Todos os posts de Gustavo Barreto

Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.

Escrever.

Há dez anos tive uma complicação nas costas típica de quem trabalha em escritório, sentado, por longas horas. Entre os muitos médicos que consultei, lembro de um argentino que me aplicou a técnica da acupuntura e, durante as sessões, me dava valorosas dicas de saúde mental. Isso ajudaria no problema das costas.

Baño de mar. Escribir. Meditar. Estas fueron algunas de las recetas.

Eu nunca esqueci que ali estavam valiosas sugestões que eu deveria ter seguido com mais frequência, até mais do que as também valiosas receitas da ciência tradicional.

De lá pra cá, não tenho do que reclamar. Escrevi três livros, fruto de pesquisa acadêmica, e tomei alguns banhos de mar memoráveis. Quanto a meditar, não cumpri bem a promessa, mas nesse meio tempo descobri os escritos de Carl Gustav Jung, que acompanho até hoje.

Nos últimos anos não consegui mais escrever com tanta frequência. A vida me trouxe surpresas, como ela costuma fazer com todos nós, e mesmo a leitura – minha tão valorosa companheira – se tornou menos do que o desejável.

Meu amigo Rolando Lazarte, que há incontáveis anos nos acompanha no projeto desta revista, foi uma inspiração pela sua persistência em tentar colocar no papel – ou nas telas – o indizível. A árdua tarefa de escrever sobre a vida, tão complexa, é ao mesmo tempo uma válvula de escape e talvez a mais valorosa profissão.

Sem a escrita, estaríamos reduzidos ao mecânico, ao material. Com a escrita, transcendemos.

Lo sublime se vuelve cotidiano, mientras las palabras se estrechan en los callejones de la vida como quien busca las mejores frutas en un mercado de una hermosa mañana de sábado.

Vamos à escrita.

23 anos de consciência

Registro da primeira página da revista Consciência.Net de 16 de agosto de 2000.

Ano 2000. O famoso ano, origem de muitas esperanças e receios coletivos.

Os computadores enlouqueceriam e os algoritmos nos dominariam por completo, alguns disseram. Os relógios não suportariam a pressão dos números e as máquinas seriam responsáveis pelo caos nos dados e, por consequência, em toda a gestão das finanças, das pessoas, dos bens e mercadorias. Era o bug do milênio. A tecnologia, como de costume, abria janelas e, ao mesmo tempo, assustava o século 20 com o anúncio de um novo tempo.

Naquele mesmo ano, dois jovens estavam profundamente incomodados – ao lado de milhões de pessoas pelo mundo – com a verdadeira “década perdida” para as e os trabalhadores. Vinhamos dos anos 1990. O neoliberalismo estava no seu auge. “Mercados” começaram a derrubar e subjugar governos com mais eficiência que o antigo método militarista. Quem não seguisse a cartilha neoliberal era automaticamente excluído do sistema financeiro internacional, na mão de alguns poucos tecnocratas. Poderia ser a “morte” de um país e os que ali viviam.

Para esses dois jovens, o ano 2000 estava a apenas seis do surgimento da Internet comercial no Brasil, por volta de 1994. Abria-se uma janela de oportunidade para se expressar livremente. A juventude, sempre deixada de lado, descobria pouco a pouco a tecnologia como uma ferramenta útil à liberdade de expressão. E assim também sentiam todos os povos excluídos do mundo, em marcha por um mundo melhor. Tínhamos uma esperança renovada.

À época, a Internet era algo muito distinto. Algo que podemos resumir como “linkania” – uma série de páginas online (ou ‘links’) conectados entre si, todos acessíveis por meio de um computador pessoal. Não havia telefones celulares como os de hoje e um computador era um item caro demais para 90% da população brasileira. Além disso, eram poucas opções de leitura. Para se ter uma ideia, existiam apenas 3 mil sites em 1994. Isso mesmo, 3 mil. Hoje, a marca é de 2 bilhões de sites, o correspondente a um quarto da população mundial.

Hoje, a linkania já é coisa do passado. Pouco a pouco, algumas empresas pioneiras de tecnologia criaram as redes sociais. Em poucos anos, o que se oferecia a milhões de pessoas eram determinado não mais pelos desejos e visões de mundo, mas por alguns poucos tecnocratas que tinham acesso aos algoritmos das redes sociais. O poder que antes estava concentrado nas mãos de empresas tradicionais de comunicação passaram para as mãos de empresas de tecnologia. O lucro dá novamente as cartas, mas há quem resista. Estamos novamente nos perguntando, como formulou Noam Chomsky: o lucro ou as pessoas?

