Arquivo da tag: Direitos sociais

Começa a campanha: em um país destruído, Lula é a esperança do povo

Neste 16 de agosto, foi dada a largada para a mais importante corrida presidencial da história do país desde a redemocratização, em 1985. Dentro de poucas semanas, no dia 2 de outubro, o Brasil estará diante de uma encruzilhada. Terá de decidir se retoma o caminho do desenvolvimento, da justiça social, da cidadania e da democracia, ou se aprofunda o abismo da fome, do atraso econômico, da recessão, do obscurantismo, do ataque aos direitos humanos e às instituições.

Em um cenário de terra arrasada onde, em menos de quatros anos, Jair Bolsonaro aniquilou a dignidade de 33 milhões de compatriotas ao condená-los à fome crônica, Lula volta a representar a esperança de uma vida melhor para todos os brasileiros, em especial os jovens que tiveram seus sonhos e futuro roubados.

Mas para que a fraternidade, a inclusão social e a verdade vençam o ódio, o autoritarismo, a miséria e as mentiras de Bolsonaro, é preciso mobilização. O povo, militantes do PT e democratas das mais diversas formações políticas, deve ocupar as ruas de todo o país e fazer valer sua voz. É preciso dizer em alto e bom som que não aceitará mais retrocessos impostos por este desgoverno. O povo não irá engolir um ocupante do Planalto que arvora-se em rasgar a Constituição diariamente com ataques aos direitos de indígenas, quilombolas, mulheres, negros e negras e população pobre do campo e das periferias das cidades. Que investe contra as instituições, com mentiras diárias, para aplacar sua sanha tirânica.

No momento em que o país ainda atravessa sua mais grave crise sócio-econômica e sanitária, com quase 700 mil brasileiros condenados à morte por um déspota, Lula e seu candidato a vice, Geraldo Alckmin, encarnam a ideia de pacificação e união nacional. A chapa da coligação Vamos Juntos Pelo Brasil significa ainda a recuperação de nossa soberania, hoje sob forte ataque de interesses transnacionais, representados por um governo disposto a entregar todo o patrimônio do povo ao capital estrangeiro, na bacia das almas.

Justamente por ser pedra fundamental do respeito às diferenças, por seu compromisso inabalável em obedecer a Constituição, a candidatura de Lula e Alckmin tem atraído cada vez mais lideranças não necessariamente da mesma matriz ideológica do PT, mas com apreço pelos mesmos valores democráticos que nortearam a história do partido desde a sua fundação, em 1980.

No próximo 2 de outubro, o Brasil terá novamente nas mãos a oportunidade de escolher a experiência, a capacidade de liderar de Lula, reconhecida internacionalmente, para conduzir novamente o país a um destino de prosperidade econômica com justiça social, paz e harmonia institucional.

Lula já mostrou que ninguém melhor do que ele possui a compreensão exata da dimensão e das potencialidades do país, não apenas para cada brasileiro, mas para a geopolítica global. Como presidente, o líder popular aqueceu a economia com estímulos ao mercado interno e promoveu uma revolução no campo e nas cidades com a inclusão, pela primeira vez na história, do povo pobre no orçamento.

O legado que o povo brasileiro não esqueceu

Em um país onde, graças à negligência criminosa de Bolsonaro, formou-se um triste exército de milhões de miseráveis, o povo não esquece os motivos pelos quais Lula deixou a Presidência com uma aprovação recorde de mais de 87%.

Entre a chegada de Lula ao Planalto, em 2003, e o golpe contra Dilma Rousseff, em 2016, as gestões petistas garantiram um crescimento econômico baseado na redistribuição contínua e sistemática de renda. Por causa de políticas públicas e ações como o Brasil Sem Miséria e o Bolsa Família, 36 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza.

Graças a políticas integradas, voltadas ao fortalecimento do tecido social do país, foi possível garantir um aumento real do salário mínimo de 74% acima da inflação e a criação de 22 milhões de empregos formais em apenas 13 anos. Ao fim de 2014, o país havia deixado o Mapa da Fome das Nações Unidas, bem como registrou a menor taxa de desemprego da história, 4,3%. Uma prova de que o PT governou para os trabalhadores, honrando o nome de batismo da legenda, mas sem esquecer áreas estratégicas como o setor de energia e as tecnologias de ponta.

