Membros da Comissão Temporária Externa do Senado Federal tentam desqualificar auditores fiscais do Ministério do Trabalho que, no final de junho, resgataram 1.064 trabalhadores reduzidos à condição de escravos na Fazenda Pagrisa, no município de Ulianópolis, no Pará. Esta foi a maior ação de resgate realizada até hoje.
Nos final de setembro os meios de comunicação noticiaram com destaque a visita dos senadores Cícero de Lucena Filho, Fernando de Souza Flexa Ribeiro, Jarbas de Andrade Vasconcelos, Kátia Regina de Abreu e Romeu Tuma, todos membros da Comissão Temporária Externa do Senado Federal, à Fazenda Pagrisa, no município de Ulianópolis, no Pará.
No final de junho, os auditores fiscais do Ministério do Trabalho, em ação de fiscalização, resgataram 1.064 trabalhadores reduzidos à condição de escravos – a maior ação de resgate realizada até hoje. Como era de se prever, três meses após os fatos, os senadores não encontraram nada e encerraram a visita desqualificando a ação dos auditores fiscais e tentando, ainda, intimidá-los com a ameaça de instauração de inquérito penal contra eles.
A relatora da Comissão, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), com evidente intuito intimidatório e contrário à livre manifestação de pensamento e de imprensa, atacou a ONG Repórter Brasil e seu coordenador, Leonardo Sakamoto, pela publicação de notícias sobre o trabalho escravo, ameaçando-o de processo.
Diante disto, o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo e outras entidades (ver abaixo) conclamaram todos os movimentos sociais, as entidades sindicais, os ativistas em direitos humanos e a população em geral a se manifestarem em repúdio a essa conduta dos senadores da república.
“É fundamental a participação de toda a sociedade brasileira na defesa da dignidade humana, da função social da propriedade, dos valores sociais do trabalho e da vida, repudiando a conduta dos senadores que atentam contra os direitos fundamentais dos trabalhadores e de toda a sociedade brasileira”, afirma manifesto da entidade, que propõe subscrever a proposta da carta abaixo e reenviar a todos os senadores listados.
Assinam:
- Fórum Nacional Pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (CONTAG – MST – FETRAF – CUT – CPT – CÁRITAS – MMC – MPA – MAB – CMP – CONIC – CONDSEF – Pastorais Sociais – MNDH – MTL – ABRA – ABONG – APR – ASPTA – ANDES – Centro de Justiça Global – CESE – CIMI – CNASI – DESER – ESPLAR – FASE – FASER – FEAB – FIAN-Brasil – FISENGE – IBASE – IBRADES – IDACO – IECLB – IFAS – INESC – MLST – PJR – REDE BRASIL – Rede Social de Justiça – RENAP – SINPAF – TERRA DE DIREITOS);
- Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH do Pará;
- Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos, CDVDH de Açailândia-MA;
- Fórum maranhense pela Erradicação do Trabalho Escravo (FOREM);
- Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo do Maranhão (COETRAE-MA)
- Movimento pelos Humanos Direitos (MHuD);
- Grupo de Pesquisas sobre o Trabalho Escravo Contemporâneo (GPTEC);
- Fórum de Combate ao Trabalho Escravo Portal da Amazônia – MT;
- Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH;
- Direitos Humanos da Prelazia de São Félix do Araguaia – MT.
Proposta de Carta a ser enviada:
Excelentíssimos Senadores da República Cícero de Lucena Filho, Fernando de Souza Flexa Ribeiro, Jarbas de Andrade Vasconcelos, Kátia Regina de Abreu e Romeu Tuma.
Venho por meio desta manifestar o mais veemente repúdio à conduta intimidatória praticada por Vossas Excelências no tocante à recente ação de combate ao trabalho escravo ocorrido na empresa Pagrisa. Prática, essa, incompatível com o decoro parlamentar e a função que o Senado deve cumprir na garantia dos direitos fundamentais e na construção de uma sociedade justa e livre do trabalho escravo.
Também repudio de forma veemente as recentes declarações da senadora Kátia Regina de Abreu (DEM-TO), que atacou a ONG Repórter Brasil e seu coordenador, Leonardo Sakamoto, pela publicação de notícias sobre o trabalho escravo, ameaçando-o de processo, conduta contrária à livre manifestação de pensamento e de imprensa.
Estas posturas se contrapõem à defesa da dignidade humana, dos valores sociais do trabalho, da função social da propriedade, da vida e dos direitos sociais assegurados na Constituição Federal e representam um grave retrocesso diante das políticas públicas de erradicação do trabalho escravo e de garantia dos direitos dos trabalhadores.
É lamentável e preocupante que ao invés de atuar na defesa dos direitos fundamentais, Vossas Excelências defendam quem pratica o trabalho escravo e a cultura da impunidade e da morte.
Atenciosamente,
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As mensagens devem ser encaminhadas, preferencialmente por meio de fax ou na impossibilidade deste por e-mail, aos senadores:
CÍCERO DE LUCENA FILHO:
Fax: (61) 3311-5809
Tel: (61) 3311-5800 ou 5808
E-mail: cicero.lucena@senador.gov.brFERNANDO DE SOUZA FLEXA RIBEIRO
Fax: (61) 3311-2731
Tel: (61) 3311-2342
E-mail: flexaribeiro@senador.gov.brJARBAS DE ANDRADE VASCONCELOS
Fax: (61) 3311-1977
Tel: (61) 3311-3245
E-mail: jarbas.vasconcelos@senador.gov.brKATIA REGINA DE ABREU
Fax: (61) 3311-2990
Tel: (61) 3311-2464
E-mail: katia.abreu@senadora.gov.brROMEU TUMA
Fax: (61) 3311-2743
Tel: (61) 3311-2051
E-mail: romeu.tuma@senador.gov.br
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