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Lula: “nosso coração bate no mesmo ritmo por um Brasil justo, saudável e desenvolvido”

O compromisso do governo federal em melhorar as condições de vida do povo brasileiro foi a tônica do discurso do presidente Lula nesta sexta-feira (15), em Serra (ES), durante a inauguração de uma obra esperada há décadas pela população do Espírito Santo: o Contorno do Mestre Álvaro, obra que teve investimento federal de R$ 500,9 milhões e recursos do Novo PAC. Cerca de 2 milhões de moradores da região de Serra serão beneficiados.

Com quase 20 quilômetros de extensão, o empreendimento tem a função de aliviar o trânsito na BR-101/ES, encurtando a distância entre Serra e Cariacica em cerca de 15 quilômetros, além de reduzir o tráfego pesado na região e, consequentemente, o número de acidentes, salvando vidas.

A solenidade contou com a presença do senador e ministro licenciado dos Transportes, Renan Filho, do ministro interino da pasta, Jorge Santoro, do líder do PT no Senado, Fabiano Contarato, do governador Renato Casagrande, do prefeito de Serra, Sérgio Vidigal, e de outras autoridades.

A gente vai resolver o problema das ferrovias que o Renan falou, a gente vai resolver o problema das rodovias que ele falou. Mas a gente quer resolver, de forma prioritária, a garantia de que nesse país nunca mais uma criança vai dormir com fome por falta de um copo de leite. A gente quer garantir que todas as pessoas tenham a oportunidade de um trabalho decente e digno”, disse Lula.

“A gente quer garantir que qualquer criança, qualquer adolescente, independente da origem que ele nasceu, independente do bairro que ele mora, independente da casa que ele mora, ele tem direito de disputar uma vaga na universidade com o filho do mais rico desse estado. Nós não queremos tirar nada de ninguém. Nós queremos apenas dar chance a quem nunca teve chance nesse país”, prosseguiu.

Selo dos Correios

Durante o evento, Lula, ao lado do presidente dos Correios, Fabiano Silva, lançou um selo personalizado e um carimbo comemorativo alusivos à conclusão e entrega da obra. As artes foram desenvolvidas pela equipe do núcleo de Comunicação do Governo do Espírito Santo. Elas retratam a rodovia, tendo ao fundo a montanha “Mestre Álvaro”.

Na ocasião, também foi exposto pela primeira vez o CMV – Correios Móvel Veicular, novo canal de atendimento que agrega a universalização da distribuição postal e a presença dos Correios em todo o país. O CMV é uma agência itinerante que vai aos lugares mais distantes e de difícil acesso, garantindo o acesso aos serviços postais com a qualidade dos Correios. O projeto piloto foi implantado em Castelo (ES) e atenderá os distritos de Patrimônio do Ouro, Estrela do Norte, Monte Pio e Limoeiro.

 

Retrocessos

Lula agradeceu à bancada capixaba por ter colocado recursos para a conclusão do Contorno do Mestre Álvaro e disse que a obra só não foi concluída antes em razão da falta de compromisso dos governos anteriores com o bem-estar do povo.

Lula lembrou ter sido obrigado a governar antes mesmo de tomar posse na presidência, para garantir os recursos para as políticas públicas e os investimentos necessários ao desenvolvimento econômico e social do país. Segundo ele, “uma situação inusitada, que nunca houve no mundo político”.

“Faltavam dois meses para tomar posse, e nós tivemos que começar a governar esse país, porque esse país não tinha sequer orçamento para que a gente administrasse 2023. E ainda colocamos na PEC de Transição dinheiro para pagar a conta dele. De um cidadão que não merecia nenhum respeito”, disse Lula, sobre a irresponsabilidade e o descaso que marcaram o governo de Jair Bolsonaro.

“Porque a verdade é que ele não inaugurou nenhuma obra aqui, mas ele inaugurou o ódio, o ódio entre filhos, o ódio entre pais, a mentira, as mais deslavadas mentiras, as intrigas entre famílias. Tem família que não conversa mais. Tem pai que não conversa com filho, tem filho que não conversa com mãe, tem irmão que não conversa com irmão por causa de um facínora, um facínora que pregou ódio durante quatro anos nesse país, mentiu e pregou ódio. Vê se alguém lembra quantas faculdades ele inaugurou, vê se alguém lembra quantas escolas técnicas ele inaugurou”, acrescentou.

