Há um escrito de Anaïs Nin (“A nova mulher”, no seu livro Em busca de um homem sensível) que despertou e continua a despertar em mim fortes motivações.
Em vão tenho tentado obter a versão digitalizada ou eu mesmo digitalizar este texto. Por algum motivo (ou mais de um) não levo adiante essa tarefa. É como se o escrito devesse permanecer onde está, no livro onde o li por primeira vez.
Isto não impede, obviamente, que eu continue a trazer para o meu dia a dia, as inúmeras reflexões e provocações que esta autora suscita. O papel da arte na vida: reconstrói a nossa unidade, refaz a nossa força, recria a nossa vontade.
O sentido de escrever como uma forma de nos tornarmos conscientes da nossa própria experiência. A escrita como uma forma de luta contra a morte e contra a injustiça. O/a artista sonha e procura descrever o outro lado da história.
A arte como uma atividade que nos habilita para enfrentar exitosamente toda situação na vida. Lembro de Van Gogh, inevitavelmente. A mulher vêm ocupando seu próprio lugar na história e no cotidiano.
A autora resgata esta luta que ainda hoje prossegue, ao meu ver, com sabedoria e serenidade. E com uma capacidade de nos tocar e nos despertar, que julgo oportuníssima. Não apenas possui uma doçura, um poder de encantar, como também contundência e clareza, virtudes que formam por si mesmas o próprio poetizar.
Quando observo a dimensão do exército de sub-humanos/as que parece crescer pela mão da indústria da massificação e da despersonalização, a serviço da exploração e domesticação que viabiliza o capitalismo, percebo o quanto ainda temos que aprender.
O modelo de homem que a sociedade e a cultura atuais propõem não é apenas uma caricatura mais ainda pior: uma monstruosidade. Despertar nas crianças e em toda pessoa o amor à arte, o cultivo e apreço da beleza, é imprescindível, se é que queremos evitar a nossa completa robotização.
Inutilmente iria eu tentar resumir o poder deste breve escrito (transcrição de uma conferência pronunciada pela autora em 1974 em São Francisco) como mobilizador e libertador. Convido a quem possa ler estas linhas a visitá-lo.
Foto: Anaïs Nin

Doutor em sociologia (Universidade de São Paulo). Mestre em sociologia (IUPERJ). Licenciado em sociologia (Universidad Nacional de Cuyo, Mendoza, Argentina). Professor aposentado da UFPB. Terapeuta Comunitário Formador. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/
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