No campo mundial, Lula promoveu um protagonismo internacional inédito ao expandir uma política externa pragmática, de construção de consensos e de diálogo. Sua diplomacia altiva e ativa resultou no fortalecimento do G20 como espaço de discussões globais e na criação dos BRICS. Do mesmo modo, o foco na cooperação Sul-Sul intensificou as relações do Mercosul, tanto entre os países integrantes do bloco, como com o resto do mundo. Com Lula, o Brasil chegou a ser 6ª economia global. Com Bolsonaro, caiu para a 13ª.

É hora de ocupar as ruas

Por tudo isso mas, sobretudo, pelo olhar sensível direcionado ao povo humilde que só os verdadeiros chefes de Estado têm, Lula está de volta à trincheira da luta democrática para resgatar o Brasil de um destino trágico de fome, pobreza, atraso econômico e irrelevância internacional. Em apenas três anos, Bolsonaro fez o país retroceder três décadas, período em que o sociólogo Hebert de Souza, o Betinho, liderou a Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria, em 1993. Mas esse pesadelo pode ser interrompido.

O Brasil se aproxima da encruzilhada. É hora de nossa população levantar a cabeça e abraçar a causa da construção de um país justo e fraterno para todos. É hora de ocupar as ruas para, sem trégua, sermos milhões de Lulas, deste dia 16 até o dia 2 de outubro. É hora de mostrar que o fascismo não irá deter a chegada da primavera, e que o sol irá brilhar mais uma vez, iluminando os sonhos de futuro da nossa juventude. Pela dignidade dos que passam fome, Lula presidente!

Fonte: PT

Durante mobilizações em todo o país, movimentos populares solicitam ao STF a suspensão de despejos

Decisão anterior dos ministros tem validade até 31 de março. Sem a prorrogação da suspensão, cerca de 132 mil famílias podem ficar desprotegidas

Organizações sociais, movimentos populares aglutinados em torno da Campanha Despejo Zero e partidos políticos protocolaram uma petição junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta quarta-feira (16), requerendo à Corte a prorrogação da liminar concedida pelos ministros que determinou a suspensão de despejos e remoções urbanos e rurais em razão da pandemia.

Dentro do âmbito da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 828, de autoria do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em parceria com as organizações, o ministro relator da ação, Luis Roberto Barroso, decidiu em junho do ano passado favoravelmente à suspensão dos despejos e remoções por seis meses, ou seja até dezembro de 2021. Em pedido de extensão da decisão feito em dezembro pelas organizações, o ministro prorrogou a decisão liminar por três meses, com validade então até 31 de março deste ano.

A petição pede a prorrogação da suspensão de despejos judiciais ou administrativos por mais seis meses, ou quando cessem os efeitos econômicos e sociais da pandemia, ou até que o mérito da ação seja julgado pelo plenário do Supremo.

Sem a prorrogação da decisão, cerca de 132.290 famílias distribuídas pelo país correm risco, neste momento, de sofrer despejo ou remoção, de acordo com a Campanha Despejo Zero. No documento os peticionários destacam que os impactos da pandemia têm sido ainda mais agudos para as populações negra, periférica, em situação de rua, carcerária e do campo.

De acordo com a pesquisadora Isabela Soares Santos, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) “são [estas] as pessoas mais vulnerabilizadas, em termos das condições de vida, as que apresentam os piores indicadores de Covid-19 quanto ao adoecimento, mortalidade e cobertura vacinal. São justamente essas pessoas que estão mais expostas ao risco de contaminação, exigindo uma estratégia urgente e efetiva que integre ações e políticas públicas de saúde, habitação e renda”, destaca.

Ameaçados

Ainda que paire um discurso de melhora do cenário pandêmico – com flexibilização de medidas de contenção do vírus – a manifestação desigual da crise sanitária e social nestas “ilhas de exclusão”, apontam os requerentes, exige um compromisso do Estado na execução de ações que garantam os direitos fundamentais, como a vida e moradia, para além dos momentos de maior intensidade da manifestação da doença. Um retrato da vulnerabilidade social e econômica atual é o apontado pela Campanha. Em agosto do ano passado foram mapeadas 18 mil famílias sob risco de despejo. Em fevereiro deste ano o número saltou para 132 mil, um aumento de 602%, o que evidencia o agravamento das condições de vida da população e uma cicatriz social que deve perdurar para além da crise sanitária.

