“Néstor vive em nós/Todos com Cristina”. Esta foi a consigna do Congresso Nacional da Militância, realizado na quinta-feira, dia 2, na Praça do Congresso, no centro da capital argentina, sob a coordenação de agrupações políticas e do movimento popular afinadas com o governo de Cristina Kirchner. Foi um final de tarde e início de noite de debates, discursos, batucadas e muito entusiasmo. Mais de 10 mil militantes, a maioria jovens, vindos de todas as províncias (estados) do país, gritaram palavras-de-ordem e cantos de combate, exibindo um emaranhado de bandeiras, faixas e cartazes alusivos à grande variedade de lutas sociais e organizações políticas.
De olho na reeleição da “presidenta”, em outubro de 2011, os kirchneristas – que ganharam força com o impacto da morte do ex-presidente Néstor Kirchner (marido de Cristina) há pouco mais de um mês – buscam mobilizar, unificar e organizar a militância espalhada nas muitas entidades. A idéia é construir um espaço comum de atuação para os militantes, espaço que deverá ser institucionalizado com a criação da Corrente Nacional da Militância Política e Social, prevista para março. Tal militância terá um papel fundamental para consolidar as conquistas e “aprofundar o modelo”, fazendo avançar o governo de Cristina rumo ao Projeto Nacional e Popular. Será o que algumas lideranças chamam de terceira “pata” no campo governista, juntando-se ao Partido Justicialista (peronista) e à corrente político-sindical liderada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT).
“Nunca voltaremos a ser colônia”
“É tempo de ir forjando organização política para impedir que detenham este processo”, alertou Carlos Zannini, secretário geral da Presidência, um dos principais oradores no ato de encerramento do congresso. Em seu discurso, disse que “os processos históricos poderão retardar-se com sangue, porém são irrefreáveis, como no caso da Argentina, quando tem, este processo de mudança, uma profunda raiz popular, um profundo conteúdo nacional e representa a necessidade da Pátria e do futuro… Cada vez que avança Cristina com alguma medida, cada vez que Néstor avançou com alguma medida, o norte era favorecer os que menos possuem e construir uma Argentina onde valha a pena militar, trabalhar para chegar ao governo e ser aí a vontade do povo…” E proclamou, sob fortes aplausos: “Nunca voltaremos a ser colônia”.
O secretário geral do Movimento Evita, Emilio Pérsico, já tinha ressaltado na rápida solenidade de abertura do encontro a necessidade de “consolidar os avanços e transformar os avanços em direitos dos trabalhadores”. Pregou a união dos militantes com o Estado, visando a institucionalização do Estado Nacional e Popular. Estavam presentes, especialmente no ato de encerramento, grande número de dirigentes de organizações políticas, autoridades do governo federal e parlamentares. Além de Zannini e Pérsico, a mesa principal, cujos membros discursaram, foi formada pelo filósofo Ricardo Forster, representando os intelectuais, o ex-chanceler Jorge Taiana, o senador Daniel Filmus e Gabriel Mariotto, presidente da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (AFSCA). Durante o ato chegaram – e também discursaram – o governador de Entre Rios, Sergio Urribarri, e o presidente da Câmara dos Deputados, Agustín Rossi.
Até a solenidade de encerramento, enquanto mais entidades do movimento social iam chegando e aumentando a massa de manifestantes, muitos participavam de debates nos 14 barracões de lona armados na praça. Em uns foram discutidos temas políticos mais gerais e em outros temas específicos, dentro do objetivo de buscar a unidade entre a diversidade de militantes das várias organizações populares que apóiam o kirchnerismo. Um dos barracões mais lotados foi onde se discutiu sobre a juventude. Outros assuntos abordados: meios de comunicação, educação, integração regional, direitos humanos e igualdade, mulheres, produção e trabalho e política agrária.
Além do Movimento Evita, muitos nomes de entidades apareciam nas faixas, cartazes, bandeiras e panfletos e publicações distribuídos, como Movimento Peronista Revolucionário (MPR), Corrente Nacional Martín Fierro, Movimento Octubres, Frente Transversal, Corrente Nacional e Popular 25 de Maio (CNP25), Movimento 8 de Outubro e Corrente Política 17 de Agosto, dentre outros.
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Houve um pequeno erro de informação. Carlos Zannini, citado na matéria, é secretário Legal e Técnico do governo de Cristina Kirchner. O secretário geral da Presidência chama-se Oscar Parrilli. Confirmei com um colega que conheci na cobertura. Ele acredita que o apresentador do congresso deve ter se equivocado.