Surgia assim em 2000 a Revista Consciência. Um dos criadores foi o antropólogo e sociólogo Renato Kress, cujo pensamento inerentemente multidisciplinar, desde muito jovem, nos fez enveredar por campos como a poesia, a antropologia, a sociologia, a comunicação, a psicologia. O outro era eu.

Ambos cursavam o segundo ano do ensino médio no Rio de Janeiro, estando ainda a dois anos de entrar na universidade. Aquele “eu” a que me refiro está 23 anos distante, porém muito próximo. Eu me pergunto se consegui corresponder aos seus anseios e ambições. Meu objetivo ainda é não desapontar esse “eu” 23 anos mais novo.

Depois da criação da revista, foram tantos e tão importantes os colaboradores que seria injusto nomeá-las e nomeá-los. Um trabalho intenso e desgastante para nós deu resultado: todas e todos estão à disposição do público por meio de seus textos e reflexões. São mais de 30 mil páginas online, apesar de ameaças judiciais que surgiram em algumas ocasiões.

Mas permita-me abrir uma exceção para mencionar, entre essas pessoas valiosas, o sociólogo e terapeuta comunitário Rolando Lazarte, o principal editor atual da revista Consciência. Desde cedo, ele ajudou a constituir nossa identidade – identidad esta permeada pelo inscosciente coletivo mencionado por Carl G. Jung. Esperamos que a renovação seja permanente, e que novos colaboradores se unam a esse projeto.

Além de sua atuação, me lembro que, certa vez, Rolando me contou que havia participado de um projeto de comunicação libertadora há muitos anos, muito antes da nossa revista, enquanto se dedicava a navegar nas águas turbulantes de uma América Latina (e uma Argentina) dominada por governos autoritários e ditaduras sanguinárias. O nome desse projeto? Consciência. Aqui, não há coincidências.

Essa convergência de pessoas e causas comuns se centrava no que há de mais valioso em nossa sociedade: o respeito ao próximo, codificado parcialmente (ainda que de modo insuficiente) nas cartas de direitos humanos que surgiram desde o século dezoito.

O valor máximo da nossa humanidade comum, do milagre da nossa existência e do respeito e dignidade entre todos os seres vivos – incluindo nosso ambiente – é o amor. E com amor, e não ódio, nos guiamos na busca por Justiça e dignidade humana para todas e todos.

Foi esse princípio que me guiou a manter a Revista Consciência por 23 anos. E na revista aprendi muito, e sempre, novos valores, habilidades, princípios. Nem sempre foram dias tranquilos. Por vezes, fomos ameaçados na Justiça e até mesmo em nossas vidas privadas.

É o preço de se expressar em um país dominado até hoje por velhas oligarquias transformadas em elites opulentas e inescrupulosas nesta que é uma das nações mais desiguais do mundo. No Brasil, os 1% mais ricos ficam com 24,6% da renda total. Já o grupo do 0,1% mais abastado do país representa 12,2%, ou um oitavo da renda. Um escândalo que mata e subjuga milhares de pessoas todos os anos.

Passados 23 anos da Revista Consciência, muita coisa mudou. Os algoritmos – e os tecnocratas digitais que os guiam – roubaram a visibilidade que os grupos marginalizados e oprimidos vinham parcialmente conquistando nos anos 2000. As desigualdades cresceram em todo o mundo, não só entre os países, mas dentro dos países. As guerras e conflitos deslocaram um recorde de 100 milhões de pessoas pelo mundo. O cenário não é favorável, e isso precisa ser dito.

Mas algo não mudou. Está intacta. Inacabada e transitória, como deve ser. Trata-se da já mencionada juventude. Não estamos aqui falando de anos vividos. A juventude que tínhamos é nossa energia vital, nosso desejo e satisfação em lutar pela dignidade humana. E buscar o que há de mais humano dentro de nós mesmos. Tão humano que transcende o corpo e se torna etéreo. Sublime, portanto.

Em 2000, eu era jovem. Hoje, 23 anos depois, sou jovem há muito mais tempo, assim como meus amigos da Revista Consciência.

Muitos anos de juventude para todas e todos nós.

Folhas, coração, juventude e fé

Foto: Mídia NINJA

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva gravou este vídeo em 2020, muito antes das eleições de 2022, para ler a carta de seu neto, Thiago, que tentou listar as expectativas da juventude brasileira para seu avô.

A lista-carta elenca preocupações evidentes para todo e qualquer jovem, ou mesmo adulto de meia-idade, em relação aos rumos do Brasil.

