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"Teu sonho, Padre Josimo, renascerá." – 2a Parte

“Teu sonho, Padre Josimo, renascerá.” – Por frei Gilvander – Na luta por direitos – 2a Parte – 19/5/2020.

Neste vídeo, por meio de texto eloquente, segunda parte, frei Gilvander Moreira faz memória à vida do padre Josimo Moraes Tavares na celebração dos 34 anos do seu martírio, em 10 de maio de 1986. Assista e, se gostar, compartilhe. Sugerimos.

Frei Gilvander Moreira apresentando “biografia” do Padre Josimo Moraes Tavares, martirizado dia 10/5/1086, em Imperatriz, MA. Padre Josimo, mártir da luta pela terra.

*Texto e filmagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs, do CEBI, do SAB e da assessoria de Movimentos Populares. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG.
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Do golpe militar a Bolsonaro: as lições não aprendidas pelo Brasil

Brazilian President Jair Bolsonaro arrives to take part in the Navy Day celebrations at the Marines Corp headquarters in Brasilia, on December 13, 2019. (Photo by EVARISTO SA / AFP)

Por João Tancredo
O Brasil completa, neste 31 de março, 56 anos do golpe militar de 1964 tendo na presidência da República um inescrupuloso admirador do regime autoritário instaurado a partir dali. Como permitimos tamanho retrocesso?
A transição pactuada na Constituição de 1988 com os algozes da democracia incluiu no pacote uma espécie de amnésia histórica, uma condescendência com as bárbaras violações de direitos cometidos pelo Estado. De lá pra cá, imperou o entendimento de que este foi o acordo possível, de que todo resto era um problema menor e pouco se fez em nome da memória e da justiça. Mesmo as louváveis iniciativas das Comissões de Anistia e da Verdade não tiveram força para reorientar os rumos.
O Brasil apenas varreu para debaixo do tapete o entulho autoritário. Ali embaixo estavam os pobres que seguiram sofrendo com o cerceamento da liberdade, a censura, a extorsão, a tortura e as execuções promovidos arbitrária e cotidianamente por meio da militarização de suas vidas e territórios. Comentei sobre este processo em artigo publicado em 31 de março do ano passado.
As Forças Armadas nunca deixaram de festejar sua “revolução”. A elite econômica jamais se interessou em reconstruir essa história. As elites da governabilidade política e jurídica mantiveram, firmemente, vistas grossas. A complacência com as declarações fascistas de Bolsonaro ao longo de sua vida parlamentar representa apenas a ponta do iceberg que conserva há séculos a cultura autoritária brasileira.
A chegada de Bolsonaro ao topo do poder, que deve ser explicada por um conjunto diverso de fatores, passou por mobilizar essa cultura autoritária. Agora, definitivamente, o entulho já não cabe mais debaixo do tapete.
A rotina do presidente é atacar. A lista é interminável: mulheres, negros, indígenas, LGBTs, sem-terra, sem-teto, imigrantes, ambientalistas, ONGs, advogados, cientistas, professores, universidades, funcionalismo público, sindicatos, imprensa, artistas, Congresso Nacional, adversários políticos, STF, ONU, chefes de Estado… Intolerante à diversidade, Bolsonaro agride qualquer um que não se submeta a ele.
Os ataques incendeiam milícias digitais contra os atacados e, não raro, estão ancorados em outro hábito: a mentira. O bolsonarismo, ao mesmo tempo, usa ostensivamente as fake news e, diante de qualquer crítica, denuncia ser vítima desse expediente. O governo Bolsonaro mente compulsivamente também para defender suas constantes mudanças de posição. Intolerante à verdade, Bolsonaro tortura os fatos até que eles sirvam aos seus propósitos.
Tendo o caos como método, o governo confunde a população, que já não sabe ao certo no que acreditar, e inviabiliza sua participação no debate público. A transparência, condição essencial para o avanço das democracias, vira um joguete nas mãos do presidente. Não por acaso, ele editou uma medida provisória, felizmente derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada, desobrigando o governo a cumprir os prazos da Lei de Acesso à Informação. Intolerante à transparência, Bolsonaro sequestra informações que devem ser públicas.
A barbaridade de Bolsonaro atingiu seu ápice em um dos momentos mais dramáticos da história brasileira recente. Em plena pandemia da covid-19, ele menospreza os perigos do vírus e convoca a população a ir às ruas pelo “bem da economia”. Como todo fascista, Bolsonaro, na verdade, é intolerante a qualquer resistência ao seu projeto de poder, ainda que este custe a vida de milhões de pessoas.
Nós já deveríamos ter aprendido com a ditadura militar a tragédia que esta concepção política traz a sociedade brasileira.
O autor  é advogado.

