Eu adoraria estar otimista sobre todo esse apoio ao SUS, mas não vejo motivos.
Existe uma velha lógica, descrita minuciosamente por Noam Chosmky, acerca dos serviços públicos e privados: enquanto os lucros são privatizados, os custos são socializados.
É natural, portanto, que haja inclusive um certo apoio cínico ao SUS: é tempo de socializar custos.
Liberais igualmente cínicos estão surpresos com a cara-de-pau de muitos dos gestores dos hospitais privados, que se negaram a fazer testes e tratar dos pacientes.
O Chicago Boy, o Sr. Paulo Guedes, não perdeu tempo: liberou um pacote de bondades de até 10 bilhões de reais para a saúde privada. Nada a ver com saúde, só o bom e velho capitalismo de Estado, sempre enriquecendo o andar de cima.
Passada a crise, tudo voltará ao normal: será o tempo de privatizar novamente os lucros, assim que estes voltarem.
Não que eu queira ser pessimista. Mas não há sinais para o otimismo em relação ao SUS, infelizmente. Só a luta, e não as tragédias, podem mudar esse cenário.
Jornalista, 40, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.