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Anvisa adverte: Veja faz mal à saúde

A revista Veja não tem cura. Na edição da semana retrasada, ela estampou na capa o título “O poderoso chefão” e publicou uma “reporcagem” cheia de adjetivos contra o ex-ministro José Dirceu. O seu repórter tentou invadir o apartamento do dirigente do PT e imagens ilegais foram usadas na matéria. A ação criminosa está sendo investigada pela polícia e a Veja está acuada.
Nesta semana, na edição número 2233, a revista preferiu uma capa mais light, talvez tentando esfriar a reação à sua ação mafiosa contra Dirceu. “Parece milagre!” foi a manchete da longa reportagem sobre um novo remédio “que faz emagrecer entre sete a 12 quilos em apenas cinco meses”. Novamente, porém, a revista parece ter cometido outro crime.
Hipoglicemia, náusea e diarréia
Em comunicado oficial, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) imediatamente alertou que o remédio propagandeado pela Veja não deve ser usado como emagrecedor. “A única indicação aprovada atualmente para o medicamento é como agente antidiabético… Não foram apresentados à Anvisa estudos que comprovem qualquer grau de eficácia ou segurança do uso do produto Victoza para redução de peso e tratamento da obesidade”.
Ainda segundo o comunicado, o uso do medicamento para qualquer outra finalidade apresenta “elevado risco para a saúde da população”. O Victoza foi aprovado para comercialização em março de 2010 para uso específico no tratamento de diabetes. A Anvisa informa que foram relatados eventos adversos associados ao medicamento nos estudos clínicos, como dores de cabeça, hipoglicemia, náusea e diarréia. Ela destaca ainda os riscos de pancreatite, desidratação e alteração da função renal e da tireóide.

Propaganda descarada

Como relata Ligia Martins de Almeida, em artigo no Observatório da Imprensa, a revista tem o péssimo costume de propagandear remédios. “Não é a primeira vez que Veja dedica seu precioso espaço para falar de dietas milagrosas… Mas talvez seja a primeira vez que ela usa sua capa para divulgar um produto de forma tão descarada”. Os resultados desta jogada comercial são imediatos.
“O sucesso da matéria pode ser comprovado no site DoceVida, especializado na venda de produtos para diabéticos, que já no domingo trazia a reprodução da capa de Veja com a matéria sobre o remédio. O medicamento, aliás, que só pode ser vendido com receita médica e custa entre 343 e 350 reais nos sites de farmácias especializadas em vendas online… Com a matéria de Veja, certamente a procura – na internet e nos consultórios de endocrinologistas – vai aumentar muito”.
Quem tem culpa no cartório?
“Os pauteiros e editores da revista – felizes com a repercussão da matéria (porque as matérias desse tipo sempre dão excelentes resultados) – não terão qualquer sentimento de culpa se eventualmente se descobrir que os efeitos do tal medicamento podem ser péssimos para quem não tem problemas com glicemia. Até lá, terão mudado os pauteiros e os editores e os próximos poderão discutir o assunto sem qualquer culpa no cartório”.
“O que Veja deixou claro, com essa matéria, é que a responsabilidade da imprensa com os seus leitores nem sempre vem em primeiro lugar. A vontade de causar impacto (ou talvez de atender os interesses de seus anunciantes) às vezes fala mais alto”, conclui Ligia Martins de Almeida, que até pegou leve com a inescrupulosa e ambiciosa famiglia Civita, dona da revista.
O crime não será punido?
Como ensina o professor Dênis de Moraes, no livro “Por uma outra comunicação”, a mídia privada e monopolizada tem interesses políticos e econômicos. Na “reporcagem” contra Dirceu, ela visou desgastar e enquadrar o governo Dilma. Já na matéria sobre o remédio milagroso, os interesses comerciais e publicitários falaram mais alto. Nos dois casos, a revista Veja cometeu crimes.
Será que o laboratório que fabrica o Victoza pagou pela chamativa propaganda na capa da Veja? Ele banca anúncios publicitários na revista? Quais seriam os valores? Existe “caixa-2” no mercado publicitário? Isto não configuraria uma forma de corrupção? Se a saúde da população é colocada em “risco elevado”, não caberia aos poderes públicos tomarem providência contra a revista?
(*) Altamiro Borges é jornalista. Matéria publicada originalmente no Blog do Miro.