Lula disse ainda que, durante os quatro anos do governo passado, foram investidos apenas R$ 20 bilhões no setor de transportes. “Nós, apenas no ano de 2023, já colocamos 23 bilhões de reais nos transportes. Isso vale para os transportes, vale para a educação, isso vale para a saúde, isso vale para qualquer coisa, inclusive para financiamento do pequeno e médio produtor rural, a política de crédito que nós estamos fazendo para o pequeno e médio empresário, para o pequeno e médio empreendedor individual, é quatro vezes, neste ano, o que ele fez em quatro anos”, ressaltou.

Lula prosseguiu: “Este país saiu de um momento de tortura pra voltar com um momento de paz, de tranquilidade, de crescimento econômico, de geração de emprego e de distribuição riqueza. Se preparem porque muita coisa boa vai acontecer neste país. Se preparem porque o emprego vai crescer, junto com o emprego vai crescer o salário. Se preparem porque nós vamos criar uma poupança para o ensino médio para que nenhuma menina e nenhum menino desista de fazer o ensino médio e ainda perder uma profissão”.

Críticas às elites

Segundo o presidente, a irresponsabilidade do governo passado com a vida do povo reflete a mentalidade das elites brasileiras, avessas a tudo que diga respeito à vida.

“Porque o ódio contra nós é porque eles não gostam de trabalhador pobre. Eles não gostam de negros. Eles não gostam de liberdade e autonomia das mulheres. As mulheres têm que ser objeto, não. A mulher é cidadã, é sujeito da história e ela não tem que pedir licença para ninguém. Eles não gostam de LGBT, não gostam de negro, não gostam de nada que não seja o tradicional nesse país. E é tudo que eu gosto. É tudo que eu gosto. Eu gosto de gente. Eu gosto de ser humano. Eu tenho sentimento. Eu não sou algoritmo. Eu sou um ser humano com sentimento, que eu governo com o coração”, disse Lula.

Ele acrescentou estar “sentindo o batimento do coração de vocês, e nosso coração bate no mesmo ritmo por um Brasil mais justo, por um Brasil mais saudável, por um Brasil mais desenvolvido, por um Brasil que não tem que esperar 40 anos para fazer uma operação na área de transporte mais importante da Serra”. Segundo Lula, sua volta à presidência é mais uma oportunidade para denunciar o preconceito das elites contra o povo pobre..

“Isso só pode ser coisa de Deus. Não tem outra explicação. Não está escrito nos livros de história, não está escrito nos livros de sociologia, não está escrito nos livros de filosofia. Somente Deus é que poderia fazer que o filho de Dona Lindu, semi-analfabeto, que não morreu de fome, fosse eleito três vezes presidente da República desse país. E voltamos, voltamos porque eu quero provar mais uma vez, é preciso provar, eu quero provar mais uma vez que o metalúrgico, o torneiro mecânico, pode fazer por esse país o que em 500 anos a elite brasileira não fez pelo povo brasileiro.”

Renan Filho também falou da incompetência e irresponsabilidade do governo passado.

“Ao longo dos últimos anos transformaram o Brasil, a nona economia do planeta, em um dos países que menos investiu os seus próprios recursos em toda a nossa região. Para que o povo do Espírito Santo tenha noção do que isso significa, o Brasil, no ano passado, em transportes, investiu somente o mesmo que o Uruguai, que é um país com 3 milhões de habitantes, enquanto nós temos mais de 200 milhões de habitantes. Lá eles investiram 1 bilhão de dólares, e a gente investiu aqui no Brasil inteiro, no governo passado, 1,4 bilhão de dólares apenas. Foi por isso que o povo brasileiro ficou com a sensação, ao longo dos últimos 6 anos, de que esse país não entregava a obra”, disse.

Já o líder Fabiano Contarato destacou a importância da inauguração do Contorno do Mestre Álvaro para a melhoria do trânsito e a preservação da vida.