Edição: Rodrigo Chagas

Fonte: Brasil de Fato

Las Madres y las Abuelas volvieron a la Casa Rosada

“Es de ustedes, por su lucha”, les dijo el Presidente y agregó que “no tienen que pedir audiencia” para concurrir. Durante el encuentro junto a la ministra de Justicia, Marcela Losardo, y el secretario de DDHH, Horacio Pietragalla, repasaron distintos puntos en los que se debe avanzar en materia de políticas de memoria, verdad y justicia.
“No tienen que pedir audiencia porque la Casa Rosada es de ustedes, por su lucha.” Con esas palabras, el presidente Alberto Fernández recibió por primera vez desde que asumió a los representantes de los organismos de derechos humanos, quienes le entregaron un documento con una serie puntos que consideran importantes para trabajar como políticas de Estado.
Algunos de los planteos que los referentes le leyeron al mandatario fueron la desclasificación de los archivos de la dictadura, la promoción para la “búsqueda urgente” de nietos apropiados, la “liberación de los presos políticos” y el avance de los juicios a represores por delitos de lesa humanidad. Al respecto, Presidente les contó que en las últimas horas había terminado de escribir el prólogo de un libro sobre los “problemas en la Justicia”, que escribió junto con otros profesores universitarios de derecho.

“Ustedes tienen un lugar ganado en la historia”

“Estoy muy convencido de lo que hay que hacer y sé muy bien donde no queremos volver”, le aseguró el mandatario a los organismos, según un comunicado de Presidencia, al expresarles su “compromiso inquebrantable” con la causa que de los derechos humanos.
Los dirigentes, en tanto, le agradecieron al mandatario por haberlos recibido en la Casa Rosada. “Es una emoción muy grande, gracias por devolvernos la alegría.En 2003 junto a Néstor y Cristina nos abrieron las puertas, te apoyamos y nos vamos a ver muy seguido: tenemos que estar más unidos que nunca”, señalaron.
En este sentido, Fernández respondió: “No tienen por qué agradecer porque ustedes prestigian a esta casa y a la Argentina, siempre voy a recibirlos”. “Ustedes tienen un lugar ganado en la historia porque tuvieron el coraje de levantarse y contarle al mundo lo que estaba pasando en nuestro país y convertir ese dolor en fuerza para que los responsables sean juzgados”, añadió el Presidente.

Los que participaron de la reunión

El encuentro tuvo lugar este mediodía en Casa de Gobierno y asistieron Estela de Carlotto, de Abuelas de Plaza de Mayo; Taty Almeida y Vera Jarach, de Madres de Plaza de Mayo Línea Fundadora; y Lita Boitano, de Familiares de Detenidos Desaparecidos. También participaron la ministra de Justicia, Marcela Losardo, y el secretario de DDHH, Horacio Pietragalla.
Entre los 13 representantes de la Mesa Nacional de Organismos de Derechos Humanos estuvieron miembros de H.I.J.O.S., APDH y APDH La Matanza, Liga Argentina por los Derechos Humanos, Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS), Familiares y Compañeros de los 12 de Santa Cruz, El Movimiento Ecuménico, entre otros. Luego del encuentro está prevista una conferencia donde Pietragalla y algunos representantes de los organismos brindarán detalles de lo que pasó puertas adentro del despacho presidencial.
Fuente: Página 12
 

Chamada dos 272 mártires em Brumadinho, MG, no Natal de 2019: “PRESENTE!”, bradam todos/as. Vídeo 4

Chamada dos 272 mártires em Brumadinho, MG, no Natal de 2019: “PRESENTE!”, bradam todos/as. Vídeo 4 – 25/12/2019.

Dia 25/12/2019, às 11 horas, Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, MG e da Comissão de Ecologia Integral e Mineração, da CNBB, presidiu Missa de Natal no Santuário N. Sra. Do Rosário, em Brumadinho, MG, com a presença das famílias que perderam parentes no crime/tragédia da mineradora Vale dia 25/01/2019, a partir das 12h28. Nesse vídeo 4, após a missa presidida por dom Vicente Ferreira, segue a Caminhada com a Chamada dos/as 272 mártires do crime da Vale e do Estado, em Brumadinho, MG.

