Gustavo Barreto, da redação
No cenário de debate sobre os rumos do Brasil e do mundo, há muitas “concordâncias” que ignoram a crítica saudável e podem criar supostos consensos. A campanha “O Petróleo é nosso” e suas variáveis contemporâneas, por exemplo, é oriundo do movimento social vinculado à economia política (que é ótimo, por sinal).
No entanto, como ficou visível durante o Fórum Social Mundial em Belém e em outros momentos que pude presenciar, ignora-se que o petróleo é por natureza poluidor e o aumento da sua produção está vinculado à ideia de que o Brasil precisa aumentar sua capacidade energética, o que é verdade se você é um capitalista interessado no aumento do PIB (nacional ou transnacional, tanto faz). Leia mais clicando aqui.
Jornalista, 41, com mestrado (2011) e doutorado (2015) em Comunicação e Cultura pela UFRJ. É autor de três livros: o primeiro sobre cidadania, direitos humanos e internet, e os dois demais sobre a história da imigração na imprensa brasileira (todos disponíveis em https://amzn.to/3ce8Y6h). Acesse o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0384762289295308.
Definitivamente eu não considero que a luta pela soberania nacional está vinculada à ideia de aumentar o consumo ou a capacidade energética, seja para o capital transnacional seja para o capital 100% nacional, ou mesmo para as empresas públicas ou mistas – caso da Petrobrás, público-privada, já que mais da metade dos lucros é revertido para “apostadores” das bolsas de valores.
Nada mais capitalista do que defender os interesses de uma determinada empresa, sua nacionalização ou transnacionalização. É preciso pensar, sempre que possível, quais os objetivos de cada setor produtivo, os incluindo num contexto mais amplo e checando se estão de acordo com a nossa responsabilidade efetivamente social e ambiental.
Do contrário, todos concordaremos com a visão restrita do governo brasileiro, cujo presidente insiste que, para combatermos a crise, precisamos comprar e comprar cada vez mais. Ignoram que a maior crise, como há muito se alerta, é a crise ambiental. Neste cenário, poderemos acabar com todas as madeireiras do Brasil e, mesmo assim, seremos engolidos pela busca desenfreada por energia.