Grileiro da Cutrale e laranjas da mídia

A mídia ruralista voltou a babar seu ódio contra o MST, que ontem ocupou novamente as terras griladas pela empresa Cutrale em Iaras, no interior de São Paulo. Na TV, âncoras e comentaristas criticaram a “invasão” e repetiram as cenas da destruição dos pés de laranja… em setembro de 2009. Apesar do Incra reafirmar que a área pertence a União, a mídia insiste em satanizar os sem-terra.
A ocupação da Cutrale faz parte da jornada de luta pela reforma agrária – que inclui um acampamento de 4 mil pessoas em Brasília e várias ações nos estados. A mídia nada fala das reivindicações do MST ou da absurda concentração fundiária no país. Prefere defender a “vítima” Cutrale – neste sentido, a ocupação serviu para noticiar, mesmo que de forma pejorativa, a luta pela reforma agrária.
A omissão criminosa
Nos momentos de confronto, a mídia hegemônica sempre toma partido. Ela fica ao lado dos poderosos, neste caso os barões do agronegócio, contra os trabalhadores. Ela até chega a ocultar denúncias que fez em períodos de maior calmaria. O caso da Cutrale é emblemático. As redações da imprensa conhecem bem as irregularidades desta empresa, mas preferem o silêncio criminoso.
Em maio de 2003, por exemplo, a revista Veja – talvez em mais uma ação mercenária – fez uma longa reportagem sobre a Cutrale. Ela revelou que a empresa é uma das mais ricas do mundo e que construiu o seu império de maneira predatória e ilegal. “O brasileiro José Luís Cutrale e sua família detêm 30% do mercado global de suco de laranja, quase a mesma participação da Opep no petróleo”.
Exploração, sonegação e remessa ilegal
Ainda segundo a revista, “o principal segredo do negócio consiste em adquirir a fruta a preço baixo –a preço de banana, brincam os fornecedores–, esmagá-lo pelo menor custo possível e vender o suco a um valor elevado”. Em 2001, o governo FHC chegou a investigar a altíssima lucratividade da Cutrale (nos anos 1980, ela teve taxas de retorno na ordem de 70%, um fenômeno raro).
“Uma autoridade da Receita Federal relatou a Veja que a estratégica para elevar a lucratividade do grupo passa por contabilizar parte dos resultados por intermédio de uma empresa sediada no paraíso fiscal das Ilhas Cayman. Com isso, informa a autoridade da Receita, a Cutrale conseguiria pagar menos impostos no Brasil”.
“Agressividade gerencial”
Em síntese, a revista Veja criticou a “agressividade gerencial da família Cutrale”, que já virou “uma lenda no interior paulista. Os plantadores de laranja no Brasil têm poucas opções para escoar a produção. Há apenas cinco grandes compradores da fruta e Cutrale é o maior deles. Por essa razão, acabam mantendo com o rei da laranja uma relação que mistura temor e dependência”.
“Por um lado, eles precisam que ele compre a produção. Por outro, assustam-se com alguns métodos adotados pela Cutrale para convencê-los a negociar as laranjas por um preço mais baixo”. Vários produtores relataram à revista a brutal pressão para baixar preços ou mesmo para adquirir suas fazendas, inclusive com sobrevôos ameaçadores de helicóptero e outros métodos terroristas.
Uma coleção de processos na Justiça
A bombástica reportagem simplesmente foi arquivada, assim como também foram esquecidos os inúmeros processos na Justiça contra a Cutrale por desrespeito aos direitos trabalhistas, crimes ambientais e pressão contra os lavradores. Somente de 1994 a 2003, a empresa foi alvo de cinco ações no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por formação de cartel.
Para criminalizar a jornada nacional de luta pela reforma agrária, a mídia omite os crimes da Cutrale. A empresa vira uma santa; o MST é o demônio. A mídia “privada” sequer esclarece que as terras em Iaras não pertencem legalmente à Cutrale. Elas compõem o lote do Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares pertencentes à União. Ou seja, elas foram griladas – roubadas!
Laranjas ou vendidos da mídia
Em 2007, a Justiça Federal cedeu a totalidade do imóvel ao Incra. Mas a empresa permanece na área com base em ações judiciais protelatórias. Desde que grilou as terras e passou a monopolizar a produção, milhares de pequenos e médios agricultores foram à falência e 280 mil hectares de pés de laranja foram destruídos. Mas a mídia só repete as cenas do trator em setembro de 2009.
Diante da riquíssima família Cutrale, com uma fortuna avaliada em US$ 5 bilhões, os colunistas da mídia são realmente laranjas! Já alguns pegam “carona” e se vendem!
(*) Altamiro Borges é jornalista e membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB ). Texto publicado originalmente na Adital.