No Natal de 2019, Caminhada das famílias golpeadas pelo crime/tragédia da mineradora Vale e Estado que se iniciou com o rompimento da barragem da Vale, em Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG, dia 25/01/2019, às 12h28, sepultando vivos 272 pessoas. Após missa presidida por Dom Vicente Ferreira, a Caminhada aconteceu do Santuário N. Sra. do Rosário até o letreiro da entrada da cidade de Brumadinho. Durante a caminhada foi feita a chamada dos nomes dos/as 272 mártires da mineração em MG e, após mencionar, um a um, os nomes, todos bradavam: “PRESENTE!”. Foto: A. Baeta.

Videorreportagem de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Filmagem e edição: frei Gilvander. Brumadinho, MG, 25/12/2019.

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#FreiGilvander

A Perseguição a CARLOS MARIGHELLA continua: agora à sua memória

A Perseguição a CARLOS MARIGHELLA continua: agora à sua memória. Por Alenice Baeta[1]

“Não tive tempo de ter medo” (Carlos Marighella)

Legenda: Reprodução parcial da Carteira de Carlos Marighella no Comitê Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCB). Fonte: Centro de Memória do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia.

Nascido em 1911, em Salvador, BA, Carlos Marighella herdou do pai e da mãe a combatividade – um imigrante italiano operário metalúrgico e uma negra, filha de escravos trazidos do Sudão, os haussás; casal conhecido por participar de sublevações nas ladeiras do Pelourinho em Salvador contra a escravidão e exploração dos trabalhadores. Muito afeito aos estudos e leituras, Marighella entrou para a faculdade aos 18 anos no curso de Engenharia Civil, na Escola Politécnica da Bahia. Foi preso, pela primeira vez, aos 23 anos por publicar um poema que fazia críticas a um interventor opressor na Bahia, indicado por Getúlio Vargas durante o denominado “Governo Provisório” (MAGALHÃES, 2012).  Escrevia ainda versos libertários, líricos e satíricos, sob forte influência dos conterrâneos Gregório de Matos (considerado um dos melhores poetas barrocos do período colonial brasileiro) e Castro Alves (poeta humanista e abolicionista dos oitocentos).

Camarada de Jorge Amado, o também professor, escritor e poeta Carlos Marighella foi líder e militante do Partido Comunista do Brasil (PCB), tendo sido encarcerado e torturado ao longo de seis anos durante a ditadura imposta pelo Estado Novo (1937- 1945).

Não ficarei tão só no campo da arte, e anônimo e firme sobranceiro e forte, tudo farei por ti para exaltar-te, serenamente, alheio a própria sorte” (Trecho do poema “Liberdade” de Carlos Marighella. São Paulo, Presídio Especial, em 1939).

Após ser anistiado, Carlos Marighella foi eleito deputado federal, devido ao seu prestígio e alta capacidade de organização popular e sensibilidade social, juntamente com Luiz Carlos Prestes e outros militantes do seu partido. Apesar de minoritária, a bancada comunista fazia duras intervenções e críticas à elaboração da Constituição de 1946, sendo que um dos principais pontos de atrito no parlamento predominantemente conservador era a necessidade da reforma agrária, a supressão da censura e o fortalecimento dos direitos trabalhistas no campo e na cidade. A reação política autoritária no bojo do governo do general Eurico Gaspar Dutra culminou com a cassação sumária do PCB em maio de 1947, bem como dos mandatos de seus parlamentares comunistas ocorrida em janeiro de 1948, perseguição aos sindicatos, movimentos organizados e aos militantes de oposição.

O inquieto e aguerrido Carlos Marighella aceitou o convite do Comitê Central do Partido Comunista e viajou para a China com o intuito de estudar e acompanhar de perto a situação política daquele país, onde ficou por dois anos. Retornou ao Brasil, assumindo várias funções na direção de seu partido, na clandestinidade, quando produziu inúmeros manuais, textos e poemas que entraram para a história documental da organização dos movimentos de resistência popular e de luta de classes de sua época, boa parte divulgados nos idiomas espanhol, francês e inglês, mas que no Brasil só foram publicados oficialmente após dez anos da sua morte, tais como: “Se fores preso, camarada”; “Por que resisti à prisão”; “Ecletismo e Marxismo”; “Chamamento ao Povo Brasileiro”.  “A Crise Brasileira”, escrito em 1966 (portanto, após o golpe militar/civil/empresarial de 1964), tem sido considerada a melhor produção teórica de Carlos Marighella, onde tece contundente crítica à política de alianças com a burguesia por parte da esquerda, reforçando a importância do fortalecimento e da autonomia dos movimentos operários e camponeses em busca de um governo popular revolucionário (MARIGHELLA, 1979).