“São milhares de famílias pobres, que ficaram numa situação ainda mais crítica desde o início da pandemia. O fato de que os despejos aumentaram em mais de 600% nesses dois anos, mesmo estando o país numa profunda crise social, mesmo as pessoas com risco de vida devido à pandemia do coronavírus, é extremamente desumano”, destaca Benedito Roberto Barbosa, coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e integrante da Campanha Nacional Despejo Zero.

A avaliação é reforçada pela coordenadora de Incidência Política da Habitat para a Humanidade Brasil , Raquel Ludermir, “O que observamos nesses 2 anos de Campanha Despejo Zero é uma verdadeira bomba relógio: 132 mil famílias estão ameaçadas de perder seu teto, em um contexto em que a pobreza e a fome se aprofundam a cada dia”, diz. A liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) sublinha que a prorrogação é necessária porque o país vive“ainda em um cenário de crise sanitária que não foi resolvida e de caos social e econômico”.

De acordo com Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a ausência de restrições à realização de despejos deve afetar fortemente o campo. “Para o MST, despejo a qualquer tempo é ato injusto e de violação aos direitos humanos. No entanto, despejo na pandemia é ato desumano, ainda mais com o agravamento da crise social no país. No campo serão atingidas pelo menos 30 mil famílias, com aproximadamente 20 mil crianças de até 12 anos”, destaca a integrante do MST e da Campanha, Ana Moraes.

Com diversos acenos e concessões ao mercado pelo legislativo e executivo federal para medidas que amplificam conflitos e desigualdades no campo e cidade, como a aprovação na última semana pela Câmara dos Deputados da urgência na tramitação do Projeto de Lei 191/2020, o Judiciário tem sido fundamental para garantir ações de proteção à população.

“Nesse ano eleitoral, há uma dificuldade ainda maior no Congresso Nacional, que não tem priorizado as pautas que defendem a vida da população e seu direito à moradia, ao contrário, tem avançado em projetos de lei que facilitam a grilagem e o desmatamento. Nesse cenário, apontamos que é fundamental a atuação do Supremo Tribunal, a fim de continuar garantindo os direitos das populações mais vulneráveis nesse cenário de crise social, econômica e pandemia, mantendo a suspensão dos despejos”, destaca a assessora jurídica da Terra de Direitos e integrante da Campanha Despejo Zero, Daisy Ribeiro.

A prorrogação da suspensão dos despejos pode garantir proteção a ocupações como o Acampamento Marielle Vive, em Valinhos (SP). Local de residência, produção de alimentos e recuperação de hortas e nascentes por 450 famílias há cerca de 4 anos, a área – antes improdutiva por seu proprietário cartorário – teve a ordem de reintegração de posse do Tribunal de Justiça de São Paulo adiada ao final do ano em razão da decisão do STF.

“A suspensão do despejo representou alívio para as famílias, mas segue a apreensão das famílias com o prazo de 31 de março de vigência da decisão de Barroso”, aponta Ana. De acordo com a Campanha, a liminar do STF garantiu a proteção de milhares de famílias. Somente os recursos que chegaram ao Supremo Tribunal Federal para garantir que decisões de tribunais e varas estejam alinhadas a liminar protegeram mais de 14 mil famílias

O tema também está em pauta no Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH). Nesta quarta-feira (17), dia de mobilizações pelo país pela suspensão do despejo, o colegiado solicitou uma audiência com o ministro Barroso para tratar do assunto.

