Você só tem sofrido, ou tem crescido com seu sofrimento?

Você só tem sofrido, ou tem crescido com seu sofrimento? Poucas perguntas podem ter o efeito de reintegrar tanto uma pessoa à sua própria trajetória existencial, quanto esta. Esta pergunta repõe a gente, também, no quadro da humanidade, pois não tem um ser humano que não esteja desafiado a ressignificar, constantemente, todas e cada uma das dores pelas que passou ou passa.

Como muitas outras perguntas e reflexões que se escutam nas vivências da abordagem barretiana (1), o que importa mais, no meu modo de entender, é o espaço que possa vir a ser dado, e não tanto as respostas ou explicações.

Entendo que a Terapia Comunitária e os cursos de Cuidando do Cuidador, enquanto espaços de reconstrução da pessoa humana, abrem espaços internos no ser humano, permitindo com que a pessoa posa se experimentar a si mesma de outras maneiras, e não apenas daquelas formas estereotipadas ou habituais às que tinha se acostumado.

Quando eu escuto Você só tem sofrido, ou tem crescido com seu sofrimento? e acolho a pergunta, posso ver que o que me faz ou me fez sofrer, circunstâncias do presente ou fatos do passado, características da minha personalidade ou das minhas relações inter-pessoais, podem ser fontes de aprendizado, por um lado, e de integração no grande tecido humano, por outro.

Fontes de aprendizado, porque muitas vezes o que me faz ou me fez sofrer, pode estar me mostrando indícios de novas formas de ação ou de interpretação às quais posso estar sendo encaminhado. Maior fluidez, mais jogo de cintura, soltar os pensamentos, menos expectativas sobre os outros ou sobre mim mesmo.

Creio que muitas pessoas, entre as quais me conto, percebem que as suas dores doeram menos a partir do momento em que se situaram ou situam em um contexto de dores maiores ou iguais. Isto quebra a vitimização, a paralisia, a sensação de ser um condenado, um perdedor.

A culpa, por outra parte, perde o seu peso esmagador, quando percebo que todos erramos, eu e os ouros e as outras, e que errar é uma forma de aprender.

(1) Adalberto Barreto, criador da Terapia Comunitária Integrativa.

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