Repórteres sem Fronteiras — mas com partido

O francês Robert Ménard, fundador e chefão da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) durante longas décadas, já enganou muita gente com suas bravatas em defesa da liberdade de expressão. Na semana passada, porém, ele tirou de vez a fantasia e confessou sua simpatia pela Frente Nacional (FN), o partido de extrema-direita da França que prega o racismo, o ódio aos imigrantes e outras teses fascistas.
Em entrevista à influente cadeia de rádios RTL, o falso democrata mostrou-se irritadiço, repetindo “deixe-me falar”, e abriu o jogo – para surpresas dos mais ingênuos. Ele festejou o crescimento da FN de Marine Le Pen nas eleições locais, quando obteve 14,7% dos votos, e afirmou: “Não só os entendo, como os aprovo… Aprovo certo número de pontos de vista de Marine Le Pen”. Diante dos jornalistas, Ménard mostrou-se injuriado. “Estou farto do desrespeito que vocês têm [diante do direitismo da FN]”.
A sinistra história da ONG
Ele ainda lamentou a pouca representatividade da seita fascistóide e desembuchou: “É um partido legal, não é um partido fascista e nem vergonhoso”. Após elogiar Marine Le Pen, filha do racista Jean-Marie Le Pen que o substituiu no comando da sigla, Ménard ainda fez questão de manifestar seu ódio visceral às forças de esquerda a França. “Penso que o Partido Comunista e Jean-Luc Mélanchon são tão perigosos quanto a Frente Nacional”.
As declarações bombásticas do fundador da ONG Repórteres Sem Fronteira (RSF) não deveriam causar surpresas. É só conhecer um pouco da história desta organização para saber dos seus vínculos com setores da extrema-direita no mundo todo. Reproduzo abaixo trechos de um capítulo do livro “A ditadura da mídia” para refrescar a memória dos mais incautos.
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A ONG de origem francesa Reporters Sans Frontières (RSF) foi fundada em 1985 pelo jornalista Robert Ménard. Adepta da visão liberal-burguesa de democracia, inicialmente concentrou seus ataques aos países do bloco soviético, acusados de serem “autoritários e contrários à liberdade de imprensa”. Mas o seu alvo predileto sempre foi a revolução cubana. Tanto que Cuba já solicitou várias vezes sua exclusão do comitê de ONGs das Nações Unidas. Segundo o professor Salim Lamrani, doutor pela Sorbonne e autor de um elucidativo artigo no site Resistir, “Robert Ménard sofre de uma doentia obsessão contra a revolução cubana e reúne em si todos os vícios e desmandos de que o jornalismo e os jornalistas são capazes”.
Segundo denuncia, “a RSF diz ‘defender os jornalistas encarcerados e a liberdade de imprensa. Conversa! A organização, financiada pelo milionário francês François Pinault e com a benevolência do comerciante de armas Arnaud Lagardère, fez da manipulação da realidade cubana o seu principal negócio… Ménard arremete contra a ilha socialista, declarando que ‘para os Repórteres Sem Fronteira, a prioridade na América Latina é Cuba’. No barômetro da liberdade de imprensa da RSF, a situação da Colômbia – onde mais de cem jornalistas foram assassinados em dez anos – é qualificada apenas como ‘difícil’. Já a situação cubana, onde nem um só jornalista foi assassinado desde 1959, é qualificada de ‘muito grave’”.
Casos Mumia Abu-Jamal e Al Jazeera
Lamrani lembra da situação dramática do jornalista estadunidense Mumia Abu-Jamal, “que apodrece na prisão há mais de vinte anos, por um crime que não cometeu, mas não interessa a RSF”. Cita também o bombardeio de uma estação de rádio e TV sérvia, durante a Guerra do Kosovo, em abril de 1999, que resultou a morte de uma dezena de jornalistas. “Em 2000, quando a RSF publicou o seu informe anual, essas vítimas não foram contabilizadas”. Refere-se ainda aos bombardeios dos EUA à sede da TV Al Jazeera, do Catar, durante as guerras do Afeganistão e do Iraque, que também não receberam as devidas condenações desta organização “não-governamental”, apesar da morte de dois jornalistas.
O professor francês registra outros fatos lamentáveis para provar que a RSF é dura nas críticas a governos não alinhados, mas é afável no trato ao imperialismo e aos barões da mídia. Ela relembra um deprimente perfil do próprio Robert Ménard, publicado em março de 2001. Para ele, não seria aconselhável condenar a manipulação da mídia francesa porque “corremos o risco de desagradar certos jornalistas, inimizá-los com os patrões da imprensa e enfurecer o poder econômico. Para nos midiatizarmos (sic), precisamos da cumplicidade dos jornalistas, do apoio dos patrões da imprensa e do dinheiro do poder econômico”.
Silêncio diante do golpe na Venezuela
Na fase recente, a RSF também passou a satanizar o presidente Hugo Chávez. Quando do frustrado golpe de abril de 2002, que teve como pivôs os principais donos da mídia venezuelana, Ménard não levantou a sua voz em defesa da “liberdade”. Pelo contrário. Segundo reportagem dos estadunidenses Jeb Sprague e Diana Barahona, publicada em agosto na Réseau Voltaire, a RSF incentivou a brutal campanha midiática de preparação do golpe. Ela inclusive teria recebido subvenções da National Endowment for Democracy (Fundação Nacional para a Democracia – NED), que é financiada pelo governo dos EUA e por poderosas corporações e é acusada de ser uma filial da CIA, para cumprir esta missão nada democrática.
Ainda segundo os dois jornalistas estadunidenses, a NED “foi criada pelo governo de Ronald Reagan, em 1983, para ressuscitar os programas de infiltração da CIA na sociedade civil”. Por acaso, a mesma Lucie Morillon, citada acima, é diretora-executiva da NED e porta-voz da RSF nos EUA. Em recente entrevista, ela admitiu que o Instituto Republicano Internacional (IRI), um dos satélites da NED ligado diretamente ao partido de Bush, “subvencionou, durante pelo menos três anos, os Repórteres Sem Fronteira”. Além de apostar na desestabilização do governo bolivariano, a RSF também contribuiu para o golpe que derrubou o presidente Jean Bertrand Aristides, em 2004, no Haiti, conforme denúncia do jornal New York Times.