Fonte: MST

(17/03/2022)

Pra compor boa tríade,

Estatutos nós temos variados

Da criança, do Idoso, da Mulher…

Temos leis para o gosto que se quiser

Mesmo assim, mais e mais e com os brados

Os direitos dos pobres são negados

Por si mesmas, não bastam nossas leis

Interesses dos grandes têm mais vez

Despertar é preciso para a ação

Esperar inativos é em vão

Estatuto certeiro não se fez

 

Foi por conta das Lutas Camponesas

Que em 64 vem triunfar

Colocando camponez em seu lugar

Com o estatuto da terra vindo à mesa

A questão da reforma segue acesa

Sindicato, apesar de protegido

Na CONTAG tem apoio naqueles idos

Na Igreja irrompe oposição

Sindicatos pelegos sucumbirão

Junto a grupos diversos aguerridos

 

Estatuto do homem é o segundo

Vem da lavra do grande Thiago Melo

Expressando em poema denso e belo

O melhor do seu sonho de um novo mundo

Inspirado em Isaías, tão profundo

Nos propondo valores axiais

Pra alcançar a Justiça, o Bem, a Paz

Apontando horizonte alvissareiro

Pro caboclo, pro índio, pro roceiro

Por caminhos certeiros, sempre mais!

 

O Estatuto da Luta é que funda

O da Terra e o do Homem, precedentes

À medida que cabe a nossas gentes

Pôr em marcha a força que as inunda

Terra fértil a Terra, Nação fecunda

Terra, Homem, Luta, de mãos dadas

Precioso papel cabendo a cada

Vai forjando um País de Liberdade

Impedir essa marcha, quem há de?

Mãos à obra, passemos à empreitada

 

João Pessoa, 16 de fevereiro de 2022

Encontro de Lula e Setoriais mostra força e compromisso da militância do PT

No evento virtual, Lula creditou a força do PT à capacidade de trabalho, à dedicação e ao exercício cotidiano da democracia de seus militantes. O encontro contou com participação de mais de 3.400 filiados

“Não existe nenhum partido similar ao PT no mundo”, disse Lula ao finalizar sua manifestação no encontro virtual com os Setoriais do Partido dos Trabalhadores, nesta segunda-feira, 24. Lula creditou a força do PT à capacidade de trabalho, a dedicação e ao exercício cotidiano da democracia de seus militantes. Segundo Lula, após sofrer toda sorte de ataques, o PT ressurgiu devido ao compromisso e a disposição de luta de seus filiados, e também dos simpatizantes e apoiadores. Mis uma vez, Lula lembrou da heróica e histórica resistência da vigília em Curitiba.

Articulado pela Secretaria de Organização e pela Secretaria de Movimentos Populares, com o apoio de outras instâncias partidárias, o evento contou com participação de mais de 3.400 militantes, de todas as regiões do país. A presidenta do PT, deputada federal (PR) Gleisi Hoffmann, lembrou que recente pesquisa apontou o PT com 28% da preferência popular, destacando que foi “graças à militância que enfrentou todas as adversidades”. Ao longo da reunião, os dirigentes dos diversos setoriais apontaram propostas para a luta cotidiana, para as eleições e para o próximo governo.

 

Afirmando estar “bestificado” com o resultado da organização dos setoriais partidários, Lula lembrou que “nunca o Brasil precisou tanto de um partido como o PT”. Segundo ele, um partido que tem compromisso com a democracia, com a cidadania e com a soberania no país, atualmente vilipendiadas pelo atual presidente e seu governo. “É por isso que não gostam do PT”, afirmou Lula, convocando a militância para mobilizar “almas, corações e mentes em favor das mudanças que o Brasil e o povo precisam”.

Durante o encontro, foi apresentado o plano de construção de 5 mil comitês populares que o partido pretende implantar até maio. Os comitês físicos e virtuais (cada celular é um comitê) promoverão as atividades de orientação, mobilização e conscientização popular e também serão canais de recepção e interlocução com as instâncias partidárias responsáveis pela ação.  De acordo com Gleisi, o partido vive um de seus melhores momentos dos últimos dez anos, mas alerta que “a luta será muito dura”, exigindo cada vez mais o povo mobilizado.

Fonte: PT

(25/01/2022)

Aos 100 anos de Leonel Brizola, país ainda tenta resgatar a democracia e a legalidade

Por Eduardo Maretti

Socióloga Maria Victoria Benevides e historiador Chico Alencar falam da importância do legado do homem que liderou a Campanha da Legalidade pela posse de João Goulart em 1961

Neste sábado completam-se 100 anos do nascimento de Leonel de Moura Brizola, um dos mais importantes líderes da história da esquerda brasileira. Nascido no povoado de Cruzinha (RS), ele morreu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 2004. Foi deputado estadual (RS) e federal, prefeito de Porto Alegre, governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Não conseguiu chegar ao Palácio do Planalto, que disputou como candidato a presidente (em 1989 e 1994) e como vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (em 1998).