Enfrentando conflitos e divergências estruturais em seu partido, Marighella descumpriu as ordens do PCB e foi participar em 1967 em Cuba da “Primeira Conferência  da Organização Latino Americana de Solidariedade (OLAS)”, motivo da sua expulsão do partido. Fora do PCB Carlos Marighella, ainda em Havana (dias após a morte do líder revolucionário Che Guevara na Bolívia), escreve o opúsculo: “Algumas Questões Sobre a Guerrilha no Brasil”, publicado no ano seguinte pelo Jornal do Brasil, chamando a atenção dos repressores para a sua produção intelectual e revolucionária posição política. No Brasil, Carlos Marighella e Câmara Ferreira anunciaram a criação de uma organização de esquerda que ficou conhecida como Aliança Libertadora Nacional (ALN), que propunha a utilização de armas para resistir à ditadura e à tirania, dando início às primeiras operações de guerrilhas urbanas.

De algum lugar do Brasil me dirijo à opinião pública,  especialmente aos operários, agricultores pobres, estudantes, professores, jornalistas e intelectuais, padres e bispos, aos jovens e à mulher brasileira” (Trecho do texto: “Chamamento ao Povo Brasileiro”, de Carlos Marighella, em 1968).

Em 1969 Marighella escreve o “Manual do Guerrilheiro Urbano” (MARIGHELLA, 2003) visando estabelecer diretrizes e táticas de resistência do movimento popular armado em contexto urbano frente à ditadura militar/civil/empresarial e às perseguições de suas lideranças.   Considerado o “inimigo número um” e “terrorista” pelo regime ditatorial de 1964, Marighella foi implacavelmente perseguido pelo serviço de inteligência, provavelmente com a ajuda da CIA (Central Intelligence Agency, dos Estados Unidos), sendo brutalmente assassinado em uma emboscada composta por agentes fortemente armados do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), na Alameda Casa Branca, na capital de São Paulo. Seu assassinato completa 50 anos no dia 04 de novembro de 2019. Seu túmulo em Salvador, no cemitério Quinta dos Lázaros, para onde foi transladado dez anos depois, é uma obra prima do também comunista Oscar Niemeyer.  Mas nota-se ainda um grande preconceito das alas conservadoras e retrógradas do país com relação à memória deste pujante líder revolucionário brasileiro.

Em 2014, por exemplo, causou grande consternação aos profissionais da área de história, intelectuais e militantes de esquerda quando houve negação do pedido de tombamento em âmbito estadual por parte do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) da Bahia da casa de Carlos Marighella, situada na Baixa dos Sapateiros, em Salvador. Grandes conhecedores da biografia de Marighella, Márcio Ferraz e Mário Magalhães, este último, autor da célebre obra: “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”, entraram com o justo pedido de tombamento do bem imóvel. Saber que nele o emblemático revolucionário Carlos Marighella passou parte de sua infância e juventude com sua família, e que este mesmo sítio histórico e seu logradouro teria inspirado e sido palco de múltiplos significados da luta popular baiana. A reação foi firme com relação a esta negativa de proteção patrimonial, tanto, que em 2016 após a cobrança e pressão de grupos que defendem a memória das Comunidades Tradicionais Afrodescendentes ou que denunciam os perseguidos pela ditadura, como o Movimento “Tortura Nunca Mais”, foi informado aos familiares de Marighella o interesse por parte do governo em fazer desta casa, finalmente, um ponto cultural e imaterial, componente de um roteiro relativo à memória de resistência do povo baiano.

