e garantir respeito às mulheres que trabalham nele. Quero dizer que neste ministério nós também defendemos direitos iguais”, afirmou o responsável pela pasta, Renan Filho.

Termos de adesão 

As entidades e empresas que aderiram à iniciativa assinaram o termo elaborado pelo MMulheres comprometendo-se a promover ações de enfrentamento à misoginia no âmbito de seu público, linguagem e capacidade. O intuito é estimular debates e reflexões sobre papéis sociais atribuídos a mulheres e homens e mobilizar a sociedade para as necessárias mudanças de comportamento dos grupos.

Entre algumas das entidades que se somaram à campanha estão a Articulação Brasileira de Lésbicas, a Agência Nacional de Mineração, Bayer Brasil, Coca-Cola Brasil, Cielo, CUT, Fórum De Mulheres do Mercosul, Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop, Instituto Avon, Tim Celular, Shien, Natura, Youtube Brasil, Católicas Pelo Direitos De Decidir, Evangélicas Pela Igualdade de Gênero, Casas Pernambucanas, Uber Brasil.

“É uma alegria compartilhar este momento de esperança em que empresas, torcidas organizadas de futebol, movimentos sociais e sindicais, organizações religiosas, juntos se comprometem a promover ações de enfrentamento à misoginia cada qual em seu âmbito de atuação com seu público e sua linguagem e com a sua capacidade”, ressaltou Cida Gonçalves.

E acrescentou: “Vamos juntas e juntos estimular debates, reflexões sobre papéis sociais atribuídos a mulheres e homens, a mobilizar a sociedade para mudanças de comportamento dos grupos. O Ministério das Mulheres, enquanto inaugurador dessa iniciativa, estimula que cada parceiro protagonize campanhas de formação, de ações para construção da igualdade e no enfrentamento à violência”.

Participaram do lançamento as ministras Marina Silva (Meio Ambiente), Nísia Trindade (Saúde), Aniele Franco (Igualdade Racial) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), além da vice-governadora do DF, Celina Leão, e da empresária Luiza Brunet.

Fonte: PT

(26-10-2023)

Cida: “Se queremos acabar com a violência, precisamos enfrentar o ódio contra as mulheres”

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participou nesta quarta-feira (25) do programa Bom dia, Ministra, do CanalGov. Durante a entrevista, Gonçalves respondeu a uma série de questionamentos feitos por jornalistas de rádios de vários estados brasileiros sobre assuntos relacionados às mulheres. A maioria das perguntas giraram em torno de ações da pasta para prevenir a violência contra as mulheres. 

Ao iniciar sua participação, a ministra destacou o lançamento da campanha nacional “Brasil Sem Misoginia”, que ocorreu na tarde de hoje, em Brasília.

Segundo ela, a ação objetiva mobilizar a sociedade contra todo e qualquer tipo de violência e discriminação contra as mulheres. “É uma iniciativa que a gente começou a pensar e a estudar no começo do ano, quando tomamos posse enquanto governo. Existe uma demanda que mostra que aumentou o número de feminicídio e de todas as formas de violência contra a mulher. E fomos estudar qual a causa desse aumento tão grande efetivamente”, disse.

“Então – continuou – chegamos à conclusão que é a misoginia, o ódio às mulheres. É isso que leva a todas as formas de violência.  Se nós queremos acabar com a violência no Brasil, nós precisamos enfrentar o ódio, e é essa a proposta que nós temos da marcha, na verdade, da iniciativa que é o Brasil sem Misoginia. Para isso, não pode ser uma questão só do governo, ela precisa ser uma questão da sociedade brasileira”.

Ação precisa de toda a sociedade

Gonçalves também revelou que o Ministério das Mulheres conversou com mais de 100 empresas para que elas se envolvam na iniciativa, e que assinarão o termo de adesão ao Brasil sem Misoginia.

“Nós também estamos envolvendo a questão do esporte, então os times e as torcidas de futebol para que possam, de fato, ter uma postura frente a violência, a misoginia, e o ódio. Nós também vamos discutir com todas as religiões, as de matriz africana, as evangélicas. Onde nós pudermos chegar para que possamos ter uma sociedade que se mobilize, não aceite e tolere o ódio contra as mulheres.”

