Natal ontem e hoje

Em um mundo de polarizações, de verdades e mentiras, de mansões e casebres, de manjedouras e berços de ouro, poluem mentes e corações sensíveis, tanto no passado como no presente.
No passado, Maria e Jose, vítimas do ódio de Erodes, para salvar a vida de seu filho Jesus, abandonou sua casa e foi em um estábulo de animais que deu a luz ao seu primogênito. Hoje no mundo, são milhares de pessoas que deixam seus lares e países fugindo de guerras movidas pela ambição e a avidez de lucros.
No Brasil, são milhares de famílias que dormem ao relento em calçadas improvisadas de leitos. No passado, o poder político e econômico de Erodes não admitia notícias que pudessem pôr em risco o seu poder e decretou morte à “boa nova” de que o amor de Deus incarnado viria para curar o ódio que cega o espírito e fere a alma.
Hoje se produz falsas notícias que alimentam bolhas de desinformação para aprisionar mentes desinformadas e assombradas. Ontem e hoje entram em cena os opostos: a luz combatendo as trevas, as fakenews impedindo que a verdade seja reconhecida e celebrada, o ódio sendo alastrado para impedir que o amor ressurja.
A morte a inocentes, produzida e anunciada em nome de direitos a defesa de um território. As forças da vida e da morte estão em erupção total. Natal é um convite a olharmos para além do horizonte, para além do material e olharmos para o eterno, o imaterial.
Esse olhar para o eterno, pode nos unir novamente e descobrirmos que somos todos uma família filho do mesmo pai, criador do universo e que só o amor pode fertilizar os corações petrificados por ideologias produtoras de medo e ódio.
Natal é ora de abrirmos olhos e corações para o eterno, rompermos com as bolhas toxicas, de deixarmos a falsa segurança dos bunkers ideológicos, que nos separam de quem pensa diferente de mim e dissemina o ódio fratricida. É ora de se reconciliar consigo mesmo, com os outros e com Deus.
O autor é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria Social
Foto: O Povo

Deixe uma resposta