O Papa Francisco nos exorta a uma vida eterna que começa aqui

Jesus nos convoca para a partilha, a solidariedade, a comunhão, o perdão

Caros irmãos e irmãs, bom dia!

Nesses domingos, a Liturgia nos vem propondo, no Evangelho de João, o discurso de Jesus sobre o pão da vida, que é Ele mesmo, e é também o Sacramento da Eucaristia. A passagem de hoje apresenta a última parte deste discurso, e refere-se a alguns dentre o povo que se escandalizam por haver Jesus dito: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia.” É compreensível o espanto dos ouvintes: Com efeito, Jesus utiliza o estilo típico dos profetas, para provocar no povo e também em nós perguntas, e, ao final, provocar decisões.

Primeiro, perguntas. O que significa comer a carne e beber o sangue de Jesus? É apenas uma imagem, um modo de dizer ou um símbolo? Ou indica algo de real? Para responder, é preciso intuir o que acontece no coração de Jesus, quando da partilha dos pães para a multidão faminta. Sabendo que deveria morrer na cruz por nós, Jesus se identifica com aquele pão partido e condividido, e isto se torna para Ele um sinal do sacrifício que O espera. Este processo tem sua culminância quando da última Ceia, em que o pão e o vinho se tornam realmente o Seu corpo e o Seu sangue.

É na Eucaristia que Jesus nos deixa com um objetivo preciso: que nós possamos tornar-nos uma só coisa com Ele. Com efeito, Ele diz: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em Mim e Eu nele. Permanecer: Jesus em nós, e nós em Jesus. A Comunhão é mesmo uma assimilação: alimentando-nos dEle, tornamo-nos como Ele.
Mas, isto requer o nosso sim, a nossa adesão à fé.

Por vezes, ouve-se, em relação à Santa Missa, esta objeção: “Mas, para que serve a Missa? Vou à igreja, sento-me, rezo em meio à solidão…” Mas, a Eucaristia não é uma oração privada ou uma bela experiência espiritual. Não é uma simples comemoração do que fez Jesus, na última Ceia. Para compreender bem, dizemos que a Eucaristia é Memorial, isto é: um gesto que atualiza e torna presente o evento da morte e ressurreição de Jesus. O pão é verdadeiramente Seu corpo dado para nós; o vinho é verdadeiramente Seu sangue verdadeiramente derramado para nós. Eucaristia é o próprio Jesus, que Se doa inteiramente por nós. Nutrir-nos nEle e nEle fazer morada, por meio da comunhão eucarística, se nós o fizermos com fé, transforma a nossa vida; transforma-a num dom a Deus e num dom aos irmãos.

Nutrir-nos deste pão significa entrar em sintonia com o coração de Jesus, assimilar Suas escolhas, Seus pensamentos, Seu comportamento. Significa entrar num dinamismo de amor, significa tornar-nos pessoas de paz, pessoas de perdão, de reconciliação, de partilha, solidárias. Foi isto que Jesus fez.

Jesus conclui Seu discurso, com essas palavras: “Quem comer deste pão, viverá eternamente.” Se se vive em comunhão real com Jesus, nesta Terra, já faz passar da morte à vida. O céu começa justamente nesta comunhão com Jesus. No céu, já está a nos esperar Maria, nossa Mãe. Celebramos, ontem, este mistério. Que ela nos obtenha a graça de alimentar-nos sempre com fé em Jesus, pão da vida.

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