Questionada sobre o que é esperado das empresas e dos times que aderirem ao pacto, a ministra revelou esperar que esses grupos tomem atitude. “Temos mais de 80 canais, no YouTube, principalmente, que propagam todos os dias ódio contra as mulheres. Trinta e cinco desses canais são monetizados. Então, esperamos das empresas que não monetizem e não paguem esses canais para continuar propagando ódio contra as mulheres. O ódio não pode ser financiado”, conclamou.

Ainda sobre a importância da adesão das empresas à campanha, a chefe da pasta das Mulheres afirmou ser extremamente importante que os grupos empresariais sinalizem que não aceitam misoginia e não trabalham com ódio.

“Isso fortalece o governo para fazer políticas públicas, fortalece o Congresso para pensar leis e avançar nesse processo e nos ajuda na verdade a fazer com que a população brasileira não tolere a violência contra a mulher. Porque a ideia da iniciativa é um pouco acordar o povo brasileiro, homens e mulheres. Nós não podemos mais conviver com um Brasil doente, com ódio, o Brasil que é intolerante, que é raivoso. Esse não é o Brasil que nós conhecemos. Nós temos outro Brasil e nós precisamos resgatá-lo”, completou.

Interação com rádios estaduais 

O jornalista Carlos Ferreira, do Grupo Feitosa de Comunicação, de Mato Grosso do Sul, indagou a ministra sobre como a pasta vem trabalhando com os estados  para combater a violência doméstica e consequentemente o feminicídio.

A ministra destacou que a Casa da Mulher Brasileira (CMB) de Dourados (MS)  será a primeira a começar a tratar a questão das mulheres indígenas.

“Nós temos várias casas da CMB no país – já são 13 -, mas a de Dourados será a que vai iniciar todo o trabalho com relação à questão das mulheres indígenas. Nós pactuamos que vai ter atendimento feito por profissionais indígenas”, informou.

Segundo a ministra, “há também o Pacto de Enfrentamento ao Feminicídio entre essas propostas. Estamos discutindo o fortalecimento das delegacias 24h, que é uma lei que foi aprovada agora, e onde não tem delegacia qual o tipo de atendimento que vamos prestar, como vamos atender essas mulheres e nós entendemos que pode ser um espaço nas delegacias comuns em municípios abaixo de 50 mil habitantes”.

“Nós precisamos aumentar o número de delegacias, de centro de atendimentos, de juizados  de violência contra a mulher que são 156 no Brasil e isso é muito pouco e estamos com um grande desafio junto ao Ministério da Justiça”. esclareceu.

Na sequência, o repórter Dylan Araújo, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, questionou a ministra sobre o auxílio pago para mulheres vítimas de violência doméstica, que virou lei federal.

Segundo ele, são os estados e municípios que fazem os pagamentos às vítimas, mas somente são feitos a partir de uma decisão judicial e nesse sentido algumas defensorias públicas têm apontado para a relevância de uma legislação local que facilite o processo para que não se tornem processos longos e morosos.

A ministra destacou que o tema tem sido discutido no âmbito do governo. “Na semana passada  tivemos uma reunião com o ministro Wellington Dias, a ministra Simone Tebet e eu para discutirmos a regulamentação da lei que garante o auxílio aluguel para as mulheres vítimas de violência”.

De acordo com a ministra Cida, “apesar da lei encaminhar para os municípios, ela também determina que é pelo SUAS, pelo LOAS, logo é a assistência social que vai liberar esse recurso. Portanto, para não deixar os municípios e os estados arcarem sozinhos nós vamos estar regulamentando esse processo de lei, para apurar de que forma nós podemos complementar esses recursos que, de fato, aconteçam na ponta. Isso é um primeiro fator de pactuação e negociação porque não se pode criar uma legislação e deixar os municípios (sic sozinhos).”

Articulação com as secretarias estaduais

Já Júnior César, da Rádio Difusora Acreana, pontuou sobre a importância da articulação entre as secretarias de mulheres estaduais para promover a articulação com foco nas políticas para as mulheres.

“Um dos desafios que está colocado para o Ministério das Mulheres é que nós precisamos ter secretarias de mulheres na maioria dos estados e municípios brasileiros porque isso é garantir a capilaridade. Precisamos de todo mundo e do pacto  federativo para termos políticas públicas fortes para dar conta do que é a necessidade das mulheres brasileiras”, assegurou a ministra.

