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Palmas para o diplomata humanitário! Vaias para os omissos e os farsantes!

Todos saíram diminuídos dessa comédia de erros…

 

Brasil concedeu, porque quis, asilo a um senador boliviano considerado mero criminoso pelo governo de Evo Morales.

Mas, tal governo negava salvo-conduto para o político oposicionista deixar o país em segurança. Com isto, transgredia indiscutivel e grosseiramente as leis internacionais.

As autoridades brasileiras não recorreram à OEA, à ONU ou a quem quer que seja para desatar o nó. Preferiram continuar negociando indefinidamente com a Bolívia, mesmo sabendo que estavam sendo  enroladas.

Um diplomata compassivo arriscou a carreira para salvar a vida do senador, cuja saúde declinava perigosamente em função do longo período mantido no que acabava sendo um cárcere privado.

Como recebeu apoio parlamentar e militar, não se sabe exatamente em que condição atuou: pode haver surpreendido seus superiores, mas também pode ter-lhes dado conhecimento ou, mesmo, seguido suas orientações. A única certeza é que ele não concordou em ser bode expiatório, pois agora se indigna com tal possibilidade.

Ele é o ÚNICO personagem digno e louvável da comédia de erros em questão.

Se a iniciativa foi realmente dele, Eduardo Sabóia deve ser aclamado como HERÓI.

Se seus superiores o estimularam a tirar a castanha do fogo para não queimarem as próprias mãos, temos de aplaudir seu espírito humanitário e vaiar os farsantes.

com exceção do digno Sabóia.

Não sei o que é pior, omitir-se de um problema ou resolvê-lo com falsidades e encenações, trocando até um ministro para salvar as aparências (mas, compensando-o com uma designação honrosa). País que quer ser protagonista da política internacional, ao invés de uma mera república das bananas, não pode sair pela tangente toda vez que enfrentar uma situação complicada.

Dois trechos das declarações do diplomata Sabóia me sensibilizaram muito:

Não me arrependo e aceito as consequências. Ouvi a voz de Deus. Estou amparado pela Constituição e pelos tratados internacionais assinados pelo Brasil. Fiz uma opção por um perseguido político, como a presidente Dilma fez em sua história.

Você imagina ir todo dia para o seu trabalho e ter uma pessoa trancada num quartinho do lado, que não sai? E você é quem a impede de receber visitas. Aí vem o advogado e diz que, se ele se matar, você será o responsável. O senador estava havia 452 dias sem tomar sol, sem receber visitas. Eu me sentia como se fosse o carcereiro dele, como se eu estivesse no DOI-Codi. O asilado típico fica na residência [do embaixador], mas ele estava confinado numa sala de telex, vigiado 24 horas por fuzileiros navais.

Ele exagerou na comparação com o DOI-Codi, mas se trata de mero detalhe. O fundamental  é: quem deixou a situação se deteriorar a tal ponto, não tem moral para punir Sabóia. NENHUMA!

Discípulo de Amorim, Patriota é confirmado por Dilma no Itamaraty

Do Opera Mundi

Antonio de Aguiar Patriota, diplomata de carreira e discípulo do atual chanceler brasileiro, Celso Amorim, foi anunciado nesta quarta-feira (15/12) como futuro ministro das Relações Exteriores no governo da presidente eleita Dilma Rousseff.

Patriota de 56 anos, ingressou na carreira diplomática após se graduar em Filosofia na Universidade de Genebra (Suíça), e é o atual secretário-geral do ministério que chefiará. Ele assumiu o cargo em outubro de 2009, quando retornou ao país após ser embaixador nos Estados Unidos por dois anos.

Desde que concluiu o Curso de Preparação para a Carreira Diplomática (CPCD) do Instituto Rio Branco, em 1978, ocupou diversos cargos nas embaixadas de Caracas, Pequim e na missão brasileira na ONU, entre outras funções. O embaixador também trabalhou na Missão Permanente do Brasil perante organismos internacionais em Genebra, foi secretário de Planejamento Diplomático do Ministério de Relações Exteriores e chefe do gabinete de Amorim entre 2004 e 2005.

“Retorno de Washington com um retrato atualizado do interesse e o respeito que o Brasil desperta nos Estados Unidos”, declarou Patriota em outubro do ano passado.

Nos últimos meses, teve ativa participação em reuniões da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e de outros organismos internacionais, às quais compareceu como representante de Amorim ou do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo diversos diplomatas, Patriota manterá todas as linhas mestras da atual política externa brasileira, baseadas na busca de uma maior cooperação no eixo sul-sul e com forte acento sul-americano, assim como deverá buscar uma maior aproximação com os Estados Unidos.

Discípulo e mestre

De caráter afável, habitualmente moderado em suas declarações e com muito boa relação com a imprensa, Patriota é considerado pelos analistas brasileiros como outro “símbolo de continuidade” da gestão de Lula. De fato, durante 8 dos 21 anos que tem no serviço exterior, Patriota trabalhou em diversos cargos muito próximo a Amorim, chanceler de Lula desde 2003, e muitos o consideram como seu melhor discípulo na arte da diplomacia.

Agora, o aluno terá o desafio de igualar ou superar o mestre, que ainda não deu pistas claras sobre seu futuro.

Amorim deixará o Ministério das Relações Exteriores no dia 1º de janeiro como o ministro que mais tempo ficou no Itamaraty na história da diplomacia brasileira. O chanceler ocupou esse cargo entre 1993 e 1994, durante o governo de Itamar Franco, e durante os oito anos em que Lula esteve no poder.