Mensagem do Papa Francisco

“Ângelus,” dia 18.08.2019

Caros irmãos e irmãs, bom dia!

Na página do Evangelho de hoje, Jesus adverte os discípulos de que o momento de decisão. Sua vinda ao mundo, de fato, coincide com o tempo das escolhas decisivas: não se pode adiar a opção pelo Evangelho. E para fazer melhor compreender este seu pedido, ele se vale da imagem do fogo que Ele próprio veio trazer sobre a terra. Ele diz assim: “Vim atear fogo à terra, e como gostaria de que o fogo já estivesse aceso!” Estas palavras têm a finalidade de ajudar os discípulos a abandonarem toda atitude de preguiça, de apatia, de indiferença e de fechamento para acolher o fogo do amor de Deus. Aquele amor que, como lembra São Paulo, “foi derramado em nosso coração, por meio do Espírito Santo”, porque é o Espírito Santo quem nos faz amar a Deus e nos faz amar ao próximo. É o Espírito Santo que todos trazemos dentro de nós.

Jesus revela a seus amigos, e também a nós, Seu desejo mais ardente: trazer sobre a terra o fogo do amor do Pai, que acende a vida e mediante o qual o homem se salva. Jesus nos chama a difundir no mundo este fogo, graças ao qual seremos reconhecidos como Seus verdadeiros discípulos. O fogo do amor, aceso por Cristo no mundo, por meio do Espírito Santo, é um fogo sem limite, é um fogo universal. Isto se tem visto desde os primeiros tempos do Cristianismo: o testemunho do Evangelho se propagou como um incêndio benéfico superando toda divisão entre os indivíduos, categorias sociais, povos e nações. O testemunho do Evangelho queima, queima toda forma de particularismo e mantém aberta a caridade para com todos, com preferência pelos mais pobres e excluídos.

A adesão ao fogo do amor que Jesus trouxe à terra, envolve toda nossa existência e requer a adoração a Deus e ainda uma disponibilidade para servir o próximo. Adoração a Deus e disponibilidade para servir o próximo. O primeiro pedido, adorar a Deus, quer dizer também aprender a oração da adoração, que costumamos esquecer. Eis por que convido a todos a descobrirem a beleza da oração de adoração e exercitá-la com frequência. Em seguida, a segunda – disponibilidade para servir o próximo. Penso, com admiração, em muitas comunidades e grupos de jovens que, inclusive durante o verão, dedicam-se a este serviço em favor de enfermos, pobres, pessoas com deficiência. Para vivermos segundo o espírito do Evangelho, é preciso que, frente às novas necessidades que se sucedem no mundo, sejamos discípulos de Cristo, de modo que saibamos responder com novas iniciativas de caridade. E assim, com a adoração a Deus e o serviço ao próximo, os dois sempre juntos – amar a Deus e servir o próximo – o Evangelho se manifesta verdadeiramente como o fogo que salva, que muda o mundo, a partir da mudança do coração cada um.

Nesta perspectiva, também se compreende a outra afirmação de Jesus, narrada na passagem de hoje, que à primeira vista pode ser desconcertante: “Vocês pensam que eu vim trazer paz à terra? Não, eu lhes digo, vim trazer a divisão.” Ele veio separar pelo fogo. Separar o quê? O bem do mal, o justo do injusto. Neste sentido é que veio dividir, a pôr em crise – mas de maneira salutar – a vida de Seus discípulos, dissipando as fáceis ilusões de muitos que creem poder associar vida cristã e mundanismo, vida cristã e compromisso de toda sorte, práticas religiosas e atitudes contra o próximo. Associar – como pensam alguns – a verdadeira religiosidade e práticas supersticiosas: quanta gente que se diz cristã procura adivinhos e adivinhas para ler a mão! E isto é superstição, não é coisa de Deus. Trata-se de não vivermos hipocritamente, mas de estarmos dispostos a pagar o preço de escolhas coerentes – esta é a atitude que todos deveríamos buscar na vida: coerência – pagar o preço de sermos coerentes com o Evangelho. Coerência com o Evangelho. Porque é com confessar-se cristão, mas é preciso sobretudo sermos cristãos nas situações concretas, testemunhando o Evangelho que é essencialmente amor por Deus e pelos irmãos.

Que Maria Santíssima nos ajude a nos deixar purificar o coração pelo fogo trazido por Jesus, a fim de propagá-lo através de nossa vida, mediante escolhas decisivas e corajosas.

Trad.: AJFC

Digitação: EAFC

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