A jornalista Lorena Lima, da Rádio Rondônia, indagou à ministra sobre as altas taxas de feminicídios no estado, que foram agravadas durante a pandemia. Ao afirmar que mesmo Rondônia tendo boas taxas de empregabilidade no Brasil, ainda há a diferenciação entre homens e mulheres, Lima perguntou o que o governo federal tem feito para trabalhar essa equiparação e valorização:

“Em relação ao feminicídio, nós lançamos o pacto nacional de prevenção ao feminicídio e ele tem várias ações que perpassam por vários ministérios como o da Justiça, Mulheres, Saúde e Desenvolvimento Social. O feminicídio é um crime previsível, se você consegue prevenir ele se torna inevitável, e isso é o que torna ele mais grave”, respondeu a ministra.

“Então nós precisamos fazer com que as mulheres acreditem nos serviços públicos e façam as denúncias. Aí em Rondônia estamos construindo uma CMB, estamos debatendo quais são as políticas, como se cruza as informações, como alocar recursos para que a secretaria de mulheres tenha condições de avançar”.

Em relação à empregabilidade, Gonçalves afirmou que o Ministério das Mulheres tem trabalhado com três prioridades. “A primeira é incluir digitalmente as mulheres, temos parceria com o Sesc para capacitação das mulheres especificamente, e nós temos aí parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia”.

“Também nesse setor da empregabilidade trabalhamos a questão das cotas, temos a lei que garante 8% para as mulheres vítimas de violência nos serviços terceirizados do governo federal, e no Ministério do Trabalho temos uma parceria de qualificação e estamos conversando para que onde as obras do PAC chegarem haja priorização para qualificar as mulheres para que elas sejam, de fato, utilizadas”, disse a ministra.

Fonte: PT

(25-10-2023)

Inteligência artificial: tema escolhido pelo Papa para o Dia das Comunicações Sociais 2024

Francisco definiu o tema do 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais que será celebrado em 2024: “é importante orientar os algoritmos, de modo que haja em todos nós uma consciência responsável no uso e no desenvolvimento dessas diferentes formas de comunicação, que acompanham as das redes sociais e da internet”.

“Inteligência artificial e sabedoria do coração: por uma comunicação plenamente humana.” Esse é o tema que o Papa Francisco escolheu para o 58° Dia Mundial das Comunicações Sociais que será celebrado em 2024. O anúncio foi feito pela Sala de Imprensa da Santa nesta sexta-feira (29), destacando que “a evolução dos sistemas de inteligência artificial torna cada vez mais natural a comunicação através e com as máquinas, de tal modo que se tornou cada vez mais difícil distinguir o cálculo do pensamento, a linguagem produzida por uma máquina daquela gerada pelos seres humanos”.

O comunicado ainda salienta que, “como todas as revoluções, também esta baseada na inteligência artificial coloca novos desafios para que as máquinas não contribuam para espalhar um sistema de desinformação em larga escala e não aumentem a solidão daqueles que já estão sós, privando-nos do calor que só a comunicação entre pessoas pode dar”. Enfim, a nota da Sala de Imprensa da Santa Sé é finalizada enaltecendo a importância de se “orientar a inteligência artificial e os algoritmos, de modo que haja em todos nós uma consciência responsável no uso e no desenvolvimento dessas diferentes formas de comunicação, que acompanham as das redes sociais e da internet. A comunicação deve ser orientada para uma vida mais plena da pessoa humana”.

Fonte: Vatican News

Caminhos de reconciliação e reconstrução da comunhão

XXIII Domingo Comum:  Mt 18, 15- 20. 

Caminhos de reconciliação para uma humanidade dividida

Neste XXIII domingo comum do ano, escutamos o evangelho de Mateus 18, 15- 20, texto central no discurso de Jesus sobre como deve ser a comunidade dos seus discípulos e discípulas. É incrível que o discurso de Jesus sobre a comunidade comece nos advertindo sobre a tentação do poder.  O testemunho do reinado divino no mundo só pode ser feito a partir do caminho do anti-poder. Quem continua atraído/a pelo poder, mesmo pelo poder religioso e eclesiástico, ignora o evangelho de Jesus. A comunidade cristã tem de ser ensaio de uma inversão de valores do mundo. Jesus adverte: só se entra no discipulado dele pela identificação com os pequenos do mundo. Ele nos chama a sermos, nós mesmos/as, não apenas pessoas simples e consideradas pequenas diante da sociedade, como discípulas dos pequeninos do mundo. Para isso, nesse texto, ele nos ensina como viver entre nós a correção fraterna e a comunhão como sinal e sacramento da presença divina no mundo.

