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Copa: Preocupação não é só com manifestações; Relatório reservado do governo Dilma aponta problemas nas 12 cidades-sede

A matéria é de Catarina Alencastro no jornal O Globo de hoje, 19 de março de 2014:
Copa: Preocupação não é só com manifestações; Relatório reservado do governo Dilma aponta problemas nas 12 cidades-sede
BRASÍLIA. O risco de manifestações violentas durante a Copa do Mundo não é o único temor do governo Dilma Rousseff. Relatório da Secretaria Geral da Presidência, a que O GLOBO teve acesso, aponta problemas nas 12 cidades-sede que vão de impactos ambientais a prejuízo causado pelas obras e zonas de exclusão a moradores e comerciantes.
O modelo de remoções para as obras foi feito, segundo o relatório, sem ou com baixa indenização. O texto fala, inclusive, em “higienização” nos arredores dos estádios, o que, em cidades como Fortaleza, tem levado à favelização. O documento, batizado de Diagnóstico Preliminar da Copa, foi produzido a partir de relatórios regionais, elaborados por duplas enviadas às cidades-sede. Rio, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza e Belo Horizonte são as capitais “mais críticas” em termos de segurança.
No Rio, há uma “dificuldade de relacionamento entre o poder público e a sociedade”. Em São Paulo, o corte de R$ 60 milhões para a PM é “potencial problema”. Em Porto Alegre, uma greve de rodoviários pode aincitar movimentos da categoria país afora. Em Belo Horizonte, greves de servidores podem “engrossar manifestações”. Em Fortaleza, há uma divisão na PM. Em Brasília, “partidos adversários tentam desqualificar a imagem” do governador Agnelo Queiroz (PT).
Várias embaixadas, diz o texto, já se mostraram preocupadas com a segurança de delegações e visitantes. Ainda não foi definido se as Forças Armadas vão atuar na segurança. Preocupam a “despadronização de procedimentos e a falta de comando civil/institucional da PM”.
Na Bahia, em Buerarema, onde ficarão Alemanha e Suíça, há conflitos entre índios e produtores rurais. Na Mata de São João, sede dos croatas, quilombolas reivindicam 30 mil hectares. No Rio, a desapropriação de imóveis sem indenizações preocupa, como a interdição de trechos que causaram “prejuízos a comerciantes”. Outra preocupação no Rio é o BRT Transcarioca, que pode não ficar pronto até o Mundial.
Em Cuiabá, dez mil árvores centenárias tombaram nas obras. Em Recife, cem mil acampados podem ser mobilizados para manifestações. Em Natal, o alargamento da Av. Roberto Freire custou R$ 260 milhões, mas só abrangeu 4,5km da pista. Em Manaus, ambulantes foram removidos sem realocação.
O relatório fala ainda de “exploração sexual de crianças e adolescentes e de tráfico humano”. Para tentar neutralizar atos contra a Copa, a Secretaria Geral estuda produzir uma cartilha sobre os legados. Em Brasília e Curitiba, movimentos sociais ouvidos sugeriram que o ex-presidente Lula “entre na Copa”.

Romário dispara: secretário-geral da FIFA é 'chantagista', 'ladrão' e 'cara-de-pau'

Romário dispara: secretário-geral da FIFA é 'chantagista', 'ladrão' e 'cara-de-pau'
Romário dispara: secretário-geral da FIFA é ‘chantagista’, ‘ladrão’ e ‘cara-de-pau’

“O senhor secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, disse que teme que a Copa do Mundo no Brasil seja considerada a pior de todas. Quero saber o que a FIFA fez para ajudar o Brasil nesta organização além de cobrar”, observou o ex-jogador Romário e, atualmente, um dos deputados federais mais populares do país, em sua página no Facebook (com a reprodução acima).
“A FIFA vende aos países uma ilusão tão bem engendrada que faz todos acreditarem, por um tempo, que é um grande lucro sediar o mundial. Então os países gastam bilhões para realizar uma Copa do Mundo padrão FIFA, a entidade enche os bolsos e vai embora, deixando o país sede afundado em dívidas”, completou.
Ela acrescentou: “Qual a moral que uma entidade como essa tem para fazer este tipo de afirmação? Espero que o mundo todo esteja atento ao Brasil, espero que outros países não aceitem as imposições e intransigências da FIFA, que quer atropelar leis federais e até a cultura do nosso povo. Sem falar da postura de seus dirigentes. A FIFA é uma vergonha.”
Matéria citada pelo “baixinho” em do UOL aqui.

