Grito dos Excluídos em São Paulo é feito nas escadarias da Sé

Cerca de 300 pessoas se concentraram nas escadarias e em frente da Catedral da Sé. Foto: Jadson Oliveira.

Por causa da chuva, o Grito dos Excluídos este ano em São Paulo limitou-se a uma concentração nas escadarias da Catedral da Sé. Durante duas horas – das 10 horas ao meio-dia da última terça-feira, dia 7 -, umas 300 pessoas, com bandeiras, cartazes e faixas, aplaudiram uma dezena de oradores que falaram em nome de várias entidades sociais, sindicais e comunitárias. Os discursos foram marcados por forte conteúdo crítico aos governos municipal e estadual, dirigidos pelo DEM (prefeito Gilberto Kassab) e PSDB (governador Alberto Goldman), e também ao governo do presidente Lula, do PT. Alguns cantores e grupos musicais animaram a manifestação.
Apesar da efervescência do período eleitoral, faltando menos de um mês para a votação do dia 3 de outubro, não houve a participação de nenhum candidato e de nenhum partido político, apenas alguns cabos eleitorais aproveitaram para distribuir “santinhos” e folhetos de seus candidatos. O evento foi organizado pela Pastoral Operária. Seria uma passeata pelo Centro Velho da capital paulista, da Praça da Sé até o Monumento da Independência no Ipiranga, onde se daria a concentração. As pessoas iam chegando e se abrigando da insistente garoa na entrada da Catedral. Os organizadores resolveram então cancelar o desfile.
Plebiscito sobre o limite da propriedade da terra
Cacá Lopes, cantor e cordelista pernambucano, fez uma breve e aplaudida apresentação. Foto: Jadson Oliveira.

Durante toda a manifestação ocorreu a tomada de votos no “plebiscito popular” sobre o limite da propriedade da terra, coordenado por organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tocado em todo o país com a ajuda de movimentos sociais e populares, cujo processo de votação foi iniciado no dia 1º. e encerrado no dia 7. O objetivo é demonstrar que parcelas ponderáveis da população brasileira apoiam a luta em favor da reforma agrária, da distribuição de terra de forma mais justa – em contraste com os escandalosos latifúndios existentes no Brasil, onde 1% dos proprietários rurais são donos de 46% das terras agricultáveis -, tentando abrir caminho para se chegar a um projeto de emenda constitucional . Em anos anteriores houve consultas semelhantes sobre a necessidade de auditoria da dívida externa, sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e sobre a defesa da reestatização da Companhia Vale do Rio Doce.
Enquanto as pessoas votavam dentro da igreja, os representantes das entidades falavam do caminhão de som para os assistentes e ativistas aglutinados nas escadarias. José Geraldo, conhecido como Gegê, da Central Sindical e Popular (CSP) – Conlutas, que dirigiu o ato, defendeu a necessidade do país se tornar realmente independente (o Grito dos Excluídos é realizado em todo o país no mesmo dia em que se comemora a independência do Brasil, no 7 de Setembro), com uma “ruptura radical” do capitalismo, capitaneado pelo império dos Estados Unidos, e adoção do sistema socialista.
Pela democracia participativa e direta

Um comentário em “Grito dos Excluídos em São Paulo é feito nas escadarias da Sé”

Deixe uma respostaCancelar resposta