“É tão bom estar do lado de um presidente e de um partido que colocam o pobre no centro, que colocam o pobre como prioridade. Essa obra vai impactar a vida de milhões de pessoas, mas eu fui delegado de trânsito, presidente. E eu sei que essa obra vai salvar muitas vidas, porque vai tirar caminhoneiros do perímetro urbano. Essa obra vai salvar vidas, essa obra vai reduzir a desigualdade. É muito bom estar do lado de um partido que tem empatia, que tem amor, que tem empatia se colocando na dor do outro”, afirmou.

Fonte: PT

(15-12-2023)

Celebração

As pessoas que comemoraram comigo o meu aniversário

Moldaram juntas o meu lado de dentro e em volta

Sentimentos e palavras precisas

Chegaram a mim de uma maneira especial

Era e é como a aurora de um novo dia

Uma primavera anunciada e cultivada

Não pude agradecer a todas estas pessoas que celebraram comigo

Esta data querida

Da maneira convencional

Mas podem ter a certeza de que cada uma de vocês está no lugar que lhes fiz no meu próprio coração.

Compreendi e compreendo o valor de pertencer

Ser parte e fazer parte.

Estar presente e ser presente

Ser feliz

Nunca são apenas manobras ou processos individuais

Sempre é uma ação coletiva a que nos faz e nos refaz.

Primavera 2023.

Sem essas pessoas que me compõem por dentro eu não seria quem sou nem estaria contente como estou

Obrigado. Muito obrigado!

Conhecer para transformar

Conhecer para transformar: compartilhando aprendizados, no dia-a dia

 

Para transformarmos as estruturas perversas de nossa sociedade, inclusive a partir de nós mesmos, mostra-se fundamental nosso esforço cotidiano (pessoal e coletivo) de irmos conhecendo, cada vez melhor, a realidade social, econômica, política e cultural. Isto só se torna possível, a medida que nos dispomos a um aprendizado contínuo do que nela se passa, seja em âmbito local, regional, nacional, internacional.

 

Trata-se de um compromisso pessoal e coletivo com o processo de libertação, sempre na busca de construção de uma nova sociedade economicamente, politicamente participativa, culturalmente diversa.

 

Tarefa desafiante a ser assumida cotidianamente por cada uma, cada um, e principalmente por nossas organizações de base.

 

Neste sentido, alegra-me poder associar-me a quantos e quantas assumir esta tarefa dia a dia. Eis a razão pela qual, nas linhas que seguem, cuido de “dar razão à nossa esperança”.

 

Restrinjo-me, com efeito, a compartilhar os aprendizados mais recentes que fiz utilizando a via dos  “podcast”. Um primeiro é o podcast  “os crimes da ditadura”, produzido de forma competente e bem documentada, ele vem sendo elaborado e apresentado por quatro pessoas, duas Maranhenses, Gisele Amaral e Ed Edson, e duas Cearenses, Alan Nascimento e Jubs Berbare, já tendo até aqui sido produzidos 51 episódios, relatando, de modo sistemático centenas de crimes perpetrados contra a sociedade brasileira, pelos responsáveis da Ditadura empresarial-militar, no período compreendido entre 1964 e 1985. Fiz questão de acompanhar atentamente todos os episódios até aqui relatados, razão por que o recomendo fortemente,  inclusive pelas preciosas sugestões bibliográficas apresentadas ao final de cada episódio.

 

Entendo de grande importância, especialmente para as novas gerações o esforço de acompanhar todos esses relatos, como um exercício contínuo da memória histórica dos oprimidos. Recomendo, portanto, o acesso ao link https://open.spotify.com/show/0nNMHxhaoDsMdrgpqDS2Jf?si=0a37ad39597143df . Ai de nós se não revisitarmos estas páginas tenebrosas de nossa história, mas ao mesmo tempo, de enorme aprendizado no compromisso das e dos que tiveram a coragem de resistir bravamente a este tempo sombrio.