Exilado por 15 anos no Uruguai durante o período da ditadura (1964-1985), voltou ao Brasil em 1979. Depois de perder a histórica legenda do PTB getulista para a deputada Ivete Vargas, sobrinha-neta de Getúlio Vargas, que “roubou” a sigla num golpe judicial, fundou o Partido Democrático Trabalhista (PDT), que hoje tem Ciro Gomes como pré-candidato à presidência.

Herdeiro do trabalhismo de Getúlio Vargas, Brizola liderou, em 1961, a histórica Campanha da Legalidade, mobilização civil e militar deflagrada para garantir a posse de João Goulart como presidente do país, após a renúncia de Jânio Quadros. Jango não era aceito por parcela importante das Forças Armadas.

Para comentar o centenário, a RBA ouviu a socióloga Maria Victoria Benevides e o historiador Chico Alencar, ex-deputado federal pelo Psol do Rio de Janeiro. Brizola é classificado como “o último getulista” pela socióloga da Universidade de São Paulo. Para o historiador, o legado talvez mais importante de Brizola “é a política com valores, a partir de princípios, de concepções, de afirmação, de convicções e da preocupação com a nossa gente”.

Leia os depoimentos de Maria Victoria Benevides e Chico Alencar sobre os 100 anos de Leonel Brizola

A força de Brizola pela educação pública(Maria Victoria Benevides)

“Eu o considerava o último getulista. Mas o que mais me impressionava nele era o patriotismo, muito diferente de patriotadas, no sentido da defesa radical da soberania nacional, desde o governo estadual no Rio Grande do Sul. Dois tópicos importantes na biografia política de Brizola são a soberania nacional e o impulso que ele deu, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, na sua vida parlamentar, à educação pública. Mesmo as pessoas que não gostam das posições políticas dele são obrigadas a reconhecer isso.

Ele sofreu uma oposição muito pesada, e acho que uma das maiores tristezas de Brizola foi perder a sigla PTB, que identificava o trabalhismo fortemente ao nacionalismo desenvolvimentista, que ele enfatizava. Nunca se conformou de perder o PTB para Ivete Vargas, que destruiu o PTB. E o PDT, até hoje, custa a identificar Brizola nas suas origens.

A história foi injusta com ele. Não se reconhece nele as características que eu aponto. Ele sofreu uma oposição muito grande também porque, em termos externos, foi ligado à Internacional Socialista, ao socialismo da social-democracia, não ao comunismo. É um erro grave identificar Brizola com o pensamento e doutrina comunista. Podia até fazer alianças eleitorais, não iria recusar apoio dos comunistas, mas era ligado à internacional socialista, que o apoiou no tempo do exílio.

Uma ligação política muito importante dele foi com Darcy Ribeiro. A força de Brizola pela educação pública deve muito a Darcy Ribeiro. Defendia, sempre defendeu, algo hoje considerado uma meta a se alcançar: o ensino integral na escola pública. Defendia também as escolas técnicas. Achava importante que os mais pobres chegassem ao ensino superior, mas muito importante também que o Brasil, a exemplo dos europeus, desse impulso às escolas técnicas, exigência para o desenvolvimento nacional.

Na época das ‘Diretas Já’, a presença de Brizola era muito importante. Ulysses, Brizola, Montoro e Tancredo, que estava longe de ser brizolista, mas achava que Brizola tinha que fazer parte daquela frente. E é importante dizer isso para lembrar a necessidade de uma frente antibolsonaro hoje. Uma frente ampla. Não a gente ficar só nós, e não sair da nossa bolha. Brizola faz muita falta.”

“O Brizola incandescente agitador popular” (Chico Alencar)

“Impossível, para mim, falar de Brizola sem misturar saudavelmente a memória de ordem pessoal com a memória política. Brizola e política formam uma identidade, uma unidade inquebrantável.

