Um tributo ao repente e seus poetas
O universo da Arte é multiforme
Pois o belo comporta muitas faces
Eu duvido que isto tu negasses
O Repente exige talento enorme
Harmonia requer: nada é disforme
O Repente é poesia nordestina
A exemplo do Cordel, com que combina
Têm raízes ibéricas, européias
Que aqui floresceram como veias
Circulando belezas femininas
Propagando notícias qual jornais
Sendo escrito, Cordel, oral Repente
O Cordel, segue sendo atraente
Do Poeta o Repente exige mais
Em verdade, “milagres” ele faz
O Repente é oral, requer talento
Repentista nenhum pode ser lento
Sua poesia se faz, bem instantânea
Se gravada, vira até uma coletânea
Se eu pensar, vem mais forte que o vento
Pra deleite de quem quer ouvir mais
Com excelência, o Repente resplandece
No universo das Artes, com “finesse”
O Repetente glosado beleza traz
O povão o aprecia, na rua, pertinaz
É cantado por dupla de grande porte
Vila Nova, Oliveira, dando o Norte
Evocando os Batistas do Egito
Na peleja, seu par deixam aflito
Referência eles são, bastante forte
O Repente tem gêneros diversos:
Tem sextilhas, septilhas, tem oitavas
E as décimas, o poeta também crava
Respeitantes ao número de versos
Que tipo de estrofes vêm imersos
De Seis versos, de sete, oito ou dez
Na peleja, o Repente dá revés…
O Martelo e o Mourão estão na área
O Repente tem belas faces, várias
O improviso não permite rodapés
As estrofes decassílabas têm acento
Na terceira, na sexta e na décima
Do contrário, a estrutura fica péssima
Tornaria o verso não isento
De chacota, ao calor de tais eventos
Na sextilha e septilha, por sua vez
Elas têm específicas suas leis:
Na terceira e na sétima, recaia a tônica
E assim, a poesia faz-se eufônica
Agradando aos ouvidos: nota dez!
Do Repente a gigantes rendo loa
Aos Batistas, irmãos, lá do Egito
Homenagem lhes presto por seus ditos
Vila Nova, Amâncio, Oliveira
Salve, Pinto de Monteiro, gente boa
E Daudeth o nordeste tematiza
Destacando suas praias, sua brisa
Cada Estado com seus próprios atributos
Ressaltando seus filhos mais argutos
O nordeste na cultura se enraíza
Repentistas Mulheres temos tantas
A brilhar, recorrendo a própria luz
Ante os homens, seu valor não se reduz
Com Mocinha de Passira também canta
Minervina Ferreira – que garganta!
Atuando em gêneros diversos
Fabiana e Lucinha, com seus versos
Na Peleja, Mourão, quebra-cabeça
Cantam livres, ao machismo sendo avessas
Feminismo na luta está imerso
João Pessoa, 12 de julho de 2022