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Incluindo

A tentativa de manter vivo este espaço de defesa irrestrita dos Direitos Humanos têm se tornado uma espécie de convite permanente para um olhar e uma prática mais inclusivas. Deixar a mera pregação ou divulgação de matérias, para vir à página de uma maneira mais inteira.

A circunstância atual, de confinamento e limitação de movimentos em função da pandemia, têm posto em evidência a necessidade de compromissos constantes para que a inclusão social seja uma realidade. A sociedade têm se tornado para muitas pessoas, algo abstrato e distante.

A cisão entre a vida pessoal e a atuação cidadã, demandam ações eficazes para recompor o tecido social tanto quanto as identidades das pessoas. Criar e manter espaços de encontro em que seja praticado o respeito às diferenças, o cultivo da solidariedade, é um empenho valiosíssimo nesta e em qualquer outra circunstância.

Quando as ameaças à vida são imediatas e próximas, podemos despertar para o valor inestimável da nossa própria existência. O foco em uma educação humanizadora, que nos ponha sem cessar diante do fato de que necessitamos inevitavelmente uns dos outros, umas das outras, é um antídoto imprescindível frente às pressões desagregadoras do atual sistema social.

A anomia, o estranhamento mútuo, a falta de sentido, não se combatem com discursos ou pregações. Apenas a experiência consciente e continuada de inciativas de fazer juntos, fazer juntas, é uma fonte perdurável para o exercício de uma vida pessoal e comunitária plena e feliz.

Evento debate exclusão de pessoas LGBT na velhice

Boa parte dos idosos LGBT são obrigados a esconder sua identidade de gênero e voltar novamente para o “armário”. Essa foi a avaliação feita durante o 3º Seminário Velhices LGBT, em São Paulo, que tratou da exclusão dessa população por parte da sociedade. Segundo eles, com a falta de oportunidades no mercado de trabalho e o afastamento por parte de suas famílias, os abrigos em instituições de longa permanência se tornam a única opção.

Se a vida de um jovem LGTB é difícil, a dos idosos é muito mais. Aos 70 anos, a trans e técnica de enfermagem Lili Vargas afirma que o pior da velhice dos LGBT é a incompreensão. “A dificuldade é a aceitação das pessoas mais novas. A gente conhece a juventude, mas eles não conhecem a velhice. A partir do momento que envelhecemos, parece que ficamos de canto, como um objeto a parte”, conta ao repórter Jô Miyagui, da TVT.

Jordhan Lessa é homem trans e guarda municipal. Para ele, a invisibilidade dos idosos é a raiz de todos os outros problemas. “Por causa dessa invisibilidade a gente não tem política pública voltada para esse segmento, um médico para tratar do idoso LGBT. Isso dificulta tudo”, lamenta.

A trans Sissi Kelly, do Movimento de Luta por Moradia, tem 60 anos. Ela afirma que ao envelhecer, os grandes problemas dos idosos são a solidão e a falta de moradia. “Habitação não existe, sem nenhum tipo de acolhimento institucional para mulheres travestis e transexuais na terceira idade. Precisamos estar cuidando disso, porque teremos muitas travestis e transexuais vindo de situação de rua”, disse.

Para os LGBT, até agora o poder público se preocupou muito pouco com o segmento, por isso praticamente não existem programas sociais para idosos. “Estamos envelhecendo a população brasileira, e nós, LGBT, estamos envelhecendo sem nenhum tipo de políticas pública”, alerta Sissi.

Já Jordhan chama a atenção para a situação que obriga idosos a “voltarem para o armário”. “Você imagina uma travesti chegar a uma idade idosa e chegar numa casa de acolhimento. Do jeito que as coisas estão hoje, ela tem que cortar o cabelo, tem que tirar a maquiagem, ou seja, ela vai ter que se despir de si mesma e se enquadrar num padrão, para não ser população de rua.”

Fonte: Rede Brasil Atual

(29-06-2019)