Esta manhã, lia várias notícias no âmbito da América Latina, que mostram uma crescente e continuada, legítima e necessária, iniciativa dos diversos países do continente, na linha da resistência ás tentativas de desestabilização da democracia na região.
Anima-me muito, herdeiro que sou, destas eternas lutas pela defesa ao direito da nossa auto-determinação, frente às manobras das oligarquias nacionais e do ”irmão” do Norte, os Estados Unidos da América, uma das maiores ameaças à liberdade e à justiça no mundo atual.
No meio à manifestações de resistência dos índios brasileiros e da Argentina, Uruguay, Bolívia, etc., movimentos sociais de vários países, e artigos de Atílio Borón, o lúcido cientista político argentino, em cujo blog se mostra a expulsão de militares estadunidenses da sede do exército argentino em Buenos Aires. América Latina resiste.
Em um desses sites, uma manchete me chamou a atenção: escritores de vários países latino-americanos se manifestando em favor da paz no continente e no mundo. Li vários nomes. Senti de imediato, uma sensação de sossego.
A literatura nos retira dessas linhas de conflito muito desgastantes, aparentemente inócuas, para lugares de refazimento, para remansos onde podemos restaurar as nossas forças para o prosseguimento das tarefas construtivas exigidas pela hora.
Não deixo de ter uma certa triste impressão quando leio tantas denuncias, sem que a elas se alie a imprescindível opção pela mudança de atitudes, pelo empreendimento de tarefas que possam reverter o atual estado de coisas.
Na minha adolescência e juventude, abundavam as críticas à dominação e à injustiça. Necessárias, sem dúvida. Perfeitamente. Mas, e hoje?
Não terá a história nos ensinado lições muito valiosas, a respeito de cómo se pode ir construindo, em pequenos e nem tão pequenos âmbitos, mudanças radicais de modos de vida, de formas de relacionamento, de maneiras de recuperação da auto-estima e auto-determinação de pessoas e comunidades, em direção a uma nova humanidade?
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/