Arquivo da tag: Contra o genocídio

Um provocador na Presidência

Por Fernando Brito
O criminoso que ocupa a presidência da República anuncia a convocação da Força Nacional de Segurança para reprimir os “protestos” que, afora por algumas pessoas pouco conhecidas, não estão convocados por nenhum dos partidos de oposição nem pelos movimentos sociais.
O cheiro de armação enche o ar e está na cara que a marginália miliciana que orbita em torno de Bolsonaro prepara incidentes e provocações, se houver algum tipo de mobilização espontânea que dê cobertura a atos de vandalismo.
Bolsonaro disse que espera que Polícia Militar, talvez como paga ao aumento que recebeu do Governo Federal, faça “seu devido trabalho”.
O que, imagina-se, seja o de distribuir bordoadas e atirar bombas, como lhes pediu, semana passada a “tia do taco de beisebol”, prontamente atendida pela força pública paulista.
Desfilando sem máscara na inauguração de um hospital em Goiás, Bolsonaro também deixa à mostra as intenções clandestinas que tem, desde as planejadas bombas nas latrinas de quartéis para obter aumentos no soldo.
O mais triste é que um magote de generais finge que não vê esta ação, aplaude o chefe e submete as instituições militares em “força de reserva” de um poder policial-miliciano que age à margem da lei e da honra.
Fonte: O Tijolaço
(05-06-2020)

Torcidas organizadas criam ‘linha de frente’ na resistência antifascista

Por Felipe Mascari
Lideranças de organizadas defendem também a politização do torcedor e dos jogadores. “Atletas também precisam se manifestar pela democracia”
Após tochas, bandeiras neonazistas e faixas em defesa da ditadura tomarem as ruas do Brasil, as torcidas organizadas assumiram parte do protagonismo pela democracia e contra o autoritarismo do governo Bolsonaro. Neste domingo (31), grupos antifascistas de torcedores dos quatro grandes clubes de São Paulo foram à Avenida Paulista, com cartazes e bandeiras em defesa do Estado democrático. 0
Apesar de se manifestar pela liberdade, foram reprimidos pela Polícia Militar, que disparou bombas e balas de borracha contra os manifestantes, enquanto protegia os apoiadores do fascismo, presentes e provocadores. Alex Minduim, presidente da Associação Nacional de Torcidas Organizadas (Anartog), afirma que, apesar da repressão, o movimento iniciado ontem é um recado aos defensores da ditadura e também à oposição ao governo Bolsonaro.
“Foi uma demonstração de que não podemos deixar as ruas serem tomadas por movimentos ultradireitistas que querem autoritarismo. Mostramos que não vamos aceitar a derrubada da democracia. Sem a oposição nas ruas, eles vão crescer. A luta não é feita só no Parlamento, então também damos o recado à oposição de que é preciso sair do casulo.”
A torcida corintiana Gaviões da Fiel era maioria na manifestação deste domingo. Danilo Pássaro, organizador do movimento Somos Democracia, acrescenta que a guerra de narrativa estava hegemônica na rua, mas agora há disputa. “Quando o torcedor for politizado, o sistema vai tremer”, disse.

Repressão

Durante a tarde do domingo, enquanto ocorria a manifestação pró-democracia das torcidas organizadas, parte da Avenida Paulista era ocupada por defensores do fascismo e de Bolsonaro. Entre esse grupo, alguns portavam bandeiras neonazistas.
Diversas imagens correram as redes sociais a partir do fim da tarde, mostrando provocações e intolerância por parte da manifestação fascista, que no entanto recebeu apoio e proteção da Polícia Militar, quando a confusão, que ela não se esforçou para evitar, estourou. Marcos Gama, da palmeirense torcida Porcomunas, acredita que esse modo de agir é uma armadilha para deslegitimar o movimento.
“No sábado (30), bolsonaristas passaram a noite (em Brasília) com tochas ameaçando o Supremo e a polícia apareceu para reprimir aquilo? Não. Pedimos a manutenção da democracia, sem querer brigar, e fizeram aquilo tudo. Depois, vem a imprensa chamar a gente de vândalo. É um absurdo”, criticou.
Danilo acrescenta que, frente à clara possibilidade de ruptura democrática no Brasil, é importante que todas as torcidas ‘saiam de cima do muro’. “Quem não se posicionar diante desse governo fascista está fazendo coro ao fascismo”. Ele lembrou ainda: “Se um nazista senta numa mesa que tem nove pessoas e ninguém se levanta pra ir embora, você tem 10 nazistas”.