Pouco após a eleição de Lula para um novo mandato em 2023, estava ouvindo uma música antiga e famosa de Milton Nascimento (e Wagner Tiso!) – Coração de Estudante –, que me lembrou esta carta de Thiago. Começa a canção do nosso grande Milton: “Quero falar de uma coisa, adivinha onde ela anda, deve estar dentro do peito, ou caminha pelo ar”. A canção, como se sabe, é um hino contra a ditadura militar.

Milton se refere à “folha da juventude”, ao “sorriso de menino” (ou menina), e trata de renovar a esperança.

A minha inquietação e afetividade acrescida com a velha conhecida canção tinha como fonte a mesma folha da juventude – eu hoje na meia-idade, aos 40 – da qual falava Milton, os mesmos “sentimentos muito fortes” citados por Thiago.

Trata da esperança e da perspectiva de futuro, sequestrados pelo ciclo de retrocessos políticos que “roubam nossos sonhos”, como descreve a carta de Thiago.

Do ponto de vista macro – e cuja incidência atinge cada um de nós –, o jovem não acredita na política e no Estado, apostando na individualidade em todos os níveis, incluindo no seu âmbito mais perverso historicamente, que é o neoliberalismo.

As políticas neoliberais são uma relativa novidade histórica até mesmo em países desenvolvidos, nos quais os futuros coletivos de toda uma sociedade são substituídos pelas precárias condições da existência individualista, condições estas historicamente criadas, institucionalmente reforçadas diariamente e que ignoram por completo o senso comunitário – ou, por fim, comum – que permeia todas as nossas almas, o nosso mais profundo ser.

O protagonismo do qual falam Milton e Thiago são essencialmente coletivos – “há que se cuidar da vida, há que se cuidar do mundo, tomar conta da amizade”, Milton nos guia.

Os projetos espúrios do poder patriarcal, dos homens brancos armados, evidenciam o que Thiago descreve: os jovens têm mais capacidade de governar que muitos “líderes”, e assim o potencial invisibilizado da nossa juventude se dilui no mar abstrato da esperança. A incompetência e o descaso com o coletivo parecem ter vencido, afinal.

Thiago reafirma os princípios coletivos desse debate: precisamos discutir as drogas, e sobretudo a falida política de “guerra às drogas”, que Thiago explica ser “mais um dos bodes expiatórios inventados para controlar, prender e matar a população jovem e negra desse país”.

Precisamos de líderes? Talvez, mas isso está longe de ser suficiente. Precisamos de projetos com a participação ativa da juventude organizada. “Não queremos ser tratados como algoritmos”, sintetiza Lula.

A minha inquietação com o tema – de Milton, de Tiso, de Thiago, de Lula – não diz respeito à juventude, me atrevo a dizer. O tema central aqui é apenas um: o futuro à vista. Nossos sonhos não sobrevivem sem esperança. Nenhum país sobrevive sem esperança.

A esperança é o combustível da juventude. E a boa notícia é que este combustível é renovável, e está dentro de todos nós.

“Folhas, coração, juventude e fé”, cantou Milton Nascimento em um momento em que foi tocado por uma força qualquer, maior que todos nós, mas que todos conhecemos.

A feira que nunca acaba

O nosso modelo de desenvolvimento receberá, em um ou dois dias, mais um evento de grande porte no qual grande parte dos comerciantes – grandes, pequenos – dará descontos em seus produtos para consumidores sedentos por novidades antigas. É a sexta-feira de ofertas.

As grandes cidades, onde nasceu a resistência contra o absolutismo, viram seu poder crescer de tal modo que, atualmente, não conseguimos nos diferenciar dos absolutos poderes da Idade Média.

Longe de uma nostalgia anacrônica, podemos antever no que dará o antropoceno: a nossa própria destruição.

Antes, no entanto, da destruição física, vem a moral – todos os regimes assim caíram. Embebidos de um consumismo frenético que não conhece barreiras, somos como um rio vazio que espera a vida, mas sabe nada poder sem a água e a floresta.

Sabemos o quão desastroso é o modelo destrutivo do consumo, mas parecemos estar paralisados pela frenesi capitalista, em busca de um novo Carnaval no velho modelo explorador e exclusivista.

A volta à ‘normalidade’ – se é que há uma – é a volta ao ato inconsequente de por em marcha nossas velhas ideias moribundas: o crescimento infinito que acaba com os recursos naturais finitos e adoece o planeta (incluindo nós mesmos, pobres seres humanos).