Moradores do Vidigal, no Rio, realizam debate sobre 'gentrificação'

Evento debaterá especulação imobiliária e cobrança de preços abusivos.
Às vésperas da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, a serem sediados no Rio de Janeiro, os moradores da cidade vivem momentos difíceis. A especulação imobiliária e os altos valores cobrados pelos serviços assustam os turistas, mas deixam os cariocas em uma situação ainda mais delicada.
Se a classe média protesta nas redes sociais, organizando “isoporzinhos” e rebatizando nossa moeda para “Surreal”, os moradores das favelas e periferias se deparam com uma situação ainda mais alarmante: como continuar morando em suas casas, quando agora são cobrados preços infinitas vezes superiores aos das últimas décadas?
Alguns chegam a enxergar o momento como um sinal de oportunidade. Nunca os imóveis nas favelas da Zona Sul, Centro e parte da Zona Norte estiveram tão valorizados. No entanto, a equação promete ser complicada. Como vender o seu imóvel e comprar outro, sem com isso ter que ir residir muito distante de seu local de trabalho, lazer, família e amigos?
Foi pensando em todas essas questões que a Associação de Moradores da Vila Vidigal (AMVV), a ONG Comunidades Catalisadoras (ComCat), Fórum Intersetorial do Vidigal (FIV) e o Albergue da Comunidade Vidigal realizam o 1o Fala Vidigal: Ciclo de Debates, cujo tema é Especulação Imobiliária e o Aumento dos Preços no Vidigal.
O evento reunirá moradores do Vidigal e de outras comunidades, além de representantes da sociedade civil e demais interessados, para debater a questão da “gentrificação” no Rio de Janeiro. Serão abordados os seguintes temas: A história do Vidigal; Origem das favelas; O que é “gentrificação”; O papel da mídia; Iniciativa dos moradores; Debate público.
O Fala Vidigal acontece no dia 18 de março, na Praça de entrada do Vidigal na Avenida Niemeyer à partir das 19h. A entrada é franca e a participação de toda a sociedade é fundamental.
Contatos com a Imprensa
Associação de Moradores da Vila Vidigal (AMVV)
Telefone: (21) 3322-9723
Email: amv.vidigal@hotmail.com
Comunidades Catalisadoras (ComCat)
Telefone: (21) 991-976-444
Email: imprensa@comcat.org

Copa pra quem?