Jovem professor de história nas lutas pela redemocratização e lutas contra a ditadura, eu sabia de Brizola, das reformas de base, do Brizola governador do Rio Grande do Sul, deputado mais votado pela Guanabara, do Brizola dito radical, à esquerda de Jango. Do Brizola da reforma agrária “na lei ou na marra” (lema da época de João Goulart), do Brizola incandescente agitador popular, grande tribuno. E eis que, com a anistia, que não foi tão ampla como queríamos, nem tão geral como devia ser, acabou sendo irrestrita para perdoar torturadores, elogiados por Bolsonaro.

Mas, de alguma maneira a anistia nos traz de volta muitos companheiros. Estavam no exílio e Brizola falava com aquele sotaque inconfundível: “Estar no exílio, não é verdade, é como uma árvore com as raízes arrancadas de ponta cabeça. Fenece, com o tempo.”

Pois bem. Então encontrei Brizola, ao vivo, em cores e verve, na campanha de 1982 para o governo do estado do Rio. Ele tinha então 3% de intenção de voto. Disse uma vez, para espanto geral, na UFRJ: “sinto que vou vencer”. Houve um misto de aplauso e riso com aquela ousadia de apostas. Pois não é que deu Brizola na cabeça?! Uma beleza! Me lembro de um comício na minha Tijuca, na (Praça) Saens Peña, no finalzinho da campanha: Brizola, Darcy, Saturnino (Braga), que euforia, que bonito! E Brizola com suas falas longas, sempre magnetizando e atraindo a atenção.

Depois o Brizola governador, o programa Mãos à obra na escola, uma nova concepção de polícia… Tentativas difíceis – o governador promete, mas o sistema diz “não”.

As sinuosidades de Brizola, as dificuldades aqui e ali não tiram a grandeza histórica da sua figura, do seu partido trabalhista de verdade, cuja legenda, PTB, foi tomada por um golpe judicial e eleitoreiro. E o PTB hoje é de Roberto Jefferson. Uma vergonha.

Talvez o que Brizola tenha deixado de legado mais importante, não como um ser infalível – ninguém é  –, com suas contradições, que todos temos, é a política com valores, a partir de princípios, de concepções e afirmação, de convicções e da preocupação com a nossa gente.

O Niemeyer na arquitetura com seu traço ousado, futurista, sempre pensando no povo, na amplitude; Darcy com sua verve antropológica, preocupado com os brasileiros afundados na “ninguendade”, como ele dizia, lembrando que somos um povo feito de povos desfeitos. Isso tudo é somatório de uma ambiência, de uma cultura, que nos deu como liderança política essa figura ímpar de Leonel Brizola. Cem anos de nascimento! Perenidade na vida política do Brasil.”

Fonte: Rede Brasil Atual

 

Lula: “O povo quer mudança, e tenho consciência do que ele está passando”

Em sua primeira entrevista coletiva de 2022, Lula defende a reconstrução do país baseada no resgate da democracia e no combate à desigualdade social

Emocionado, Lula disse nesta quarta-feira (19), em São Paulo, durante sua primeira coletiva de imprensa do ano, que só será candidato à Presidência da República se for para devolver à população uma vida digna, o que passa, necessariamente, pelo resgate da democracia real no país.

“O Brasil de 2023 será um país muito mais destruído do que o de 2003”, alertou aos jornalistas dos veículos independentes convidados para o encontro. “Vai precisar de muita conversa, de muito mais paciência, de muito mais habilidade para reconstruir. Precisa de inteligência política, de construir um grupo de pessoas que querem remar junto com você”, completou (assista à integra no fim da matéria). 

O ex-presidente ressaltou que sua preocupação atual é garantir as condições necessárias para que, caso seja candidato e venha a ser eleito, consiga governar e implementar as mudanças necessárias. E, para alcançar esse objetivo, disse ter consciência de que é preciso construir alianças políticas. 

“O povo quer mudança de verdade. O povo está com esperança e o povo sabe o que é viver bem. Nós temos que atender as aspirações da sociedade. Eu morei num quarto e cozinha com 13 pessoas. Eu tenho consciência do que o povo está passando. Então, eu não posso mentir, não posso ganhar e dizer ‘olha, não dá para fazer as coisas, desculpa, eu tenho que atender o mercado, atender a Faria Lima, preciso ter responsabilidade fiscal, manter o Teto de Gastos’. E o teto de comida, e o teto de emprego, e o teto de salário, e o teto de saúde? Quem vai devolver a este povo? Então, é esse cidadão, que acaba de ficar emocionado, que quer ser presidente, e se for, é para mudar, não é para continuar a mesmice”, afirmou. 

