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Polícia Civil invade universidade federal e apreende ilegalmente acervo bibliográfico

“Se apoderar de algo sem mandado é apropriação indevida, é roubo”, diz representante dos estudantes da UFRJ

Hoje, dia 23 de setembro de 2010, o episódio conhecido como ‘Massacre da Praia Vermelha’ completa 44 anos. Naquela ocasião, o exército da ditadura militar invadiu as instalações da Faculdade Nacional de Medicina, agredindo cruelmente os cercas de 600 estudantes que ocupavam o prédio em defesa da autonomia da universidade pública e contra a reforma universitária que o governo militar pretendia consumar.

O prédio da Faculdade Nacional de Medicina, demolido em 1976 por iniciativas do governo ditatorial

Há dez dias o campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro voltou a ser palco de uma operação que remonta aos episódios daquela época e que coloca em xeque a possibilidade do aprendizado na Universidade Pública. Na noite do dia 13 de setembro, policiais civis movidos por uma suposta denúncia anônima entraram na Escola de Serviço Social (ESS) da universidade e interditaram a xerox do Centro Acadêmico da escola, recolhendo todo o material ali presente – livros, fotocópias e papéis – para perícia.

Carro da polícia com material recolhido da ESS dentro do campus

Henrique Papa, dono da fotocopiadora que funciona há vários anos no mesmo local, foi levado para prestar depoimento na Delegacia da Polícia Civil da Rua do Lavradio, na Lapa, sob fortes protestos dos cerca de 100 estudantes que acompanhavam a operação. Ele vai responder a dois processos judiciais, por violação de direito autoral e por desobediência civil.

Estudantes acompanham a operação da polícia na porta da ESS

Mobilização dos Estudantes

Na quinta-feira, dia 16, foi realizada uma assembleia, com cerca de 300 alunos presentes, para discutir uma política de lutas pelo acesso à informação, contra a entrada da polícia no campus e para garantir os direitos de Henrique enquanto trabalhador.

Após a assembleia, os estudantes organizaram um ato no campus da Praia Vermelha para chamar atenção e conscientizar os alunos para a gravidade do episódio da invasão policial. Ao fim da manifestação, que percorreu as ruas do campus com gritos de ordem contra a operação policial, Marcelo Macedo Corrêa, decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade fez um breve pronunciamento. “Nenhum de nós chamou a polícia”, disse ele aos estudantes, alertando também sobre “a possibilidade de que isso aconteça em outros cursos, que é um problema potencial”. Ainda segundo Marcelo Corrêa, o uso das fotocópias é uma “condição indispensável ao estudo”.

Para Fabiana Boaventura, membro do Centro Acadêmico de Serviço Social (CASS) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE), a apreensão do material da xerox configura roubo. “Se apoderar de algo sem mandado é apropriação indevida, é roubo. Queremos nosso material de volta, precisamos continuar o nosso semestre”, disse a estudante.

Com a xerox interditada e sem as centenas de fotocópias e livros subtraídos da faculdade, os alunos da ESS estão impossibilitados de ter acesso aos textos utilizados nas aulas. Clara Saraiva, aluna de Serviço Social da UFRJ, coordenadora do DCE e membro da Executiva Nacional da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL), também questionou a operação policial. “Se não há livros baratos ou bibliotecas de qualidade com acervo atualizado, é crime os estudantes precisarem de cópias pra estudar e qualificar sua formação profissional?”, indagou. Ela disse ainda que “a Universidade não pode, de uma hora para outra, virar palco de prisões e punições, isso é coisa da época da ditadura”.

Como se sabe, os preços do mercado editorial no Brasil são absolutamente díspares da realidade social do país, e a universidade pública, cada vez mais sucateada pelas políticas mercantis dos sucessivos governos, não tem a menor condição de prover o material aos estudantes. O número absolutamente insuficiente de bolsas-auxílio, de valores bastante baixos, aliado a falta de bibliotecas capazes de suprir as necessidades dos estudantes configuram um problema grave, que precisa ser resolvido o quanto antes. “Parece que muita coisa está errada, e que os estudantes, junto com professores e funcionários, têm muito pelo que lutar nesse momento”, completou Clara.

Ações policiais são recorrentes

A entrada da Polícia Civil em um campus de universidade federal, segundo Ivana Bentes, diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, só pode ocorrer mediante autorização da própria reitoria ou através de mandado judicial. Apesar da afirmação dos policiais de que possuíam autorização, a reitoria da UFRJ negou que tivesse concedido esta permissão. Fabiana Boaventura lembra que a entrada da polícia fere cláusula pétrea da constituição. “Nós tivemos muito derramamento de sangue para garantir a nossa constituição. É preciso que ela seja respeitada”.

No campus do Fundão, estão se tornando comuns episódios de ações policiais contra estudantes que vivem no alojamento universitário. A Polícia Militar, presente no campus devido a um acordo com a Reitoria da UFRJ, que não possui efetivo suficiente para garantir a segurança da Cidade Universitária, revista alunos, pratica coerção moral e psicológica e em vários casos, extorsão. “A polícia vai invadir a universidade quando fizermos um ato contra a transferência de nossos cursos para o Fundão, por exemplo? Eles virão aqui dispersar as nossas manifestações? A entrada da polícia nos campi está se tornando recorrente, algo normal.”, complementa Fabiana.

O DCE da UFRJ pretende agora lançar uma campanha municipal contra a entrada da polícia nos campi das universidades.

(fotos por Breno Salvador, Luis Acosta e Malu Vale)

Copyfight: evento carioca debate propriedade intelectual e pirataria

Copyfight: dias 28 e 29 de abril no Pontão da ECO, na UFRJ

O Copyfight é um evento gratuito sobre propriedade intelectual e pirataria, que ocorrerá no Pontão da ECO/UFRJ nos dias 28 e 29 de abril.

Durante a tarde, os Laboratórios de Conhecimentos Livres oferecerão oficinas práticas em Pure Data e arte eletrônica, inteligências automatizadas, rádios livres e VJing. De noite, o Seminário discutirá temas como direito autoral, combate à pirataria, biopatentes e produção em rede na Internet.

Acompanhe ao vivo, confira a programação completa e faça sua inscrição no site: copyfight.pontaodaeco.org

TV de Cuba pirateia Avatar

Blog de Daniel Castro, no portal R7

Filme ainda em cartaz nos cinemas e que só deverá chegar à TV aberta brasileira em 2012 ou 2013, Avatar já passou na televisão cubana pelo menos duas vezes. Foi exibido na última madrugada pela Cubavisión, a TV estatal Cubana. Não só para Cuba, mas para todos os telespectadores das Américas, Europa e Ásia que captam a emissora via antenas parabólicas.

A transmissão do filme pela TV cubana pode ser confirmada no site Juventud Rebelde, que publica a grade da Cubavisión.

Um leitor do blog viu Avatar pela Cubavisión, no conforto de suas poltronas no Brasil, há duas semanas. “Garanto que a imagem é excelente, com dublagem em espanhol”, escreveu.

Segundo a Fox, distribuidora de Avatar, a transmissão foi ilegal, pirata. A Fox, assim como as grandes companhias cinematográficas americanas, não vendem os direitos de seus produtos para Cuba, por causa do embargo comercial imposto pelos Estados Unidos. Uma consulta à grade da Cubavisión mostra que a Fox não é a única vítima. As séries Eli Stone e Desperate Housewives estão lá.