Politização do torcedor

As torcidas têm um poder único de mobilização e por isso a participação política é tão importante, defende a Anatorg. Segundo a entidade, o pontapé inicial para criar um movimento homogêneo e forte é a bandeira democrática. Os torcedores lembram que, há anos, estão censurados nas arquibancadas, sem poder levantar faixas de cunho político. Agora, nas ruas, podem ecoara defesa de um projeto de país.
Apesar de as manifestações ocorrerem em meio à pandemia e a necessidade do isolamento social, para evitar a propagação da covid-19, Minduim afirma que o momento do país pede que se assuma esse risco. “A conjuntura do momento, com um movimento autoritário, justifica a saída às ruas. Nós temos ciência dos riscos que corremos, mas é uma exceção necessária para salvar a democracia do país.”
Danilo acrescenta que o processo de politização também deve entrar em campo e chegar aos jogadores, que pouco se manifestam. “Os atletas precisam se manifestar pela democracia, não precisa algo partidário. Nos Estados Unidos, os profissionais são participativos, enquanto aqui, vemos crianças morrendo baleadas e nossos jogadores seguem omissos”, lamentou.
Uma nova manifestação em defesa da democracia e contra o fascismo representado pelo governo Bolsonaro está marcada para o próximo domingo (7), novamente no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), a partir das 14h.

Pelo Brasil

Em pelo menos 14 capitais do Brasil, manifestações antifascistas foram registradas neste domingo. No Rio de Janeiro, em Copacabana, o ato teve a presença da flamenguista Democracia Rubro-Negra.
O Centro Histórico de Porto Alegre foi também palco de uma manifestação em defesa da democracia e contra o fascismo e o governo Bolsonaro. Participaram do ato integrantes de coletivos sociais e políticos, além de parte das torcidas organizadas do Grêmio e do Internacional.
Para um membro da Grêmio Antifascista, o futebol é capaz de congregar diversos tipos de pessoas. “A pandemia está prejudicando o povo pobre, que tem ligações fortes com o futebol. Diante do ‘negacionismo’ do Bolsonaro, parece lógico as torcidas liderarem esse elo mais fraco”, disse.
No último dia 17, os antifascistas de Porto Alegre impediram atos pró-Bolsonaro e a favor da intervenção militar. O grupo entoou a frase “recua, fascista, recua!” e dispersaram os manifestantes de extrema-direita.
“É um contraprotesto. Estamos defendendo a democracia em oposição à defesa do bolsonarismo. Há membros de vários grupos antifascistas, onde o clubismo é deixado de lado, porque o inimigo é o neofascismo brasileiro”, explica o membro do grupo.