Resgatar a democracia

Implementar as mudanças que tragam uma vida digna ao povo é, segundo Lula, o mesmo que resgatar a democracia. “A democracia não é um pacto de silêncio. A democracia é uma sociedade em evolução, em movimento, questionando e brigando, lutando, reivindicando, para que ela possa sempre aperfeiçoar a democracia e melhorar suas condições de vida”, definiu.

Na democracia, lembrou, o governo não deve servir, como o atual, apenas para “garantir dinheiro ao sistema financeiro”. “O sistema financeiro vai ter de aprender a, quando sentar com o presidente, não ficar discutindo apenas os seus interesses. Nós temos que estar preocupados com os milhões de brasileiros que estão dormindo na rua. Vamos ter de discutir por que a massa salarial tem caído tanto neste país e por que 74% das famílias estão endividadas”, disse. “Só tem uma razão para eu vir a ser candidato a presidente da República: para tentar provar que esse povo pode voltar a ser feliz”, completou.

 

O combate à desigualdade, disse Lula, deve estar no centro das preocupações do próximo governo, que precisa “colocar o pobre no orçamento e o rico, no imposto de renda”. “Só pelo fato de eu ter dito que está na hora de o movimento sindical começar a ficar atento às mudanças trabalhistas que estão acontecendo na Espanha, foi uma gritaria. Por isso fomos o último país a abolir a escravidão. Essas pessoas não se dão conta de que não há democracia sólida se a sociedade não estiver bem.

O desafio, frisou, é grande, mas não impossível. “A gente vai precisar mudar muita coisa neste país. Temos que definir algumas coisas para dar mais sustentabilidade aos de baixo e exigir mais compromisso com o Brasil dos de cima. Parece difícil, mas, se a gente sentar para conversar e construir uma força política, (…) é possível a gente construir alguma coisa junto”, garantiu.

Fonte: PT

Retrospectiva: Lembre 13 frases de Lula em 2021

Recorde o que Lula disse sobre democracia, soberania, justiça social, pandemia e vários outros temas ao longo de 2021

Em 2021, após comprovar sua inocência e recuperar seus direitos políticos, Lula se tornou sinônimo de esperança em dias melhores para o povo brasileiro. Desde então, concedeu dezenas de entrevistas e visitou diversos estados brasileiros e outros países, onde conversou com trabalhadores, líderes de movimentos sociais, artistas, intelectuais, estudantes, lideranças políticas.

Nessas ocasiões, Lula pensou o Brasil e o mundo, convidando os brasileiros a se unirem para reconstruir o país e os cidadãos do mundo a lutarem por um planeta mais justo, livre da desigualdade e da fome. Para fechar nossa Retrospectiva 2021, lembramos 13 frases que expressam bem a visão de Lula sobre o Brasil, a democracia, a justiça social e outros temas.

PANDEMIA

Se o governo tivesse criado desde o começo um protocolo, tivesse montado um comitê de crise e orientado a sociedade, a gente não teria 500 mil mortos. A gente teria muito menos. Se tivesse comprado a vacina no tempo certo, a gente teria muito menos. Mas Bolsonaro trata meio milhão de mortos como  se não fosse nada.”

Em 19 de junho, quando o Brasil atingiu a inaceitável marca de meio milhão de mortos por Covid-19

JUSTIÇA SOCIAL

É preciso incluir o pobre no orçamento da União e o rico no imposto de renda. Na hora que fizermos isso, vamos começar a fazer uma distribuição de riqueza neste país para transformá-lo em um Estado de bem-estar social.”

Em 13 de agosto, durante entrevista à Rádio CBN de Santa Catarina

O POBRE TEM DIREITOS

“(O pobre) Pode e deve comer (camarão). Até porque é ele quem pega o camarão. É ele quem constrói o carro, é ele quem faz a roupa você tá vestindo, então ele tem o direito de ter as coisas que ele produz.”