Segundo reportagem do jornal BBC, ainda há muito preconceito à pedra monumental, com os seguintes dizeres: “Aqui tombou Carlos Marighella, em 4/11/1969. Assassinado pela ditadura militar“, instalada em 1999 a pedido de intelectuais brasileiros que indicaram o local do assassinato de Marighella, na Alameda Casa Branca, na região do Jardim Paulista, zona nobre de São Paulo. Todos os anos, grupos de estudantes e admiradores desse revolucionário se reúnem no local para gritar o nome de Marighella e bater palmas. Em 2013, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e a viúva do guerrilheiro, Clara Charf, fizeram um grande ato junto ao marco. Com menos regularidade, outras pessoas aparecem para vandalizar e menosprezar a importância do monumento. Clara Charf, companheira de Marighela por 21 anos, até a sua execução pelos militares, conta em suas entrevistas que ele era um homem sábio, à frente de seu tempo, pois era extremamente “anti-racista e feminista“, “quando ainda não se usava essa palavra“. O sociólogo e crítico literário Antônio Candido comenta o seguinte sobre Carlos Marighella: “Ele pagou o tributo mais alto e mais nobre que um homem pode pagar, que é dar a própria vida por seus ideais. De maneira, que é justo que ele tenha se tornado um grande símbolo coletivo“.

Em tempos também obscuros, tenebrosos e destoantes, já em 2019, um filme ou cinebiografia que conta a história deste comunista marxista-leninista vem sofrendo severas retaliações por parte deste desgoverno Bolsonaro, que dificulta a sua divulgação no Brasil e no exterior. Esse filme destinado a relatar o contexto em que viveu o deputado Marighella explicita que o Brasil sofreu um golpe militar/civil/empresarial em 1964, com a tomada de poder pelos militares, ajudados pelo governo norte-americano, sob pretexto de “prevenir” o avanço do comunismo. Os militares, como se sabe, ficaram durante 21 anos no poder, tendo perseguido e assassinado inúmeros estudantes, operários, camponeses, artistas, pesquisadores, intelectuais e militantes em geral, dentre eles, Carlos Marighella, que foi um mártir revolucionário de seu tempo. Figura histórica marcante e inconteste.

O roteirista Rogério Faria possui um projeto ilustrativo muito instigante, que conta com os desenhos de Ricardo Sousa e arte da capa de Phill Zr, sobre a história de Marighella e de seus companheiros, não obstante, em entrevista recente ao site “Quadrinheiros” ele relata que o seu quadrinho sequer foi lançado e que já estaria causando uma alta polarização (mensagens elogiosas e outras, com insultos e agressões) nas redes digitais, somente com a divulgação do financiamento da obra no coletivo “Catarse”.  A publicação aborda ainda a fibra de Marighella, que, mesmo sob tortura, jamais delatou seus companheiros, surpreendendo até mesmo os seus captores e algozes, tendo se tornado desde então o maior guerrilheiro brasileiro do século XX. De fato, Carlos Marighella não teve tempo de ter medo, nos deixando um legado imprescindível.

Fontes Consultadas

 Publicações:

MARIGHELLA, Carlos. Escritos de Carlos Marighella. São Paulo: Ed. Livramento, 1979.

MARIGHELLA, Carlos. Manual do Guerrilheiro Urbano. São Paulo: Ed. Sabotagem, 2003.

MAGALHÃES, Mário. Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

MAGALHÃES, Mário.  Estado da Bahia se nega a tombar casa onde Carlos Marighella cresceu, em 11 de setembro de 2014.

 Sites:

http://g1.globo.com/bahia/noticia/2015/08/casa-de-marighella-sera-tombada-e-fara-parte-de-roteiro-sobre-ditadura.html

https://quadrinheiros.com/2019/10/07/marighella-livre-entrevista-com-rogerio-faria/

https://www.catarse.me/marighella?ref=ctrse_explore_pgsearch&project_id=101784&project_user_id=212146

http://bahia/noticia/2012/12/lapide-de-marighella-e-praca-em-terreiro-sao-obras-de-niemeyer-na-ba.html

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47423625

http://www.tre-ba.jus.br/o-tre/biblioteca/memoria-e-cultura

 Filmes:

-“Batismo de Sangue” – filme brasileiro lançado em 2007, dirigido pelo cineasta Helvécio Ratton. Baseado no livro homônimo de Frei Betto, que foi lançado originalmente no ano de 1983; vencedor do prêmio Jabuti.

-“Marighella” – filme brasileiro lançado em 2019, dirigido por Wagner Moura, produtora O2.