O vídeo da reunião ministerial é catastrófico para Bolsonaro, não o contrário

Por Gustavo Conde
Muita gente do campo democrático está dizendo que a divulgação do vídeo da reunião ministerial foi excelente para Bolsonaro, que ele não se comprometeu e que pode, inclusive, crescer em popularidade.
Daqui do ‘chão da fábrica do sentido’ (e não da ‘diretoria acadêmica’ do ‘eu sei’), o que me resta seria tentar explicar por que isso acontece.
Vamos por itens, para ficar mais fácil:
1) Há um tom charmoso de ceticismo nesses enunciados. Quem os ostenta, portanto, promove um efeito de ‘inteligência’ no tom de seu discurso. É uma percepção embolorada de velha, mas o ceticismo ainda causa boa impressão nas rodas intelectuais;
2) Ser contraintuitivo também é bom marketing. Dá a impressão de que ‘você’ rema contra a maré ingênua de seus pares. Os céticos, no entanto, só esqueceram de que eles é que se tornaram hegemônicos ‘nessa’ (portanto, contraituitivos seriam os que realizaram a proeza de se espantarem com o vídeo da reunião e de entenderem que ele poderia ser prejudicial a Bolsonaro);
3) O trauma nos setores democráticos é tão grande que há manifestações cíclicas de carência e negação. É como no amor: eu não posso ‘me apaixonar de novo porque já fui enganado uma vez e sofri muito’. É mais simples se proteger atrás da muralha do derrotismo;
4) Há também razões técnicas para o gesto, por incrível que pareça. A sequência macabra de falas de Bolsonaro que “não dão em nada” levaria a crer que continuarão ‘não dando’. Razões técnicas, no entanto, também podem estar erradas (senão não seriam técnicas mas, sim, dogmáticas). Contra estas, em específico, perguntaria: não estão ‘dando em nada’? E Celso de Mello? E o STF? E as ameaças múltiplas? E as pesquisas acusando queda de popularidade do governo?
5) Claro, o trauma é grande (releia o item 3). Ser obrigado a apostar no STF mais uma vez é quase proibitivo. Mas o que os céticos da esquerda ‘inteligente’ e premonitória não sabem é que não é preciso ‘apostar’: basta ‘interpretar’. Sobre essa ‘amarra’ cognitiva da necessidade da crença ou da aposta, eu aconselharia humildemente: não é preciso idolatrar nada nem ninguém para formular boas hipóteses sobre conjuntura política (não é preciso gostar de Felipe Neto para aproveitar alguns enunciados interessantes que ele venha ter a felicidade e a sorte de produzir);
6) O risco de se propagar aos quatro ventos com indefectível gozo que o vídeo da reunião ministerial vai ajudar Bolsonaro a se fortalecer politicamente é bastante alto (e eticamente, um desastre): a visão cética ‘normaliza’ a estratégia de comunicação do presidente genocida. Uma coisa é entender sua estratégia de comunicação, outra coisa é incorporá-la aos pressupostos técnicos de leitura politica. Em outras palavras: quem acha que Bolsonaro se deu bem com a reunião e ostenta essa percepção em textos autorais como um alerta heroico à sociedade ‘inocente’ e ‘burra’, está cometendo um erro crasso de leitura e um desvio grave de conduta intelectual. Seria preciso ler Hannah Arendt novamente.
O país prossegue confuso em meio ao maior conjunto de catástrofes conjugadas da história. É compreensível que todos estejam ‘perdidos’. O colapso é semântico – e quando o colapso é semântico, não há muito o que fazer, senão esperar a história agir, quem sabe tentando acelerar um pouquinho o fechamento do ciclo de horror.
Mergulhamos nesse ciclo gradativamente. Sairemos dele na mesma proporção tensiva (semiótica e histórica).
Lembrando que: sem líder, fica difícil – e desejar uma liderança não é carência (como a carência de se autoproclamar cético para não amar a democracia de novo): é apenas a constatação de como se dão os deslocamentos políticos ao longo da história.
O líder, obviamente, é Lula. Mas para que ele lidere, é preciso fazer o trabalho braçal de lutar contra o antipetismo endêmico que nos bloqueia a todo o momento – e nos embota o pensamento, mesmo os que dele não participam.
O vídeo da reunião ministerial de Bolsonaro é catastrófico para Bolsonaro. É falso que ele sirva de atiçamento das hostes milicianas. É falso que ele represente a autenticidade ideológica do bolsonarismo.
É falso que ele reverbere fundo no coração do brasileiro comum, tão afeito ao “genocídio estrutural e conceitual que nos caracteriza”.
Dizer isso é de um prepotência sem limites.
Deixo a sugestão para que se leia mais história e menos ‘análises’ geniais de progressistas céticos.
Também deixo a sugestão para se conhecer melhor a semiótica tensiva, essa teoria que contempla as acelerações e desacelerações do sentido criada na França, mas adaptada com imensa felicidade por um linguista brasileiro chamado Luiz Tatit.
Essa dimensão teórica explica o processos de “acúmulos políticos” que estamos experimentando. Ela explicaria bastante bem o fato de Bolsonaro estar afundando de maneira acelerada, em meio ao caos político-sanitário em curso.
Ela explicaria, inclusive, a função estrutural do ceticismo progressista (porque este também tem uma função para o desenlace histórico no horizonte, embora não pareça).
Vamos ler um pouquinho mais.
Faz bem e não engorda.
Fonte: Brasil 247

Antifascistas acabam com ato pró-Bolsonaro em Porto Alegre

Um grupo de manifestantes antifascistas se reuniram neste domingo (17), em frente ao Comando Militar do Sul em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, para impedir atos pró-Bolsonaro e a favor da intervenção militar.
Como marco da manifestação, o grupo entoou a frase “recua, fascista, recua! É o poder popular que está na rua!”, ao mesmo tempo em que chamavam os bolsonaristas de “fascistas de merda”. Manifestantes também imitaram o mugido de bois, chamando os bolsonaristas de “gado” e mandando que eles colocassem a máscara.
“O fascismo não vai vencer no Brasil!”, gritavam. “Não tinha aula de História na escola particular?”, perguntavam. De acordo com um dos participantes, foi o segundo domingo que o grupo foi ao local para impedir atos bolsonaristas.

Leonel Radde@LeonelRadde

Avante, Antifas! Sigamos na luta pela democracia.
Hoje, em Porto Alegre.

