Capital só produz miséria e morte

Capital só produz miséria e morte

 

Dividiram entre si médio Oriente

Séculos antes, ilharam nossos povos

Das Américas colheram recursos novos

Massacraram, roubaram, impunemente

E assim vêm sofrendo nossas gentes

Seu racismo se faz também no esporte

‘Té na fé, tenta impor, impõe lei – a do mais forte

Importante é manter seus interesses

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

Invenções e saberes milenares

Produzidos por povos tão diversos

Perscrutando os fenômenos do Universo

Europeus os transferem a seus lares

Da autoria se apossam, cavalares

Foi assim que pilharam, os do Norte

Africanos, indígenas, povos fortes

Apostando em que tudo certo desse

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

Grandes guerras modernas, quem alimenta?

Armamentos letais, quem os produz?

Quem venenos espalha, à plena luz?

Essa gente é hipócrita, não é isenta

Pra ganhar lucro fácil, tudo arrebenta

A Amazônia destrói, com boi de corte

Garimpeiros destroçam lugares fortes

São infindos os casos, eis sua messe

Por seus frutos a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

De onde vem o fasci-nazi-sionismo?

E a miséria dos pobres mundo afora?

A Mãe-Terra, os humanos, quem devora?

Um punhado de ricos, já não cismo

Ocidente sempre amplia trágico abismo

Quem desastres produz, de grande porte?

Brumadinho, Mariana, há quem suporte?

É preciso lutar, não basta a prece

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

Quem a crise climática precipita?

Quem massacra africanos, palestinos?

Genocídio em Gaza é cristalino

Sul-global denuncia tal desdita

Expressão de pilhagens vis, malditas

Os demônios, enfim, descem do Norte

Do império provêm, são seus consortes

Desmentindo, sua marca de “finesse”

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

Um milhão de detentos no Brasil

Maioria de pretos, pobres, pardos

Com processos (ou sem), sempre em retardo

Mas, os ricos, espertos, de modos mil

Sempre arranjam quem preste serviço vil

Do real sempre impondo seu recorte

A verdade, sempre há quem a aborte

Pelos atos, nada valem suas preces

Por seus frutos, a árvore se conhece

Capital só produz miséria e morte

 

João Pessoa, 16 de Dezembro de 2023

Ilustração: Pressenza

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