GREVES NA EDUCAÇÃO REVELAM DESMONTE NAS ESCOLAS DO RIO

Duas redes, uma só luta! Profissionais de educação das redes municipal e estadual do Rio em greve desde o dia 8 de agosto exigem melhores condições de trabalho e ensino e denunciam desmonte da educação pública

Por Dirley Santos

 

Manifestação dos profissionais da educação no dia 23 de agosto || Foto: Samuel Tosta
Manifestação dos profissionais da educação no dia 23 de agosto || Foto: Samuel Tosta

As imensas assembleias e passeatas de protesto com milhares de profissionais das escolas municipais do Rio marcaram o recente mês de agosto. E colocaram mais uma vez em debate a situação da educação pública. Talvez não soubessem, mas estavam fazendo história.

Na rede municipal: escolas caindo aos pedaços

Considerada a maior rede de educação pública da América Latina, com quase 50 mil trabalhadores em mais de 1.200 escolas, a rede municipal do Rio encontra-se em uma situação bastante ruim.

Torneiras e vasos quebrados, lâmpadas queimadas, infiltrações, fiação exposta, telhas quebradas e reboco ameaçando cair, quadras de esportes em mau estado e falta equipamentos de incêndio são o retrato precariedade, conforme relatório do Tribunal de Contas do Município (TCM-Rio), publicado recentemente.

Prefeitura não valoriza educadores e dá dinheiro para empresas

Como se não bastassem estas dificuldades, a prefeitura impõe nas escolas o regime de meritocracia, no qual são privilegiadas as escolas e professores que cumprem as metas estabelecidas pelo governo, que são controladas pelas direções de escola. Casos de abuso de poder e assédio moral são frequentes contra aqueles que questionam as metas e as direções.

Protesto dos profissionais da rede municipal em frente à Prefeitura no dia 23/8 || Foto: Samuel Tosta

Professora e diretora do Sepe, Susana Gutierrez, também afirma que “é este regime de meritocracia que está por trás da chamada “aprovação automática” onde os alunos são passados de série sem terem condições; e a política de “bônus” na qual somente os educadores das escolas que obtém índices mais altos completam seus baixos salários”. Ou seja, o governo obriga a aprovar de qualquer jeito. E só quem aprova mais alunos recebe mais salário.

Por outro lado, a prefeitura pega as verbas públicas e as destina para empresas privadas. Contratando agentes da Cumlurb no lugar de merendeiras, colocando empresas para cuidar segurança e da portaria e até comprando cartilhas didáticas, produzidas por bancos privados, muitas delas com erros grosseiros.

Violência também é um problema

No Ciep Elis Regina, localizado na Comunidade da Maré, onde Susana Gutierrez trabalha, ela conta que “toda semana, acontece de nós termos de deitar no chão com nossos alunos, muitos em estado de choque, porque há troca de tiros ali pertinho, no portão da escola, durante o horário de aula”. Situações como esta já provocaram tragédias, como a morte do menino Wesley, atingido dentro de uma escola em Costa Barros em 2010.
Greve histórica faz Eduardo Paes negociar

Estas e outras situações tão impressionantes levaram os educadores do município do Rio a entrarem em greve depois de 20 anos. Porém, mesmo diante da greve, o prefeito Eduardo Paes, do PMDB, se recusou a negociar. Apesar de se ver pressionado por um forte movimento grevista que atinge mais de 80% da categoria.

Foi somente após muita pressão que o prefeito aceitou negociar. Mas somente procurou dar conta da questão salarial, propondo um reajuste 6,75% e a discussão do Plano de Carreira, mas sem entrar na pauta educacional. O que foi rejeitado pela categoria em assembleia no Terreirão do Samba, no dia 26 de agosto.

O impasse continua com a categoria afirmando a defesa da educação pública e não abrindo mão das bandeiras pedagógicas. Os profissionais de educação entendem que somente a derrota do projeto de desmonte e privatização pode salvar a Escola Pública.

Veja as principais reivindicações da greve
• Reajuste de 19% para o município e 28% para o estado;
• Plano de carreira unificado;
• 1/3 de carga horária para planejamento;
• Fim de todos os programas meritocráticos;
• Por condições melhores de trabalho;
• Contra a privatização da escola pública. Pelo fim dos contratos com fundações, ONGs, OSs, bancos e empresas privadas de todo tipo.

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