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Mensagem do Papa Francisco sobre o amor

“Ângelus” do dia 29-01-2016

Caros irmãos e irmãs, bom dia!

A Liturgia deste Domingo nos faz meditar sobre as bem-aventuranças, que abrem o grande Discurso dito da Montanha – a Carta Magna do Novo Testamento. Jesus manifesta a vontade de Deus, de levar os homens à felicidade. Esta mensagem já estava presente na pregação dos profetas: Deus está próximo dos pobres, dos oprimidos, e os liberta de quantos os maltratam. Mas, nesta Sua pregação, Jesus segue um caminho particular: começa com o termo “bem-aventurados”, isto é: “felizes”; e prossegue com a indicação das condições para serem assim, e conclui, fazendo uma promessa.

O motivo da bem-aventurança, isto é, da felicidade não reside na condição requerida. Por exemplo: os pobres em espírito, os aflitos, os que têm fome de justiça, os perseguidos, mas na sucessivas promessas de acolher com fé, como dons de Deus. Parte-se da condicão de infortúnio para abrir-se aos dons de Deus, e chegar ao mundo novo, o Reino anunciado por Jesus. Este não é um mecanismo automático, mas um caminho de vida, no seguimento do Senhor, para Quem aquela realidade de infortúnio é vista com uma nova perspectiva, conforme a conversão que se tenha feito. Não somos bem-aventuados, se não nos tornarmos convetidos, a ponto de prezarmos e de vivermos os dons de Deus.

Aqui destaco a primeira bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus.” O pobre em espírito é aquele que assumiu os sentimentos e a atitude daqueles pobres que, em sua condição, não se revoltam, mas sabem ser humildes, dóceis, disponíveis à graça de Deus. A felicidade do pobre – do pobre em espírito – tem uma dupla dimensão: em seu confrontar-se com os bens e em seu confrntar-se com Deus. Em relação aos bens materiais, esta pobreza em espírito é sobriedade: não necessariamente renúncia, mas capacidade de satisfazer-se com o essencial, capacidade de partilhar; capacidade de, a cada dia, renovar a admiração pelas coisas boas, sem sucumbir à opacidade do consumo voraz. “Quanto mais tenho, mais quero”, “quanto mais tenho, mais quero”: isto é consumo voraz. Isto mata a alma. E o homem ou a mulher que têm essa atitude – “quanto mais tenho, mais quero” – não são felizes, e não alcançam a felicidade. Com relação ao seu confrontar-se com Deus, é louvor e reconhecimento de que o mundo é uma bênção, e, em sua origem, está o amor criador do Pai. Mas, é também abertura a Ele, docilidade ao Seu Senhorio: Ele é o Senhor! Só Ele é Grande, e não eu, que tenho muitas coisas…Grande é Ele, é Ele que quis o mundo, e o quis para que os homens fossem felizes. Pobre em espírito é o cristão que não põe em si mesmo sua confiança, não é se obstina com as próprias opiniões, mas escuta com respeito e, de boa vontade, leva em consideração as decisões de outrem. Se em nossas comunidades houvesse mais pobres em espírito, haveria menos divisões, antagonismos e polêmicas. Assim como a caridade, a humildade é uma virtude essencial para a convivência nas comunidades cristãs. Os pobres, neste sentido evangélico, são os que mantêm de pé a meta do Reino dos céus, fazendo antever que ele é antecipado, em germe, na comunidade fraterna que, em vez da posse, privilegia a partilha. Quero destacar isto: privilegia a partilha, em vez da posse. Ter sempre o coração e as mãos abertas, e não fechadas. Quando o coração se fecha, fica apertado, nem sabe como amar. Quando o coração se abre, vai na direção do amor.

Que a Virgem Maria, modelo e primícia dos pobres em espírito, porque totalmente dócil à vontade do Senhor, nos ajude a nos abandonarmos a Deus, rico em misericórdia, para que nos cumule dos Seus dons, especialmente da abundância do Seu perdão.

https://www.youtube.com/watch?v=z2rRfagmFMQ
(Do minuto 10:41 ao minuto 18:04)
Trad.: AJFC