A ONG francesa nega terminantemente a grave acusação. Afirma que apenas promoveu uma campanha internacional de denúncia contra o assassinado do jornalista Jean Dominique, diretor da Radio Haiti Inter, que teria ocorrido durante o governo de Aristides. Pura mentira! Dominique foi assassinado bem antes da chegada de Aristide ao governo. Segundo o New York Times, a tal campanha mundial foi financiada pelo IRI. “O presidente Bush nomeou como seu presidente [do IRI] Lorne Craner, para dirigir os esforços pela democracia. O Instituto, que trabalha em mais de 60 países, viu triplicar seu financiamento federal em três anos, de US$ 26 milhões em 2003 para US$ 75 milhões em 2005”. E repassou dólares à RSF.
As misteriosas subvenções à RSF
A questão do financiamento da RSF, curiosamente rotulada de “organização não-governamental”, sempre despertou suspeita. Ela até mantém no seu site um campo dedicado às suas receitas, mas não divulga as fontes. Em recente entrevista, publicada no Observatório de Imprensa, Robert Ménard garantiu que “mais de 50% do orçamento dos Repórteres Sem Fronteira vêm da venda de revistas de fotografia; um quarto do financiamento vem da União Européia e outra quarta parte do orçamento vem das operações especiais, de doações e leilões”. Estranhamente, porém, o mesmo fundador da RSF já havia revelado em seu próprio livro que a Comissão Européia subvencionava 44% dos seus recursos. Os números não batem!
Os mais céticos, porém, não vacilam em denunciar que esta e outras ONGs “humanitárias” são bancadas por poderosas corporações empresariais e pelos governos das potências capitalistas. Num texto intitulado “O caixa-2 das ONGs”, o jornalista Gianni Carta foi peremptório: “Com o intuito de difundir aquilo que entende por ‘democracia’, o presidente norte-americano George W. Bush não somente invadiu o Iraque em 2003 e apoiou Israel na recente carnificina no Líbano, mas também estaria usando organizações não-governamentais, por vezes infiltradas pela Central Intelligence Agency (CIA), para influenciar o cenário político mundo afora”. Entre outras, ele cita explicitamente a Reporters Sans Frontières, “alimentada, em grande parte, por dólares de Washington” para realizar atividades secretas em vários países.
Soros, Murdoch e os “projetos humanitários”
O próprio Robert Ménard, numa conferência em Quebec (Canadá), em 2005, foi obrigado a confessar a existência destes subsídios. Quanto ao apoio do governo terrorista de George W. Bush, ele não titubeou: “Recebemos dinheiro da NED e isso não nos cria nenhum problema”. Já no que se refere aos subsídios da União Européia, explicou: “Parece-nos indispensável que a EU outorgue apoio às agências da imprensa independente, assim como às organizações de sindicalistas, economistas e outras”.
Outra fonte de verba, segundo Gianni Carta, seria a Fundação Soros, do mega-especulador George Soros. “Em 2004, essa fundação alocou 1,2 milhão de dólares para as ONGs realizarem ‘projetos relacionados à eleição’ na Ucrânia, em favor da chamada Revolução Laranja de Viktor Yuschenko”, um liberal confesso. Outro magnata, dono de um império midiático mundial, o australiano Rupert Murdoch, também cultiva o hobby de bancar “entidades humanitárias”, logicamente sem qualquer interesse.
Já o jornalista Jean Allard descobriu que “as campanhas publicitárias anticubanas mais mentirosas da RSF foram concebidas e montadas pela Publicis, gigante mundial da publicidade, que tem, entre seus clientes, o Exército dos EUA e a Bacardí”. A Saatchi&Sasstchi, a mais famosa agência de Nova Iorque e metida em todas as campanhas anticastristas, também presta seus “serviços gratuitos”. Allard revela ainda que “são conhecidas as relações de Ménard com personagens da extrema direita de Miami que se dedicam a atacar Cuba, usando todos os meios possíveis, até o terrorismo. Sabe-se também que ele mantém relações com Freedon House, do antigo agente dos serviços secretos Frank Calzon”, um notório terrorista.
Papel oculto dos donos da mídia
Com este tenebroso currículo, um artigo do Le Monde Diplomatique, assinado por Maurice Lemoine, não vacila em afirmar que a ONG Repórteres Sem Fronteiras pratica “golpes sem fronteiras”. “Pretendendo ‘defender o direito de informa e de ser informado’, conforme o artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a RSF ignora deliberadamente o papel não oculto dos proprietários dos meios de comunicação. Mas a organização não tem escrúpulo algum em fazer do governo de Hugo Chávez – que jamais atentou contra as liberdades – um dos seus alvos privilegiados na atualidade”.
Já para Gianni Carta, a badalada RSF é uma fraude. “O mais incrível é que ela, ainda hoje dirigida por seu fundador, Robert Ménard, não faz o que deve: proteger jornalistas injustiçados. Sami Hajj, da teve Al Jazeera, foi preso, torturado e abusado sexualmente na Baía de Guantánamo. A organização do senhor Ménard não se manifestou. Giuliana Sgreana, jornalista do diário italiano Il Manifesto, foi libertada no Iraque no ano passado, e o agente de inteligência, Nicola Calipari, responsável pela operação, morreu protegendo-a de mais de 300 rajadas provenientes das metralhadoras de soldados americanos. Até hoje ninguém sabe o que realmente aconteceu. A RST não tem uma posição clara sobre a morte de Calipari”.
(*) Texto publicado originalmente no Blog do Miro.