Foto: Agência Brasil/Marcello Casal

Leia a nota da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa, #COPAPARAQUEM?
“Quando os Comitês Populares da Copa começaram a questionar o autoritarismo, a ganância e o desprezo pelos direitos humanos que envolvem a realização da Copa da FIFA, já há mais de três anos (portanto, ao contrário do que alguns afirmam, a resistência não é de agora), parecíamos pessimistas que não queriam ver a alegria do povo no “país do futebol”.
Hoje, entrando em 2014, as pessoas se perguntam: mas, Copa Para Quem? Os/as cidadãos/as do país do futebol não se deixam mais enganar tão facilmente. Poucos são os que acreditam que a Copa trará qualquer legado para a população.
O que vemos nas 12 cidades-sede da Copa da FIFA: despejos (remoções forçadas), violação dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, uma legislação de exceção, destruição do que era público para a construção de uma cidade privatizada orientada aos interesses das grandes empresas e corporações, aumento da exploração sexual infanto-juvenil.
Somam-se a tudo isso, ainda, as violentas ações de repressão do Estado sobre a população e, o que é pior, a falta de diálogo e sensibilidade para com os milhões de indignados que saem às ruas.
Os governos também sabem que o projeto Copa é para uns poucos que podem lucrar com ele e, orientados que estão para proteger este negócio, têm investido tanto na criação de batalhões especiais, decretos e leis que nos fazem relembrar os piores tempos de autoritarismo quanto em uma propaganda barata que ataca qualquer opinião dissidente e tenta criar um clima artificial de celebração do mundial que, obviamente, já não se sustenta mais – se é que alguma vez ele foi sustentável.
A expressão do medo e do autoritarismo do governo tenta silenciar as reivindicações legítimas dos brasileiros que vão às ruas protestar. Isso só intensifica o conflito. Não se cala as vozes com repressão, ainda mais quando o poder público deveria atuar para combater as violações de direitos humanos, não para piorar o processo.
O último dia 25 de janeiro foi uma mostra clara do absurdo a que chegamos: 138 pessoas detidas e um jovem baleado com 3 tiros. Quem é responsável por esses tiros? A mesma força repressiva hoje usada contra as manifestações foi utilizada nas milhares de remoções forçadas, na expulsão de trabalhadores/as, artistas e moradores/as dos centros das grandes cidades, varridos em nome da especulação imobiliária e da “imagem do Brasil” para o turista.
A diversidade do perfil das pessoas detidas no dia 25 em São Paulo revela que quem está insatisfeito com a Copa não é uma “direita reacionária” como alguns querem fazer parecer. A questão é mais complexa e exige um debate ampliado sobre a realização desse megaevento e todas as questões que ele suscita.
Afinal, se o Estado se nega a discutir e enfatiza através de declarações e ações que protesto é sempre caso de polícia, qual é o legado da Copa que queremos construir?
Se as ruas dizem #nãovaitercopa é porque os governos têm se recusado a responder à pergunta #copaparaquem? de outra forma que não com agressões e violações. É necessário continuar a ir para as ruas. Não queremos a violência do Estado, mas a garantia e o fortalecimento dos direitos.
Ao longo destes anos, acompanhando e apoiando a resistência dos movimentos sociais, das populações e comunidades atingidas, buscamos sistematizar algumas pautas que são essenciais para se materializarem em lutas e serem conquistadas:
1) O fim das remoções e despejos, com abertura imediata de negociação coletiva com os moradores atingidos, visando a realocação “chave-a-chave” e a reparação às famílias já removidas.
2) O fim da violência estatal e higienização das ruas do centro nas cidades-sede, garantindo à população em situação de rua politicas de acesso à alimentação, abrigo e higiene pessoal, como trabalho e assistência social.
3) Revogação imediata das áreas exclusivas da FIFA previstas na Lei Geral da Copa e o consequente fim da perseguição ao trabalho ambulante, ao comércio popular e aos artistas de ruas. É necessário garantir suas atividades antes, durante e depois da Copa, com o mesmo espaço dado às empresas patrocinadoras.
4) Criação de campanhas de combate a exploração sexual e ao tráfico de pessoas nas escolas da rede pública, rede hoteleira, proximidades dos estádios e nas regiões turísticas, incluindo a capacitação dos profissionais do turismo e da rede hoteleira, o fortalecimento e ampliação das políticas de promoção dos direitos de mulheres, crianças e adolescentes e de combate e prevenção ao aliciamento e ao turismo sexual.
5) Não instalação dos tribunais de exceção no entorno dos estádios como forma de garantir o direito à ampla defesa e ao devido processo legal antes, durante e depois da Copa.
6) Revogação da lei que concede isenção fiscal à FIFA e suas parceiras comerciais, bem como dos processos de privatização já ocorridos em nome da Copa. Auditoria popular da dívida pública nos três níveis de governo, de modo a investigar e publicizar as informações sobre os gastos públicos com megaeventos e megaprojetos, com o objetivo de reverter o legado de divida da Copa da Fifa.
7) Arquivamento imediato dos PLs que tramitam no congresso, e de normas infra-legais emitidas pelos governos, que tipificam o crime de terrorismo e avançam contra o direito à manifestação, criminalizando movimentos sociais e fortalecendo a violência contra a população pobre e a juventude do país.
8) Desmilitarização da polícia e fim da repressão aos movimentos sociais, com a garantia do direito constitucional de manifestação nas ruas.”
Acompanhe pelo www.portalpopulardacopa.org.br

