Remo vê legado do Pan-americano a caminho da sucata no Rio de Janeiro

Lanchas e catamarãs comprados para o Pan-2007 são tomados pelo mato no Rio de Janeiro Crédito da foto: ESPN.com.br
Lanchas e catamarãs comprados para o Pan-2007 são tomados pelo mato no Rio de Janeiro Crédito da foto: ESPN.com.br

por Jean Pereira Santos, para o ESPN.com.br (Matéria de 17/fev/2009)

Você conhece a Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro? Se sim, ótimo! Se não, é melhor se interessar. Pois é lá, na zona oeste da Baía de Guanabara, que algumas embarcações compradas com dinheiro público, isto é, o seu dinheiro, para a prática do remo durante o Pan-americano de 2007 estão. Abandonadas feito lixo. Ou sucata, se preferir. Veja a sequência de fotos acima.

As imagens, registradas no início deste mês, comprovam a total falta de atenção com a qual o legado do Pan tem sido tratado. Os catamarãs e lanchas que você vê, cinco no total, sendo tomados pelo mato, tiveram seus motores retirados, custam – com motor – cerca de 10 mil dólares cada, segundo um praticante da modalidade que prefere não se identificar, e têm totais condições, ainda, de serem utilizados.

Assim como o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, o responsável pela Confederação Brasileira de Remo (CBR), Rodney Bernardes de Araújo, desde 1991 no poder, não fala. Prefere o silêncio à explicação. A reportagem tentou, em vão, durante toda a última semana agendar entrevista com Araújo, que transmitiu através de um auxiliar que não conversará com a imprensa sobre o assunto e também sobre as próximas eleições pesidenciais da entidade, previstas para março.

Diante da insistência do ESPN.com.br, a CBR divulgou, em seu site, uma nota oficial sobre o abandono das embarcações. Curto, o texto tenta em três itens (nos quais os dois primeiros apenas reproduzem o que já é de conhecimento público) tirar qualquer responsabilidade do órgão. “… os barcos apresentaram, na prática, alguns problemas de estrutura e navegação e foram recolhidos ao hangar da Fundação Polo Náutico da UFRJ, construtora dos mesmos, para os devidos reparos” (sic), afirma o documento em seu último número.

“Nós temos que saber quem é responsável por isso. Se não pertence à CBR [Confederação Brasileira de Remo], a quem pertence? Eu ouvi dizer que esses barcos foram doados para algum órgão do meio ambiente aqui do Rio”, afirma em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br Wilson Reeberg, candidato de oposição à presidência da entidade.

Contadada, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro negou atavés de seu departamento de comunicação ter qualquer envolvimento com o assunto. A reportagem também procurou o órgão estadual, mas não obteve sucesso no contato até o fechamento desse texto.

Reeberg também reitera que as lanchas e catamarãs a caminho de virarem sucata são de extrema qualidade e poderiam estar em pleno uso. “Não existe esse tipo de barco no país. E eles são extremamente úteis para regatas no Brasil inteiro”, encerrou.

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