E pior: um modelo ainda mais concentrador e violento, que mesmo com uma ‘pausa’ viu a renda ser direcionada para o topo cada vez mais. A viagem espacial privada é uma realidade num planeta no qual mais de um quinto das crianças em todo o mundo está desnutrido. É vergonhoso e, ainda assim, aceitável em nome do mesmo ‘desenvolvimento’.

A solução é mais do que simples: temos que tornar o planeta verde e azul novamente, aprendendo a dividir o espaço com a natureza. Em outras palavras: agir contra a nossa natureza destrutiva e egoica. A solução é tão simples quanto distante, e a recente conferência da ONU sobre o clima é mais uma prova concreta dessa tragédia.

A ciência, que tem seus princípios sequestrados para justificar a visita privada ao espaço, de nada tem valido quando o tema é nosso futuro comum. A desigualdade gritante da vacinação global é, mais uma vez, prova inconteste.

A sexta-feira de ofertas é a feira na qual estamos presos – como numa caverna, sem conseguir enxergar a luz do sol ou da lua. A mercadoria somos nós mesmos, impedidos de nos perceber seres integrantes da natureza.

Analfabetos ambientais, poderíamos dizer – como humanos, não sabemos quem somos e nem onde estamos. Como que num barco desgovernado, prestes a afundar, continuamos a comprar, comprar, comprar.

Estamos à venda no mercado-mundo, como produtos descartáveis em uma feira que nunca acaba.

Os segredos que os livros guardam

Ainda espero poder compreender melhor a influência dos livros em nossas vidas.

Não falo, aqui, do conhecimento que estes trazem. Da possibilidade que nos dão de viajar sem sair do lugar. Ou ainda da vantagem que nos proporcionam ao nos tornarmos, por meio deles, pessoas bem informadas e prontas a nos adaptar a esse mundo em permanente transição.

Falo do objeto livro.

Porque, para além do conhecimento, o que me atrai no livro é, curiosamente, o próprio objeto.

Em um formato que não mudou em séculos de experiência, os livros nos dão esse sentido histórico tão em falta hoje em dia, ao nos trazer uma experiência vivida tanto por Umberto Eco quanto por Galileu. Por Santo Agostinho ou Luis Fernando Verissimo. E por nós, todos nós. Aqui reside um senso um tanto quanto democrático.

Ler é, também, hoje, um ato de resistência. Ainda estamos por avaliar as relações entre o uso excessivo das redes sociais e a dificuldade frequente que temos em achar tempo para ler. Ou talvez a nossa relação com o tempo, o tempo perdido, que nos dificulta a leitura desinteressada.

Assim, eu amo tanto o ato de ler quanto o objeto livro. E é um prazer conviver com tantas gerações de pensadores em um minúsculo espaço reservado, a biblioteca.

Penso que, ao se estudar biografias, a primeira coisa a se perguntar é: como era a biblioteca pessoal do biografado? Sem julgamentos, apenas a título de informação.

O livro, sua morada (a biblioteca) e seu guardião (a pessoa que lê) são peças-chave de uma história que não precisa de introdução nem conclusão. É história contínua, perene, escondida numa prateleira. Como um segredo bem guardado. Um segredo que se basta, e por isso não precisa ser desvelado.

Estrangeiro

Eduardo Galeano

Num jornal do bairro do Raval, em Barcelona, uma mão anônima escreveu:

O teu deus é judeu, a tua música é negra, o teu carro é japonês, a tua pizza é italiana, o teu gás é argelino, o teu café é brasileiro, a tua democracia é grega, os teus números são árabes, as tuas letras são latinas.
Eu sou teu vizinho. E ainda me chamas estrangeiro?

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Eduardo GALEANO, em O Caçador de Histórias.

Boas novas para o SUS?

Eu adoraria estar otimista sobre todo esse apoio ao SUS, mas não vejo motivos.
Existe uma velha lógica, descrita minuciosamente por Noam Chosmky, acerca dos serviços públicos e privados: enquanto os lucros são privatizados, os custos são socializados.
É natural, portanto, que haja inclusive um certo apoio cínico ao SUS: é tempo de socializar custos.
Liberais igualmente cínicos estão surpresos com a cara-de-pau de muitos dos gestores dos hospitais privados, que se negaram a fazer testes e tratar dos pacientes.
O Chicago Boy, o Sr. Paulo Guedes, não perdeu tempo: liberou um pacote de bondades de até 10 bilhões de reais para a saúde privada. Nada a ver com saúde, só o bom e velho capitalismo de Estado, sempre enriquecendo o andar de cima.
Passada a crise, tudo voltará ao normal: será o tempo de privatizar novamente os lucros, assim que estes voltarem.
Não que eu queira ser pessimista. Mas não há sinais para o otimismo em relação ao SUS, infelizmente. Só a luta, e não as tragédias, podem mudar esse cenário.