Estadão é inimigo da reforma agrária

MST luta não só contra o latifúndio agrário, mas também o latifúndio midiático

O jornal O Estado de S. Paulo, que já nasceu demonizando as lutas camponesas (basta lembrar suas matérias hidrófobas contra a revolta de Canudos) e defendendo os interesses da oligarquia paulista do café, não desiste nunca da sua cruzada contra a reforma agrária. Em editorial na semana passada, intitulado “Deixem a agricultura trabalhar”, ele voltou a atacar todos – MST, sindicalismo rural, partidos de esquerda e setores do governo Lula – que defendem uma justa distribuição de terras num dos países de maior concentração fundiária do planeta. Todos seriam entraves ao “desenvolvimento econômico” do Brasil.

Para o Estadão, os heróis do povo brasileiro são os ricos fazendeiros. “Com superávit comercial de US$ 58,2 bilhões neste ano, o agronegócio é mais uma vez a principal fonte de sustentação das contas externas brasileiras, graças ao seu poder de competição”, bajula o editorial, que parece saudoso das velhas teses oligárquicas sobre a “natureza agrícola” do país. Não há qualquer linha de crítica à concentração de terras nas mãos de poucos latifundiários, ao uso do trabalho escravo e infantil, à abjeta contratação de jagunços e pistoleiros ou às práticas devastadoras do meio ambiente tão comuns no campo brasileiro.

“Um recado político” para Dilma

Mais este editorial, dos vários já publicados, tem um objetivo nítido. Com base numa entrevista do atual ministro da Agricultura, Wagner Rossi, já confirmado para continuar no cargo, ele visa dar um “recado político” para o futuro governo. “O setor precisa de segurança para produzir bem e para ser competitivo. É um lembrete oportuno, a duas semanas da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff”. O texto do Estadão expressa o temor dos ruralistas, para quem “o agronegócio continua na mira do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do PT, do MST e de outras organizações comprometidas com as bandeiras do atraso”.

Sempre ancorado na entrevista do ministro, o Estadão centra seus ataques exatamente na revisão dos índices de produtividade usados para a desapropriação de terras. Lembra que uma portaria já passou pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas que está engavetada no Ministério da Agricultura – e assim deve continuar. Em síntese, a família Mesquita se mantém na dianteira da luta contra a reforma agrária. Para ela, esta bandeira é coisa do passado e seus defensores representam o “atraso”. Neste esforço militante, o jornal não vacila em abandonar qualquer tipo de imparcialidade e difunde as maiores mentiras.

Mentiras sem escrúpulos

Sem escrúpulos, o editorial afirma que o agronegócio é responsável pela “produção eficiente de alimentos abundantes, bons e baratos, acessíveis a qualquer trabalhador… Pode ter havido razão econômica para a reforma agrária há algumas décadas. Mas a agropecuária transformou-se amplamente nos últimos 40 anos. O setor produz muito mais que o necessário para abastecer o mercado interno e para atender à crescente demanda internacional… A agropecuária brasileira se modernizou. Os defensores da reforma agrária continuam no passado. A presidente eleita faria bem ao País se escolhesse o compromisso com a modernidade”.

Estas teses, infelizmente encampadas por alguns desenvolvimentistas, não levam em conta que a reforma agrária é uma questão de justiça social e de ampliação da democracia no Brasil – a vitória do direitista José Serra nos redutos do agronegócio deveria servir de alerta! Elas também ignoram o papel econômico de uma distribuição mais justa das terras no Brasil. Neste sentido, o Estadão mente descaradamente. Não é verdade que o agronegócio garante a comida na mesa dos brasileiros. Muito pelo contrário. São os 4,5 milhões de famílias de pequenos proprietários que garantem 80% dos alimentos consumidos no país.

Atentado à inteligência do leitor

Como observou Lúcio Mello, num excelente artigo publicado no Blog da Reforma Agrária, o editorial do Estadão é um atentado à inteligência dos leitores. Ele abusa da desinformação e das meias-verdades. Omite, inclusive, os dados oficiais recém divulgados pelo censo do IBGE. “O agronegócio não é responsável por alimentos bons, baratos e de qualidade. Por mais que comamos soja, açúcar e café e [bebamos] suco de laranja, é o produtor familiar que abastece em sua maioria as cidades de leite, feijão e mandioca, gerando renda e impedindo o aumento do fluxo migratório para São Paulo, Rio de Janeiro” e outras capitais.

Ponderado, ele observa que “o editorial louva a importância do agronegócio na sociedade, sobretudo na pauta das exportações brasileiras e na promoção do superávit primário. Até aí, nada de errado. É reconhecido o papel da monocultura agroexportadora na chamada modernização conservadora entre 1964 e o fim da década de 70”. De resto, tudo é mentira.

Entre outras distorções, o Estadão omite que o agronegócio “tem parcela de culpa considerável na dívida pública brasileira, seja através das sucessivas dívidas simplesmente não pagas ou de repasses com ônus ao tesouro de projetos agropecuários faraônicos”, explica Lúcio Mello. Estima-se que esta dívida atingiu R$74 bilhões em maio de 2008. Isto sem falar da anistias às dívidas, dos juros subsidiados e de outras benesses do Estado.