Copa no Brasil deixará ônus, e não legado, diz relatora da ONU

Do portal Terra
Tidos pelo poder público como uma vitrine para o País e uma oportunidade de investimentos, os grandes eventos que serão realizados no Brasil acabaram servindo de estopim para uma série de reivindicações, que eclodiram nas agora conhecidas como jornadas de junho. Essas reivindicações seguem se desdobrando, causando dor de cabeça aos governantes e perplexidade aos estudiosos. No centro da questão, por sediar a final da Copa do Mundo e as Olimpíadas e fazer parte do imaginário estrangeiro do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro e os seus 6 milhões de habitantes servem de laboratório, e se veem entre as promessas de uma cidade melhor e a realidade caótica de má qualidade dos serviços públicos e obras aquém do anunciado.
Para a urbanista Raquel Rolnik, professora da Universidade de São Paulo e relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Moradia Adequada, que acompanha de perto o processo desde 2009, a principal discussão que se coloca é o direito à cidade e a necessidade de se investir em uma cidade realmente para todos. “Não é comprar casa, comprar moto. Tem uma dimensão publica essencial que é a urbanidade e que precisa ser resolvida”, afirma.
Leia os principais trechos da entrevista em http://bit.ly/1nO2HR4

Famílias desapropriadas por Copa lutam por indenização em Pernambuco

O repórter Eduardo Amorim, do portal Terra, relata a luta de famílias em Pernambuco desapropriadas por conta da Copa do Mundo por indenização.
Filha de Manoel Sebastião da Silva, Veronica Maria mora em Camaragibe, cidade vizinha ao município de São Lourenço da Mata, onde foi construída a Arena Pernambuco. Mas na casa deles, quando se fala em Copa do Mundo, o sentimento é de angústia. “Logo no começo dessa história das desapropriações, ele (Manoel) andou muito perturbado com isso aqui. De repente era uma quarta-feira, estava passando jogo do Brasil e ele teve um acidente vascular cerebral (AVC). Quando minha mãe chegou, ele já estava no chão”.
Antes muito organizado, Manoel deixou toda a documentação dos imóveis regularizada. Mas perdeu a visão, os movimentos de um dos lados do corpo e, paraplégico, vive em uma cadeira de rodas. Não aguentou a pressão de ter de deixar todo o patrimônio que construiu ao longo da vida. Hoje, já não fala mais e chora quando ouve algo sobre a Copa do Mundo. E sua família aguarda o pagamento das indenizações pelos imóveis dele para conseguir se mudar para uma casa adaptada para essa nova condição.

Leia a matéria na íntegra em http://bit.ly/1nNYdKj

No Rio, moradores da Vila Autódromo fazem ato contra a remoção em frente à Prefeitura

Do Comitê Popular do Rio

Interesses privados estão por trás da remoção (Crédito: Courtney Crumpler)

Apesar da forte chuva, cerca de 100 moradores e apoiadores da Vila Autódromo se reuniram na tarde desta quinta, em frente à Prefeitura, para defender a permanência da comunidade, localizada na Barra da Tijuca. Eles representavam 256 famílias que não aceitam sair de suas casas e que se reúnem semanalmente em assembleias no local.

A manifestação foi uma resposta a ida de um pequeno grupo de moradores à Prefeitura na semana passada, em “manifestação” amplamente divulgada pela imprensa. Eles teriam solicitado a remoção ao prefeito Eduardo Paes. Há indícios de que a prefeitura tenha forjado esse ato, já que quem quer sair está sendo atendido na própria comunidade.

Os moradores que resistem levaram um abaixo assinado com nomes de 256 famílias que não aceitam ser removidas. Não houve recepção pelo prefeito. Ao contrário da última semana, quando os moradores se aproximaram do prédio da prefeitura, os portões foram trancados.

“Na semana passada, o prefeito até mandou chamar uma comitiva de moradores pra serem ouvidos. Hoje eles trancaram os portões e chamaram a polícia”, disse Jane Nascimento, uma das lideranças da Vila Autódromo.