[1] Doutora em Arqueologia pelo MAE/USP; Pós-Doutorado Arqueologia/Antropologia-FAFICH/UFMG; Mestre em Educação pela FAE/UFMG; Historiadora e Membro do CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – www.cedefes.org.br – : e-mail: alenicebaeta@yahoo.com.br

 

Subcomitê da ONU de Prevenção à Tortura manifesta preocupação com Brasil

Nos próximos meses, o Subcomitê da ONU para a Prevenção da Tortura visitará Austrália, Croácia, Líbano, Madagascar, Nauru e Paraguai. As visitas foram decididas durante reunião confidencial do órgão realizada em Genebra de 17 a 21 de junho. Este ano, o subcomitê concluiu visitas a Suíça, Costa Rica, Sri Lanka, Senegal e Gana, e planeja visitar Argentina, Bulgária, Cabo Verde e Grã-Bretanha.

O Subcomitê tem o mandato de visitar Estados que ratificaram o Protocolo Opcional para a Convenção contra a Tortura, e apoiar esses países na prevenção da tortura e dos maus-tratos de pessoas privadas de liberdade. O órgão comunica suas observações e recomendações aos Estados por meio de relatórios confidenciais, e os encoraja a torná-los públicos.

Durante sua reunião, o Subcomitê pediu encontros com a Missão Permanente do Brasil em Genebra para discutir um recente decreto que afetou o cargo de 11 membros do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, estabelecendo o fim da remuneração daqueles que trabalham para o mecanismo.

“O Subcomitê para a Prevenção da Tortura tem sérias preocupações de que essas medidas possam enfraquecer o mecanismo de prevenção brasileiro e, assim, a prevenção da tortura no país”, disse o órgão em nota.

O Subcomitê entrou em contato com as autoridades brasileiras para entender melhor o contexto e as razões desses acontecimentos, com o objetivo de garantir que o mecanismo de prevenção continue funcionando efetivamente no país, de acordo com as provisões do Protocolo Opcional.

Em outro tema abordado durante a reunião, o Subcomitê decidiu adicionar a Mongólia à lista de países que estão significativamente atrasados em estabelecer um Mecanismo Nacional de Prevenção à Tortura. O país ratificou o Protocolo Opcional em fevereiro de 2015, e deveria ter estabelecido o mecanismo um ano depois da ratificação.

O órgão também aprovou relatórios confidenciais sobre suas visitas à Libéria e à Polônia, e enviou os documentos às autoridades governamentais, assim como ao Mecanismo Nacional de Prevenção à Tortura da Polônia.

Durante sua sessão, o Subcomitê reuniu-se com representantes da Associação para a Prevenção à Tortura (APT), Iniciativa da Convenção contra a Tortura (CTI, na sigla em inglês) e com o Comitê Europeu para a Prevenção à Tortura (CPT). As discussões com o último focaram na implementação de um memorando de entendimento assinado entre os dois organismos para coordenar suas atividades nos países visitados por eles.

Fonte: Nações Unidas

Y por todo esto, digo…

Por Mariú Carrera

Hace 42 años, (la vida completa de nuestros hijos e hijas), el Terrorismo de Estado asoló el cuerpo de la nación que no es otro que cada uno de nuestros cuerpos. Nunca he sabido si fue apenas alcanzamos a sacar la respiración después de los secuestros de nuestros familiares y compañeros porque a veces pienso que aún hoy no sacamos la respiración; pero sí sé que fue en aquel preciso instante en que comenzó nuestra lucha, nuestra búsqueda y nuestro encuentro. Buscando a nuestras parejas, hermanos y hermanas, niños y niñas por nacer, sobrinos, primos, compañeras y compañeros nos encontramos con otras personas que también buscaban saber adónde se los habían llevado, cuándo los regresarían, de qué les acusaban, ¿dónde están nuestros seres queridos? De ese modo nos unimos en Familiares de detenidos desaparecidos por razones políticas.

Desde hace 42 años estamos juntos y nada nos ha separado. Ni siquiera la muerte de nuestros padres y madres, hermanos, (porque los matrimonios Talquenca, Moyano, Bustamante, Reta, De Marinis, Moriña Jung, Pacheco, Tenembaun, Escamez, Campos, Gutiérrez Zahzú, mi mamá y mi papá, Albino Pérez, la señora de Luna, Dulce María, Clelia de Forniés, la señora Zingaretti, la señora Vila Bustos, Evie Hunt y su mamá, Margarita Barrera Oro, Elsa Becerra, Hilda Bisone, la señora D’Amico, el señor Farrando, Mafalda Grégori,la señora Granic, la señora Illa, Julia Santini, la señora Schneider, la señora de Saroff, Raquel y María Angélica Palacios siempre están a nuestro lado), la muerte, digo, no ha podido hacernos olvidar la razón de nuestro permanecer unidos.