Altamiro alerta para necessidade de auditoria do "Datafraude"

O instituto de pesquisas Datafolha, controlado pela famíglia Frias – que também é dona do jornal Folha de S.Paulo e do portal UOL – está na berlinda. Ninguém agüenta mais as suas manipulações. O deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ) já está propondo uma auditoria. “O Datafolha perdeu qualquer compromisso com a ciência estatística e passou a funcionar com uma arrogância que não se sustenta ao menor dos exames que se faça dos resultados que apresenta nas pesquisas”, argumenta o parlamentar.
Numa decisão que abre brechas para fustigar o Grupo Folha, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceitou, nesta semana, o pedido do minúsculo PRTB (Partido Renovador Trabalhista) para ter acesso aos dados da sua última pesquisa, divulgada no sábado. O partido terá direito a conhecer o sistema interno de controle do Datafolha, com a “verificação e fiscalização da coleta de dados, incluindo as identificações dos entrevistadores, para conferir e confrontar os dados do instituto”.
Forte odor de manipulação
A última pesquisa Datafolha, que mostrou José Serra um ponto a frente de Dilma Rousseff, foi uma provocação! É certo que, desta vez, o instituto demotucano diminuiu a distância – a “boca do jacaré”, no jargão dos pesquisadores –, curvando-se ao “empate técnico”. Mesmo assim, o resultado não convenceu ninguém. É sabido que a famíglia Frias apóia o demotucano, mas ela poderia ser um pouco mais cautelosa – sob o risco de afundar o seu lucrativo negócio.
O forte odor de manipulação se espalhou por vários motivos. Já na pesquisa anterior, o Datafolha foi o único que manteve larga margem de dianteira para o seu candidato, enquanto os outros três (Vox Populi, Sensus e até o Ibope) apontaram vantagem para Dilma Rousseff. Agora, ele recuou abruptamente, mas ainda deu a liderança ao seu candidato. Poucos dias antes, o Vox Populi tinha apontado exatamente o inverso, com Dilma oito pontos à frente. O que explica tanta diferença?
O estranho filtro do telefone
Diplomático, Marcos Coimbra, do Vox Populi, afirma que ela se deve às distintas metodologias aplicadas. No seu instituto, as pesquisas abarcam todo o universo de eleitores. Já no Datafolha, há um filtro: são aceitas apenas as entrevistas dos que declaram possuir telefone, fixo ou celular. O motivo seria a checagem de campo. Além disso, o Vox Populi vai à casa dos entrevistados; o Datafolha ouve as pessoas na rua, o que seria mais ágil e barato – e mais suscetível à distorção.
Ainda segundo Marcos Coimbra, do universo pesquisado pelo Vox Populi, 30% não têm telefone nem fixo nem celular. Feito o corte para o universo dos que têm telefone, os resultados dos dois institutos seriam quase iguais – diferença de um ponto apenas. Quando entram os sem-telefones, Dilma Rousseff dispara e aí aparece a diferença. “Isto explicaria a diferença, o que compromete mais uma vez a reputação técnica do instituto [Datafolha]”, denuncia o blogueiro Luis Nassif

Distorções nas áreas selecionadas

Pesquisa tendo como base a posse de telefones já é estranha. Pior ainda é quando se observam as áreas definidas para a coleta dos dados. Nesta última, o Datafolha voltou a dar mais peso para as regiões Sul e Sudeste, onde os demotucanos ainda mantém certa influência sobre o eleitorado da “classe média”. Ele inclusive aumentou as amostras em oito estados. Estes concentraram 9.750 entrevistas, do total de 10.730. Ou seja, sobraram para 19 estados apenas 980 entrevistas. Como efeito da amostragem distorcida, o resultado fica totalmente viciado, favorecendo José Serra.
No caso da última pesquisa, o Datafolha ainda “inovou” ao juntar as coletas estaduais e nacional. As discrepâncias são enormes. Apesar de Dilma aparecer com larga vantagem em várias estados, na enquete nacional ela ainda fica atrás de Serra. Esta opção, além das motivações políticas para favorecer o seu candidato, tem razões comerciais. O Datafolha garfou mais grana. A pesquisa nacional custou R$ 194 mil. Somado às pesquisas estaduais, o valor total ficou em R$ 776.258.
Influência nefasta das pesquisas
Diante destes e outros fatos escabrosos – como a absurda diferença entre a pesquisa espontânea e a estimulada do Datafolha (na segunda, Dilma aparece um ponto abaixo; já na espontânea, mais consistente, ela está cinco pontos à frente) –, não resta dúvida que é urgente promover rigorosa auditoria no instituto do Grupo Folha. Mesmo na fase de pré-campanha na rádio e televisão, as pesquisas jogam importante papel. Elas consolidam os palanques estaduais, garantem os recursos financeiros e já influência na subjetividade do eleitor. Qualquer manipulação é crime eleitoral!
No mês passado, o Movimento dos Sem Mídia (MSM), encabeçado pelo blogueiro Eduardo Guimarães, ingressou na justiça solicitando rigorosa investigação dos quatro institutos. Caso a “caixa preta” do Datafolha seja aberta, “vai voar tucano para todo lado”, brinca o jornalista Paulo Henrique Amorim. Talvez até o instituto da famíglia Frias seja obrigado a mudar de nome para limpar a imagem. Algumas singelas sugestões: Datafalha, Datafraude ou DataSerra!
(*) Publicado originalmente no blog do Escrevinhador.

Serra ordena demissões na TV Cultura?

Dois renomados jornalistas da TV Cultura, tutelada pelo governo paulista, foram demitidos nos últimos dias: Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli. Por mera coincidência, ambos questionaram os abusivos pedágios cobrados nas rodovias privatizadas do estado. A mídia demotucana, que tanto bravateia sobre a “liberdade de expressão”, evita tratar do assunto, que relembra a perseguição e a censura nos piores tempos da ditadura. Ela não vacila em blindar o presidenciável José Serra.