A polícia agiu com truculência quando os manifestantes fecharam uma pista da avenida Presidente Vargas. Os policiais chegaram a tomar a faixa de um morador e prenderam um manifestante por desobediência e resistência. Ele foi levado para a 6ª DP mas já foi liberado, já que imagens gravadas em vídeo provam sua inocência.

Veja mais fotos do ato clicando aqui.

Leia também: Prefeitura do Rio força manifestação de moradores para remover Vila Autódromo

Movimentos sociais e grupos de atingidos pelas obras do Maracanã lançam Consulta Pública Popular nesta terça (16) em frente ao Palácio Guanabara

Nesta terça-feira, a partir de 9h, atletas, pais de alunos, torcedores, pesquisadores de universidades federais e cidadãos cariocas estarão reunidos em frente ao Palácio Guanabara para o lançamento da Consulta Pública Popular do Maracanã.

A Consulta está sendo lançada em meio ao processo de licitação do Maracanã, que amanhã terá mais uma etapa acontecendo no Palácio Guanabara a partir de 10h. Os organizadores da Consulta Pública Popular do Maracanã estarão disponíveis para a imprensa em frente ao Palácio a partir de 9h para explicar detalhes sobre o projeto e quais as expectativas dos grupos e entidades envolvidos. Eles também pretendem ser ouvidos pelo Governo do Estado.

Conheça o projeto em http://consulta.omaracaenosso.org.br

Organizada pelo Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas em parceria com os grupos afetados pela privatização do Maracanã, e coordenada pelo Observatório das Metrópoles do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ (IPPUR/UFRJ), a Consulta pretende dar espaço para a participação de qualquer pessoa, grupo ou entidade que queira debater e documentar suas propostas sobre qual a configuração e o modelo de gestão que seriam mais proveitosos para o Complexo do Maracanã e para a cidade do Rio de Janeiro.

O projeto se baseia em processos de consulta pública realizados através da internet por governos e instituições públicas no Brasil e em outros países.

SERVIÇO

Coletiva de Imprensa e Lançamento da Consulta Pública Popular do Maracanã
Terça-feira, 16 de abril, às 9h
Local: Em frente ao Palácio Guanabara, Rua Pinheiro Machado, Laranjeiras

Mais informações e assessoria:
Gustavo Mehl – 21 7908-5548
Mario Campagnani – 21 9849-2025

Justiça Global pede à ONU que analise abusos cometidos pelo governo no caso da Aldeia Maracanã

Está nas mãos do Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da Organização das Nações Unidas (ONU) um pedido da organização não governamental Justiça Global para que sejam investigados os abusos cometidos pelo governo estadual na retirada dos manifestantes que ocupavam o antigo Museu do Índio, no Maracanã.

O documento, entregue na sexta-feira (22), denuncia uma série de arbitrariedades, como o uso indiscriminado do spray de pimenta e das bombas de efeito moral pela polícia, além das prisões de pelo menos seis manifestantes sem justificativas e sem permissão aos advogados de acompanhar as detenções.

A Justiça Global sugeriu ao grupo que a ONU solicite às autoridades brasileiras a investigação dos abusos, além de pedir esclarecimentos sobre a utilização das acusações de desobediência e desacato como desculpa e instrumento para criminalizar os protestos e manifestações sociais.

Em seu pedido, a organização lembra que a liberdade de expressão é um direito fundamental que está assegurado na Declaração Universal sobre os Direitos Humanos, na Declaração Americana sobre os Direitos e Deveres do Homem, na Convenção Americana sobre os Direitos Humanos e na Constituição Federal. Dessa forma, as autoridades devem assegurar as condições necessárias para o exercício e a garantia desse direito.

Os membros do grupo de trabalho da ONU afirmaram que vão analisar os dados apresentados pela Justiça Global e poderão incluir no relatório de sua visita a denúncia contra as autoridades brasileiras. O documento, então, poderá ser lido em uma assembleia da ONU, na qual os demais países tomarão conhecimento dos abusos cometidos no Brasil.