Em 3 de dezembro, na entrevista que concedeu ao podcast PodPah

DEMOCRACIA

Democracia não é algo vazio. A democracia não é apenas o direito da gente gritar que está com fome. Democracia é o direito da gente comer. Não é apenas o direito da gente gritar que quer ter escola, é a gente ter de verdade. Não é ter o direito de dizer que a gente quer ter transporte público de qualidade, é a gente ter o transporte público de qualidade. É transformar os desejos em realidade.”

Em 14 de junho, no Rio de Janeiro, durante encontro com líderes de movimentos sociais

RECONSTRUÇÃO DO PAÍS

O grave momento que atravessa o Brasil não dá a nenhum de nós o direito de desistir. É hora de perseverarmos juntos, para restaurar a democracia e reconstruir este país. Não é tarefa para uma pessoa sozinha. É um trabalho coletivo. Não importa se no passado fomos adversários. Se trocamos algumas botinadas. Se no calor da hora dissemos o que não deveríamos ter dito. O tamanho do desafio que temos pela frente faz de cada um de nós um aliado de primeira hora.”

Em 19 de dezembro, em São Paulo, ao receber o Troféu Perseverança Sigmaringa Seixas

ESTADO FORTE

Quero um Estado forte porque só um Estado forte é capaz de acabar com a miséria neste país. Não quero um Estado empresarial, mas com força para ser o indutor do desenvolvimento”

Em 8 de outubro, em Brasília, durante entrevista coletiva a jornalistas

SOBERANIA NACIONAL

Faz 500 anos que fomos descobertos. Quando é que vamos tomar conta do nosso nariz? Quando é que eu vou levantar de manhã sabendo que meu povo está tomando café, que vai almoçar e vai jantar? Que as crianças estão na escola, que as crianças estão tendo acesso à saúde, à cultura? Quando é que vamos acordar? Isso é possível. Nós provamos isso.”

Em 10 de março, no histórico discurso que fez no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo

PERSEGUIÇÃO AO PT

A tentativa de destruir o PT, a tentativa de destruir a esquerda brasileira, não deu certo. Nós conseguimos sobreviver e saímos desse processo muito mais fortes.” 

Em 12 de agosto, no lançamento do livro Memorial da Verdade, que explica os reais motivos por trás da perseguição a Lula e ao PT empreendida por Sergio Moro, Deltan Dallagnol e a Lava Jato

AOS TRABALHADORES

É preciso acreditar que o Brasil pode voltar a ser um país de todos, com geração de empregos, salários dignos e direitos reconquistados, com saúde, educação pública de qualidade. Nós já construímos uma vez esse Brasil. E juntos vamos construir de novo”

Em 1º de maio, na mensagem que gravou para o Dia do Trabalhador

AOS JOVENS

Nós temos que dizer para os jovens apenas uma frase: é que o jovem só perde a luta que ele não faz. Nós temos que dizer para a juventude que ser rebelde é ter ação, é se movimentar.”

Em 17 de dezembro, em São Paulo, na abertura do 5º Congresso Nacional da Juventude do PT

AMAZÔNIA

A Amazônia é um território brasileiro, portanto o Brasil é soberano. Agora, a riqueza da biodiversidade tem que ser compartilhada com o mundo. Temos que compartilhar com o mundo a pesquisa. Não queremos transformar a Amazônia num santuário. O que queremos é explorar cientificamente a riqueza da biodiversidade para, dela, a gente ver se tira alguma coisa para dar ao povo brasileiro e ao povo do mundo.”

Em 20 de novembro, na Espanha, durante discurso para líderes políticos 

AMÉRICA LATINA UNIDA

Estou convencido de que a América Latina pode se recuperar. O Brasil tem que crescer, a Argentina tem que crescer, o Uruguai é o mesmo, o Paraguai, a Bolívia porque juntos podemos ser mais fortes”

Em 10 de dezembro, em entrevista ao jornal argentino Página 12

AO MUNDO

O mundo não suporta mais fascismo, o mundo não suporta mais nazismo, o mundo precisa de democracia, o mundo precisa de paz e não de guerra, o mundo precisa de livros e não de armas. O mundo precisa de amor e não de ódio e esse mundo só nós seremos capazes de construir.”

Em 15 de novembro, na Bélgica, ao discursar na sede do Parlamento Europeu.

Fonte: PT

(03-01-2022)