Em Brasília, torcedores do Corinthians também foram ao Palácio do Planalto para demonstrar resistência contra o ato golpista que aconteceu no local. O presidente Jair Bolsonaro chegou a participar do protesto, que pedia o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Fonte: Revista Fórum
(17-05-2020)

75 anos da libertação de Auschwitz

No dia 27 de janeiro de 1945, a União Soviética, através do Exército Vermelho libertava Auschwitz, uma rede de campos de concentração, localizada na Polônia, então sob ocupação nazista. As tropas soviéticas colocavam um fim ao genocídio do povo judeu e de outros grupos étnicos que eram vítimas da sanha racista de Adolf Hitler.
Ao redor de 1,3 milhão de pessoas foram assassinadas nesse local, a maior parte em câmaras de gás. Calcula-se que 90% dos mortos tinham origem judaica. Auschwitz, com esses números tenebrosos, representava a ponta de lança de uma doutrina que mesclou supremacia nacional e raça para impor uma ditadura sangrenta a serviço do grande capital alemão.
Sua libertação é um símbolo eterno da resistência antinazista, que acabaria por levar à capitulação incondicional, em 8 de maio do mesmo ano, de um dos piores inimigos que a humanidade já enfrentou.
O Partido dos Trabalhadores, nessa data solene, homenageia as vítimas e os libertadores de Auschwitz, reafirmando seu compromisso histórico com a democracia, a paz e a autodeterminação dos povos.
Quando o mundo volta a enfrentar o crescimento de correntes fascistas, estreitamente vinculado ao desenvolvimento capitalista em sua fase neoliberal, recordar Auschwitz é renovar a unidade dos povos contra os apóstolos do imperialismo, da tirania e do racismo.
Gleisi Hoffmann
Presidenta do Partido dos Trabalhadores
Fonte: PT

Política do “dedo nervoso” de Witzel amplia mortes e não combate crime organizado

A Rede Fluminense de Pesquisas sobre Violência e Segurança Pública e Direitos humanos lançou na semana passada manifesto contra a política do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). A rede reúne pesquisadores das universidades federais do estado foi criada no início deste ano, com o objetivo levar informações à população, para que as pessoas possam ter um entendimento crítico da prática do “liberou geral’ e do “dedo nervoso” de Witzel – a pretexto de combater o crime –, nas palavras da pesquisadora Jaqueline Muniz, professora de graduação em Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Jaqueline diz que as políticas públicas de libera geral de Witzel reduzem a eficácia da polícia. “As experiências no campo do policiamento anticrime, dentro e fora do Brasil, demonstram que a repressão – que envolve um recurso caro, nobre e escasso – para que se obtenham resultados precisa ter foco, ser qualificada por um trabalho preliminar de inteligência e investigação rotineiro, discreto e cotidiano”, alerta.

• Confira o manifesto da Rede Fluminense de Pesquisas sobre Violência

“Sem foco para lidar com um crime organizado e itinerante, a proposta do liberou geral do governador, a proposta do dedo nervoso contra todo mundo, exaure a capacidade coercitiva da polícia e sua cobertura extensiva, produzindo o indesejado o fortalecimento dos negócios ilícitos e dos domínios armados no estado”, afirma a pesquisadora, em reportagem de Juliana Almeida, da Rádio Brasil Atual.

Mais mortes

A professora Paula Ferreira Poncioni, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) destaca que a falta de estudos e planos eficazes em políticas públicas de segurança está matando a população – e a polícia. “Não tem qualquer fundamentação em análises, estudos e pesquisas – que todos nós desse grupo produzimos – em termos de formação profissional dos policiais (sua especialidade), para que se pensem estratégias e alternativas para além das polícias”, destaca.

Com apenas nove meses de governo e foram registradas 1.249 mortos pela polícia nas áreas mais pobres da cidade. Também morreram 44 policiais do estado sendo 14 em serviço. “Desenvolvemos treinamento e estratégias alternativas para que se pense segurança pública para além das polícias. E um ponto decorrente desse é que não só a polícia está matando muito, mas está morrendo muito também.”

Segundo Paula, as polícias estão sendo deslocados para as periferias bairros pobres e favelas do Rio sob uma perspectiva ineficaz de combate ao crime. “O que a gente pode pensar em termos de política pública na área de segurança, seja para homicídios, para roubos, furtos são ações voltadas para a prevenção e para a repressão qualificada. E o que é a repressão qualificada? Inteligência. É poder mapear um determinado local, um determinado crime, usar a geo-referência. Enfim, usar ferramentas que possam fundamentar ações.”

Jaqueline Muniz, da UFF, reforça que o Rio tem sido pioneiro em iniciativas de segurança pública que são sabotados pelo crime organizado. “O Rio tem sido palco de iniciativas inovadoras no campo da segurança pública. No entanto, essas iniciativas acabam sendo sabotados por dentro, exatamente porque elas vão na contramão da economia política do crime”, observa.

Fonte: Rede Brasil Atual