Em qualquer grupo é comum e normal surgirem conflitos. Como solução para os conflitos internos na comunidade, Jesus propõe a busca contínua e teimosa da reconciliação. Talvez, o normal fosse pedir à pessoa que provocou o conflito que procurasse se reconciliar. No entanto, Jesus radicaliza. Ele pede a iniciativa de ir atrás do outro não à pessoa que provocou o conflito, mas à própria pessoa que sofreu e se considera vítima da ofensa. Antes, no mesmo discurso, ele tinha falado do pastor que deixa as 99 ovelhas no aprisco e vai atrás da que está perdida. Jesus não separa uma coisa da outra. Embora ele saiba que, em geral, como diz o povo, “dois não brigam quando um não quer”, parte do princípio que o/a outro/a seja o/a culpado/a. Conforme o senso comum, se quem pecou foi ele ou ela, deveria ser ele ou ela a procurar pedir perdão e se reconciliar. Mas, Jesus subverte o senso comum e a ordem que dá não é para a pessoa culpada. É para a vítima: “vá e procure o seu irmão ou irmã”. Desde o começo, ele que opta pelo mais fraco e mais pobre, aqui também opta pela pessoa que errou.

Nada da tendência de pensar as relações sociais e coletivas de uma forma e a relação interpessoal de outra. O espírito é o mesmo. Para Jesus, o pecado não é contra Deus. É contra o irmão. Quem quer viver na comunidade de discípulos e discípulas de Jesus nunca pode se negar ao diálogo pessoal e sempre tem de se preocupar em se reconciliar com algum irmão ou irmã com o qual surge um problema. É importante Jesus dizer: “Se seu irmão ou sua irmã pecar contra ti, vá e tome a iniciativa do diálogo. Não é fácil e é comum que a gente pense: será que adianta? E aí Jesus aponta três níveis de ação, ou três etapas de solução: 1- o diálogo a dois.

2 – Se esta etapa não solucionar, procure duas ou três pessoas que possam ajudar.

3 – Se mesmo assim, não funcionar, tente o diálogo em comunidade.

 

Infelizmente, é muito comum que mesmo as comunidades mais evangélicas têm grande dificuldade de viver o que esse evangelho propõe. De fato, não se pode dialogar, sem que as duas partes queiram e acreditem nesse caminho. Jesus pede uma ética nova na relação entre irmãos e entre irmãs. É importante criar uma ética comunitária sobre o que se pode e o que não se deve dizer uns dos outros. Essa regra que Jesus propõe sobre o diálogo e a reconciliação vem da lei judaica (Dv 19, 17 e Deut 19, 15).

Os antigos rabinos já insistiam: se tiver alguma queixa contra o outro, vá e fale com a própria pessoa. É antiético e contra a espiritualidade qualquer conversa por trás que pode gerar fofoca e murmuração. Muitas vezes, as pessoas e mesmo grupos trabalham por direitos humanos e por justiça no plano social,  mas descuidam totalmente da Ética na relação dentro de casa e no modo de lidar com os conflitos pessoais. A Ética do diálogo e da veracidade que respeita a outra pessoa é atual e sempre necessária.

A comunidade de Mateus sabe por experiência que às vezes nem o diálogo em comunidade resolve. A pessoa responsável pelo problema não aceita se rever e mudar de posição. No evangelho, Jesus diz duas coisas:

1º – ele assume a posição da comunidade (tudo o que ligares na terra será ligado no céu).

2º – ele diz que se a pessoa não escuta a comunidade, seja para ti como um pagão ou publicano.

Na história da Igreja, muitas vezes essa palavra foi compreendida como se Jesus estivesse justificando exclusões e excomunhões. De fato, o que ele diz: Se a pessoa não escutar a comunidade, já não é mais responsabilidade sua. Você tentou tudo. Não conseguiu. Sinta-se liberado. É só isso. Não é nenhuma condenação à pessoa renitente. A opção de Jesus pelo pequeno e pelo pecador nem aí cede ou capitula.

