Translúcido

Novas sensações, novos sentimentos. Uma imagem de álamos, translúcida. Como se tudo fosse se transparentando, como se aos poucos, fosses convivendo cada vez mais com um mundo como cristalino, mas muito tênue, que te acolhe, em que te movimentas ao mesmo tempo em que estás aqui, no velho mundo de todos os dias que, no entanto, não é mais do mesmo modo como era. Tudo começara a partir de um encontro com um livro de Henry James, de quem nunca antes tinhas lido nada. Foras com a tua esposa ao shopping Center, e ao passar pela vitrine, decidiste dar uma olhada. O mundo dos livros te fascina. Abriste um livro de Henry James, A arte da ficção, e leste alguns trechos das primeiras páginas.

Deixaste o livro na estante, e foste encontrar a tua mulher, que tinha um livro na mão, mais além. Era um livro de Henry James, A outra volta do parafuso. Riram da coincidência. Ela te dera esse livro de presente, e, ontem compraste outros livros de Henry James no sebo cultural. Um deles, descreve um casal idoso sentado num banco no Hyde Park, em Londres. Não tratas de estabelecer causalidades. Talvez a idade, Talvez o tempo, talvez a fusão, quem sabe o que. Não interessam as explicações. O milagre é o que é admirável. A vida nasce de dentro dela mesma. Velhos nós de desconhecimento e de não aceitação de ti mesmo se desfazem, Todo volta a uma harmonia antiquíssima. Tudo volta a um deslumbramento simples, como do tempo inicial, de criança. Ontem voltavas da Cidade Verde e sentiras um amanhecer dentro do dia. Um segundo amanhecer, na tarde de ontem, à tarde. Como se tudo estivesse recomeçando.

 

 

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