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Maceió faz encontro nacional sobre racismo estrutural

O Ciclo de Conversas Negras visa à união de esforços em prol da sociedade inclusiva.

Jornalistas, pesquisadores, educadores, representantes de órgãos federais, estaduais e municipais e da sociedade civil participam de um ciclo de debates que visa a união de esforços para o enfrentamento do racismo estrutural. Trata-se do I Ciclo de Conversas Negras: “Agosto Negro ou O Que a História Oficial Ainda não Conta” a ser realizado, entre os dias 24 e 26 de agosto, em Maceió. A iniciativa, do Projeto Raízes da África, conta com 150 vagas para inscrições, e tem como perspectiva estimular e valorizar atividades acadêmicas focadas na temática do negro no Brasil e incentivar o ensino da História da África na rede de ensino pública e privada.

A iniciativa, fruto da interlocução entre o movimento social negro e diversas instituições, dentre elas a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial/Seppir, o Ministério de Educação/Secad, a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas, Livrarias Paulinas, contará com a participação de atores sociais vindos de várias partes do país. Entre os convidados, a jornalista Sandra Martins representando a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (Cojira-Rio/SJPMRJ).

Para a jornalista, é fundamental haver um diálogo entre os diversos segmentos da sociedade em prol da própria sociedade brasileira, heterogênea na cultura, nas cores, na historicidade de seu povo. “Com a Lei 10.639/03 – que criou a obrigatoriedade do estudo da África e dos afro-descendentes no currículo escolar – o brasileiro passa ser visto a partir de sua própria constituição e não a que lhe foi imposta por idealizações construídas ainda no Brasil Colônia. E a mídia, os meios de comunicação e seus profissionais, têm um papel importantíssimo na visibilização destas discussões proativas.”

Arísia Barros, coordenadora do Projeto Raízes, diz que “construir conversas negras” é criar possibilidades de reflexão e o redimensionamento da questão estrutural do racismo. “Não só nos currículos das escolas alagoanas, mas em todos os espaços formativos na busca da criação de um processo de diálogo que contemple e problematize temas relacionados à discriminação e desigualdades raciais. E, sobretudo, discutir o racismo como violência de caráter endêmico, implantada em um sistema de relações assimétricas, fruto da continuidade de uma longa tradição de práticas institucionalizadas”.

O Ciclo Nacional de Conversas Negras, que tem como um dos alicerces a transversalidade da Lei Federal nº 10.639/03 e em Alagoas com a especificidade da Lei Estadual nº 6.814/07, será aberto a diversas artes que dialoguem sobre pertencimento identitário e nossas histórias afirmativas.

Black August – A inspiração da titulação do I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou o Que a História Oficial Ainda não Conta” – Black August – tem suas raízes fincadas na década de 1970 na Califórnia, nos Estados Unidos. Este período ficou marcado para a cultura negra, como um mês de grande resistência à repressão e dos esforços individuais e coletivos contra o racismo.

Na época, o movimento, liderado pelo grupo afro-americano Black/New Afrikan Liberation Movement, surgiu das ações de homens e mulheres que se opunham às injustiças contra os afro-descendentes. A repercussão positiva do movimento afroamericano gerou adaptações do Black August à realidade de outros países – como Cuba, Jamaica, África do Sul, França e Rússia – que lutam contra a discriminação e desigualdade racial.

Serviço:
I Ciclo Nacional de Conversas Negras: “Agosto Negro ou O Que a História Oficial ainda não Conta”
Período: 24 e 26 de agosto
Horário: 8h à 18h
Local: Federação das Indústrias do Estado de Alagoas – FIEA.
Av. Fernandes Lima, 385. Ed. Casa da Indústria, auditórios do térreo e 4º andar
57055-902 – Farol – Maceió – AL
Inscrições: e-mails raizesdeafricas@gmail.com e promomaceio@paulinas.com.br
Informações: Tels.: (82) 8815-5794, (82) 8898-0689, (82) 8882-2033.

PT repudia tentativa do DEM de culpar os negros pela escravidão

O deputado Carlos Santana (PT-RJ), presidente da Frente Parlamentar da Promoção da Igualdade Racial, e a deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP), coordenadora do Núcleo de Igualdade Racial do PT, repudiaram na semana passada a tentativa do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) de co-responsabilizar os negros pela escravidão.

(…) Durante a audiência no STF, Demóstenes se esforçou para demonstrar a responsabilidade de negros no sistema escravista vigente no Brasil durante quatro séculos. “Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram”, declarou o racista. “Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana.”

Ao falar sobre a miscigenação, Demóstenes provocou ainda mais os negros: “[Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. [Fala-se que] foi algo forçado. Gilberto Freyre, que é hoje renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual.”

O senador pelo ex-PFL usou as referências à história “tão bonita” da miscigenação brasileira e ao negro traficante de mão de obra negra para argumentar contra as cotas raciais, já adotadas em 68 instituições de ensino superior em todo o país, estaduais e federais. Desde 2003, cerca de 52 mil alunos já se formaram tendo ingressado na faculdade como cotistas.

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