Ao contrário, Jesus deixa claro que o diálogo e a reconciliação são condições indispensáveis para a oração (ele já tinha dito isso no discurso da montanha – Mt 5, 24). Se dois ou três de vocês se colocarem de acordo para pedir ao Pai alguma coisa em meu nome, eles lhes dará… Temos de primeiramente nos colocar de acordo através do diálogo e da reconciliação e temos de poder falar em nome de Jesus – saber que aquilo que pedimos, de fato, Jesus aceita pedir conosco ao Pai. E aí sim vem a promessa: “Onde duas ou três pessoas se reunirem em meu nome, Eu estou no meio delas”.

Atualmente, existe no mundo e entre nós uma cultura de intolerância (ou chamam Tolerância Zero). Jesus nos chama à radicalidade (radical vem de raiz: ir às raízes dos problemas), mas não à inflexibilidade, rigidez e fundamentalismo de nenhum tipo ou matiz. Devemos ser intransigentes na defesa do direito e da justiça, na luta contra a xenofobia, a exclusão social, o racismo e a homofobia. Defendemos até o fim o direito dos povos originários a seus territórios e culturas. E Jesus nos chama a viver essa luta, sem que nunca nos deixemos desumanizar pelo inimigo.

No Brasil atual, temos de retomar a possibilidade do diálogo entre os diferentes que nos tempos mais recentes, a extrema-direita praticamente impossibilitou. Por mais difícil que seja, é fundamental que tentemos isso sem desanimar. Não se trata de abrir mão de nossas convicções fundamentais, nem de querer cooptar o outro para nossas posições. Trata-se antes de tudo de distinguir adversários e inimigos. Com adversários, podemos conseguir alianças e acordos. Com os inimigos, em geral, não. Além disso, com todos manteremos uma atitude que reconhece a humanidade deles e não os desumanize, mesmo se eles dao esse testemunho de desumanização. Em um campo de concentração nazista, Etty Hillesum, moça judia de 28 anos, afirmava: Nossos opressores podem tirar tudo de nós, podem nos roubar até a vida. Só não conseguem roubar nossa dignidade e sensibilidade de pessoas humanas”.

BRICS: Lula prega resgate do multilateralismo e fim da “obsoleta Guerra Fria”

Com críticas à governança global, aos países ricos e ao sistema financeiro internacional, o presidente Lula defendeu, nesta quarta-feira (23), que o modelo multilateral do comércio seja reavivado para que volte a ser indutor de relações justas, previsíveis, equitativas e não discriminatórias entre os países. Lula discursou durante a sessão plenária aberta da XV Cúpula do BRICS, em Joanesburgo, na África do Sul.

“Em poucos anos, retrocedemos de uma conjuntura de multipolaridade benigna para uma que retoma a mentalidade obsoleta da Guerra Fria e da competição geopolítica”, afirmou o presidente, durante a sessão com os líderes dos demais países que compõem o BRICS – Rússia, Índia, China e África do Sul. “Essa é uma insensatez que gera grandes incertezas e corrói o multilateralismo. Sabemos bem onde esse caminho pode nos levar. O mundo precisa compreender que os riscos envolvidos são inaceitáveis para a humanidade”.

Como exemplo, o chefe do governo brasileiro citou a guerra na Ucrânia. “Não podemos nos furtar a tratar o principal conflito da atualidade, que ocorre na Ucrânia e tem efeitos globais. O Brasil tem uma posição histórica de defesa da soberania, da integridade territorial e de todos os propósitos e princípios das Nações Unidas. Achamos positivo que um número crescente de países, entre eles os países do BRICS, também esteja engajado em contatos diretos com Moscou e Kiev”, afirmou Lula.

O presidente acrescentou que as dificuldades para o alcance da paz não podem ser subestimadas e, “tampouco, podemos ficar indiferentes às mortes e à destruição que aumentam a cada dia”.

Lula ressaltou que os países do BRICS estão prontos para se juntar a um esforço que possa efetivamente contribuir para um pronto cessar-fogo e uma paz justa e duradoura. Segundo ele, todos sofrem as consequências da guerra, mas as populações mais vulneráveis, nos países em desenvolvimento, são atingidas desproporcionalmente.

“A guerra na Ucrânia evidencia as limitações do Conselho de Segurança. Os BRICS devem atuar como uma força pelo entendimento e pela cooperação. Nossa disposição está expressa nas contribuições da China, da África do Sul e de meu próprio país para os esforços de solução do conflito na Ucrânia”, pontuou o líder brasileiro.