 

Outro podcast que acompanhei, com igual interesse, foi o denominado “Projeto Querino”, protagonizado por uma equipe de 40 profissionais de atuação interdisciplinar, cujo objetivo principal é o de nos convidar a uma leitura crítica da história do Brasil, a partir do olhar dos “de baixo” – dos Africanos aqui escravizados, dos povos originários, dos camponeses, dos operários… O projeto Querino toma esse nome, em homenagem a Manuel Querino, um dos intérpretes de nossa formação histórica. Ao mesmo tempo, os protagonistas do Projeto Querino se inspiraram em outro projeto similar, “Projeto 1619”, protagonizado pela jornalista Nikole Hannah-Jones, aludindo aos inícios da escravidão nos EUA, com o tráfico dos primeiros africanos de Angola para a Virginia.

 

Ambos os projetos se empenham em fornecer uma leitura crítica alternativa à que é feita pelos principais intérpretes da formação histórica desses países. Recomendo igualmente que se confira este podcast, acessando o link https://projetoquerino.com.br/podcast/ .

 

Um outro podcast que também acompanhei com igual interesse, intitula-se “História Preta”, narrando, em diversos episódios, histórias de figuras de referência do Povo Negro brasileiro, principalmente recuperando a biografia de Carolina Maria de Jesus, cuja trajetória de lutas e sofrimentos não a impediu de tornar-se uma brilhante escritora, cujo livro principal “Quarto de despejo” alcançou fama inédita, em 1960, quando foi lançado, chegando a concorrer com conhecidos best-sellers, inclusive Jorge Amado.

 

A quarta sugestão de leitura que ouso compartilhar tem a ver com o rico debate proporcionado pela Editora Boitempo, quando do recente lançamento do livro “Colonialismo Digital”, de autoria de Deivison Faustino e Walter Lippold com a apresentação de  Sérgio Amadeu. A sessão de lançamento contou ainda com a participação de Karina Menezes e de Tarcízio Silva, com mediação de Marcela Magalhães. Livro instigante e desafiador que se debruçar criticamente nos meandros das tecnologias digitais,de modo a desmascarar sua presença neutralidade, demonstrando seu enorme potencial ideológico de dominação,ao tempo em que desafiam a Esquerda a entender e a lidar com essas ferramentas digitais, na perspectiva crítica e transformadora da barbárie capitalista.

 

Eis apenas algumas sugestões,dentre tantas do gênero, que compartilho,com intuito de contribuir, ainda que modestamente, com o nosso processo formativo e lutas pela construção de uma nova sociedade.

 

João Pessoa, 18 de Maio de 2023

A Terapia Comunitária Integrativa e o sentido da vida

Hoje de manhã, me ocorreu de pensar sobre o símbolo da Terapia Comunitária Integrativa, a teia de aranha. Ocorreu-me que esta teia são, por um lado, os vínculos, os laços que nos unem a outras pessoas, que nos dão um sentido de pertencimento a um coletivo, a uma comunidade, à humanidade.

Por outro lado, são também –o que está estreitamente ligado ao anterior—os laços que nos unem à nossa cultura, ao nosso povo, à nossa história pessoal e coletiva, aos nossos valores e crenças, às esperanças que nos movem cada dia, todo dia, de um dia para outro, ao longo do tempo, desde que começou a nossa existência.

Assim, este símbolo é muito forte. Ele nos remete a um sentido de unidade, de pertencimento, de comunidade. Esta teia nos une com pessoas que estão ou não em contato direto conosco, cara a cara.

São também os nossos antepassados, as nossas raízes familiares e grupais, que afundam profundamente no tempo e na terra. Nos dão uma sensação de perecibilidade, também, mas uma perecibilidade integrada ao ciclo da vida.

Na teia da vida, na Teia da Terapia Comunitária Integrativa, tudo vem fazer sentido, até a morte, que na nossa cultura ocidental é como que algo do qual não se deve falar.

A morte, a dor, as desavenças, as perdas de todo tipo, vem fazer sentido na teia da terapia. Porque não mais estamos sós, não mais nos sentimos desgarrados, isolados.

Tem-se reconstituído em nós, vem- se reconstituindo constantemente, continuamente, uma sensação tão forte como a teia da aranha. A sensação de sermos parte, de formarmos parte do contínuo da vida.

Uma vida que começa com a nascença mas que não termina com a morte corporal, uma vez que tudo se integra e se reintegra constantemente em novas vidas, assim como a nossa vida pessoal é uma continuidade de vidas anteriores que em nós pervivem.