Heródoto Barbeiro, apresentador do programa Roda Viva, foi demitido após perguntar, ao vivo, sobre os altos pedágios. O ex-governador Serra, autoritário e despreparado, atacou o jornalista, acusando-o de repetir o “trololó petista”. Heródoto será substituído por Marília Gabriela, uma das estrelas da Rede Globo. Já Gabriel Priolli, que assumira a função de diretor de jornalismo da TV Cultura apenas uma semana antes, foi sumariamente dispensado ao pautar uma reportagem sobre o “delicado” assunto, que tanto incomoda e irrita os tucanos.

Risco à liberdade de expressão

Sua equipe chegou a entrevistar Geraldo Alckmin e Aloizio Mercadante, candidatos ao governo paulista. Mas pouco antes de ser exibida, a reportagem foi suspensa por ordens do novo vice-presidente de conteúdo da emissora, Fernando Vieira de Mello. “Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre viagens dos candidatos” e “Priolli foi demitido do cargo”, relata o sempre bem informado Luis Nassif, que também foi alvo de perseguições na TV Cultura.

Entre os jornalistas, não há dúvida de que mais estas demissões foram ordenadas diretamente por José Serra. Nas redes privadas de rádio e TV e nos jornalões e revistonas, o grão-tucano goza de forte influência. Ele costuma freqüentar as confortáveis salas dos barões da mídia. Ele também é conhecido por ligar para as redações exigindo a cabeça de repórteres inconvenientes. Depois os tucanos e a sua mídia ainda falam nos ataques à liberdade de expressão no governo Lula.

“Para quem ainda têm dúvidas, a maior ameaça à liberdade de imprensa que esse país jamais enfrentou, nas últimas décadas, seria se, por desgraça, Serra juntasse ao poder da mídia, que já tem o poder de Estado”, alerta Nassif. Aguarda-se, agora, algum pronunciamento de Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli sobre o ditador José Serra, para o bem da dignidade dos jornalistas e do jornalismo.

NOTA COMPLEMENTAR DA REDAÇÃO
Matéria original do blog do Luis Nassif, 08/07/2010 às 22h25, você encontra abaixo:

“Há uma semana, Gabriel Priolli foi indicado diretor de jornalismo da TV Cultura.

Ontem [quarta 07], planejou uma matéria sobre os pedágios paulistas. Foram ouvidos Geraldo Alckmin e Aluizio Mercadante, candidatos ao governo do estado. Tentou-se ouvir a Secretaria dos Transportes, que não quis dar entrevistas. O jornalismo pediu ao menos uma nota oficial. Acabaram não se pronunciando.

Sete horas da noite, o novo vice-presidente de conteúdo da TV Cultura, Fernando Vieira de Mello, chamou Priolli em sua sala. Na volta, Priolli informou que a matéria teria que ser derrubada. Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre as viagens dos candidatos.

Hoje, Priolli foi demitido do cargo. Não durou uma semana. Semana passada foi Heródoto Barbeiro, demitido do cargo de apresentador do Roda Viva devido às perguntas sobre pedágio feitas ao candidato José Serra.

Para quem ainda têm dúvidas: a maior ameaça à liberdade de imprensa que esse país jamais enfrentou, nas últimas décadas, seria se, por desgraça, Serra juntasse ao poder de mídia, que já tem, o poder de Estado.”

Altamiro Borges e o time de Serra: "Trogloditas de carteirinha"

