Ser humano neste sistema que usa e descarta a pessoa é um desafio cotidiano. Como bem diz o Papa Francisco, não se trata de ideologias, mas da realidade de uma estrutura montada e mantida para a exploração e a exclusão das maiorias. Mulheres, pobres, migrantes, pessoas negras. Tudo se usa e joga fora.
Uma criança abusada sexualmente desde os seis anos é novamente violentada massivamente pela mídia que a expõe e expõe a ação atroz de quem sem qualquer direito tenta impedir um aborto imprescindível. Religião usada para encobrir abusos. Isto é tão antigo quanto o capitalismo. O deus dinheiro no comando.
Ser mulher nesta “sociedade” é um risco contínuo. Mulheres são tornadas objeto de uso. Coisas que se usa e descarta. Coloco sociedade entre aspas porque como sociólogo não entendo que isto em que vivemos seja de fato uma sociedade. É uma destruição. Uma trituração.
Sei disto porque desde muito jovem tive que enfrentar as distintas formas de violência. Aquela que se pratica de pertinho e de longinho. A violência é a regra deste sistema bárbaro. No entanto a resistência à desumanização é contínua e seguirá sendo. Não apenas denunciar mas desfazer. Desmontar.
Potenciar a nosso favor as circunstâncias que tentam nos destruir. A destruição começa pelo corpo, segue pela mente, prossegue pelos sentimentos e se completa nas relações perversas e nocivas. A base e a essência da resistência é o afã de sobreviver. O inimigo do gênero humano é poderoso mas a força do amor é mais poderosa ainda.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/