No noroeste da Síria, existem apenas dois psiquiatras para quase 4 milhões de pessoas

Foto: WHO/OMS/AIsmail

“Hoje, sou um dos únicos psiquiatras em uma área onde vivem cerca de 3 milhões de pessoas. Devido à guerra, a situação é trágica”, explica o doutor Satoo, psiquiatra e diretor administrativo do Centro de Saúde Mental Sarmada, apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no noroeste da Síria.

“Isso afeta tudo: dificuldades em encontrar emprego e más condições de vida. Ninguém está livre de algum tipo de problema psicológico. Não há números oficiais, mas estamos vendo cada vez mais casos extremos a cada mês”, acrescentou.

A escalada em curso dos conflitos na região continua a impactar fortemente os civis. Entre primeiro de maio e 18 de agosto, mais de 570 mil pessoas foram deslocadas. O acesso aos cuidados de saúde também foi severamente limitado.

Existem apenas dois psiquiatras para quase 4 milhões de pessoas, e apenas duas instalações têm capacidade para tratar pessoas que sofrem de condições graves de saúde mental por meio de atendimento hospitalar.

“Não há unidade de saúde, a não ser a nossa, para doenças mentais e psicológicas graves. Se isso não existisse, para onde iriam as famílias? Algumas pessoas são realmente um perigo para si mesmas, sua família e seus arredores. Vir aqui é geralmente o último recurso para situações terríveis”, acrescenta Satoo.

Leia mais no site da OMS.

‘Exposição ReVelando’ destaca o trabalho de fotojornalistas durante a ditadura militar

Com lançamento previsto para a próxima terça-feira (02/10), a exposição ReVelando, parceria do Instituto Vladimir Herzog com o Centro Universitário Maria Antonia (CEUMA), faz parte das ações e reflexões que acontecerão no prédio histórico da Universidade de São Paulo para marcar os 50 anos do evento conhecido como a Batalha da Maria Antonia. A mostra está inserida na programação Ecos de 1968, que trata do contexto de recrudescimento da ditadura civil-militar brasileira que culminou na promulgação do AI-5 em 13 de dezembro de 1968.

Composta por 32 fotografias de dois grandes fotojornalistas brasileiros, as imagens mostram pessoas, lugares e fatos da época da ditadura civil-militar no Brasil e revelam o poder a partir do olhar sagaz dos fotógrafos Luiz Humberto e Orlando Brito. As fotos foram expostas pela primeira vez em 2013 na seção “Brasília no tempo da ditadura“, parte da exposição Resistir é Preciso, organizada pelo Instituto Vladimir Herzog.

Na mesma data, será lançada também a exposição ReVouVer que apresenta fotos dos conflitos que envolveram estudantes e a polícia nas imediações da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP – em especial as do fotógrafo Hiroto Yoshioka, estudante de arquitetura da USP em 1968 e testemunha dos acontecimentos; o documentário de Renato Tapajós “A Batalha da Maria Antonia”, de 2014; e fac-símiles de jornais e revistas da época.

Merece destaque a inserção de um totem que dará acesso ao trabalho da Comissão da Verdade da USP, criada com o intuito de examinar e esclarecer as graves violações aos direitos humanos praticadas contra docentes, alunos e funcionários da Universidade durante a ditadura. No momento em que assistimos ao tensionamento da democracia no Brasil, o Instituto Vladimir Herzog e o Centro Universitário Maria Antonia pretendem reafirmar sua vocação na defesa dos valores democráticos e de sua permanente reinvenção.

Inserido na programação da mostra, no dia 05 de outubro às 16h, será exibido também o documentário Vlado, 30 Anos Depois (2005), de João Batista de Andrade, que conta a trajetória do jornalista Vladimir Herzog desde a infância, fugindo da perseguição nazista, passando por suas ideias políticas e seu senso de ética, até sua posse como diretor de jornalismo na TV Cultura e sua prisão e morte em 1975.

Serviço
EXPOSIÇÃO REVELANDO

Local: Centro Universitário Maria Antonia – Universidade de São Paulo
Rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque – São Paulo/SP
Data: 02 de outubro a 28 de fevereiro
Mais informações: facebook.com/maria.antonia.usp