Foi quando o vi chorar no Apertado da Hora
Da vez em que desceu a Serra do Teixeira
O abismo se esgueirando a encobrir a flora
Descida brusca, tensa, a quem ousá-la queira
Ainda noite escura a esconder a aurora
O gado ele tangeu no rumo à Catingueira
E o mesmo passo lento a caminhar outrora
Levanta noutro tempo essa mesma poeira
A mata de Caatinga a ladear a estrada
Exala um forte odor de flor de Marmeleiro
Macaco-prego à vista a guinchar pra boiada
O meu avô então seguiu sua viagem
Agora em clima quente aqui nas Espinharas
E nunca mais voltou: tornou-se uma miragem
Bacharel em Ciências Sociais, ambientalista e poeta.
Você é da terra onde nasceu a poesia do repente. Portanto está em casa.
Muito bonito. Parece que estou na Serra do Teixeira, vendo o avô tanger os bois…
Tem cara de conto autobiográfico.
Admiro essa capacidade de criar vias de integração entre o dito “real” e essa dimensão artística que o seu poema tão bem reflete.