Ele criticou o fato de muitos outros conflitos e crises não estarem recebendo a atenção devida, mesmo causando vasto sofrimento para as suas populações. “Haitianos, iemenitas, sírios, líbios, sudaneses e palestinos todos merecem viver em paz. É inaceitável que os gastos militares globais em um único ano ultrapassem 2 trilhões de dólares, enquanto a FAO nos diz que 735 milhões de pessoas passam fome todos os dias no mundo”, disse. “A busca pela paz é um dever coletivo e um imperativo para o desenvolvimento justo e sustentável”.

Desafios climáticos

O presidente afirmou ainda que “o esfacelamento da governança global também está patente nas agendas do desenvolvimento, do financiamento e do enfrentamento à mudança do clima”. Ele lamentou que a implementação da Agenda 2030 esteja “em risco em todo o mundo”.

“Relatório recente da ONU indica fortes retrocessos. Vemos o maior aumento da desigualdade entre os países em três décadas. Em 30% das metas, estagnamos ou andamos para trás. É muito difícil combater a mudança do clima enquanto tantos países em desenvolvimento ainda lidam com a fome, a pobreza e outras violências”, criticou o presidente brasileiro.

Em um recado às potências econômicas, Lula reafirmou que o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, mantém sua atualidade. “Os grandes responsáveis pelas emissões de carbono que causaram a crise climática foram aqueles que fizeram a Revolução Industrial e alimentaram um extrativismo colonial predatório. Eles têm uma dívida histórica com o planeta Terra e com a humanidade”, afirmou.

Segundo ele, “precisamos valorizar o Acordo de Paris e a Convenção do Clima, em vez de terceirizar as responsabilidades climáticas para o Sul Global”. Lula ressaltou que, nesse contexto, o Brasil tem recuperado seu protagonismo na agenda ambiental.

O presidente citou a Cúpula da Amazônia, realizada nos dias 8 e 9 de agosto, em Belém (PA), um marco, segundo ele, para a necessária construção de um modelo de desenvolvimento sustentável mais justo.

“Nossos recursos não devem ser explorados em benefício de poucos, mas valorizados e colocados a serviço de todos, sobretudo do bem-estar das populações locais. Mas para que as promessas já feitas pelos países ricos sejam cumpridas, o financiamento climático e de biodiversidade deve ser verdadeiramente novo e adicional em relação ao financiamento ao desenvolvimento”, enfatizou.

Segundo o chefe do governo brasileiro, o sistema financeiro internacional, ao invés de alimentar as desigualdades, deveria ajudar os países de baixa e média renda a implementarem mudanças estruturais. “O endividamento externo restringe o desenvolvimento sustentável. É inadmissível que os países em desenvolvimento sejam penalizados com juros até oito vezes mais altos do que os cobrados dos países ricos. É preciso aumentar a liquidez, ampliar o financiamento concessional e pôr fim às condicionalidades”.

Como havia feito na terça-feira (22), durante o Fórum Empresarial do BRICS, Lula destacou que o grupo de países está plenamente consolidado como marca e ativo político de valor estratégico, com forte potencial para influir na trajetória do desenvolvimento mundial. “A participação de dezenas de chefes de Estado e de Governo na sessão ampliada de amanhã representará um feito histórico. O interesse de vários países em aderir ao agrupamento é reconhecimento de sua relevância crescente”.

Fonte: PT

(23-08-2023)

Brasil no rumo certo: Educação e ciência & tecnologia voltam a ser prioridades

A educação, em todos os níveis, voltou a ser prioridade do governo federal desde o dia 1º de janeiro de 2023. “Agora é hora de voltar a cuidar do Brasil e do povo brasileiro, criar ainda mais vagas nas universidades, investir fortemente na educação, na ciência e na cultura”, anunciou o presidente Lula no discurso de posse.

As ações dos seis primeiros meses de governo refletiram o compromisso com a educação como base para o desenvolvimento do país, desde a creche até a universidade. Escola em tempo integral, investimentos em universidades e pesquisa, Brasil Alfabetizado, Escola Segura e a retomada de milhares de obras paradas foram algumas das ações que, em apenas um semestre, viraram as páginas trevosas de um capítulo de desmonte que os dois governos anteriores escreveram na educação brasileira.