Com o título “Serra chama para a campanha o mesmo grupo que o ajudou quatro anos atrás”, a Folha de S.Paulo noticiou neste domingo que o pré-candidato tucano já começou a montar a sua equipe para a corrida presidencial. Os nomes mencionados pela repórter Catia Seabra confirmam a opção do ex-governador paulista por uma forte marca neoliberal e autoritária na sua campanha, no rumo da polarização programática – o que será bastante positivo para o debate sucessório.
Segundo a Folha, o time de José Serra será composto, entre outros, por Sérgio Guerra, presidente do PSDB e coordenador- geral da campanha; Xico Graziano, indicado para elaborar o programa de governo; Andrea Matarazzo e Márcio Fortes, ambos responsáveis pela “interlocução com o empresariado – seja para quebrar resistências ao candidato ou na busca de apoio financeiro”. O time é da pesada. Todos são trogloditas de carteirinha, que não irão amaciar na campanha.
“Nós vamos acabar com ele [PAC]”
O senador Sérgio Guerra, pecuarista, criador de cavalos de raça e rico empresário pernambucano, atua de acordo com o vento (por falta de oportunidade, não faltam oportunistas) , já tendo passado por quatro partidos, mas virou um inimigo feroz do presidente Lula. Detesta a política externa do atual governo, critica a “gastança” com os programas sociais, exige maior repressão aos movimentos sociais. Ele gosta de posar de ético, mas ficou famoso pelo envolvimento no escândalo dos “anões do orçamento”, em 1993.
Destemperado, ele cria constrangimentos no seu próprio partido. Numa entrevista à revista Veja, em janeiro último, ele bombardeou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e concluiu: “Nós vamos acabar com ele”. A confissão irritou o PSDB e Sérgio Guerra teve que engolir suas besteiras. Na semana passada, ele voltou a rosnar num artigo na Folha, no qual afirmou que Lula é “contra a liberdade de imprensa” e disparou mentiras grosseiras contra Cuba e Venezuela.
Inimigo da reforma agrária e do MST
Já Xico Graziano é sempre acionado para o trabalho sujo nas eleições. Ajudou nas campanhas de José Serra, em 2002, e Geraldo Alckmin, em 2006. Foi assessor especial do ex-presidente FHC e se projetou na presidência do Incra ao defender a concentração fundiária – “a reforma agrária é um atraso” – e ao criminalizar o MST, tratado como “banditismo rural”, cujo seus líderes “botam medo no Estado” e são “justiceiros, que invocam cânones divinos e arrebentam cercas”.
Como coordenador do programa, é de se esperar uma plataforma direitista bem nítida. Graziano não esconde suas idéias fascistóides. Num artigo escrito às vésperas da eleição de 2006, atacou: “Ao lado do MST, você tem um setor muito atrasado da Igreja Católica, aglutinado na Comissão Pastoral da Terra, cujo expoente é Tomás Balduíno. À esquerda atrasada da Igreja, soma-se a esquerda atrasada petista… E o governo Lula não tem coragem de assumir a modernidade”. Na prática, há muito ele se converteu à tese oligárquica de que “a luta social é caso de polícia”.
Os “operadores” de campanha
Os empresários Andrea Matarazzo e Márcio Fortes serão os pivôs de arrecadação da campanha. O primeiro, sobrinho-neto do “conde” Francesco Matarazzo, é uma peça chave nos esquemas de José Serra. Neoliberal convicto, ele comandou vários programas de privatização em São Paulo. Quando o grão-tucano foi eleito governador, ele permaneceu na prefeitura da capital, ocupando a secretaria de coordenação das subprefeituras, mas logo saiu devido aos atritos com o demo Gilberto Kassab. Ficou famoso por sua política de “higienização”, contra os moradores de rua.
A indicação de Andrea Matarazzo pode causar dores de cabeça para Serra. Recentemente, com a eclosão dos escândalos de suborno da multinacional Alstom, o nome do “operador” de campanha do grão-tucano voltou à berlinda. Ele seria uma dos responsáveis pela montagem do caixa-2 dos tucanos, que teria a empresa francesa como uma das principais financiadoras ilegais. Tanto que ele já foi batizado, na Assembléia Legislativa de São Paulo, de “Andrea Alstom Matarazzo”.
“Acima de qualquer suspeita?”
O empresário carioca Marcio Fortes, outro “operador” de José Serra, também está envolvido em várias denúncias. De forma estranha, ele foi transferido para São Paulo e ocupa a presidência da Emplasa (Empresa de Planejamento Paulista). Na época da ditadura militar, ele foi assessor do Ministério da Fazenda e até ocupou interinamente o cargo. Mas ele ficou “famoso” no próspero período das privatizações da era FHC, que rendeu bilhões de dólares aos “cofres públicos”.
Como ex-tesoureiro nacional do PSDB, ele foi acionado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por emitir notas fiscais da sua própria empresa para justificar gastos da campanha de 2002. Na época, ele chiou à Folha: “Eu me considerava acima de qualquer suspeita”. Na sua gestão, as contas tucanas foram alvo de várias investigações. Estes são os empresários “acima de qualquer suspeita” que novamente comandarão a arrecadação financeira da campanha de José Serra.
(*) Texto publicado originalmente no Blog do Miro.

Mídia contra Cuba: mártir ou delinqüente?

A morte do Orlando Zapata, ocorrida durante a visita do presidente Lula a Cuba, desencadeou nova onda de terrorismo midiático contra a revolução cubana – e, de quebra, contra a política externa do governo brasileiro.

Boris Casoy, o âncora da TV Bandeirantes que é “uma vergonha do jornalismo nacional”, só faltou chorar o falecimento do “dissidente” e fez histéricos ataques ao “ditador” Raul Castro e ao presidente Lula. Na mesma linha, Willian Waack, da TV Globo, criticou as prisões em Cuba, mas nada falou sobre as torturas na base militar ianque de Guantánamo. Os editoriais dos jornalões tradicionais também estrebucharam.

O vídeo acima, produzido em espanhol, revela que Orlando Zapata não tem nada de mártir ou dissidente político. É um delinqüente comum que a mídia hegemônica tentou transformar em herói. Mais um capítulo da guerra psicológica contra a revolução cubana, fabricada nos laboratórios da CIA nos EUA e difundida pela mídia colonizada no mundo inteiro.

(*) Publicado originalmente no blog do Miro.

Mídia contra Cuba: mártir ou delinqüente?


A morte do Orlando Zapata, ocorrida durante a visita do presidente Lula a Cuba, desencadeou nova onda de terrorismo midiático contra a revolução cubana – e, de quebra, contra a política externa do governo brasileiro.
Boris Casoy, o âncora da TV Bandeirantes que é “uma vergonha do jornalismo nacional”, só faltou chorar o falecimento do “dissidente” e fez histéricos ataques ao “ditador” Raul Castro e ao presidente Lula. Na mesma linha, Willian Waack, da TV Globo, criticou as prisões em Cuba, mas nada falou sobre as torturas na base militar ianque de Guantánamo. Os editoriais dos jornalões tradicionais também estrebucharam.
O vídeo acima, produzido em espanhol, revela que Orlando Zapata não tem nada de mártir ou dissidente político. É um delinqüente comum que a mídia hegemônica tentou transformar em herói. Mais um capítulo da guerra psicológica contra a revolução cubana, fabricada nos laboratórios da CIA nos EUA e difundida pela mídia colonizada no mundo inteiro.
(*) Publicado originalmente no blog do Miro.