Durante muchos años exigimos Verdad y Justicia creyendo ilusamente que Verdad quería decir que los encontraríamos, los regresarían a nuestro lado y la vida seguiría como la habíamos planeado. El paso del tiempo y todos sus aconteceres habitando nuestro cuerpo nos fue enfrentando a una profundidad que nunca habíamos querido ni imaginar. Pero siempre sostuvimos estos dos principios vitales: Verdad y Justicia. Personalmente advertí, en algún instante que agradezco, que separarme de esas potencias hubiera sido alejarme para siempre de los que amo, de los compañeros y compañeras que la dictadura cívico militar y eclesiástica había sometido a la desaparición forzada.

Nuestra lucha y resistencia durante más de 30 años se sostuvo de manera permanente hasta lograr que la justicia nos oyera, hasta dar con personas que estaban decididas a cumplir su auténtico rol de jueces, fiscales, defensores. En la justicia entregamos los datos, la información que conocíamos desde el mismo momento en que se los llevaron; lo hicimos en la justicia aceptando esas reglas de juego democrático sostenidos indudablemente por la memoria de los que buscaron a sus hijos e hijas respetando a rajatabla las leyes de la democracia.

Fueron largos y duros años de lucha pero quizás ése es el camino que se necesita recorrer para alcanzar Verdad y Justicia. Fue de ese modo, disputando cada centímetro de Tribunales Federales como pudimos llegar al Cuadro 33 del cementerio de Capital y lograr que la justicia ordenara la venida del Equipo Argentino de Antropología Forense. Este equipo con su invalorable esfuerzo fue la continuación de nuestras propias manos: ellos movidos por el respeto y el amor excavaron tumbas de casi cuatro metros en un predio de 100 metros por 80, buscando los cuerpos de nuestras compañeras y compañeros; es decir, buscando para la Justicia la prueba del crimen cometido por el terrorismo de estado, la prueba del genocidio.

Participando en la casi totalidad de audiencias en los juicios que se llevan a cabo en esta capital, en San Rafael, San Juan, Córdoba, Buenos Aires, a escasos metros de quienes fueron los culpables reconocidos de nuestra tragedia, escuchando a sus defensores y bancando lo más estoicamente posible la reiteración de sus falsedades pero comprendiendo los pasos para obtener justicia, fuimos resignificando, aprendiendo, agradeciendo la posibilidad de vencer lentamente la subversión del orden natural de la vida a la que fuimos arrojados. Sólo en ese espacio de la Verdad y la Justicia sé que puedo compartir con tamaños asesinos el mismo aire. En ningún otro lugar, en ningún otro tiempo. Sólo ahí ante un Tribunal donde se encuentran nuestros querellantes, sus defensores y nuestros compañeros y compañeras eternamente amados, nuestros padres y madres, hermanos y hermanas y todos aquellos que, aún descalzos y caminando por las piedras, buscamos y buscaremos siempre Verdad y Justicia.

Por todo esto y en estos largos días en que la mentira y la violencia pretenden enseñorearse sin piedad, por todo esto digo que los organismos de derechos humanos no son fascistas.

Em dia internacional, chefe da ONU reafirma repúdio à tortura em qualquer circunstância

Enquanto a proibição da tortura é “absoluta, sob quaisquer circunstâncias”, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou na quarta-feira (26) o fato de “esse princípio ser violado todos os dias” em prisões, centros de detenções, delegacias, instituições psiquiátricas e outros lugares no mundo todo.

A declaração fez parte de sua mensagem para o Dia Internacional em Apoio às Vítimas de Tortura, que descreveu esse crime como uma perversa tentativa de obrigar uma pessoa a fazer o que não quer.

As Nações Unidas há tempos condenam a tortura como um dos atos mais perversos perpetrados pela humanidade, à medida que busca “aniquilar a personalidade da vítima” e nega sua dignidade inerente. Apesar da proibição absoluta sob a lei internacional, torturas continuam ocorrendo em todas as regiões do mundo e o ato é frequentemente usado sob o argumento da segurança nacional e fronteiriça.