“Eu voltei para continuar fazendo mais escolas, para continuar fazendo mais universidades, porque não existe exemplo, no planeta terra, de um país que se desenvolveu sem antes investir na educação”, afirmou o presidente no começo de junho na inauguração do Campus Paulista do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), na cidade de Paulista, no Grande Recife.

Dia 17 de janeiro o governo anunciou o reajuste de 14,95% do piso salarial nacional dos professores de educação básica da rede pública. “A valorização dos nossos profissionais da educação é fator determinante para o crescimento do nosso país”, ressaltou o ministro Camilo Santana no Twitter.

Dois dias depois, Lula se reuniu com os reitores das universidades federais em Brasília, retomando o diálogo e assumindo o compromisso com a recomposição orçamentária das universidades dramaticamente corroída pelo governo anterior. “A educação é a única coisa que pode fazer este país deixar de ser um eterno país em desenvolvimento e se tornar um país desenvolvido”, disse o presidente na reunião.

O governo seguiu firme no propósito de recuperar a educação e a ciência brasileiras do desmonte promovido nos últimos anos. Em fevereiro Lula anunciou o aumento do valor das bolsas de pesquisa que estavam congeladas desde 2013 e também 10 mil novas bolsas da graduação ao pós-doutorado.

Bolsas de mestrado e doutorado, que há anos não eram reajustadas, tiveram aumento de 40%. As de pós-doutorado tiveram reajuste de 25%. No caso das bolsas de iniciação científica no ensino médio os valores são de 75% a 200%. “A bolsas são ferramentas essenciais para o desenvolvimento científico e a geração de inovação, evitando a evasão de talentos para o exterior, que é tão preocupante para o futuro da nossa nação”, salientou Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Em março foi a vez do reajuste de 39% na merenda escolar que ficou cinco anos sem correção, uma das maiores crueldades dos governos Temer e Bolsonaro com cerca de 40 milhões de crianças e adolescentes. Os valores são repassados a estados e municípios para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) com investimentos de R$ 5,5 bilhões, um aumento de cerca de R$ 1,5 bilhão em relação ao orçamento anterior.

Em abril o governo anunciou o repasse de R$ 2,44 bilhões para o fortalecimento do ensino superior, profissional e tecnológico. 70% dos recursos, cerca de R$ 1,7 bilhão foram destinados para a recomposição direta das finanças de universidades e institutos federais e outros 730 milhões para obras e ações como residência médica e multiprofissional, além de bolsas de permanência.

Para o programa Escola em Tempo Integral, uma das grandes metas do governo, foram liberados R$ 4 bilhões para estados e municípios alcançarem um milhão de matrículas, numa primeira etapa. Até 2026 a meta é alcançar cerca de 3,2 milhões de matrículas. Somente 15% dos alunos brasileiros estão matriculados no ensino em tempo integral atualmente.

“É muito importante quando uma mãe ou um pai deixa uma criança numa escola de tempo integral e sabe que seu filho ou filha está bem cuidado. E vamos precisar de governadores, prefeitos, deputados, a sociedade atuando juntos, porque essa política não será feita sozinha”, frisou Lula durante o evento de lançamento em maio no Ceará.

No mesmo mês, Lula anunciou o Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica para recuperação de 3.500 obras paralisadas, como creches e pré-escolas, escolas de ensino fundamental e profissionalizante, além de investimentos na conclusão de quadras esportivas. Serão criadas mais de 450 mil vagas na rede pública de ensino, com investimentos de R$ 4 bilhões entre 2023 e 2026.

Mais do que nunca a segurança nas escolas se tornou foco do governo em iniciativas como a destinação de R$ 3,1 bilhões para estados e municípios promoverem um ambiente escolar mais seguro, com medidas que envolvem os ministérios da Educação, Justiça, Direitos Humanos, Cultura e Esportes.

O Programa Nacional de Segurança nas Escolas prevê R$ 150 milhões para o fortalecimento dos órgãos de segurança pública voltados para o ambiente escolar, além de R$ 100 milhões para fortalecimento das guardas municipais. Outros R$ 90 milhões dos recursos da Assistência Primária à Saúde foram destinados para os municípios dentro do Programa Saúde na Escola, que contempla ações que promovem a cultura de paz.

