“Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura (…)”
De Edu Lobo e Chico Buarque, em 1982, para o balé O grande circo místico (a letra aqui).
Em entrevista para a Revista Nossa América (1989), Chico comenta:
E só tem graça aceitar uma encomenda quando você pode ser infiel ao que foi encomendado, quando você pode tomar certas liberdades. Quando eu estava fazendo as letras para as músicas de Edu Lobo, no balé ‘O grande circo místico’, havia um tema para a equilibrista que eu não conseguia solucionar. No poema de Jorge de Lima, a equilibrista se chamava Agnes, que aliás é um belo nome, mas a letra não saía. Então troquei Agnes por Beatriz, transformei a equilibrista em atriz e coloquei-a no sétimo céu, em homenagem à Beatrice Portinari, de Dante. Beatriz carregando minhas obsessões…”
Humberto Werneck: “Depois de tanto caminho, os dois estão perfeitamente entrosados e o parceiro já não se aflige quando Chico cai no que ele chama de “estado catatônico” – os olhos arregalados para o vazio e um ar distante. São as turbinas da criação entrando em funcionamento, sabe Edu. Houve um momento assim quando trabalhavam na música Beatriz, para O grande circo místico. Subitamente Chico saiu do ar, ficou “catatônico” por uns instantes – e então disparou para casa. No dia seguinte, apareceu com a letra, na qual há requintes que ainda impressionam Edu, como a palavra chão correspondendo à nota mais grave e céu à mais aguda.”
Outras curiosidades sobre a canção aqui.
Nesta versão (só áudio), Tom Jobim está acompanhado do violino de João Daltro. Edu Lobo com o pianista Pablo Lapidusas aqui sozinho, e Jorge Vercilo, aqui.