Além disso, suas consequências frequentemente vão além de atos isolados em um indivíduo; podendo ser transmitidas por gerações, levando a ciclos de violência e vingança.

Atualmente ratificada por 166 Estados, o chefe da ONU disse estar “encorajado de que estamos seguindo em direção à ratificação universal da Convenção das Nações Unidas contra Tortura”, que alinha leis e práticas nacionais para levar a proibição da tortura da teoria para a prática.

“Tortura normalmente acontece a portas fechadas”, disse Guterres. “Logo, é crucial que mecanismos internacionais independentes e nacionais de direitos humanos abram essas portas”.

Ele explicou que o Subcomitê da ONU para Prevenção da Tortura “faz exatamente isso”, visitando prisões e outras instituições e entrevistando detidos, autoridades e equipes médicas todos os anos, em parceria com mecanismos nacionais de prevenção.

“Em todo o nosso trabalho, precisamos apoiar vítimas e garantir respeito ao direito à reabilitação e resposta”, enfatizou Guterres, destacando que “esta abordagem centrada na vítima guia o Fundo Voluntário da ONU para as Vítimas de Tortura”. O fundo ajuda quase 50 mil vítimas anualmente, em cerca de 80 países.

Além disso, ele afirmou que esse mecanismo também ajudou no entendimento das diferentes dimensões da tortura, incluindo o uso de violência sexual e com base em gênero, e a assistência específica de que cada sobrevivente precisa.

“Neste Dia Interacional em Apoio às Vítimas de Tortura, insto todos os Estados a acabarem com a impunidade para perpetradores e erradicarem estes atos condenáveis que desafiam nossa humanidade comum”.

Fonte: Nações Unidas (28-06-2019)

https://nacoesunidas.org/em-dia-internacional-chefe-da-onu-reafirma-repudio-a-tortura-em-qualquer-circunstancia/

Até quando vamos passar o pano para o terror bestial de Bolsonaro?

Por Gustavo Conde

Bolsonaro é a vingança da história contra os antipetistas semiletrados que levaram o Brasil ao suicídio. 

Porque ele envergonha, porque ele é risível, porque restaura o verdadeiro sentido de ignorância.

Se tivéssemos apenas mais um tucano incompetente ou um general genocida no poder, as trevas poderiam durar uma década.

Mas como essa aberração semi-humana, a própria inércia pode nos devolver alguma cifra de democracia antes da hora prevista pelos menos céticos.

A maldade e a pulsão de morte estão em todo lugar. Mas o bom senso e o instinto de sobrevivência também.

Bolsonaro é a nossa maior lição. Ele representa o maior inimigo que o Brasil já teve.

Se derrotarmos Bolsonaro, há o risco real de reconquistarmos a soberania – e desta vez, em bases mais sólidas (porque originárias do trauma e da vergonha).

Nós, deste lado da história que eles desconhecem e negam –  porque admitem as respectivas preguiças leitoras e descompromissos consigo próprios -, somos maioria esmagadora neste momento.

Temos três gatos pingados de generais genocidas que emitem opiniões escandalosamente partidarizadas e – pasmem – temos gente que os ainda levam a sério.

São pulhas, canalhas, vermes, destroçados agora com 39 quilos de cocaína debaixo dos próprios narizes.

Militares dignos e vocacionados devem estar imersos no silêncio da vergonha em se verem obrigados a assistir a desmoralização inédita das Forças Armadas, associadas a um governo racista, fascista, miliciano, corrupto, traficante, recalcado e, acima de tudo, risível.

Um governo que tem um ministro da justiça destroçado – por um jornalista americano que não se vende a quaisquer dinheiros – e que ainda pensa que é alguma autoridade.

Porque uma coisa é estar no governo. Outra bem diferente é governar.

Diante de tudo isso, ainda temos uma imprensa lacaia, que passa o pano de posse da habitual subserviência cara aos moralistas sem moral.

Eles minimizam todo e qualquer escândalo desta bestialidade política parida por eles mesmos.

Mas a hora da verdade chega cada vez mais insinuante, contra todos os prognósticos.

Quem vai abaixar a cabeça diante de tudo isso?

Fonte: Brasil 247

https://www.brasil247.com/blog/ate-quando-vamos-passar-o-pano-para-o-terror-bestial-de-bolsonaro