Para garantir que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao fim do segundo ano do ensino fundamental, o governo distribuirá R$ 3,5 bilhões ao longo dos próximos anos para estados e municípios, além de recuperar o aprendizado dos alunos matriculados no terceiro, quarto e quinto anos, que tiveram o desempenho afetado pela pandemia. Os recursos serão destinados para ações como formação de professores e gestores, aquisição de materiais de ensino e melhoria da infraestrutura escolar.

O Enem foi alvo de ampla campanha do governo após registrar apenas 1,9 milhão de inscritos em 2022 contra os seis milhões de participantes em 2014.

“Com a volta de Lula, o Brasil voltou, a educação voltou, a ciência voltou ao Brasil. Por isso, a ciência e a educação vão servir ao combate à fome, vão servir à agenda das mudanças climáticas, vão servir à transição energética, vão servir à inclusão digital, vão servir, portanto, ao meio ambiente, e servir com as políticas assistivas”, declarou Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Fonte: PT

(28-07-2023)

Pertenecimiento

Me alegró cuando fue elegido, una cita de una entrevista suya en que se comparaba a un arroyo de montaña, ahora remansando, con la edad. Sigue vigente, sigue entero. Justicia sigue siendo el centro. Historia, memoria. Identidad. Pertenecimiento.

Ayuda a comprender ciertas características del tiempo actual, aparentemente tan inmediato. La esperanza se fortalece al ver que la integridad sigue siendo una fuerza política y personal. Argentina es una memoria. Una historia viva.

Brasil se lee también en este panorama. La justicia usada indebidamente como mecanismo de persecución contra Lula. El periodismo deformando más que informando. Viejas historias.

A contramano, la atención y la intención de promover lo mejor en el ser humano. Aquí estamos.

En esta entrevista, Jorge Mario Bergoglio, el papa Francisco, responde sobre temas como abuso sexual en la iglesia, lawfare, y homosexualidad, entre muchos otros.

 

Fuente: Vatican News, 01-04-2023

Pausa

As pausas são necessárias. É preciso esperar. Escutar. Ter certeza. Saber o que é que está acontecendo.

A reação imediata e irrefletida pode ser uma mera reação defensiva, indispensável algumas vezes, mas não sempre.

Quem se sentiu ou foi muito atacado ou agredido, pode ter incorporado hábitos defensivos que é preciso verificar, sob risco de virem sufocar a pessoa, ao invés de a defender.

Atenção continua a ser chave.

Sentido de viver

Esperar o sol. Espreitar o sol. Saber que logo mais irá clarear o horizonte. E que embora possa ter nuvens, ou não, de todo jeito o sol irá aparecer. Esta é uma certeza que podemos ter.

O que é que me anima?  O que é que faz valer a pena ter amanhecido? Respondo para mim mesmo e escuto a resposta. É o prazer. A beleza a que me agarro como o musgo à pedra. Algo tão simples, tão ao alcance. Vê-la e saber disto. Ver a flor e saber disto, sem sombra de dúvida. Ter um projeto, ou mais de um, entrelaçados.

Saber sentindo, que há, na verdade, um único projeto. Ser feliz. Ser quem sou. Mais eu cada vez. Menos o implante que tanto me confundiu tantas vezes! Desta forma começa a jornada. Segunda-feira. Este é o meu trabalho. Juntar e me juntar. Partilhar o que vou vendo e aprendendo. Costurar tempos e me coser nesta juntada.

Sei que não estou só. Há mais mãos nesta empreitada. Somando. Somar. Para o bem. Para o desabrochar daquilo que embeleza a vida. Escuto o galo cantar. Será a revolução? O que é a revolução hoje? Qual é a minha revolução? Voltamos ao começo. O que me faz viver. O que me alegra e anima. O que dá sentido ao meu viver.

Isto aprendo garimpando dentro de mim, constantemente. Desfazendo equívocos. Isto não, isto não. Vai restando apenas uma faísca. Uma luz bem pequenininha ou nem tanto. Por vezes é um clarão, do tamanho e esplendor do sol. Vou por aí. Aí está tudo e isso é tudo. Hoje posso afirmar sem rodeios, que o meu sentido maior é o prazer.

O desfrute das pequenas coisas da vida, essenciais. A respiração. O saber-me parte do todo, tal como as árvores e as estrelas. Sentir que o medo não me paralisa, como não me paralisou no passado. Cresci, frutifiquei. Eis me aqui! Pronto para esta revolução diária em volta do sol. Deixo vir as palavras que vão apontando o caminho e vou por aí.